Oléeeeeeeeeee!
No Domingo fui à tourada. Eu, uma acérrima defensora dos desgraçados dos touros, achei por bem enfiar-me em Las Ventas e se há sítio onde eles não são particularmente meigos com os pobres bichos, é em Espanha! Ah, pois não! Mas enfim, imbuída do espírito madrileno, lá me deixei eu levar e não fosse a chacina e até se teria estado agradável. A praça é gira, que é, e é engraçado ver como os espanhóis vibram com a coisa, gritam “olés” a torto e a direito, assobiam se os desgraçados dos gajos (abixanados) da capa têm o azar de tropeçar na mesma (e nesta tourada aconteceu aí umas dez vezes, deviam estar drogados)... Lá divertido é! O pior vem depois. O touro entra, descansadinho da vida, ora vamos lá ver o que é que passa aqui hoje, trá lá lá, e quando menos espera, pimba, já tem 18 ferros espetados no lombo. Assim, à traição, é que nem avisam nem nada! Podiam ao menos ter a consideração de avisar o bicho, deixá-lo despedir-se da família, satisfazer-lhe um último desejo, mas nada! Por um momento, ainda pensei que os espanhuelos tivessem um bocadinho de coração quando, já depois do animal ter esticado o pernil em plena praça com um ferrinho docemente enterrado na cabeça, os vi acenar lencinhos brancos, qual 13 de Maio em Fátima! Mas não, ao agitarem os lenços os sádicos estavam era a pedir ao director de corrida para que cortassem as orelhas do touro!!! Ou seja, morrer na praça não é suficiente, ’bora lá cortar também as orelhinhas. Porque não cortá-lo às postas e distribuí-las pelo público? Isso sim, era bonito!
Antes de começar a tourada uma pessoas já sabe o que é que vai acontecer, mas tem sempre aquela esperança que aconteça qualquer coisa, que o touro se recuse a entrar na arena ou que largue a fugir quando sentir que a hora da morte se aproxima. Mas não, os idiotas deixam-se sempre apanhar. Quase dei por mim a gritar “touroooo, volta para casa, eles vão-te mataaaaaaaaaar!! Põe-te ao fresco enquanto é tempo!! Eles não são amiguinhos!!!! Vais ficar sem orelhas!! Nãaaaaooooooooo”. Deixei-me estar caladinha, já que os espanhóis ganham um ar ameaçador e pouco amigável quando estão a assistir a touradas, mas não deixei de rezar para que os toureiros fossem todos colhidos e voassem para fora da praça! Ah ah! Infelizmente, sairam todos ilesos e os touros é que se lixaram.
O ponto alto da tarde foi, sem dúvida, a presença do Rei, esse grande querido! Claro que gostava mais de ter visto o Príncipe Felipe, preferencialmente sem a sonsa baixota da Letizia atrelada a ele, mas não deixou de ser bonito poder privar com a família real (ainda que a meio km de distância).
Ainda assim, uma experiência a não repetir.