Sempre fui a favor da despenalização do aborto. Mulher nenhuma deveria ser obrigada a ter um filho que não deseja ou que não pode criar. Não acredito na tese de que as condições se arranjam, porque não é verdade. Há quem, simplesmente, não as tenha, e não falo só de dinheiro. Falo de estabilidade emocional, de capacidade para amar, de uma família minimamente estruturada, de tantas coisas que são importantes para trazer uma criança ao mundo. Quando a questão foi referendada e o sim ganhou, senti que demos um passo de gigante pela democracia em geral e pelos direitos das mulheres em particular. Ainda assim, e mesmo estando e votando pela despenalização, não deixei de manifestar alguns receios. Nomeadamente, que a prática do aborto se generalizasse, atingisse números assustadores, fosse feita de forma leviana ou que algumas mulheres pudessem fazer disso o seu método anticonceptivo. Não aconteceu. Oito anos depois, os números não apontam nesse sentido. Há cada vez menos mulheres a recorrerem ao aborto o que, possivelmente, é um bom indicador de que há cada vez mais informação e protecção. Mas anteontem andámos para trás, retrocedemos num direito que já tínhamos dado por garantido. A lei do aborto foi alterada e não foi para melhor.
Comecemos pelo menos mau: a partir de agora, as mulheres que fizerem uma interrupção voluntária da gravidez vão ter de pagar taxas moderadoras. Não acho mal. Se pagamos por todos os outros serviços do SNS, não acho que este tenha de ser gratuito. Estamos a gastar recursos, paguemos por eles, os valores também não são assim estupidamente elevados. Mas depois vem o resto. As mulheres que decidirem interromper uma gravidez terão consultas OBRIGATÓRIAS de aconselhamento psicológico e social. Repito, obrigatórias. Uma coisa era facultarem essas consultas a quem as quisesse fazer. Seguramente, nem toda a gente interrompe uma gravidez com o mesmo espírito. Haverá quem tenha segurança e certezas absolutas, do mesmo modo que haverá quem se sinta perdido ou desacompanhado. Nesses casos, até reconheço a utilidade das consultas e de acompanhamento psicológico. Mas nunca de forma obrigatória. E muito menos com a possibilidade de nessa mesma consulta estarem presentes médicos objectores de consciência No fundo, gente que estará lá com o único propósito de demover a paciente de fazer o aborto.
Espectacular. Primeiro demos a liberdade às mulheres de decidirem o que fazer, agora dizemos-lhe "tens liberdade, mas primeiro vamos tentar convencer-te a fazer o contrário daquilo que queres", como se fôssemos todas umas tontas desprovidas de bom senso, gente que precisa de orientação superior para tomar uma decisão que só a nós nos diz respeito. Se há quem precise? Tenho a certeza que sim, mas como não há como fazer essa triagem, não se pode meter toda a gente no mesmo saco, não se pode obrigar uma mulher a falar sobre um assunto tão íntimo e tão doloroso à frente de estranhos, contra a sua vontade. Acredito que a grande maioria das mulheres não faça um aborto de ânimo leve, é um processo duro, deixa marcas, por isso não vale a pena estar a torná-lo ainda mais tormentoso. Este retrocesso é lamentável e muito triste, e se a ideia é demover as mulheres escolheram a pior forma de o fazer. Terem alguém a chatear uma mulher para não fazer uma coisa que ela já meteu na cabeça é só dar-lhe ainda mais motivos para o fazer. Mas imaginando que sim, que até convencem uma mulher a não abortar: se a criança nascer e for parar a um meio sem as mínimas condições, quem é que se responsabiliza por isso? Que tipo de apoios lhe serão dados? Que tipo de acompanhamento terá?
Comecemos pelo menos mau: a partir de agora, as mulheres que fizerem uma interrupção voluntária da gravidez vão ter de pagar taxas moderadoras. Não acho mal. Se pagamos por todos os outros serviços do SNS, não acho que este tenha de ser gratuito. Estamos a gastar recursos, paguemos por eles, os valores também não são assim estupidamente elevados. Mas depois vem o resto. As mulheres que decidirem interromper uma gravidez terão consultas OBRIGATÓRIAS de aconselhamento psicológico e social. Repito, obrigatórias. Uma coisa era facultarem essas consultas a quem as quisesse fazer. Seguramente, nem toda a gente interrompe uma gravidez com o mesmo espírito. Haverá quem tenha segurança e certezas absolutas, do mesmo modo que haverá quem se sinta perdido ou desacompanhado. Nesses casos, até reconheço a utilidade das consultas e de acompanhamento psicológico. Mas nunca de forma obrigatória. E muito menos com a possibilidade de nessa mesma consulta estarem presentes médicos objectores de consciência No fundo, gente que estará lá com o único propósito de demover a paciente de fazer o aborto.
Espectacular. Primeiro demos a liberdade às mulheres de decidirem o que fazer, agora dizemos-lhe "tens liberdade, mas primeiro vamos tentar convencer-te a fazer o contrário daquilo que queres", como se fôssemos todas umas tontas desprovidas de bom senso, gente que precisa de orientação superior para tomar uma decisão que só a nós nos diz respeito. Se há quem precise? Tenho a certeza que sim, mas como não há como fazer essa triagem, não se pode meter toda a gente no mesmo saco, não se pode obrigar uma mulher a falar sobre um assunto tão íntimo e tão doloroso à frente de estranhos, contra a sua vontade. Acredito que a grande maioria das mulheres não faça um aborto de ânimo leve, é um processo duro, deixa marcas, por isso não vale a pena estar a torná-lo ainda mais tormentoso. Este retrocesso é lamentável e muito triste, e se a ideia é demover as mulheres escolheram a pior forma de o fazer. Terem alguém a chatear uma mulher para não fazer uma coisa que ela já meteu na cabeça é só dar-lhe ainda mais motivos para o fazer. Mas imaginando que sim, que até convencem uma mulher a não abortar: se a criança nascer e for parar a um meio sem as mínimas condições, quem é que se responsabiliza por isso? Que tipo de apoios lhe serão dados? Que tipo de acompanhamento terá?
Enfim. Já agora, e se é para obrigar alguém a ter consultas psicológicas, que se obriguem todos os portugueses. Homens e mulheres. Sempre achei que se dá muito pouco valor à saúde mental em Portugal. Somos um povo muito virado para dentro, com dificuldade em verbalizar e em manifestar sentimentos. E depois, claro, quando nos passamos andamos à porrada no trânsito ou sacamos uma caçadeira e aviamos a família inteira. Se calhar, se tivéssemos alguém isento para nos ouvir, bastava uma horita por semana ou a cada 15 dias, andávamos todos mais calmos. Tanta gente a precisar de apoio psicológico e tinham de ir chatear quem não precisa de ser ainda mais chateado.
219 comentários:
1 – 200 de 219 Mais recente› Mais recente»Acho a ideia brilhante! Todas as mulheres que passam por isto necessitam de apoio antes e depois do aborto. Sou mais positiva em relação a tudo isto, só tenho de acreditar nos bons profissionais que temos e que irão fazer um bom trabalho e não a convencer ninguém do que quer que seja!
"Se pagamos por todos os outros serviços do SNS". Que mania falarem do que não sabem! Não, não pagamos por todos os outros serviços do SNS. Não se paga, por exemplo, pelas consultas e actos inseridos no planeamento familiar. Não se paga o DIU (que a Igreja diz que é abortivo!), não se pagam as pílulas, não se pagam as consultas. Mas há mais. Portanto, não se paga tudo. No entanto, devia-se pagar ou não, conforme o previsto na isenção de taxas, ou seja, quem tem dinheiro paga, quem não tem, não paga. Claro que as meninas ricas, não vão a um hospital do Estado, vão sim, à clínica da amiga ou do tio; não faltava mais nada um aborto entrar no ficheiro da menina, que ainda por cima, é pró-vida e beata lá na igrejinha ao Domingo, não?!
Há isenção para pessoas que comprovem a sua insuficiência económica.
Quanto à IVG é um procedimento cirúrgico, é normal que tenha custos, mas penso que não será esse valor a demover uma mulher.
Não podia estar mais de acordo!
Não é um processo cirúrgico. Até às 10 semanas (limite legal) é um processo médico.
Eu estou de acordo que se pague, mas acho que deve haver excepções:
- em caso de violação
- em caso de mal formação do feto
- outro qualquer caso alheio à vontade da mulher
E deve ficar registado. Alguém de lá apareça pela 2ª vez (já é desconfiar), 3ª, 4ª vez deve pagar. A IVG não é um método contraceptivo!
Já que a decência para com as mulheres parece não significar nada junto dos senhores da Assembleia, eu espero que isto ainda dê uma reviravolta por uma razão muito simples. Eticamente, um psicólogo não deverá dar consultas a uma pessoa, que não esteja envolvida num processo judicial / criminal ou que não seja menor de idade, que não queira ir a essa consulta. É um dos princípios básicos da Psicologia e das consultas de Aconselhamento. Resumindo a coisa: em consulta psicológica, o cliente e o psicólogo deverão construir uma relação terapêutica assente, entre outros, numa "aliança de trabalho" e numa coisa espectacular chamada "Consentimento Informado". Espero que a OPP (Ordem dos Psicólogos Portugueses) ponha alguma ordem nisto. E que, já agora, seja permitido a psicólogos fazerem objeção de consciência a estas "consultas".
Acho bem que assim seja, quanto ao pagamento das taxas moderadoras. Quanto ao acompanhamento psicologico penso que esse deverá existir sempre, quer a mulher esteja bem consciente e decidida do que quer fazer ou não. O acompanhamento não será para demover as mulheres, penso que esse não será o objectivo. Penso que o principal objectivo será acompanha las para que mais tarde não exista desiquilibrio do seu bem estar mental. Pipoca, infelizmente muitas são as mulheres que optaram conscientemente e seguras pela ivg e agora estão a passar por problemas no que refere à saude mental. Pouco ou nada se fala sobre isso...Trabalhando na àrea confesso que me surpreendem as estatisticas, pois infelizmente do que vejo, parecem me muitos os casos de mulheres que utilizam a ivg como um metodo contraceptivo, mas possivelmente será só uma impressão minha ou local onde estou inserida, tenho que dar uma vista de olhos nas estatisticas para perceber o porquê de ter uma percepçao diferente.
Sou psicóloga clínica e também sou a favor da interrupção voluntária da gravidez. Como técnica de saúde mental, não poderia concordar mais consigo em dois pontos que sublinhou: o primeiro de que ninguém deve ser obrigado a ter apoio psicológico se não o deseje, logo a obrigatoriedade não faz qualquer sentido se o mote é ajudar quem não quer nem sente que precise de ser ajudado. Se o SNS começasse a disponibilizar esse apoio para quem o deseje seria fantástico. Penso que a questão da obrigatoriedade já melindra uma mulher numa situação de fragilidade; o segundo ponto foi o que escreveu no último parágrafo. O apoio psicológico deveria ser algo a que todos os cidadãos deveriam ter direito de forma gratuita. Há muita gente a sofrer, inclusive crianças, porque não há dinheiro para ir ao privado. E de quem é a responsabilidade? Do ministério da saúde que não contrata psicólogos suficientes para as necessidades da população, deixando-os no desemprego e a terem de fazer um pouco de tudo para sobreviver. E dos jovens psicólogos que na sua ingenuidade vão fazer voluntariado nos hospitais com a longínqua esperança de serem contratados, não percebendo que enquanto o MS tiver quem trabalhe para si à borla, nunca vai gastar recursos nessas contratações. Enfim fica o meu desabafo.
Boas Férias Pipoca
Bem dito pipoca! Concordo!
cinquentaporcentoadolescente.blogspot.com
Nos casos que o anónimo referiu, há sempre isenção, independentemente da capacidade económica. Tal como há outros casos de isenção assim. Depois há é pessoas isentas em todas as situações por insuficiência económica (bem como quem é doente crónico, por exemplo, se bem que essa acho que com os cortes acabou).
Não é verdade. Consultas de saúde mental em hospital são gratuitas.
A questão não é apenas o valor (que não sabemos qual é..) mas a privacidade que fica (mais) comprometida.
10 semanas é o limite legal em Portugal? Mas isso não dá tempo para nada...quando uma pessoa descobre que está grávida já está de 6 semanas... Portugal no seu melhor, eu vivo no RU há mais de 8 anos e aqui o limite legal são 24 semanas e embora eu ache que este limite é muito alargado 10 semanas é nada!! Para mais agora com as consultas obrigatórias. Eu desconfio que com o tempo que se tem que esperar por uma consulta no SNS quando forem ao médico já passaram as 20 srmanas!!
"(...) é um processo duro, deixa marcas, (...)".
Para quem será mais duro, para a "mãe" ou para o embrião/feto (dependendo da altura de gestação)?
A quem deixará mais marcas?
Acho muito bem!! por exemplo na cidade onde resido não é possivel fazer ivg. A deslocação a uma cidade visinha implica combustivel, portagens e tempo! sim, nem todas as mulheres vivem em Lisboa ou Porto... igualdade de acesso dizem eles. Para a ivg, ha pelo menos 3 consultas medicas, 3 dias, 3 viagens e tudo feito de animo leve, naquela do passeio porque portugal até é lindo!! Se juntarmos a essas consultas umas outras que como é logico não vão ser articuladas para coincidir com as outras então aí a mulher pode tirar 15dias de férias e dá jeito ter um dinheirito de parte com a certeza que a grande despesa vai ser a taxa moderadora!
Enquanto psicóloga, acho ridícula a obrigatoriedade de consulta. Concordo plenamente com aquilo que diz e, também, espero que a Ordem tenha uma palavra a dizer e, mais que isso, algo a fazer. Aquilo que a Assembleia propõe é totalmente descabido!
É por esta tua consciência cívica que gosto de visitar o teu blog. Tanto consegues falar de moda, como do teu Benfica (para estes lados as preferência clubistas são mais "verdes" ;)), como deste género de assuntos. Ser Mulher é isto! É não existirem estereótipos, é ver o todo e não só as partes. Esta lei que foi votada é uma "vergonha", como alguns gritaram na Assembleia não só pelo seu conteúdo mas também por dar a alguns o direito de alterarem o que foi decido por todos em referendo. Se está maioria não está contente com o resultado do referendo de 2007 que submeta o assunto novamente a sufrágio, mas que não se dê ao direito de, tal "lápis azul", a reescrever... Continua assim Pipoca, igual a ti própria!
Tenho a sensação que este vai ser um tópico muito comentado. Efectivamente nem tudo se paga no SNS tal como o implante que coloquei exactamente para evitar ter mais filhos. Já tenho duas princesas e espero ficar por aqui... a não ser que me saia o euro milhões. O psicólogo deve estar disponível mas não obrigatório. Penso que dessa forma até intimida e será inibidor. Quem quiser fazer um aborto não deve querer estar sempre a falar no assunto. ..
Pipoca, a IVG não é um acto cirúrgico. Até ao limite de estação imposto por lei, deverá ser uma interrupção medicamentosa e que implica intervenção cirúrgica apenas em casos mal resolvidos. Fica só a correcção. E um bem haja pelas suas palavras, com as quais concordo por inteiro.
Infelizmente, essa sua visão cor de rosa não podia estar mais longe da realidade para algumas mulheres que vão ser obrigadas a ter consultas com médicos objectores de consciência (que nem sequer são obrigados a indicar que o são).
Concordo em todos os pontos com a Pipoca e o Anónimo da 01:45.
Tenho esperança que isto ainda volte atrás porque há muito por onde pegar para inviabilizar tais decisões, que não são nada mais nada menos que um terrorismo psicológico brutal para parte das mulheres que vão ser obrigadas a passar por isto, já para não falar que é um retrocesso gigante neste campo.
Sempre partilhei quase todas as suas opiniões. Outras houve em que tinha opinião diferente, o que é normal, porque as cabeças servem mesmo para isso...ter sentido crítico. Mas este texto Ana, este texto, não podia estar mais de acordo com ele. Cada vírgula, cada frase. Então o último parágrafo, em que refere o desinvestimento na saúde mental é brilhante e o que eu digo há anos!. Quando defendo que toda a gente, mas mesmo tooooda a gente, devia ter acesso a psicoterapia nem que fosse uma vez por mês, de forma preventiva, como se vai ao médico de família fazer check-ups, definitivamente o Ser Humano andaria muito mais equilibrado. Texto Brilhante!
Pipoca a menina é lida por milhares de pessoas antes de falar de um tema delicado como este tenha feito o seu trabalho de casa antes... Metade das coisas Q diz não são verdade no texto acima.
Sim há tratamentos gratuitos para todos os portugueses
Não nao é um acto cirúrgico
As consultas não são para demover ninguém
Ha consultas psiquiátricas obrigatórias para alguns casos não só para este
É de louvar falar deste assunto mas aqui há muita menina Q o Q você diz é tudo como verdade absoluta. Tenha atenção... Bom dia ;)
Sou psicóloga clinica, mulher e mãe e estou inteiramente de acordo consigo e com a Pipoca. Em psicoterapia valoriza-se acima de tudo o comprometimento e a motivação do paciente para o processo de aceitação e mudança e, como tal, a palavra "obrigatório" perde todo e qualquer sentido. Sara
que mania de que em Portugal é tudo mau... 10 semanas é suficiente sim. As consultas para uma IVG não têm lista de espera, vai ao hospital/maternidade e é logo atendido e as consultas são agendadas e o processo agilizado.
Antes de Mais Bom dia! Li atentamente o seu post de hoje e alguns dos comentários que foram escritos, concordo que será sempre um assunto polémico e controverso,e pelo que vejo são opiniões de gente que tem os pés assentes na terra e que acha com certeza absoluta dos direitos da mulher,concordo, tambem eu como mulher concordo com o que foi exposto, mas deixe-me tambem dar um contributo para o esclarecimento de alguns que desconhecem o mundo hospitalar. Depois de 2 anos a efectuar uma consulta de IVG, posso sem duvida dizer-vos que a lei é muito justa para todas que achamos que as mulheres tem de abortar seguramente e acompanhadas. Quando iniciei a consulta acreditava piamente que a minha missão era sem duvida alguma acompanhar as mulheres numa hora que é muito dolorosa e muito pessoal (não só para a mulher como tambem para o homem!), posso vos dizer que da estatistica de 860 ABORTOS num ano, apenas 2 situações reunião estas caracteristicas! a grande maioria, era ignorancia pura nos métodos contraceptivos, outras (já ia no 8!!) era um método contraceptivo, recomendavamos abstinencia até á vinda de novo periodo para evitar nova gravidez e qual o nosso espanto quando vinham novamente grávidas.... destas utentes 40% são emigrantes ou de passagem, como tal usufruem de regalias dadas por todos nós....Outras porque saíam á noite ,embebedavam-se e não se lembram se quer o que aconteceu nem com quem estiveram! Por isso Ana por muito que se fale nimguem tem a noção do que se passa nestas consultas, e acredite que apesar de tudo isto eu quero acreditar que todo o pessoal de saude que está envolvido em todo o processo, quer fazer a diferença e ajudar estas mulheres! Infelizmente o nosso país está numa situação económica que tem que pensar em todos os tostões se soubermos que uma IVG medicamentosa (mais saudável e mais económica), custa em média aos contribuientes 500 euros até 1000 euros, vamos perceber que estes valores não são justos ser gastos comparativamente com utentes com cancro em que não se tratam porque não têm dinheiro, e o hospital não paga (se tiver rendimentos superiores ao ordenado minimo!),a deslocação para se tratar... agora pergunto acham justo??!!
O aborto é feito em contexto de urgência! 10 semanas é um valor meramente aleatorios, mas fique também a saber que a partir das 22 semanas o feto pode ser viável (já o é considerado em alguns países nórdicos) e as 24 são obrigatórias manobras de reanimação. Para mim esse limite legal, em casos NORMAIS, é chocante porque há um período de 2 sem em que o bebé poderia na teoria sobreviver, com o suporte da neonatologia. Ja para nao falar que o aborto às 24 sem pode implicar primeiro ter de "assassinar" o feto com cloreto de potássio e depois provocar um trabalho de parto. O limite para o aborto na minha opinião deveria ser até às 20 sem por estes motivos, salvo casos excepcionais (violação, malformações, perigo para a mãe).
Ana a IVG é um procedimento cirúrgico ou medicamentoso. Se for a clínica dos Arcos em Lisboa (salvo erro é o único sitio privado legal para o fazer) paga, dão-lhe uma anestesia e sai de lá como se nada fosse, é bem tratada e não julgada. A IVG medicamentosa é a que é feita no SNS, no fundo dão-lhe dois comprimidos, o primeiro (o que mata o feto) tem que o tomar em frente da enfermeira, depois vai para casa, e passado umas horas toma o outro (para expelir o feto) mas tudo acontece em casa durante umas 7/8h. Normalmente as enfermeiras fazem um calculo horário para tudo isto acontecer de noite, para no dia seguinte a mulher poder (se for o caso) ir trabalhar. Acredito que pelo facto de ser mais doloroso ponha as mulher a pensar em prevenir antes de remediar.
Às 24 semanas tem um bebé perfeitamente formado e no limite da viabilidade extra-uterina. Já não estamos a falar de um embrião, mas de um feto, que terá de nascer de parto vaginal ou cesariana, e poderá estar vivo. Eticamente 24 semanas é claramente excessivo.
"Mulher nenhuma deveria ser obrigada a ter um filho que não deseja ou que não pode criar".
Concordo em absoluto.
Gostava muito que um dia esta ideia fosse aceite também para os homens: "Homem nenhum deveria ser obrigado a ter um filho que não deseja ou que não pode criar"... e no entanto o Tribunal Constitucional decidiu recentemente que o homem não tem esse poder de decisão.
A partir daqui penso que se percebe o caminho descendente em que a nossa sociedade caminha pelo que já não me espanta esta alteração à lei do aborto.
Somos uma sociedade hipócrita.
Inês
Acho que a questão também bate aí. A IVG não é um método contraceptivo mas ainda há mulheres que acham que sim. Nesses casos, honestamente, sou radical ao ponto de achar que quem interrompe 3, 4 ... 5 vezes, e muitas vezes até já tem filhos, não só deve ser seguido por um psicólogo como devia ser avaliada a hipótese de lhe ser colocado um implante ou outro método mais definitivo para não engravidar.
lamento informá-lo mas com certeza que a mulher há-de ter mais sentimentos do que um embrião.
Sou mulher e sou totalmente contra o Aborto! Deixem vir, tudo se arranja. Acho engraçado as pessoas que são a favor ( e são bastantes ) se os pais destas, mesmo pobres, tivessem pensado em abortar... A favor da Vida!
Na Mulher.
Até ás 24 semanas o sistema nervoso central do feto ainda não está formado, ou seja, não sente dor.
Pipoca, onde é que assino?
Concordo contigo sobre este assunto em particular, especialmente a parte e que retrocedemos e no facto de toda a gente necessitar de ajuda psicológica. Agora, o que me entristece mesmo, são os comentários infelizes que vou lendo por aqui abaixo. É uma pena!
SUBSCREVO!!!! E, tal como já li num comentário, também na cidade onde vivo não se pode fazer IVG. Porquê?! Porque, ao que parece, TODOS os médicos do Hospital que a poderiam fazer, são objectores de consciência!!! Lindo, não é?! (Aaaah! mas também consta que, se for no respectivo consultório (a pagar!!!) até são capaz de dar um jeitinho...)
E o que deixa mais marcas?
Historias como as que ouvimos todos os dias, de crianças que são vendidas, abusadas, que passam fome, que não vão à escola? Historias de familias com 4 e 5 crianças, filhas de pais desempregados e avos monetariamente incapazes, em que 8 ou 8 pessoas vivem num quarto?
Tenham dó.
Falar é muito fácil, mas tenho em consciência que um embrião merece tanto ser abortado como ser arrastado para esta miséria. Ou será que o anónimo das 07:05, provavelmente membro ou simpatizante de um movimento pro-vida consegue garantir a segurança e dignidade de todas as crianças?
Eu fiz uma IVG e nunca me arrependi. No entanto, lamento até hoje todo o processo e todos os profissionais (excepto a enfermeira) envolvidos no mesmo e com quem tive de lidar. Para contextualizar, eu não sou uma miúda, fiz a interrupção aos 28 anos, numa altura em que a minha carreira estava em franco crescimento e em que não me passava pela cabeça ser mãe. Não tinha disponibilidade emocional para tal, naquela época. Estava - e ainda bem, porque me trouxe muita realização - focada no meu trabalho, em angariar condições para, então um dia, pensar em ter família. Não teria sido possível criar um filho e conseguir o que consegui até agora, lamento. E não, não seria feliz a criar um filho com menos condições só pelo simples facto de um filho ser uma bênção, eu não penso assim, e não sinto assim. Agora, volvidos 3 anos, começo a acarinhar a ideia, por isso, nem todas as mulheres que decidem abortar são emocionalmente amputadas ou repudiam a ideia de ter filhos, como muita gente pensa. Às vezes só desejam fazê-lo quando o desejarem. De outra forma, e com a consciência que tenho de mim, não teria um filho feliz. No meu caso, engravidei a tomar a pílula (mesmo que ninguém acreditasse, lamentavelmente, porque se fosse de outra forma não teria problemas em dizê-lo. as consequências foram só minhas), numa relação estável e feliz de muitos anos. A escolha foi nossa, dos dois. Mas se não houvesse acordo, teria sido minha, com certeza. Não consigo ver as coisas de outra forma. O processo envolveu, de facto, uma consulta com um psicólogo, consultas posteriores ficariam ao meu critério. Não as fiz, a única que fui obrigada a fazer foi uma perfeita palhaçada. Espero, honestamente, que as coisas tenham melhorado entretanto. Tentaram, ao longo de todo o processo, demover-me. A invasão da minha intimidade só não foi maior porque, felizmente, a soube preservar e não tenho problemas em impor-me. Fala-se muito em acompanhamento e saúde mental da mulher que passa por este processo mas, pela minha experiência, eu senti-me agredida pela médica, pela psicóloga, pela técnica que me fez a ecografia, pela recepcionista, enfim... não se inibiram de fazer julgamentos de valor, de me rotular nem de mo fazerem saber. Não fosse o processo bastante penoso só por si, ainda tive de me impor a estas pessoas às quais eu não conferia o direito de me julgarem. Mas que se achavam nesse direito. Não acho, sinceramente, que as alterações introduzidas possam ser implementadas de forma humana, não há recursos. Mas nisso ninguém pensa.
Desculpe lá mas eu não concordo nada com isso! As mulheres querem ter direitos mas também têm de ter responsabilidade! As consultas de Planeamento Familiar são gratuitas! Aí a senhora tem a oportunidade de se informar quando corre riscos de estar grávida! Se a senhora eventualmente achou que correu um risco, p.ex. tomou mal a pílula e teve relações sexuais então o que deve fazer é dirigir-se ao seu médico o quanto antes... Não vai esperar que a barriga cresça ou que a menstruação lhe falte...! E aqui em portugal só é permitido aborto até ás 24 semanas em caso de trissomia 21 ou outras trissomias ou anomalias porque a sua detecção não é possível fazer antes das 10 semanas sem colocar o feto e a mãe em risco!
A IVG é "voluntária", como o próprio nome indica. Não acho bem que não se pague nada para o fazer quando a pílula e os preservativos no centro de saúde são gratuitos. Há azares? Há sim, mas são raríssimos os casos. A privacidade não fica comprometida em nada só porque vai pagar taxas moderadoras. TODA a gente que recorre a um serviço de saúde têm direito à sua privacidade, seja qual for o motivo que o leva lá.
Quanto ao apoio psicológico, têm a certeza que é realizado por objectores de consciência? Se sim, acho mal, considero de deverá ser uma pessoa que entenda minimamente para que a mulher não ser sinta inferiorizada ou até mal-entendida, se não considero que poderá ser proveitoso. Já conheci mulheres que abortaram, voluntariamente, e que nunca se convenceram que era o que queriam... Decidir sozinha, o que muitas vezes acontece, poderá ser um peso que nunca mais as larga..se alguém as puder ajudar a clarear a situação a chegar a uma resposta ideal julgo que poderá ser benéfico.
E aonde é que saiu na legislação que os médicos são objectores de consciência?! Não me choca de todo a obrigatoriedade da consulta, tal como o anónimo, também vejo a parte positiva. Comparo a forma como a despenalização do aborto foi tratada como um " pós 25 de abril"; foi tudo feito em cima do joelho em euforia, e apesar dos números estarem a diminuir (gostava de ver a análise a esses números), houve exageros..
Triste é tratarem este assunto politicamente e não humanamente! A Assembleia meteu nojo, como o PS não tem como decidir, recorreu à louca da Isabel Moreira para agitar as águas, pois assim durante uns dias não se fala em Sócrates, nem em Armandos Varas e o Costa sobe de mansinho.. É um assunto demasiado importante para não haver qualquer debate construtivo de todas as partes, o PS não pode descartar essa responsabilidade para com os cidadãos só porque lhe dá jeito..
24 semanas em Portugal é o limite para se investir na vida de um prematuro! Não me diga que as 10 semanas não sabe que está grávida! Nós mulheres somos muito mais inteligentes que isso! Eu sou completamente a favor da IVG quando desejada pela mãe, mas não posso concordar com o alargamento do tempo para o fazer!as 24 semanas já sente o bebê, apesar de ele já se mexer como uma pulga desde as 8/9! Não estamos a falar de coisas más, é vida! Nem tudo acontece no "estrangeiro" é bom...que mania que Portugal é m£Rd@ pa tudo!
Eu sou contra o aborto. Nao e admissivel que se trate a gravidez como uma fatalidade nao hoje em dia quando a humanidade esta tao evoluida a todos os niveis em que se gaba a sabedoria e a inteligencia e se atraibuem premios por isso. No entanto arranjam se todas as desculpas para MATAR. Nos Postos de Saude existem consultas de Planeamento Familiar e toda a especie de anticontepcionais GRATIS para TODAS as mulheres que nao desejem engravidar. Nao ha desculpas para o aborto. Sejamos humanos conscientes responsaveis pelos nossos actos. Sou contra a despenalizacao do aborto. Isso de a mulher ser dona do seu corpo tem muito que se lhe diga. Sejamos racionais. Sou mulher e sou contra o aborto.
Com 24 semanas, o bebe já tem aprox. 30 cm..
Acho muito bem que haja consultas de aconselhamento da mulher, de modo a que esta possa fazer uma decisão informada, consciente e bem pensada.
Nenhuma mulher toma uma decisão dessas com leviandade, verdade; mas quando se pondera tomar uma decisão dessas, há muitas emoções que podem dificultar uma visão clara da situação. Estas consultas são essencialmente uma forma de clarificar dúvidas e conversar: ao verbalizarmos, pomos as nossas ideias em ordem.
Não acho que isto seja uma imposição monstruosa, aliás, muito pelo contrário. Penso que seja perfeitamente razoável, uma vez que se trata de um assunto tão delicado. Antes de iniciarmos um tratamento no hospital também temos uma consulta ou mais.
De qualquer das formas, na consulta, a mulher não tem de dar explicações nenhumas a ninguém.
Finalmente, no que respeita aos médicos objectores de consciência poderem dar a consulta: na teoria, não há problema nenhum porque os médicos têm de ser neutros e objectivos nessa consulta. O seu papel é o de informar e ajudar. Na prática isto pode não acontecer. É uma questão de as mulheres que forem acompanhadas por esses médicos fazerem queixinhas, de modo a Ordem se organizar e para que, no futuro, outras mulheres não gramem com a mesma situação.
A vida e sagrada. Ha muitas formas de matar o aborto e um delas. Sou pela vida.
Olá Ana,
Adorei o teu texto.
Hoje de manhã vi as primeiras reacções e não gostei da revolta contra a obrigatoriedade da consulta, pensei em vários argumentos, mas não os usei. Não sou grande comunicadora e a minha capacidade de argumentar e de influenciar não faria grande peso.
Agora li o teu texto, fiquei mais esclarecida do porquê dessa revolta. Compreendo-a. E gostei que explicasses, não basta influenciar um conjunto de massas para que todos sigam a opinião de alguém líder (sim vocês são um pouco líderes). Há que esclarecer e mostrar as diferentes possibilidades e o porquê de não compreenderem e mostrar também que ainda assim, percebem o porquê de pelo menos haver as consultas.
Fizeste um grande serviço público em também sugerir, onde aplicar essas consultas. Tudo o que dizes é verdade, sem quereres impingir a tua opinião. Obrigada. Antónia Gomes
Este post podia ter sido escrito por mim, linha por linha!
Parabéns Ana, é bom saber que Portugal ainda guarda gente de bom senso.
Nem quando se está realmente doente o médico é obrigatório quanto mais quando é uma escolha nossa. Acredito que existam pessoas necessitadas de ajuda mas que podem ser detectadas aquando da primeira consulta e então propor uma terapia.
Esta ditadura disfarçada faz-me sempre fugir...
Já eua cho que as taxas moderadoras deviam ter sido imediatamente implementadas, não percebo porque é que uma pessoa com cancro (por exemplo) paga e uma pessoa que quer fazer um aborto não paga.
Lamento Pipoca sou da opinião contrária, que essas consultas servem para precaver problemas futuros de uma mulher que se sentia preparada mas depois se sente atormentada com a sua decisão.
Não acho que o psicólogo vá influenciar a opinião da mulher aliás, isso é mesmo falta de ética profissional, um psicólogo não faz mais do que ouvir o porquê da decisão e como se sente perante o que lhe aconteceu, uma gravidez não planeada abala e muito a nível emocional, quanto mais senão poder ou não quiser aquele filho. São sentimentos contraditórios a sua vontade e o que sente em relação a gravidez, e o que a nível hormonal lhe faz sentir.
Em certos estados dos estados unidos nenhuma mulher dá para adopção um bebé sem uma consulta obrigatória com um psicólogo e ele é que vai ajudar a mulher a passar por aquela fase difícil e cancelar o processo e ajudar a mãe se ela se arrepender.
Por outro pipoca esquece-se que no país em que vivemos ainda existem namorados a forçar a namorada a abortar por simplesmente dizerem que se ela tem o filho não querem saber delas, ou porque acabam tudo com elas, ou pasme-se casos que já li nos fóruns de gravidez pais que querem forçar as filhas a fazer um aborto porque são menores de idade e dizem que se elas mantiverem a gravidez que as expulsão de casa. Ora uma jovem de 16 anos perante este cenário de chantagem, vai e faz tudo menos a consulta de psicólogo porque não é obrigatória e nem a pede por ignorância ou porque lá esta acha que é só para malucos (já ouvi n vezes isto que psicólogo é para pessoas doentes, e pasme-se por pessoas da minha idade). Essa menina de 16 anos faz a IVG e ficar marcada para a vida porque não teve apoios... se for obrigatório o psicólogo vê logo que se passa algo de errado, e são accionados meios de protecção da menor... nem que seja procurar uma vaga para ela num lar de apoio a adolescentes grávidas.
Quem tem a cabeça no lugar qual o receio de ir lá falar com o psicólogo é um profissional de saúde tal como o ginecologista... e o ginecologista também tem de lhe perguntar se tem a certeza da sua decisão, informar dos riscos e tudo e tudo... e a mulher tem de abrir a boca e as pernas a um estranho.
Porque que encaram o psicólogo como um bicho de sete cabeças.
E sabe que mais para mim devia ser obrigatório uma consulta de psicologia a quem sofre um AE... eu sofri e a única coisa que a médica de família me disse foi peça as baixas que precisar querida tá... e o apoio psicológico fica para quem.
Sabe quantas pessoas vieram falar comigo em confidência dizendo que tinham tido AE mas que ninguém sabia a não ser o marido. Passar por aquilo sozinhas... e mais os nossos maridos não fazem ideia do que sentimos, para eles o amor ao bebé só ocorre muito mais tarde na gravidez e na mulher não assim que os tracinhos do positivo aparecem nasce uma mãe e quando o perdemos espontaneamente sentimos que a culpa é nossa, sentimos um falhanço como mulher e afins... e o marido lá entende o que sentimos ele só diz claro que não é a tua culpa acontece, acontece...
Por isso sim para mim a consulta de psicologia devia de ser obrigatória e gratuita em muitos mas muitos casos.
Quer outro exemplo quando dão o diagnóstico de cancro ou de outra doença pior, devia de haver logo um psicólogo ao lado a dar apoio, pelo menos naquele primeiro instante. O meu pai pediu alta hospital contra parecer médico pq o médico lhe disse que ele precisava de um transplante de fígado senão morria... o meu pai apanhou um choque tal que fugiu, só quando entrou em coma conseguimos o levar ao hospital.... e pasme-se depois aceitou o transplante porque foi um médico falar com ele sobre quais os medos e o porque de não querer e o meu pai mudou de ideias porque falou dos seus medos. Sabe quem era o médico um psicólogo que o foi ver a pedido dos cirurgiões e médicos de hepatologia, o meu pai nem se apercebeu que ele era psicólogo.
Admiravél!
Soberbo!
Amei o post. Não séi se é o melhor, mas andará por perto. Não poderia estar mais de acordo.
Obrigada!
A obrigatoriedade da consulta irá fazer crescer, novamente, o mercado paralelo do aborto. Enfim. Direitices!!
Apoio disponível, SIM. Apoio obrigatório, parece-me contraditório e que até poderá funcionar ao contrário... Pagamento de taxas, sim. Com as devidas exceções.
Pipoca, apenas um reparo à tua ideia: estás a partir do pressuposto que as consultas vão servir para tentar convencer a mulher a não abortar, o que pode ou NÃO acontecer. Tal como pode suceder com as consultas prévias à IVG. Na prática, a única alteração é que vai passar a fazer parte do procedimento a existência de consultas especializadas por parte de psicólogos.
raquel
Não concordo que o facto de tornar obrigatório o acompanhamento psicológico seja um retrocesso. Aliás, antes da notícia da alteração eu até já pressupunha que assim fosse... Para mim faz sentido porque apesar de no fundo não deixar de continuar a ser uma decisão apenas da mulher (uma vez que a última palavra continua a ser dela), é uma decisão que a envolve não apenas a ela. E o feto ainda não tem modo de se pronunciar, então nada mais justo de que o Estado faça ainda que de um modo brando prevalecer alguma defesa do outro ser em questão. Eu sempre fui a favor do aborto, mas também sempre fui a favor de que seja feito em plena consciência, e na minha opinião a obrigatoriedade das consultas apenas vem tentar garantir mais esta tal plena consciência. Acho que às vezes estes histerismos em torno destes assuntos femininos nos faz dar passos atrás em relação à posição que atualmente a mulher conquistou... Seremos para sempre apelidadas de drama queens muito à custa de exageros como este, em que se faz um grande alarido porque se mexeu numa lei, ainda que a mudança tenha sido mínima e não tenha mudado a relevância da questão e o aborto continue ao fim de contas livre! (P.S.: Qual drama de ter que se falar com uma equipe médica... parece coisa da geração dos meus avós. Então uma pessoa que tenha sido violada não tem que falar com médico, policia, advogado e juiz?! Tal como no aborto, está inerente à situação.)
Precisamente. A base para uma relação terapêutica ou pelo menos para o aconselhamento psicológico pressupõe que o paciente lá esteja de livre vontade, o que não é necessariamente verdade nestes casos. Estou curiosa para ver a posição que a Ordem vai tomar neste caso, porque isto não é aceitável.
24 semanas???? Há bebés que nascem às 24 semanas...
Descobrir que está grávida com 6 semanas que estranho da primeira gravidez descobri que estava grávida com 4 semanas, o RED não veio e passado dois dias fui fazer e tau grávida.... tava a tentar é certo mas se teve sexo desprotegido o RED não vem, mesmo que espere uma semana será com 5 semanas... vai a consulta de planeamento que não é preciso marcar, basta ir ao enfermeiro e dizer que quer fazer e o processo é até rápido.
Como perdi o primeiro bebé, o segundo só descobri já tinha 7 semanas, mas tudo porque me diziam ser normal o RED não vir pós aborto. Mas desde as 5 semanas que andava a desconfiar mas na negação porque era bom demais para ser verdade
" Sempre fui a favor da despenalização do aborto. Mulher nenhuma deveria ser obrigada a ter um filho que não deseja ou que não pode criar. " Só um pequeno pormenor Pipoca: a "criança" TEM autonomia jurídica, é um SER independente dos pais, percebe?? NÃO sujeita aos caprichos de quem já cá está ( a dizer barbaridades com foi este o caso, desculpe mas revolta me esta sua postura e de tanta gente ).
Catarina Alves
Eu votei a favor do aborto e sou a favor do aborto. Sou, sobretudo, porque acho que no final de uma gravidez não desejada quem paga a factura mais alta é o desgraçado que menos culpa tem no processo, a criança. Não vejo com bons olhos ver uma criança a crescer sem amor, sem condições, sem ter aquilo a que todas devem ter direito. Porém, acho também, que por vezes se abuso do direito a abortar. Abortar apenas porque uma noite de copos correu mal, por exemplo, também não me parece bem. É demasiado frio, demasiado desumano, demasiado irresponsável para ser possível. Há, como sabemos, muitos meios para prevenir uma gravidez e cada vez homens e mulheres estão mais bem informados sobre eles. Esta medida do Governo tem, na minha opinião e na forma como vejo as coisas, um caractér mais disuasor. Ou seja, tenta fazer com que as pessoas vejam a situação do aborto com mais cuidado, que percebam que o mesmo tem consequências, que pensem antes de o fazer. Penso que será mais isto do que outra coisa qualquer. A ideia é que todos percebamos que o aborto não é um método contraceptivo mas algo que tem consequências mais graves a nível físico para a mulher e psicológico para mulheres e homens. Sou a favor destas consultas de psicologia quanto mais não seja pela vertente pedagógica na prevenção de futuras situações. Não sei se estou errado ou não mas é assim que vejo as coisas. Quanto às taxas moderadoras, são uma falsa questão. Primeiro porque os valores são irrisórios e depois porque quem nem esses valores pode pagar também está isento. Faz todo o sentido que se pague por um serviço que o estado presta. Espero não ofender ninguém com o que escrevi. É apenas a minha opinião.
Á "mãe", obvio. Já que o "feto" vai falecer, logo não vai lembrar-se de nada. Onde está a dúvida?
As mulheres pensam que ser a favor da IVG são muito modernas, nada mais errado, nada mais bárbaro e Idade Media Style...
Vasco M.
Ainda bem que li os comentários antes de escrever. Também sou psicóloga clínica e ia escrever o mesmo que a colega! O problema com a saúde mental em Portugal vai muito além desta questão. Mas o mais grave é achar-se em vários ministérios (saúde, educação, justiça) que as pessoas podem ser obrigadas ao atendimento psicológico, como se fosse possível a psicologia actuar em quem não quer participar na terapia... Bj Maria
Sejamos racionais? Concordo, aconselho-a a começar por si.
E em caso de violação ou mal formação do feto? Também é contra?
É por causa da mentalidade do 'tudo se arranja' que depois se criam filhos sem condições, sem atenção, sem amor, sem escolaridade, sem cultura, sem valores, sem comida na mesa em alguns casos, sem... olhe, não tenho o dia todo.
Não sei se é homem ou mulher, mas claramente nunca passou por um aborto. Tive até agora três, nenhum por minha vontade, de uma das vezes tive mesmo que fazer uma curetagem após a prescrição medicamentosa. Mas sei que qualquer decisão de efectuar uma IVG é penosa, mesmo depois do médico nos dizer que já não existem batimentos cardiacos, é algo que recordamos para sempre. É efectivam,ente um processo duro e que deixa marcas. E sabe o que é mais duro? É ter de levar com as pessoas a querem que falemos do que não queremos falar, das nossas dores mais intimas (as da alma), das nossas razões que só a nós pertencem. Nenhuma mulher toma a decisão de abortar de ânimo leve. Ao contrário dos homens as mulheres têm prazo de validade para serem mães e na esmagadora maioria dos casos querem-no ser. E se não o querem ser não o devem ser. Estas consultas obrigatórias são humilhantes para uma mulher adulta e responsável e ainda pior para as miudas adolescentes e jovens , impressionáveis que vão levar com discursos paternalistas de médicos que as vão convencer a não abortar com discursos exactamente como o que o anónimo está a ter. A pergunta que lhe deixo é a seguinte o que é que marca mais o feto, o abortoaté as dez semanas ou ser abandonado pela mãe, ou passar fome, ou ser vendido como escravo sexual, ou ser deixado para sempre numa instituição (esse tipo de discurso dramático dá para ser utilizado por todos)
Eu sei que não lhe venho mudar a opinião mas venho apenas dizer-lhe o meu ponto de vista. Com 10 semanas de gestação não se está a matar ninguém. Só não se está a dar seguimento a um início. É assim que vejo. E ver o assunto como se arranjar todas as desculpas para matar, devo dizer-lhe que, muitas das pessoas que conheço desses movimentos pró-vida são também as primeiras a defender a pena de morte em violadores ou assassinos e por aí fora. Para mim, isso sim, é matar um ser humano, independentemente do motivo e da razão. Por isso, não encontro o ponto de defesa do não ao aborto e do sim à vida. Essa desculpa acho que não vos serve.
Não estou directamente ligada ao universo da Saúde, mas tenho uma amiga que é medica ginecologista, e relata exactamente estas situações que acabou de descrever.
Sou a favor da despenalização do aborto, votaria novamente sim, e concordo com esta nova lei! Concordo com a Pipoca quando diz que se devia investir mais em saúde mental. Mas não me choca nada que a mulher tenha uma consulta de acompanhamento obrigatório. Em que é que isto regride o que já se alcançou com a despenalização da IVG ?
Eu também fiz uma IVG há cerca de 3 anos, no Hospital de Santa Maria. Felizmente estava 100% segura da minha decisão, porque também a mim me tentaram demover - tanto durante a ecografia como durante a 1ª consulta, quando a médica me disse "Ainda está a tempo de desistir" quando eu estava já a sair do gabinete.
Esta forma de ver as coisas é indescritível. Se a alteração da lei que permitiu a despenalização do aborto até às 12 semanas tivesse aumentado o aborto, percebia-se que houvesse alterações, agora TODOS os dados indicam que o aborto diminuiu, as complicações pós-aborto idem, são residuais as repetições do aborto pelas mesmas pessoas e as pessoas só querem impôr a culpa às mulheres e mais, transmitir a ideia que é um gasto inacreditável para o SNS e como se com as taxas moderadoras ou demovêssemos as mulheres ou recuperássemos milhares de euros. E depois duma forma empírica reduzimos logo tudo aos que nos parece a olhómetro: é porque se embriagaram, porque são imigrantes, porque não sabem nem se informam sobre contraceptivos, etc. De certeza que não é assim, não só gaiatas a engravidar e os imigrantes também trabalham e pagam impostos! E os fumadores e que contrairam cancro do pulmão, os toxicodependentes e os tratamentos de substituição que lhes fornecemos, mais os da hepatite, os que beberam e contraíram cirrose,etc,etc, vamos todos escorraça-los e tratá-los como párias! Porque na nossa cabecinha, só vemos uma forma de estar na vida e essa é que é boa e a partir daí podemos julgar e espalhar moralismo para todos os outros e o mais grave é que uma fatia dos profissionais de saúde alinha no mesmo, porque a formação académica não fornece formação moral e de carácter nem nos torna profissionais isentos e muitos nessas consultinhas vão só arrastar a bolha do preconceito. Espero que seja pedida a inconstitucionalidade de tais consultas.
Não poderia discordar mais...
Está a comparar uma mulher com um embrião de 8 ou 10 semanas? A meu ver não há comparação possível. É vida? Claro que sim, que é uma vida! Mas e a nossa vida enquanto mulheres?? Somos agora obrigadas a ter filhos??
Uma coisa é ver a IVG como método contraceptivo, o que lamentavelmente deve haver quem pratique e devia ser punido!
Outra é uma mulher ter opção de escolher o melhor para ela! E não pense que se faz de animo leve, porque não é mesmo o caso! Fosse ou não a gravidez desejada!
Eu sofri um aborto espontâneo, prolongado e para o qual foi necessária intervenção cirúrgica. A dor física foi semelhante a um parto e a dor psicológica é enorme e confusa, diminui, mas está sempre presente.
No hospital e após, falei com várias pessoas, médicos e pacientes, ouvi vários testemunhos. E digo-lhe que uma IVG é algo que deixa marcas sim! E bastantes! Por mais certeza que a mulher tenha de que será o melhor para si, fica sempre uma cicatriz!
As mulheres não são todas iguais nem têm de o ser. Tenho pena que em lugar de compreensão e apoio, quem passa por um processo destes tenha ainda de ser julgada.
Por isso, a sua resposta, se generalizada, parece mesmo só leviana.
Pipoca, tenho 21 anos e fui mãe aos 17. Pensei muito depois de ter descoberto que estava grávida e decidi interromper a gravidez. Graças a Deus acabei por desistir na véspera do procedimento.
Compreendo a sua ideia de liberdade de escolha, eu própria gostei de a ter, e também sou a favor da despenalização, mas por motivos diferentes: queira-se ou não, se uma célula é vida um feto também o é, faz-me confusão que se pondere acabar com a vida de algo que tem um caminho tão longo pela frente, um caminho que pode ser tão feliz. Mas a verdade é que o aborto existe desde sempre e vai continuar a existir e por essa razão resta-nos assegurar que é feito em condições de higiene e segurança para que não se percam duas vidas em vez de uma.
Há que ter em atenção uma questão muito importante: o aborto é crime, mesmo até às 10 semanas, sendo assumidamente social e moralmente criticável. Nunca se falou de descriminalização, apenas de despenalização, o que juridicamente acarreta consequências distintas. O que a IVG é neste momento em Portugal não passa de um crime em que não é aplicada pena.
Verdade. Como podem pensar que quem faz um aborto é o mesmo que ir ao supermercado? Parece que é o que julgam... julgam que não há dor física? emocional? que toda a gente não sofre nem é afetado?
Realmente este é um assunto melindroso e as nossas palavras deveriam ser "medidas", principalmente quando generalizamos a coisa.
Sem qualquer ironia, espero sinceramente que nunca na sua vida, pelas mais variadas circunstâncias, tenha que passar por um processo tão bárbaro e caprichoso como este...
Eu não sou a favor do aborto como método contraceptivo. Ou seja, penso que engravidar por acidente ou porque "não sabia que era assim" não é desculpa uma vez que cada vez são mais as campanhas sobre contraceptivos e para além disso, quem não tiver possibilidades económicas para os comprar, no centro de saúde Público oferecem preservativos e pílulas gratuitas. Por isso, se um casal ou uma senhora engravida mas não têm possibilidades económicas para sustentar uma criança porque é que não se precaveu inicialmente? É claro que acidentes acontecem, pois pode acontecer alguma coisa que retire o efeito ao preservativo (se este arrebentar mas que é muito pouco provável) ou da pílula (em caso de doenças acessórias). É claro que em situações de violações, malformações da crianças, etc sou completamente a favor mas não como método contraceptivo.
Já agora, parabéns pelo blog (sou uma leitora assídua) e é muito bom que às vezes fale em assuntos deste género pois promove a partilha de opiniões e acho que é também uma parte bastante importante do seu trabalho! :)
Concordo, lamentavelmente...
O ser é dependente da mãe até ao momento do parto. Antes disso não sobrevive por si só.
Concordo consigo em relação ao apoio psicológico, neste caso e em tantos outros, que são subvalorizados.
Acho no entanto que os médicos objectares de consciência não deveriam ser autorizados.
sou contra o aborto salvo exceções como mal formação do feto, violação ou o aparecimento de uma doença. No entanto se neste momento o aborto é legal, acho que as mulheres não devem ser obrigadas às consultas com o psicólogo. acho que o psicólogo tem meios para fazer mudar a opinião da mulher e a questão é que vai fazê-lo consoante as suas próprias convicções. De qualquer das maneiras nunca estive numa situação destas, não posso dar uma opinião muito forte. só sei que o meu irmão perdeu 2 fetos e foi muito doloroso para a família..pelo que a ideia de abortar só porque sim, não me agrada..
Não tenho nada contra a quem é contra o Aborto, como também não concordo com quem o usa como método contraceptivo, contudo pense no pior dos casos. É violada, fica grávida, vai ter esse filho?
Inês, uma coisa é decidir não ter uma criança. Outra é decidir não se responsabilizar por uma criança que vai nascer ou já nasceu. A partir do momento em que as pessoas têm relações sexuais, têm de ser responsabilizadas pelas suas consequências, nomeadamente uma criança. Se não quer criança, usa preservativo. Acho muito bem o que o tribunal decretou, que não existam filhos de pais incógnitos, como havia antigamente, só porque o homem decidiu que não lhe apetece ter essa responsabilidade.
E esses que não têm condições, porque não evitam uma gravidez? E assim evitam um aborto=matar um ser vivo? Com tantos métodos contraceptivos gratuitos e disponíveis, só engravida quem quer...
A IVG pode ser realizada até às 10 semanas, contudo se existir alguma má formação do feto, os pais podem decidir interromper a gravidez até 24 semana, reforço, se for confirmada má formação do feto (por amniocentese, ou outro exame do género).
Exactamente, deixem vir ao mundo pessoas não desejadas para viverem uma vida de rejeição, abandono e se questionarem o que fazem aqui. E então aí chamem os psicólogos das consultas de acompanhamento da IVG, pode ser que as ajudem. É preciso bem mais do que as deixarem vir só porque sim!
A sério que a criança é um ser independente dos pais? E Não sujeita aos caprichos dos pais? A sério? As crianças, e muitas delas vítimas de maus tratos, até aos caprichos de juízes são sujeitas muitas vezes, sem terem em conta as competências familiares! Infelizmente vê-se tantas crianças sujeitas aos caprichos de famílias separadas, que as usam em proveito próprio, a famílias desestruturadas, sem lei nem direito que as defenda, e SIM, Sem Autonomia Jurídica para decidir o que quer que seja, seja sua vontade ou não. Barbaridade é o seu comentário, próprio de gente parvinha que ainda pensa, venha de lá a criancinha e o resto logo se vê!
"Oito anos depois, os números não apontam nesse sentido."
Qual é a fonte?
Estava a ler os comentários deste post e não pude deixar de reparar num facto... As pessoas pró-aborto estão livremente a dar a sua opinião, e com todo o direito disso, sem que ninguém as critique! Já as que são contra e, exactamente com os meus direitos das pró, comentam a dar a sua opinião são criticadas e "ofendidas" pelas outras!
Gente haver liberdade de escolha é haver liberdade de se concordar ou não... não é ser-se obrigado a concordar com o aborto!!!
quantas crianças, ja adoptou que estao abandonadas em orfanatos? pq como diz a NR ( no comentario abaixo) são as crianças que pagam a fatura mais alta e são elas que sofrem.
Claro que esta lei do aborto é muito boa, para que mulheres e homens possam escolher se têm ou não condições de ter uma criança, ou em alguns casos mais uma criança. Porque se não estiverem reunidas as condições minimas melhor sera não ter, porque ter so por ter e depois a criança ser abandonada ou mal tratada, vale a pena?
Concordo plenamente. Adorei o post, pipoca!
Estou grávida de 25 semanas.
A minha filha reage quando como, quando me deito de barriga para cima, quando estou nervosa e quando passamos a mão na barriga.
Está totalmente formada e apenas alguns orgãos ainda estão a "evoluir" calmamente. Tem quase 1kg (800gr +ou-).
É um ser perfeitamente viável!
Acho exagerado o tempo previsto em certos países.
Pessoalmente nunca faria um aborto, a não ser num caso muito extremo de doença grave. Acho que não conseguiria viver com essa decisão, mas cada um sabe de si e cabe à justiça preocupar-se com as mulheres que podem não ter a noção de que têm um ser vivo dentro delas e não se pode acabar a vida só porque sim. Dificultar/moderar o aborto faz com que as mulheres apostem bem nos métodos contraceptivos, porque eles são bastante eficazes, salvo raras excepções.
Mas acho bem que qualquer mulher que queira efetuar um aborto tenha pelo menos algumas sessões de aconselhamento para perceber, ajudar ou abanar quem decida fazê-lo.
o doente oncológico não paga nenhuma consulta que esteja associada ao tratamento da sua doença.
Eu sou a favor e contra o aborto, não posso dizer que sou uma coisa apenas, pois depende de cada caso. Mas não devia ser permitido alguém que simplesmente engravida e não quer ter o filho, tendo as condições mínimas necessárias (dinheiro, estabilidade emocional...), abortar. Só deveria ser permitido fazer um aborto em casos excecionais, como violações, falta de dinheiro para o bébé, condições mínimas de sobrevivência, risco muito elevado de vida para a mãe ou mal formações muito graves. Não em casos de "prioridade à carreira", "ser muito nova", "querer aproveitar a vida"...
Tudo se arranja... até meninos a ser criados na rua, a jantar um pacote de batatas fritas, e a serem espancados pelos pais porque nunca foram desejados.. é isso!
Não podia concordar mais, com tudo.
Aproveito só para acrescentar um outro lado, que me parece ter sido desconsiderado na sua análise. O lado do pai.
Se por um lado, temos a mulher, dona do seu corpo e com (ainda que possivelmente limitada) liberdade de escolha relativamente à decisão de ter um filho ou não, por outro lado temos o pai que, independentemente da sua vontade, tem de assumir a criança. Não me parece justo, de todo.
Mulher nenhuma deveria ser obrigada a ter um filho que não deseja ou que não pode criar, assim como Homem nenhum deveria ser obrigado a ter um filho que não deseja ou que não pode criar.
Sou mulher e sou a favor da despenalização do aborto, mas acima de tudo sou a favor da igualdade de direitos.
aqui está um comentário com conhecimento de causa. os meus aplausos.
adoscoelhos.wordpress.com
Concordo consigo. Estive hoje a ouvir melhor as alterações e não me parece nada de chocante o que se aprovou. É preciso perceber e ajudar as mulheres que fazem abortos, que muitas vezes não têm mais ninguém que as ouça.
Quem vai certo do que quer fazer, não vai mudar de ideias. Outras vão muitas vezes pressionadas pelos maridos/namorados/companheiros ou porque têm medo da reacção dos pais ou afins.
Depois ainda temos as pessoas que acham que na primeira relação sexual não se engravida, etc. Um acompanhamento antes e depois da IVG não me choca nada.
Estava a achar muito...realmente só aqui... dão com uma tiram com a outra
"O acompanhamento não será para demover as mulheres, penso que esse não será o objectivo. Penso que o principal objectivo será acompanha las para que mais tarde não exista desequilibro do seu bem estar mental."
É nisto que ninguém pensa! Eu acho que é para isto que o acompanhamento serve e não para demover ninguém, por isso existe a possibilidade de recorrer à IVG.
Conheço duas mulheres que abortaram, com toda a certeza e porque tinham mesmo de o fazer, e que hoje em dia, por nunca terem partilhado com ninguém, (mas mesmo com ninguém) na altura, hoje em dia ainda têm problemas relativos a isso.
Não sejamos tão fundamentalistas, porque quem nunca passou por estes casos sabe dar todas as opiniões. Pode haver muitas mulheres que poderão vir a beneficiar com esta nova medida.
Disse bem, a CRIANÇA. Com um embrião não é sequer um feto, não cai na verborreia que acabou de escrever. Um embrião não tem sistema nervoso central, não sente. Vá pesquisar, se souber, porquê o limite das 10 semanas.
Não é o feto é o embrião. Há muitas diferenças. Não está não. Nada do que disse faz sentido. A consulta não produz nem pode produzir alteração involuntária da decisão. Estão lá para apoiar não para decidir.
A falta de informação assusta-me. A ignorância é mesmo perigosa. A interrupção voluntária da gravidez é legal em Portugal até às 10 semanas. Voluntária, ou seja não é preciso nenhuma razão além da escolha da mulher. Gaste menos tempo em blogs e mais a ler o jornal.
Mas o homem não tem poder de decidir se quer ou não a criança, esta é a questão. A decisão final de ter ou não o filho é sempre da mulher, o homem acaba por não ter voto na decisão e é obrigado a assumir a paternidade. Existe uma dualidade de critérios. Parece-me ser este o ponto de vista da Inês e compreendo o que quer dizer.
Olhe, eu tive essa atitude da minha médica de família quando, aos 19 anos, sugeri no âmbito de uma consulta no centro de saúde começar a tomar a pílula (note-se, ainda era virgem, mas queria deixar de o ser em breve no âmbito de uma relação de 3 anos). Desancou-me e deu-me alto sermão, perguntou porque é que queria tomar a pílula, se, estando numa relação estável, não deixava acontecer, etc (mais umas quantas coisas que entretanto recalquei). Eu nem respondi e só olhava incrédula com uma cara de "wtf"... no final passou-me a receita e disse-me para ir falar com a enfermeira para ela me dar a pílula, mas com um ar de enfado e contrariada até mais não. Nem imagino o que seja numa IVG, com "profissionais" assim...
passo a reportar a minha historia, apesar de não interessar a ninguém, fica apenas mais um ponto de vista. Apesar de ser a favor do aborto, de ter votado sim no referendo, quando me tocou a mim uma gravidez não desejada, optei por levar adiante, optei por tentar, por ter a criança. Se estou arrependida? Nada, nem um pouquinho, no meu caso tem corrido bem, tenho uma princesa linda, tenho trabalho, a única coisa que corre mal é o pai não aceitar, mas isso é algo que eu sabia que ia acontecer quando tomei a decisão.
A única coisa que tenho a dizer é que todas as promessas feitas por assistentes sociais, quando souberam da minha opção caíram em saco roto, não fosse a ajuda preciosa das minhas amigas com roupas e calçado e dos vizinhos com alguns alimentos e o meu ordenado de 449.00€ dava para nada.
é pena que não haja mais ajudas, eu já deixei de comprar medicamentos por não ter um euro sequer, e não querer pedir, ter vergonha, pois também existe algum orgulho. Eu nunca mais comprei uma peça de roupa, eu bem faço planos, mas nada sai certo. Felizmente nunca passei fome nem eu nem a menina, mas se o estado fosse mais cooperante, talvez as coisas fossem de maneira diferente.
se sou feliz com a minha escolha? SIM, muito, e tenho ainda a esperança que um dia tudo melhora. Afinal não devo ter mais azar para me calhar a mim, já que sou órfã de pai e mãe e a pouca família me resta.
já foram publicados várias vezes em jornais os dados relativos a essa informação..se pesquisar um bocadinho encontra
Anónimo das 12:51, quando estiver grávida de um filho que deseja ter e o seu companheiro não quer ele que mande no seu corpo e a obrigue a fazer e passar por um aborto, ou então quando tiver um filho e o seu companheiro não o quiser que apareça nos documentos do seu filho "filho de pai incógnito". E no dia que forem os homens a ficar grávidos que façam com o corpo deles o que quiserem porque no corpo a na vida das mulheres já longe vai o tempo que eles decidiam.
Anónimo das 10:34 :
Desculpe-me a insensibilidade, mas face ao seu comentário, não me consigo sentir de outra forma para consigo. Então o que está a dizer é que uma mulher antes de ser violada deve obrigar o violador a usar preservativo, ou a ir bem rapidinho ao centro de saúde mais próximo, já que são gratuitos lá - isso ou andar prevenida com um na carteira, não vá a besta engravidá-la e ela ser obrigada a olha todos os dias para a criança que, com sorte, terá a cara igual ao pai. Sim, porque como 'isso de a mulher ser dona do seu corpo tem muito que se lhe diga', então não pode dizer à besta que não quer nenhuma relação com ele, porque como o corpo é seu, mas não é dona dele, quem será? Por essa ordem de ideias, tomar a pílula (que como diz no seu comentário, é gratuita também no centro de saúde) é alterar a ordem natural dos acontecimentos do seu corpo, estará isso correcto? Sei que não se comprara a uma IVG, mas como o seu raciocínio, para mim, não é lá muito racional, sinto-me no direito de poder fazer comparações absurdas, a ver se me entende melhor.
Desculpe-me - melhor!, não desculpe porque não acho que tenha que ser eu a pedir desculpa - mas quem tem que ser racional, é você.
Passe bem e, espero (muito sinceramente) que nunca tenha que fazer nenhuma IVG por motivos acima referidos, porque acho mesmo que ia passar um mau bocado - não só pelo procedimento em si, mas por se lembrar de tudo o que diz agora.
Há anos que defendo o mesmo!
A IVG deveria ter sido SEMPRE sujeita a taxas moderadoras. SEMPRE!
Ridiculo é esse tipo de pensamento isso é que é da Idade Média
Nem do Portas, nem da empresa em que o PC era gestor, nem das outras que daqui a uns tempitos se vai saber. Nota-se bem que não és um boy ou uma girl laranjinha. Quanto te pagam como assessora ou "especialista" de uma coisa qualquer?Qual foi o tacho que te deram?
Só um aparte, porque lhe chama Interrupção (voluntária da gravidez), quando o acto de interromper pressupõe a possibilidade de retomar? Sou a favor da possibilidade de aborto, mas não suporto que se enfeite o gesto com palavrinhas cor de rosa. Haverá razões e cada um sabe de si, mas que ninguém se esqueça do que significa realmente abortar.
Quanto ao acompanhamento obrigatório, não vejo mal (apenas me repugna o aproveitamento politico do mesmo), o acto em si merece reflexão e acompanhamento profissional. Não se pode banalizar o acto e parece-me medíocre que se avalie o avanço de uma sociedade nos direitos humanos pela simplicidade com que mata os seus fetos.
Obrigada pela oportunidade, Ana.
se não é a mulher dona do seu corpo, quem é? não me diga que é o estado? aposto que esta é uma das falsas púdicas que se a filhinha engravidasse antes de tempo a levava logo a espanha
Sim, deixem vir que tudo se arranja!!
Olha bela ideia! Por essa e por outras semelhantes é que andamos a pagar à Segurança Social para que sejam pagos rendimentos mínimos e ajudas a quem pensa assim e não tem condições para criar crianças!!!
E usar preservativo quando não se quer ter essa responsabilidade, não?
Boa tarde,
Antes de mais, Parabéns pelo Blog e pela paciência!
Sou a favor do aborto (não como contraceptivo), sou a favor do pagamento das taxas, e sou a favor de apoio psicológico disponível, mas nunca como obrigatório, porque, se para algumas mulheres partilhar esse assunto ajuda a superar, para outras falar apenas vai macerar uma ferida, já por si difícil de sarar. Somos todas diferentes, somos todas (ou devíamos ser) donas dos nossos corpos, ninguém deveria impor-nos esta condição.
Nunca me sujeitei a um IVG, sempre fui muito cuidadosa, mas está claro, acidentes acontecem.
Sou fruto de uma relação atribulada, de uma família destruturada, pela toxicodependência e cresci com o estigma de não ter pais, porque, uma vez que, o aborto não era legal, quando nasci, fui literalmente ABANDONADA.
Tive a sorte, de ser acolhida e amada, por familiares, que nada me esconderam sobre o meu passado, mas ainda assim, a ideia de ser uma criança rejeitada sempre me perseguiu (pergunto-me se eu me sinto assim, como se sentiram as crianças que andaram de “lar” em “lar”, de “centro de acolhimento”, em “centro de acolhimento”?).
Cresci com uma certeza: que quando tiver um filho, quero deseja-lo, quero que seja uma decisão minha, de livre e espontânea vontade, quando reunir as condições que achar mínimas para o poder fazer.
Abomino a ideia de ter uma criança que possa sentir-se não amada, não desejada ou como um “estorvo” na minha vida, porque passei por lá, “calcei esses sapatos” e não quero, que alguém que é suposto eu amar incondicionalmente passe pelo mesmo.
Sugiro que antes de se levantarem as vozes contra o aborto, “calcem os sapatos” de uma criança que tenha que passar pelo mesmo. Pensem quantas crianças nascerão, não desejadas, que não terão a mesma sorte que eu? Quantas acabam por seguir as pisadas dos exemplos que têm casa, porque simplesmente desconhecem outra forma de vida?
Um feto não tem personalidade jurídica. Uma criança, para lá da personalidade jurídica, terá de lidar toda a vida com a condição que nasceu, com estigma que lhe for atribuído, com a pena alheia, entre tantos outros sentimentos.
A vida de uma criança que é desejada, que é amada, já não é/será fácil, por todas as condicionantes do mundo que nos rodeia, para quê criar um obstáculo ainda antes de nascer, por capricho, ou questões religiosas/morais??!
Concordo que as consultas de psicologia deviam estar mais disponíveis para toda a gente. Acho que existem muitas pessoas a precisar de falar, de desabafar e de ajuda psicológica. E não é uma coisa fácil de admitir e fácil de procurar. Quando à IVG, acho que todo o apoio é bom, mas nunca se deve obrigar ninguém a fazer nada nem tentar influenciar!
http://entreosmeusdias.blogspot.pt
Eu percebo a questão. Estaríamos perante um conflito de direitos/vontades, a mulher quer manter a gravidez e o homem não quer ou vice versa. A questão é delicada, a gravidez ocorre no corpo da mulher e esta tem sempre direito a autodeterminação corporal, livre desenvolvimento da personalidade, etc, é um direito fundamental. É uma questão interessantíssima do ponto de vista jurídico e ético, que infelizmente não se discute. Sendo necessário para a procriação duas pessoas, até que ponto a vontade do homem em querer interromper/manter a gravidez de uma mulher pode ser atendível? Em última análise resta-nos ser responsáveis nos nossos comportamentos sexuais, já não há desculpas para a falta de informação.
Anónimo das 12:27 tem toda a razão. Somos todas diferentes e temos direito à nossa opinião.
Mas pelo que vejo aqui, maior parte dos comentários de quem é a favor da penalização do aborto, beiram a ofensa a quem defende a despenalização.
Já vi barbaridade, capricho, falta de humanidade, irracionalidade, MATAR!!!
Parecem colocar todas as mulheres no mesmo cesto: aborto como método de contracepção!!! Isso é leviandade e ofensa séria!
Mas as pessoas têm consciência da dureza destas palavras?
Conhecem por ventura as mulheres que estiveram nesta situação??
É muito fácil julgar os outros, não é??
A liberdade de escolha não pressupõe a ofensa a terceiros, dos quais não se sabe NADA!!
Já mudei de ginecologista por causa disso: a senhora que me seguia queria impor a sua perspectiva quanto à minha vida sexual / reprodutiva. Senti-me tratada como bicho, sem qualquer respeito pela minha capacidade de decisão. Se isto foi assim em consultas privadas, nem quero imaginar o que será pôr objectores de consciência nos hospitais públicos a atender mulheres que decidem recorrer à IVG.
Anónima das 10:34,
tem todo o direito de ser contra o aborto. Ninguém a irá nunca obrigar a fazer um. Felizmente vivemos num estado democrático, pelo que quem tiver outra perspectiva (e lembre-se que o embrião não tem personalidade jurídica) pode deslocar-se ao centro de saúde ou a um hospital e interromper a gravidez.
Muita força para criar a sua menina!
É uma mulher de coragem!
Eu não podia estar mais a favor do aborto. Só devia nascer quem é desejado e não vai ter, com enorme probabilidade, uma vida de miséria, negligência e rejeicão. Segundo estudos feitos nos estados unidos o sentimento mais reportado depois de um aborto é o alivio, e só 5% se arrependem. Disponibilizem as consultas a quem quiser ir, mas obrigatoriedade é idiota. E aposto que é suposto serem antes do aborto. Depois já se estão a cagar...
E afastem os objectores de consciência. O que é que as consciências deles têm a ver com as minhas partes privadas?! Metam também um ateu a mandar bitaites nas aulas de catequese, já agora.
Adoro a hipocrisia de quem está contra o aborto, mas aceita excepcões. Ah foi violada, tem doencas, perigo de vida, então já pode ser. Então, onde foi o amor pela vida sagrada da pobre criancinha? Já não existe? Já não tem vida, já não é uma bencão? Básicamente estão a dizer "ok pronto, se fosse eu até aturava um puto de surpresa com alguém que eu gostasse, mas um puto atrasado, ou traumático? NO THANKS."
Não me incomoda nada que algumas mulheres (e duvido que sejam assim tantas como dizem) usem o aborto como anticonceptivo. Das duas uma, ou simplesmente é-lhes negado o acesso aos meios para tal (relacões abusivas, já alguém ouviu falar?), ou são demasiado irresponsáveis/burras para os usar correctamente. Tanto num caso como no outro não é gente que deva ter criancinhas.
Adoro ler os comentários de quem é contra. Há ali sempre umas ideias maravilhosas entrelinhas, sendo a principal "fizeste sexo sua puta, agora toma o castigo e sofre o resto da vida, porca". Como esta pérola, num dos ultimos comentários: "Só deveria ser permitido fazer um aborto em casos excecionais, (...). Não em casos de "prioridade à carreira", "ser muito nova", "querer aproveitar a vida"...". Que horror, ser nova, querer aproveitar a vida, querer ter uma carreira! Decerto que quem tiver essas vergonhosas prioridades (mas andou por aí a ter SEXO! com HOMENS! (puta!)) vai instantaneamente morrer de amores pelo bebézinho fofinho não planeado e não desejado que carrega dentro de si, certo? Certo?? Afinal, o amoroso bebézinho só vai completamente destruir qualquer plano ou sonho que a futura mamã tiver, portanto o amor imediato e incondicional está assegurado, e nenhum rancor alguma vez será sentido, certo?! ...certo...? ...Mas lá está, ajoelhou agora tem que rezar (puta!), durante 9 meses e depois 30 anos, até o amoroso fofinho querido finalmente emigrar.
A sério minha gente? Os vossos óculos com lentes cor de rosa podem-se tirar, ou estão soldados à cabecinha? Nunca viram pais e mães que parecem distantes e indiferentes em relacão aos filhos...porque será que são assim? Nunca se perguntaram?
A questão dos filhos é um assunto totalmente emocional e hormonal. É por isso que provoca tanta histeria, tanta opinião extrema. De tal forma que a maioria das sociedades pensa em ter filhos como uma coisa inevitável, uma coisa que acontece a todos os que vivem. Assim tipo a morte, mas com menos descanso. A ideia de que todas as mulheres querem ser mães, e que se de repente se virem grávidas, vão rebentar de felicidade é praticamente universal, e está tão embrenhada na nossa sociedade que até mete medo. Experimentem ser mulher e dizer que não querem ter filhos. Em menos de 0.5 segundos têm uma multidão a chamar-vos desde egoista a monstro, a dizer que vocês não sabem o que dizem ou o que querem, que vão mudar de ideias, ou a melhor que ouvi até agora e um exemplo perfeito da ideia da inevitabilidade: "mudas de ideias quando tiveres um". Oi?? Então vou ter um para experimentar a ver se gosto, é? E se não gostar, em qual porta o deixo, hmm?
Sabem o que tem mais piada? Expliquem a vocês próprias porque tiveram filhos, sem usar o verbo querer. Não conseguem? Então pensem bem antes de voltarem a abrir a boca para chamar egoista a quem quer que seja.
Eu também sou pela vida.
Mas antes de ser pela vida dos outros, sou primeiro pela minha.
Porque se eu não estiver bem, não posso cuidar bem dos outros.
E se eu cuido mal dos outros, nem eles nem eu estaremos bem.
Já sofri um aborto espontâneo.
Nunca fiz uma IVG mas sou a favor.
Isso torna-me uma potencial assassina?
Uma familiar fez uma IVG. Eram gémeos, já tinha dois filhos e havia uma remota possibilidade de problemas posteriores.
Ela optou por ela! Isso torna-a uma assassina? A dobrar?
A senhora tem consciência do alcance das suas palavras?? Do que está a chamar a mulheres adultas e conscientes?
Eu também sou pela vida...
Que tal o INE?
http://www.pordata.pt/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Tabela
Desculpe Ana, mas as coisas não podem ser vistas dessa maneira. Então um pai que não quer um filho é obrigado a tê-lo, porque precisamente é seu filho e não fica bem a criancinha ser filha de pai incógnito. Ora, um pai que o queira ter, já não tem voto na matéria, porque o corpo é da mulher? Não faz sentido. Igualdade de direitos não é isso. E atenção que defendo a autodeterminação corporal da mulher, esta não tem de ser submissa à vontade do homem, mas o homem também não tem de ser submisso à vontade da mulher. Nem todos são bad boys que não querem assumir responsabilidades, não podemos ser extremistas.
Concordo plenamente
Pimenta no cu dos outros é refresco.E um feto não é uma criança ainda e, sim, está dependente da mãe.Metê-los no mundo sem ter o que lhes dar de comer, ou pior, para serem negligenciados e mal tratados, sinceramente, mais vale que seja dada às mães a opção de uma IVG.
Podem sempre ir à consulta e calarem-se! ninguém é obrigada a falar! acho que pela primeira vez que leio o blog concordo com a Ana: taxas moderadoras sim, consultas para quem as pedir. e já agora o subsidio por aborto a ser pago como uma baixa normal e não como subsidio de maternidade...não entendo porque quem sofre um aborto ou escolhe fazer um tem mais direito a uma remuneração que uma pessoa que tem cancro por exemplo.
Idade media style parece-me o seu cérebro.
Eu, se fizesse uma IVG, saberia perfeitamente que não estava a fazer nada de mal. Não havia hipótese de isso me afetar psicologicamente, logo não precisaria da consulta, pelo que acho a obrigatoriedade da mesma um perfeito disparate.
Os pais dos meninos que dão pacotes de batatas fritas ao jantar (?!) e pancada nos filhos, não é gente que está frustrada porque não as deixaram abortar. Atenção às generalizações! Normalmente é só gente estúpida.
Despenalização é o mesmo que discriminalização. O referendo que houve em portugal foi justamente nesse sentido, de saber se os cidadãos portugueses eram a favor da despenalização do aborto, ou seja, se queriam que a prática do aborto até ás 10 semanas fosse despenalizada, ou seja, deixasse de ser crime. Tendo o referendo tido a maioria de votos no sentido da despenalização, a sua prática até àquele número de semanas deixou de ser crime. A mulher é livre de interromper a gravidez até às 10 semanas, sem ter motivo para tal (como por ex. a malformação do feto ou casos de violação, por ex.). Caberá à consciência de cada uma, decidir o que é melhor para si. Umas pensarão de uma maneira, outras de outra, nenhuma é a certa e nenhuma é a errada. São diferentes visões de um mesmo problema.
Santo Deus, as pessoas não votaram a favor do aborto ou contra o aborto. As pessoas votaram a favor ou contra a despenalização. Lá por se achar que as mulheres não devem ser julgadas e condenadas pela prática de aborto (até ás 10 semanas) não quer dizer que sejam "a favor" do aborto.
Para quem tem dinheiro para o pagar certamente. E quem tem, de certeza que já recorre a clínicas privadas, não vai ali ao São José. Digo eu :)
Ok anónimo das 15:33, concordo consigo e também já pensei sobre o mesmo. Mas na verdade, qual é a solução para isso?
Obrigado, não me falte a saude e o sitio onde trabalhar que havemos de sobreviver
Se a mulher for asmática, por exemplo, é logo cirúrgico, não chega a fazer a medicação.
"Ah foi violada, tem doencas, perigo de vida, então já pode ser. Então, onde foi o amor pela vida sagrada da pobre criancinha? Já não existe? Já não tem vida, já não é uma bencão? Básicamente estão a dizer "ok pronto, se fosse eu até aturava um puto de surpresa com alguém que eu gostasse, mas um puto atrasado, ou traumático? NO THANKS." "
Eu penso que quem diz estas coisas quer mais defender que, no caso de uma violação, doença, perigo de vida, existe um elemento chamado inevitabilidade. Não foi nenhuma atitude consciente por parte dos pais que os levou a essa situação. A mãe foi violada por um criminoso, não foi ela que escolheu de livre e espontânea vontade ter sexo desprotegido com o homem. Em casos de doença / perigo de vida, os pais até poderiam querer muito ter um bebé, mas ele vai sofrer toda a vida com uma doença incapacitante ou vai morrer (ele e/ou a mãe). Portanto também são consequências que não dependeram dos actos dos pais.
No caso dos "acidentes", sim, foi uma decisão tomada conscientemente por parte de um ou os dois elementos do casal. Porque decidiram ter sexo desprotegido, ou porque algum dos métodos falhou e ninguém se lembrou de ir comprar uma pílula do dia seguinte, por exemplo.
Eu não estou aqui a tomar nenhuma posição, até porque sou 100% a favor da despenalização do aborto, sempre fui. Só não votei sim no referendo, porque na altura ainda não tinha idade para votar.
De qualquer forma, tudo na vida tem de ser equacionado com peso e medida. Não devemos ser "nem tanto ao mar, nem tanto à terra". É evidente que se nos expomos a riscos, deveríamos ter noção das consequências que daí poderão advir. Alguém que tem relações sexuais, sabe perfeitamente todas as condicionantes que as mesmas implicam. Não podemos depois desresponsabilizar-nos dos nossos actos e quase assumir uma posição de vítima, como já, infelizmente, assisti.
Concordo com tudo o que disse!
Não há igualdade de direitos nenhuns nem nunca pode haver porque é a mulher que fica grávida durante 9 meses nunca o homem, o risco de vida é da mulher nunca do homem, o parto é da mulher nunca do homem, o pós parto idem, a amamentação se existir idem , .... quer que continue???? não existe a opção se o bebe cresce dentro do homem ou da mulher, quando isso acontecer o homem que mande dentro daquilo que estiver no seu corpo. E já agora se um homem não quiser ter filhos que tome precauções para isso, que aí sim ele pode decidir!!!!
É um procedimento cirúrgico em determinadas situações, por exemplo em mulheres asmáticas. E como sabe de antemão dos objetivos das consultas? O ser humano é subjetivo e a sua opinião pode impor-se aos objetivos de uma consulta, sobretudo se for objetor de consciência...
Isso é a sua amostra. Não são dados científicos e garanto-lhe, como profissional de saúde, que não correspondem a outras amostras.
Interromper não é suspender. Isto juridicamente.
E o interesse da criança? A criança não tem culpa de a mãe ter "enganado o pai" ou de o pai ser "promíscuo"! Ora não...não tratem os homens como aleijadinhos, se não querem filhos, não se arrisquem! Estamos no século XXI!
Não é uma questão de ficar mal ser filho de pai incógnito! Como é possível pensarem que uma criança não tem direito a ter um pai porque ao senhor não lhe apetece ser pai?! Estamos no século XXI! Se os homens não querem ser pais, tomem precauções! Gostava de saber se os comentadores têm ou tiveram pai! Volto a dizer que o homem não é um ser aleijadinho. Felizmente vivemos num Estado de Direito e a vossa opinião não passa, assim, de uma opinião.
Palmas Pipoca! Não diria melhor...
(nem sempre a IVG é cirugica, por veze através de medicação. No entanto implica custos, tal como referiu)
Parabéns pela iniciativa desta sensibilização ao uso dos protectores solares diariamente - os portugueses continuam achar que o uso de protector solar é só para a a praia, o que está errado.
Boa iniciativa de lembrar os portugueses que o uso de protectores solares não é só na praia!
A parte disso a Pipoca estava linda como sempre:) adorei as suas jardineiras brancas - em que loja as posso encontrar ? obrigada
Sou médica, e este assunto da despenalização do aborto da-me mixed feelings. Muito sumariamente, preso o direito da mulher decidir se tem ou não condições para levar uma gravidez a termo, e todas as alterações na sua vida que esta acarreta. Sou, portanto, a favor. Agora, a lei tem falhas. E muitas. Percebo, até certo ponto, a perspectiva dos cidadãos contra o aborto, por uma questão muito simples: não imaginam a quantidade de mulheres que recorre a consulta para uma IVG uma, duas, três, quatro vezes, as que quiserem. É absolutamente banal, garanto-vos, para uma parcela importante das mulheres que se submetem ao processo. Não estou a falar de uma ou duas. Estou a falar numa percentagem de até 30%. Até estas alterações, uma IVG garantia-lhes total isenção de custos, e certificado de incapacidade laboral com remuneração a 100%. Portanto, o pagamento de taxas moderadoras, atendendo ao custo que o processo completo tem, é provavelmente a melhor alteração introduzida. Mas faltam outras. A despenalização é vista como uma desresponsabilizacao por muitas mulheres. E isso, penso que fará confusão até ao mais acérrimo defensor do abortamento voluntário. A ver vamos se se ficará por aqui. Relativamente a consulta de psicologia, o profissional, se assim for, não está a impor decisão nenhuma a ninguém. Apenas está disponível para estabelecer uma relação com a paciente e tentar ajudar num processo obviamente penoso. A obrigatoriedade da consulta mina qualquer hipótese de aceitação a quem não tem disponibilidade mental para partilhar o que sente, forçosamente. De resto, o SNS peca, é muito, pela falta de psicólogos. Das 24 consultas que realizei hoje, quase metade dos meus pacientes beneficiava, e muito, de psicoterapia.
então as células da pele que perde todos os dias, ou quando se arranha, nesse caso também está a cometer um crime. ignorância pura. Se teve que interromper a escola para ser mãe, aconselho a retomar. uma célula só é vida quando está na sua forma final, ou seja quando o organismo é unicelular. a ivg é legal para o embrião, não para um feto.
concordo em absoluto com o anónimo das 17.30. isso é a olho, é perigoso e podem estar aí os seus preconceitos e presunções misturados.
a paula é muito burra. porque quem sofre um aborto tem uma hemorragia que pode durar 15 dias ou mais; porque o aborto pode não ser completo e ter que ser submetida a cirurgia, poque o aborto implica perda de sangue, que entretanto já duplicou para fazer face ao crescimento do útero, e portanto nada tem a ver com uma menstruação, porque além disso pode causar muito mais sintomatologia. não é subsídio por maternidade, é licença por interrupção de gravidez e o mínimo são 14 dias, quem se sentir em condições pode ir trabalhar a seguir a esse período. porque em portugal há alguma protecção da maternidade, não é por ainda haver o que fazer na área de oncologia que se vai mudar o que está bem. vá falar sobre o que tem conhecimento e deixe de ser estúpida.
Pipoca,pensei tanto se escrevia este comentário....e sim, vou aproveitar o perfil anónimo. tenho 25 anos e ha cerca de um ano entrei numa aventura com uma pessoa que tinha conhecido e pela qual me encantei absolutamente. As coisas foram correndo e obviamente acabamos por nos envolver intimamente. Sou de uma familia conservadores onde a educaçao sexual nao existia, por pudor. Nao culpo os meus pais,é o feitio deles. Acontece que com esta pessoa eu tive a minha primeira relaçao sexual. Estava sempre a pensar que tinha que usar mais do que o prrservativo, q tinha q pedir ajuda. Mas estupidamente deixe-me ficar. Trabalho nunca menos que 12horas por dia, ganho ligeiramente acima do salario minimo E fui sempre arranjando a desculpa de nao ter tempo de ir ao ginecologista. Ate q um dia fui forçada. Estranhei o atraso na menstruaćao até que deixei de ter duvidas quando comecei com umas nauseas violentissimas. Fiz o teste, deu positivo e so me lembro da magoa, da vergonha, do estalo q levei. Tudo piorava porque eu nao me sentia feliz; tenho um salario baixo, trabalho muitas horas por dia sem grande abertura para sair mais cedo ou entrar mais tarde, sequer faltar; nao tinha uma relaçao estavel. Marquei as consultas no hospital e fui. Nao sei como. Aquele gabinete 3 transformava-me. Entrava la dentro e so chorava. Tive a felicidade de na segunda consulta ter sido trocada para outro medico q foi tao atencioso comigo, que nao me julgou,pelo contrario apoiou-me. Tomei os medicamentos e posso dizer que nao me lembro de alguma vez ter sentido uma reaçao tao violenta do meu corpo. Parecia que me estavam a espancar com um taco de basebol. Nauseas, vomitos, diarreia, umas colicas praticamente insupotaveis. Mas nao tomei analgesicos nem sequer falei durante o processo. Ou chorei. Nao me sentia nesse direito. O medico tentou por-me no apoio psicologico mas eu recusei. Nao sei onde fui buscar as forças para sorrir em frente aos meus pacientes, fazer consultas demoradas no dia a seguir a tomar o comprimido para parar o desenvolvimento e a tes de to.ar os expulsivos. Nao sei como ninguem se apercebeu que algo nao estava bem. A unica coisa q notaram foi a minha perda de peso repentino. Perdi pelo menos 5kgs em menos de 2 semanas e fui perdendo mais. O meu filho teria nascido ha cerca de 2 semanas se eu nao tivesse feito o q fiz. Mas fiz. Continuo a dizer que nao tenho capacidade para criar um filho a nenhum nivel e que essa do " tudo se cria" é dos maiores erros em que alguem pode acreditar. Tenho este peso comigo, nunca o vou esquecer e nunca tinha fado assim sobre isto. Só eu, o meu agora companheiro e a minha melhor amiga. Nao me orgulho de nada do que fiz, tenho vergonha, ja passei a fase de sentir nojo de mim, curiosamente a relaçao que tinhamos saiu reforçada. Soubemos lidar com a situaçao. Mas eu nunca vou esquecer. E ja fui contra o aborto.
Desculpa a extensao do texto. Espero que seja util a alguem. Sou totalnente a favor do aborto e aprendi da pior maneira. Nao cuspam para o ar porque vai cair-vos em ci.a as vezes que forem precisas.
Que estupidez de comentário!
Olhe Catarina a mim revolta-me a sua postura, pode ser?
Então e os orfanatos estão cheios porquê? faça favor de ir buscar as crianças e cuidar delas, acho uma piada estas opiniões!
Concordo a 100% com a Elsa.
Subscrevo. não mudaria nem uma vírgula. Este texto demonstra bom senso, que é o que faz falta a muita gente quando se fala deste e de outros assuntos importantes da nossa sociedade.
Eu também fiz uma IVG. Tinha 27, estava no último ano da universidade, namorava há 2 anos com a pessoa com quem ainda estou hoje e planeio estar. Sempre fui responsável em relaçao à contracepçao mas infelizmente aconteceu. Foi doloroso fisicamente mas estava absolutamente decidida a fazê-lo, nao queria de maneira nenhuma ser mae naquela altura. Fi-lo no hospital publico, foi um processo bastante rapido e fui bem tratada, com eficiência e sem dramas nem insinuaçoes.
"A decisão final de ter ou não o filho é sempre da mulher, o homem acaba por não ter voto na decisão e é obrigado a assumir a paternidade. Existe uma dualidade de critérios."
Isto é tudo verdade, mas, por mais que acreditemos piamente na igualdade de género e de direitos, este é o único assunto em que não dá mesmo para a aplicar. Toda a evolução social do mundo nunca vai poder ir contra a biologia mais básica: é a mulher que gera uma criança, é o corpo e a mente da mulher que são profundamente alterados neste processo. Nunca poderíamos dar ao homem o direito legal de veto sobre uma gravidez, ou seja, obrigar uma mulher a abortar contra a sua vontade, nem o direito de a forçar a levar uma gravidez a termo, certo?
Restaria a possibilidade de permitir ao pai que não reconheça como sua uma criança já nascida. Tem noção da quantidade de crianças sem pai que existiriam caso isto fosse possível? A quantidade de adolescentes imaturos (e não só) que se sentiriam aliviados da responsabilidade de prevenir uma gravidez porque nunca teriam de arcar com as consequências? Estaríamos a privar crianças já nascidas do direito a serem reconhecidas (logo, em princípio, apoiadas, acarinhadas, sustentadas) por dois progenitores. Não me parece justo.
"Acho engraçado as pessoas que são a favor ( e são bastantes ) se os pais destas, mesmo pobres, tivessem pensado em abortar... A favor da Vida!"
Primeiro, deixe-me que lhe diga que ninguém é a favor do aborto. Muita gente é a favor, sim, da possibilidade de escolha de levar ou não uma gravidez a termo. Segundo, se os nossos pais nos tivessem abortado não pensávamos nada, não achávamos nada, não seríamos nada, porque, precisamente, nunca teríamos chegado a existir. A sério que é preciso explicar-lhe isto?
Isso foi há quanto tempo, Anónimo das 13:44? É que acho inacreditável alguém, nos tempos modernos, recomendar a uma rapariga de 19 anos que não evite engravidar, muito menos um profissional de saúde!
Estou completamente em desacordo. Acho que a lei do aborto foi alterada para MUITO melhor. E honestamente não compreendo nem quero compreender como é que há tanta histeria para uma medida que só vem acrescentar e nada tirar à anterior. Tenho impressão de que, se de repente aumentassem os ordenados em 5%, lá vinha toda a gente protestar porque assim os benefícios fiscais eram menores. E ver o debate na Assembleia foi só triste, com uma deputada aos gritos a defender ideais que nem sequer estão em causa!
1 - Sou e serei sempre PROFUNDAMENTE a favor da despenalização do aborto. Criança nenhuma deve nascer sem ser desejada, sem que haja condições físicas, económicas, psicológicas, sociais. Um feto de 10 semanas, à partida (e como médica que sou ainda acredito minimamente na lógica da ciência), não terá sentido do eu, consciência, sofrimento. Não me choca e acho que uma criança nascida tem, sim, capacidade para sofrer - e muito! - muitas das vezes longe dos olhos dos moralistas de meia tigela que vão para a rua apelar pela vida (dos outros). Hipócritas. Mas votaram, como eu, e felizmente foram derrotados.
2 - O facto de eu ser PROFUNDAMENTE a favor da despenalização do aborto não me tolda o julgamento de perceber que obviamente, pessoas menos maduras e menos preparadas poderiam usufruir do seu direito de forma menos correcta. A liberdade, para mim, não pode ser desculpa para tudo. Nem tudo é aceitável só porque somos livres - como tanta gente gosta de apregoar por aí. O acompanhamento psicológico não retira a ninguém o direito de escolha; não impede ninguém de concretizar o seu objectivo. O acompanhamento psicológico é sigiloso. E é ESSENCIAL, não só para as mulheres que sofrem sozinhas com a IVG e têm medo de pedir apoio, mas também para as miúdas que repetem o procedimento (MAIS DE UMA VEZ) e que evidentemente devem ser guiadas numa direcção mais apropriada. Eu até iria mais longe; pessoa que faça mais do que uma IVG sem justificação clínica (isto é, por desejo próprio) e a quem fora dado acesso a meios contraceptivos, devia ser OBRIGADA (salvo contraindicação) a colocar um implante contraceptivo hormonal. Mas isto sou eu, que trabalho no SNS e que o vejo a afundar por desperdício de recursos e por falta do mais básico dos principios - educação e sensibilização dos cidadãos na área da Saúde.
3 - Nem vou falar aqui das taxas moderadoras, para não perder saúde. Basta dizer que sou oncologista e que doentes meus com cancro, repito, cancro, podem ter de pagar uma percentagem da sua própria botija de oxigénio. Por isso poupem-me.
Isto é um desabafo. Estou farta de protestos sem sentido e só porque sim. Farta de desinformação e falta de princípios em nome de uma liberdade que, em nome do próprio, não traz benefícios a ninguém.
Anónimo das 12:27: ninguém é "pró-aborto". Ninguém. Use as palavras com consciência.
Ao Anónimo orginal: tem todo o direito de ser contra a interrupção voluntária da gravidez, mas não tem o direito (nem você, nem as Isildas Pegados desta vida) de impôr esses valores às outras pessoas. Se é contra, muito bem, não faça um aborto. Se é contra o casamento gay, tudo bem, não se case com alguém do mesmo sexo. Felizmente, cada vez mais vivemos numa sociedade que nos permite viver consoante o que achamos mais correcto, e não debaixo de proibições ou imposições de quem quer que seja.
Ninguém aborta uma "criança", minha cara. E não, um embrião de 10 semanas não tem autonomia jurídica (nem biológica, já agora).
Bem nem consigo acreditar que ninguém vê o óbvio! O SNS não é gratuito, eu todos os meses faço descontos que deveriam servir para contribuir para a EDUCAÇÃO e SAÚDE de todos... A palavra GRATUITO neste contexto não se aplica. Descontamos é, obviamente de acordo com o rendimento que auferimos, assim, os reformados, os desempregados e os desgraçados que recebem a fortuna do "rendimento mínimo garantido" não podem contribuir. Considero que, os impostos deveriam tendencialmente cobrir as necessidades fundamentais de um cidadão e não servir para pagar submarinos, estádios, falências de bancos (BPN, BES, outros se seguirão...). A má gestão não é culpa das pessoas ao contrário do que querem fazer parecer, mas sim de "dois ou três". Picoca, não me parece que o aborto tenha alguma vez sido "gratuito", nem que a utilização do SNS deva ser paga duas vezes, se todos contribuímos na medida dos nossos rendimentos para esses fins (saúde e educação) e não para pagar desfalques de banqueiros e afins a mim parece-me sobejamente caro pagar o que quer que seja num hospital público, por essa simples palavrinha "PÚBLICO". Talvez se o estado não andar a financiar PPPs e/ou hospitais privados já não fosse necessário pagar nada para além dos impostos (que já competem com as taxas mais elevadas da UE). Estou a falar de IVA, IRS e IRC.... esqueceram-se de que pagamos imposto por tudo o que fazemos? Ainda acham que para ir ao hospital devemos pagar alguma taxa? Por favor...
Felicidades
O Anónimo dava um excelente agente da Polícia Moral.
"De tal forma que a maioria das sociedades pensa em ter filhos como uma coisa inevitável, uma coisa que acontece a todos os que vivem. Assim tipo a morte, mas com menos descanso."
Por favor, se retirou esta citação a alguém, diga-me a quem. Se é sua, digo-lhe já que só me faltou rebolar no chão a rir... e num post sobre um assunto tão sério, ainda por cima.
Acho que dá para perceber que é apenas uma questão de português...
... e portanto acha realmente que o que desconta por ano é suficiente para cobrir a despesa da saúde? Não faz ideia nenhuma do quanto são realmente as despesas, pois não? Do quanto custa um doente oncológico ou HIV positivo? Do facto de infelizmente precisarmos de drogas e de tecnologia cujo preço infelizmente é determinado pela indústria (ainda que negociado com o Estado). É a ingenuidade de quem provavelmente nunca teve de pagar mais de 25 euros por um internamento de mais de 5 mil e de quem (como eu) provavelmente pagou propinas de 1000 euros por ano por cursos de 150 mil. Não sou a favor da privatização, mas sou a favor do bom senso!
Eu concordo com essas consultas de cariz obrigatório, caso essas ditas consultas sejam com o intuito de fornecer informações que abranjam as diferentes possibilidades. E eu, enquanto futura profissional de saúde, não sou contra a dita prática. É nos dito até em disciplinas de Bioética que o intuito não é a de convencer o outro, consoante o nosso querer, mas sim de ajudar o outro a seguir o seu caminho. E para se seguir um caminho é preciso eliminar todos os outros. Optar. E para se escolher com conhecimento é, em muitos dos casos, preciso ajuda. E porque não essa ajuda ser proveniente de profissionais?
No meu corpo só permanece quem eu quero. Posso um dia, aos 30 anos, ter vida profissional e social estável. Mas se engravidar e não quiser ter um filho (seja qual for a razão) escolherei abortar sem um pingo de sentimento de culpa, porque não há nenhum motivo para uma mulher se sentir culpada por interromper uma gravidez até às 10 semanas.
Eu nao diria melhor. Parabéns!
A isenção das taxas não se destinava especificamente a isentar as mulheres de custos, mas sim a manter o anonimato de quem recorre à IVG . por isso, apesar de menos grave, o pagamento de taxas moderadoras é uma medida condenável .
"Estou farta de protestos sem sentido e só porque sim. Farta de desinformação e falta de princípios"
Quer dizer que, por terem uma opinião contrária à sua, são logo pessoas desocupadas e desinformadas que protestam só porque sim? Portanto, a Isabel Moreira e todos os deputados que votaram contra esta medida não sabem do que estão a falar, e os que a impuseram é que percebem do assunto. Parece-me uma forma um pouco arrogante de ver as coisas, não?
Há quem seja contra qualquer tipo de intervenção psicológica forçada (inclusive psicólogos, como pode ler em comentários acima). Aceite isso como uma opinião diferente e não menos válida ou informada que a sua.
Quanto às taxas, completamente de acordo.
ou seja uma mulher deve ter um filho não desejado só porque voce acha? sabe que é por isso que há tanta criança criada às 3 pancadas?
A minha avó tem 80 anos, teve 14 filhos. Sim, 14. Acredita que "tudo se cria" - e sim, criou os dela, mas queria-os. Faltou-lhes muita coisa, mas não amor.
E no referendo, ela votou sim. Porque até a minha avó com 80 anos, fruto de uma educação e cultura diferente, religiosa fervorosa que me faz sempre o sinal da cruz na testa, percebe que NINGUÉM deve obrigar uma mulher a carregar um filho indesejável no ventre, a o dar à luz (já não o digo criar porque existe sempre adopção - mil vezes pior que interromper uma gravidez de 10 semanas, é que nem se comprara.)
Tento respeitar a opinião dos outros, mas sinceramente Vasco, a sua é simplesmente diarreia verbal.
Concordo em absoluto com a anónima das 01:17, a senhora claramente não tem noção da magnitude do custo de tratamento de certas doenças. As taxas moderadoras que se pagam são uma fração simbólica em certos casos e temos imensa sorte por termos acesso ao SNS neste moldes.
100% de acordo, colega. Se é verdade que não é possível ajudar quem não quer ser ajudado, está lei vai no sentido de informar e travar os casos de IVG repetida por desleixo ou falta de informação. Sou a favor da despenalização do aborto e como profissional da saúde sempre fui instruída no sentido de jamais impor as minhas crenças pessoais aos utentes, mas apenas informar em relação aos prós e contras de cada decisão e acima de tudo, em relação aos passos a tomar para evitar uma nova gravidez não desejada.
E a mulher que não quer ser mãe? Tem escolha, felizmente. O pai também devia ter. Afinal são precisos dois para conceber a criancinha, certo? A culpa vai sempre para o lado masculino, mas as mulheres também devem ser responsáveis ou não? Porque é que é sempre o homem que tem de tomar precauções e nunca as mulheres?
Foi um retrocesso, concordo em absoluto.
O propósito principal parece ser fazer com que uma mulher que decidiu abortar se sinta mal com o que está a fazer! Então que liberdade é esta?!?!
Nenhuma mulher engravida sozinha, mas muitas estão sozinhas na hora da verdade e terão de optar por interromper a gravidez. Porquê esta violência psicológica contra as mulheres que optam por abortar? Por que não antes pensar se estaremos todos a educar rapazes e raparigas da mesma forma, para termos adultos conscientes e responsáveis quando uma gravidez indesejada acontece? Será que as pessoas que reivindicaram estas alterações à Lei e as que as aprovaram o estão a fazer?
É por histórias como a sua (e ainda bem que a partilhou!) que me revolta a forma como as pessoas que contra o aborto, e que estão no seu direito, se insurgem contra quem o defende: só quem passa pelas coisas é que sabe. Como disse e bem, não se deve cuspir para o ar... Defendo a legalização da prática numa perspectiva de aliviar as dificuldades (sejam elas de que natureza forem: monetárias, emocionais, sociais...) de quem se depara com uma gravidez indesejada.
Acho terrível que se proponham e aprovem alterações a uma Lei partindo do princípio que todas as mulheres/casais que optam por interromper uma gravidez o façam de forma irresponsável, por regra, sem razão, etc... Mesmo que muitos o façam, o Governo de um país que se quer livre não pode governar partindo do pressuposto que os seus cidadãos não têm responsabilidade para lidar com a sua liberdade!
Anónimo das 23h39, foi há 8 anos (tenho 27 agora). Depois vim a saber que a tal médica e o seu marido eram militantes do CDS e até eram bastante activos na cidade em iniciativas, debates, etc pró-família, contra a IVG, movimentos católicos, etc...
Há por aí muito profissional de saúde preconceituoso e hipócrita.Sem respeito pelas mulheres que tomam a decisão nem qualquer sensibilidade a lidar com a questão.
O MELHOR COMENTÁRIO de todos.Sorry Pipoca, mas eu substituiria o seu posteriormente por este ...
Isso era tudo muito correcto se a taxa estivesse a aumentar. Não está.
Anónima das 00.02, escrevi comentário não publicado (não cheguei a perceber porquê), mas, novamente, lhe digo, que o seu comentário é, para mim, o melhor de todos.Revela imensa lucidez nesta questão tão complicada e polémica que não deve ser analisada de um só prisma.Bem haja.
Também há por aí muitos profissionais de saúde acessíveis, gentis, compreensivos e que não julgam. Que mania de apenas criticar!
Tenho 21 anos, também. Não pretendo ser moralista nem julgar as tuas acções, mas eu com 17 anos andava a jogar Sims 3 no computador.
Hoje estou a meio do meu curso universitário, continuo a jogar Sims e só me vejo a ser mãe depois dos 30, para assegurar uma carreira estável. Se engravidar até lá, não tenho dúvidas do que farei. Como é que ser mãe aos 17 te dará uma vida estável e financeiramente capaz (entenda-se, ganhar mais que o salário mínimo)? Mais, com tanto palavreado sobre criminalização, foi mesmo a ideia de "matar" um conjunto de células que te demoveu de teres feito o aborto?
Gostei muito do seu comentário, Elsa. Fez-me lembrar uma aula que tive há muitos anos, na qual devíamos debater situações em que pacientes com cancro de pulmão se recusam a deixar de fumar. Na altura achei que era uma irresponsabilidade, uma injustiça gastar recursos com pacientes que se continuavam a prejudicar activamente. Mas aprendi (com esta situação e com tantas outras) que como profissionais não podemos impôr o nosso ponto de vista (ainda que seja o correcto) ou julgar. Devemos explicar objectivamente, ajudar e acima de tudo respeitar as decisões dos pacientes. Entristece-me a parcialidade de certos profissionais de saúde.
O pequeno nicho de mulheres informadas e que o realizam a IVG uma vez não é de todo a realidade do país. Discordo da sua posição relativa ao apoio psicológico.E uma maneira de o sistema perceber também onde estão certas fragilidades eacredito seriamente que todas as mulheres deveriam ter depois da intervenção consultas de planeamento familiar.e mais facil nao tomar a pilula porque ate engorda..ouco isto mts vezes.existem mulheres que fazem IVG repetidamente e o estado teve que mudar o seu papel nesta situacao
Não concordo com o primeiro comentário no entanto queria só deixar aqui a minha experiência de que há sim mulheres que fazem abortos de ânimo leve. Felizmente não são a minoria mas que as há, há! E quanto ao "somos agora obrigadas a ter filhos?!", desculpe mas fez-me rir... Não, não é obrigada. Tome a pílula, use um preservativo, ponha um DIU, um implante ou até um adesivo e assim já não tem filhos em 99% dos casos. Que fácil, já viu? (Excluo do meu comentário obviamente situações de violação ou doença quer da mãe quer do feto).
E farmácia, tem? Então vá lá comprar a pilula ou preservativos e livra-se dessas viagens e maçada toda :)
"E usar preservativo quando não se quer ter essa responsabilidade, não?" Que pessoas limitadas! E isto não se aplica também à mulher??? Se não quer essa resposnsabilidade que tome a pilula, por exemplo! As mulheres são as coitadinhas que tiveram "deslizes" e os homens os maus da fita que deviam ter mais cuidado? Por favor.
Bem, entristece-me pensar como o pensamento hegemónico inundou as nossas casas através dos meios de comunicação social e infelizmente nos impede de pensar, de ler, de ter alguma profundidade no que dizemos e fazemos... as frases são como "pastilha elástica", quem fez os comentários de "não sabe quanto custa um internamento", por acaso até sei, e contra mim falo por já ter usado por diversas vezes o sistema privado. Acho que podiam ler o livro da Raquel Varela, concretamente o capítulo "Quem paga o Estado Social em Portugal", é possível perceber com clareza através dos números que sim o que descontamos em impostos cobre sobejamente as nossas despesas, a questão é: para onde vão os nossos impostos... Recentemente até o escritor conservador Miguel Esteves Cardoso o disse na sua crónica no jornal Público "Como conservador e estudante sou obrigado a reconhecer que devemos todas as poucas democratizações (da saúde, da educação e do sufrágio universal) às exigências da esquerda mais ou menos social-democrata, socialista ou comunista."
Por tudo isto, aquilo que poderemos esperar do governo é uma luta de classes, desigual, e que nos engana e ilude e nos retira cada vez mais direitos que foram arduamente conquistados.
Tudo de bom
Fiquei muito contente por ler aqui uma enorme série de comentários esclarecidos; de testemunhos reais e até de opiniões mais apaixonadas de quem é anti-aborto.
As médicas e psicólogas que comentam a realidade em consulta só reforçam aquilo que eu também conheço da realidade: há muitas mulheres que abortam porque sim; há muita desinformação sobre métodos contraceptivos em geral. A educação sexual; essa sim, devia ser obrigatória e talvez para lá caminhemos. Esta proposta do PP é padreca na sua essência e preocupa-se com o supérfluo: as consequências, ao invés das causas. Populismo dá nisso e este post não é sobre política. Eu sou pro-aborto (e sim, é mesmo isto que quero dizer) e a favor da liberdade da mulher; por mais que acredite que a educação vá mudar muito as estatísticas. o aborto é uma coisa tão violenta, física e psicologicamente, que mesmo que recalquem, que não queiram discutir, que tenham um motivo que mais ninguém entenda: tem de ser feito em segurança. O resto tem a ver com a consciência e ética de cada um.
Enviar um comentário
Teorias absolutamente espectaculares