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WebSummit: adeus e até para o ano

sexta-feira, novembro 09, 2018

Esta foi a primeira edição da WebSummit a que consegui ir. Nos outros anos calhou sempre estar fora do país, por isso a coisa não se proporcionou, mas este ano achei que não podia perder. Até porque queria perceber, com os meus olhinhos, todo o interesse mediático que há em torno do evento. O meu homem tem ido sempre, dizia-me maravilhas daquilo, mas como também há tanta gente a desancar na WebSummit e a dizer cobras e lagartos, achei que tinha de lá ir.

Para começar, aquilo é um mundo, ocupa o Meo Arena e ainda os quatro pavilhões gigantescos da FIL. Estão presentes uma data de empresas, marcas, start-ups, e há coisas para ver e fazer que nunca mais acabam. Eu achei que os três dias do evento seriam mais do que suficientes para ver tudo, mas enganei-me. Não vi nem metade. Isto porque, além destes stands, há a parte mais importante, que são as conferências e as apresentações. E são tantas, tão variadas e tão interessantes, que sobra pouco ou nenhum tempo para o resto. Para mim, esta foi a parte mais difícil. Depois de escolher todas as conferências a que queria assistir e de ter criado o meu próprio calendário na aplicação, percebi que
muitas delas ou aconteciam em horários coincidentes ou decorriam em palcos tão longe uns dos outros que era impossível saltar de uma para a outra em tempo útil. O meu homem deu-me logo uma dica que acabou por se revelar útil: em vez de andar a saltitar entre palcos e a perder uma vida nas deslocações (arriscando-me a chegar e a conferência já ir a meio, porque os horários são cumpridos à regra, ou não haver lugar para me sentar), mais valia escolher um ou dois palcos e concentrar-me nesses. Foi o que fiz. Acabei por escolher os palcos com as temáticas que me interessavam mais (produção de conteúdos, publicidade, influenciadores, embaixadores, marcas) e foi assim que consegui assistir a uma data de conferências mesmo, mesmo interessantes.

Dentro da enorme temática da tecnologia e do digital, há uma data de assuntos a debate na WebSummit e eu gosto dessa versatilidade. Encontram-se por ali pessoas das mais variadas áreas e, se tivermos jeito e paciência para isso (eu não tenho) é um óptimo sítio para fazer networking. Pessoalmente, a mais valia que recolhi foi poder ouvir especialistas do mundo inteiro, de YouTubers a influenciadores, passando por produtores, directores de marketing, jornalistas, CEOs de marcas, etc e tal. Recolhi uma data de informação útil. Mas há quem tenha ali uma oportunidade para apresentar os seus negócios, mostrá-los a uma audiência vastíssima e até angariar investidores. E depois há sempre os mil e um stands, com as mais diferentes activações. Assim de repente, no stand da Mercedes era possível fazer uma entrevista de emprego de três minutos dentro de um táxi antigo, beber um café Delta Q servido por um astronauta, assistir a uma flash mob da BMW, personalizar um casaco na Tommy Hilfiger ou tirar uma foto com a taça de campeão nacional (sim, a que o Porto ganhou no ano passado e que ficava tão mais bonita no Museu do Benfica).

Como em qualquer evento, o proveito que cada um tira dele é muito variável. Uma das várias acusações que fazem à WebSummit é que aquilo é só para deslumbrados, vulgo parolos que nunca viram nada parecido, ou para quem vai só para lá para ser visto. Ora bem, eu nunca tinha assistido a nada parecido, é um facto, mas não sinto que me enquadre na categoria dos deslumbrados. Nem na dos "ser vistos". Tentei tirar o máximo partido do evento e rentabilizar o tempo da melhor forma, não fui lá propriamente para passear. E acho que a maioria das pessoas vai com o mesmo espírito, aproveitar aqueles três dias para absorver o máximo de conhecimento possível.

Acho, sinceramente, incrível que Portugal acolha um evento desta dimensão, que traz milhares e milhares de pessoas do mundo inteiro. Só jornalistas eram cerca de 2500, por isso vejam lá o número de vezes que o nome de Portugal não é mencionado. Mas, claro, não faltam vozes críticas: que isto também é gente a mais, que os transportes públicos ficam ainda mais caóticos, que é (ainda mais) impossível circular na cidade, e que jeito é que isto tem, e o que é que isto faz pela economia, e que mais valias é que isto traz. Jesus, que cansaço. Para começo de conversa, estamos a falar de milhares de estrangeiros que vêm para cá gastar dinheiro nos nossos restaurantes, hotéis, lojas, etc e tal, o que já agita a economia. Depois, há inúmeros negócios que se podem concretizar - e, consequentemente, criar mais oportunidades de emprego  - , há quem tenha na WebSummit uma montra incrível para o seu trabalho, há quem possa recolher informações, dicas e conselhos para tornar os seus negócios mais eficazes e rentáveis. Tudo isto parecem-me mais valias importantes. Mas um evento como estes mostra também que Portugal está cada vez mais no mapa e que somos considerados na hora de organizar coisas assim em grande e em bom. "Ah, tá bem, mas o dinheiro que se gasta nisto podia ser gasto para combater a desertificação do interior, para construir hospitais ou para salvar os pinguins de Madagáscar". Certo, claro que há seeeeeeempre outras coisas que podem ser feitas, claro que há seeeeeeeempre assuntos com mais prioridade, já sabemos isso tudo. Mas porra, temos a WebSummit em Portugal, quantos países não gostariam de ter a mesma oportunidade? Concordo que, dentro do país, poderia haver uma diversificação nas cidades, mas haverá assim tantas com capacidade para receber uma coisa destas? Tenho dúvidas.

A agressividade com que eu já vi pessoas a indignarem-se com este assunto é impressionante. São três dias no ano que representam milhões de euros, não conseguimos mesmo aguentar a confusão, os transportes mais cheios, os acessos mais difíceis? Mas pronto, velhos do Restelo, este ano já acabou, a malta que veio cá toda gastar dinheiro já se pôs a andar para os respectivos países, já podem respirar de alívio. Só têm de voltar a preocupar-se com isto no próximo ano e durante os nove seguintes.

23 comentários:

Anónimo disse...

Só uma curiosidade, como se consegue bilhetes só para assistir sem pagar uma fortuna? Agradecida!

Alexandra disse...

Women in Tech com bilhetes a 85 euros? Voluntários? Estudantes com bilhetes a 5 euros? Só não vai quem não quer.

Anónimo disse...

be a blogger.

Cris M disse...

Boa explicação, Pipoca.
Os (as) tais velho(a)s do Restelo, vulgo "queixinhas-de-miuçalha" nunca devem ter participado em conferências noutros países que reunem pessoas de várias nacionalidades.
Eu trabalho no digital há 12 anos, as rápidas mudanças e dinâmica tecnológicas "obrigam" a estar constantemente em busca de informação e experiência de outras pessoas, se quisermos adquirir mais conhecimento para desenvolver melhor as competências. É uma questão de brio profissional. Não há cá deslumbramentos, isso deve ser lá para os lados dos "States" e passadeiras vermelhas.
A WebSummit, que "atrapalha" só 3 ou 4 dias que nem se compara a passar 2 horas ou mais no trânsito em pára-arranca, 5 dias por semana, durante o ano.
Há sempre o reverso da medalha. Para termos uma coisa, por vezes temos de abdicar de outra.
World Wide Web - ring a bell?...
Acho que há pessoas sem noção, a teimar em viver num país dos pequeninos.
Conselhos não se devem dar sem pedir, mas... que tal se viajarem mais para outras grandes capitais do mundo? Aí vão ver o que é metro, muita gente e confusão à séria.

Anónimo disse...

Pelo menos não fecham estradas como no Nos alive. Mas para esse já ninguém se incomoda com as enchentes...

Anónimo disse...

A malta curte é greves. Não se queixam tanto ;-)

Anónimo disse...

É isso e o pessoal queixar-se do aumento do turismo em Lisboa.
- Ah, já nem parece uma cidade portuguesa, só se ouvem estrangeiros! E os transportes atulados de turistas com mil malas a atrapalhar? Que seeeeca! E as pracetas cheeeias de camones de camara em punho? Que pesadelo!
Será que as pessoas não pensam que tudo isto mexe com a economia? Que o tal turista paga o taxi, o hotel, o almoço no restaurante da esquina e o souvenir na lojinha foleira dos museus? E que vai aos minimercados comprar a garrafinha de água e o lanche da tarde?
Eu trabalho em turismo, faço muitas horas por dia e espero que este boom turistico se mantenha por muito muito tempo! Que gente chata!!

Anónimo disse...

vamos lá então viajar para as grandes capitais, e do mundo, pá!
isso faz-se ao fim de semana, ou é da parte da manhã, assim à 3.ª?

Anónimo disse...

Eu também trabalho no digital e a minha opinião da WebSummit é: uma feira de vaidades.
A empresa para a qual trabalho esteve presente (a pagar) em Dublin e, no primeiro ano que a feira veio para Portugal, fomos convidados (gratuitamente) para ter um stand. Já participei em várias feiras e esta foi a que menos gostei e a menos proveitosa. Muitas pessoas, muito barulho, pouco espaço para estar/conversar, muitos encontrões, muita gente a dizer "estou aqui, estou aqui", ...
Em relação à questão da WebSummit ficar em Portugal, sou adepta da ideia que se Espanha, Alemanha, ou qualquer outro país oferecer o mesmo valor ou até um pouco mais, o Paddy agarra nas tralhas e vai embora porque é um melhor negócio para ele (a não esquecer que é a empresa/produto/serviço dele).

Ester R. disse...

Ok tinha imensa curiosidade acerca da Websummint também e thanks to you consegui entender o que realmente se passa! E tão verdade esse último parágrafo, em que os portugueses têm muita tendência para criticar e focarem-se apenas nos pontos menos bons.

She Walks Blog

Anónimo disse...

Eu gosto é do discurso do President of Portugal!!!
Que entusiasmo, alegria, simpatia... Que boa pessoa. Vénia ao senhor professor.

Anónimo disse...

Lol
Para si, anónimo das 21:28, deve ser no horário de dia-de-são-nunca à tarde :)
Passe bem e veja mais tv.

Teresa disse...

Leia a entrevista que ele (Paddy),deu ao Diário de Notícias, e vai perceber porque ele não "agarrou nas tralhas" e foi embora. Quanto ao investimento,abriu em Lisboa,na zona do Rato,esta semana um Centro de Peças de Software Alemão, vai precisar de cerca de 300 técnicos qualificados! Como vieram cá parar? Presença na WebSummit do ano passado. Apostaram em Portugal entrevista também no D.N. Eu gosto de ler estas entrevistas,para perceber o ponto de vista de quem está fora e aposta em Portugal.

Anónimo disse...

Não fui a web summit mas andei de transportes nesses dias e não notei qualquer diferença para um dia “normal”. Esse argumento não me parece válido, mas tem sempre de se implicar com alguma coisa não é?!

Anónimo disse...

14 e 29, e para ti? é agenda cheia?

Anónimo disse...

Este ano,eram 18h e 45m do último dia da W.Summit,eu estava na Gare do Oriente. Fiquei surpresa,havia alguns grupos,movimento normal de um fim de tarde naquela zona,mas as 2 praças de taxi,estavam com algumas dezenas de carros parados e sem ninguém nas filas!! Eu lembrei o primeiro ano,que foi um caos! Eram filas intermináveis nos táxis. Portanto, daí se prova que já houve evolução e organização. Eu vi,e sou sincera,fiquei agradavelmente surpreendida.

Fernanda disse...

Os bons velhos do Restelos tugas! Já reparou, Pipoca, que quem mais diz mal de Portugal são os próprios portugueses? Para muitos (infelizmente) está sempre tudo mal: se vem é porque vieram e aumentou o número de pessoas; se não vêm é porque somos pobrezinhos e o governo não zela pelos nossos interesses; se a baixa está deserta é porque não apostaram na dinamização da mesma, se está cheia, é porque "vendemos" demais Portugal; se chove é uma chatice porque nos molhamos e chegamos encharcados ao emprego; se está sol e calor é outra chatice, porque não se aguenta o trabalho, não há ar condicionado e estamos a "pingar"; se os estrangeiros dizem que somos porreiros e boas pessoas e temos qualidade de vida (segurança e saúde gratuitas) é mentira porque há muitas filas de espera e demora-s muito tempo para a consulta (esses deviam viver nos States, passava-lhes logo as reclamações); se sim é porque não; se não é porque sim. Enfim, é o fado português. Em termos de defesa do seu país, sinceramente, nunca vi tanta gente tão pouco patriótica. Ó gente, se dizem bem de nós, só temos que concordar e reforçar. Mesmo que algo esteja mal, não se lava roupa suja no meio da rua. Também vão dizer a estranhos o que se passa de mal em vossa casa?

Anónimo disse...

Trabalho no parque pas nações e na terça demorei 1h da rotunda de Moscavide até a Av da João II costumo demorar 10 min. Há aqui uma diferença de 50 min. Sou a favor de fazerem a websummit mas melhorem os acessos.

Anónimo disse...

Completamente de acordo. E o curioso é que quem reclama também viaja mas acham que é diferente.
Paula

Anónimo disse...

Lamento mas discordo completamente, o que caracteriza Portugal é qualidade de vida associada ao mesmo, qualidade de vida essa que assenta em calma e tranquilidade. Se as cidades Portuguesas se tornarem nessas cidades que refere que o povo devia de conhecer, Portugal perde o encanto.

Felícia disse...

Bilhete Women in Tech na altura da promoção 2 por 1, paguei 40€ ;)

Anónimo disse...

Eu posso ler as entrevistas que saíram e as que vão sair nos próximos anos. Obviamente que ele nunca vai dizer que vai embora até de facto ir. Acha que faria algum sentido ele por esse discurso em cima de uma mesa portuguesa que lhe paga o que pagou? Aliás, deixem-me perguntar: se pensam que ele está aqui pelos nossos lindos olhos, porque não aceita apenas um milhãozito para ficar? E esse centro de peças alemão não ficou na Alemanha porquê? O meu namorado trabalha num "laboratório" com um famoso nome japonês, que tem sede europeia na Alemanha e que não para de contratar em Portugal mão de obra não muito qualificada. Porquê? Ordenados mais baratos.
Resumo: O Paddy está a ganhar -e bem- o dele, não se está a preocupar com as nossas contas.

Anónimo disse...

Mexe com a economia mas está mais do que provado que o boom turístico não passa de uma praga gigante de gafanhotos que destrói tudo o que passa, sem regras algumas, e transforma o outro ao seu gosto próprio. Caso contrário, não seria um boom turístico, caso contrário não reduziam tudo à economia.

Não me parece que seja a mesma coisa que viajar ocasionalmente.

Além disso, só protesta contra quem protesta a qualidade dos transportes públicos em Lisboa precisamente quem não anda neles.

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Teorias absolutamente espectaculares

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