Todos os dias me caem na caixa de mail pedidos de ajuda para tudo e mais alguma coisa. A grande maioria é muito ao género "socorro, o que é que visto num casamento/baptizado/baile de finalistas/entrevista de emprego/primeiro encontro/ida a casa dos sogros/passear o cão". Mas há de tudo um pouco. Que curso escolher, se devem mudar de profissão, o contacto do meu cabeleireiro ou dramas amorosos. E é neste último campo que me sustenho. Porque não quero ter esse tipo de responsabilidade na vida das pessoas, porque só ouço um lado da história e há sempre dois, porque sei que às vezes sabe bem ouvir uma opinião isenta mas eu não me vejo com esse conhecimento todo para poder dar palpites. Mas há um tema que me toca ao coração: como esquecer alguém. Como ultrapassar uma relação falhada. Como apagar da nossa vida um qualquer traste que sambou em cima do nosso coração mas que, sabe-se lá porque raio, continuamos a achar que podia vir a ser o pai dos nossos filhos.
O tema das dores de alma sempre me interessou e sempre achei que era desvalorizado. Quando nos partem o coração, quando nos sentimos a rastejar na lama num misto de amor e ódio, a tendência generalizada do nosso círculo é para nos passarem a mão pelo pêlo e dizerem coisas quentinhas como "ele não te merecia" ou "não há nada que o tempo não cure". Invariavelmente, a vontade é responder "EU SEI QUE PASSA, CARALHO, MAS EU QUERO QUE PASSE JÁ, E ENQUANTO NÃO PASSA QUERO QUE ELE RASTEJE ATÉ MIM PARA EU PODER ESPEZINHÁ-LO ATÉ OS OLHOS LHE SALTAREM DAS ÓRBITAS". Ninguém disse que temos de ser boas pessoas e ter pensamentos positivos quando nos estilhaçam o coração. Ideias destas são perfeitamente aceitáveis.