Esta semana estou de babysitting ao Mateus. Como o tempo está bom e como mantê-lo em casa sossegado é uma impossibilidade, tenho aproveitado para dar umas voltas com ele pela cidade. Enfio-o no carrinho e lá vamos nós. Ontem decidi percorrer as ruas do bairro onde cresci, o Príncipe Real. Passo pelo jardim muitas vezes, mas quis ir ver como estavam as ruas da minha infância. Já não há a mercearia do Sr. Pereira, nem o café, nem aquela taberna com pipas de vinho gigantescas, que tinha um cão sempre à porta que me fazia dar voltas enormes para não ter de me cruzar com ele. Era minúsculo e não havia memória de alguma vez ter atacado alguém, mas... nunca fiando. No meio de tantas voltas acabei à porta da minha escola primária. Está cheia de grafittis, uma desgraça, e penso que o edifício já não funciona como escola, mas foi impossível não me lembrar de como fui tão feliz ali. Aprender as primeiras letras com a Dona Ana, a professora, numa turma só com quatro meninas e não sei quantos rapazes. A minha paixão pelo André, o neto da D. Argentina, a contínua (era o nome que naquela altura se dava às auxiliares) que morava numa casinha ao fundo da sala de aulas. As sandes com marmelada que levava para o lanche, num saquinho de pano. Os cadernos dos Ursinhos Carinhosos, dos Póneis, do Woody Woodpecker , da Mafalda, da Turma da Mónica, da Pantera Cor-de-Rosa. As mochilas. As folhinhas e as borrachas de cheiro. A revista da Rua Sésamo que líamos no recreio. Os papéis de "queres namorar comigo? Sim/Não?". Os recados para casa a dizer que eu falava muito nas aulas. O caminho que fazia a pé, todos os dias, desde os seis ou sete anos. Tenho tantas, tantas saudades dessa época. De não ter preocupações, de precisar de tão pouco para ser feliz. Decididamente, estou a ficar velha.
Olá Ana! Nunca comentei, mas hoje não resisto.
ResponderEliminarPela descrição feita, tenho quase quase a certeza que essa taberna das pipas gigantescas com o cão à porta era a dos meus avós, na Travessa do Monte do Carmo, que fechou pouco depois de eu nascer.
Só a conheço a partir de relatos familiares, mas quando li o seu texto fez-se um click :-)
been there. muita gente deve sentir saudades da sua infância. afinal é o ponto alto da liberdade, não é?
ResponderEliminarLisboa sempre linda!
ResponderEliminarPortuguese Girl with American Dreams
http://fromportugaltonyc.blogspot.com/
Essas são as melhores memórias de se guardar :)
ResponderEliminarEu tenho menos 10 anos e também chamava contínua às auxiliares e sempre fui sozinha para casa e até ao trabalho dos meus pais desde os 6 anos. :) Bons tempos!
ResponderEliminarhttp://entreosmeusdias.blogspot.pt
Não te entristece dizeres que estás de babysitting ao Mateus?
ResponderEliminarPorque e que havia de entristecer?! E uma coisa boa!
EliminarQuando comecei a ler o texto, pensei logo cá pra mim que alguem iria referir isto. Oh santa paciencia!
Eliminaré das coisas mais tristes que já "ouvi"..... (o comentário claro!)
EliminarNão acho o comentário nada triste, acho sim que a primeira frase do texto da pipoca foi triste. Se percebi a intenção com que a pipoca o disse? Sim, percebi! Se gosto da pipoca e frequente o blog dela diariamente e várias vezes ao dia? Sim, gosto e frequento. Mas também me acho no direito como comentadora imparcial de referir apenas que achei a frase um pouco infeliz. Um conselho para as comentadoras tipo "mãe-superprotectora-que-acha-que-tudo-o-que-a-filha-faz-é-de-louvar", menos muito menos, não é por fazermos um reparo ao texto da pipoca que estamos automaticamente contra ela, nem significa que a próxima vez que viermos ler um texto dela o façamos com um olho clínico e supercritico, significa apenas que a frase que a pipoca disse não se coaduna de todo com o tipo de mãe que ela é, e que por isso causa ma impressão.
EliminarJoana Gomes
As pessoas são tão divertidas.
EliminarAcho que a frase, ou expressão coaduna-se completamente com o estilo de mãe que a Pipoca é. É descontraida e divertida.
EliminarLembra as criticas que a Carolina Patrocinio levou quando se referiu, na brincadeira, que tinha um cãozinho em casa, quando a filha começou a gatinhar.
Há que ver o copo meio cheio, e não meio vazio.
Só acho triste escrever babysitting, e não faze-lo
EliminarOh pa as pessoas levam tudo tao a letra!!!
EliminarQuem é realmente leitora assídua da pipoca conhece a sua forma de falar tão particular.
Não sejam mesquinhas sejam felizes
Oh pa!! As pessoas levam tudo a letra credo!
EliminarNem de propósito. Esta semana eu, nos meus 35 anos, deu-me a nostalgia dos tempos passados e andei a procurar colegas que não vejo há anos. Já encontrei alguns...estou a ficar uma velha saudosista!
ResponderEliminarAté choro... uma pessoa ia a pé para a escola apenas com os colegas logo na primária. Hoje é ver os filhos já com 12/13 anos e os pais ainda os vão pôr à porta da escola.
ResponderEliminarÉ normal, os tempos mudam... Com tantas notícias assustadoras com que somos bombardeados todos os dias é normal os pais quererem proteger os filhos tanto quanto possível.
Eliminar12/13 anos? Que tal estender até aos 18?
EliminarSou professora e é ver os pais a irem pôr e buscar os rebentos. Os meninos não sabem dar um passo sozinhos. Se acontece alguma coisa aos pais é um desastre completo.
Proteger os filhos é também ensiná-los a crescer. Os pais não são eternos
Se formos a ver, não há assim tantas notícias assustadoras. Vivemos num país seguro e calmo e não acho que as coisas tenham piorado face ao que era a realidade há 15 anos atrás (quando eu tinha 13 anos e ia sozinha, ou com outros colegas, para a escola). Os pais de agora é que são cada vez mais galinhas (com boas intenções, é certo, mas não me parece que isso produza bons resultados) e a promoção dessas ideias de que o perigo espreita em cada esquina não ajuda em nada. Eu vejo pelos meus colegas, que estão nos 40s e têm todos filhos pequenos e são super obcecados com eles e fazem tudo aos meninos. Espero não ser assim quando tiver filhos!
EliminarOs pais protegem demais e a maior parte dos jovens não é suficientemente independente. Não sei se os perigos são muito mais... as notícias sobre eles sim, são muitos mais, mas o perigo em concreto não sei. Tal como foi dito, proteger os filhos é ensiná-los a crescer e, acrescento, a defender-se (e quando digo defender-se não falo em lutas físicas).
EliminarPois eu não entendo é que alguns pais não só vão levar os filhos até à Escola como ainda ficam com os filhos à espera da professora! Estamos a falar de garotos de 8/9/10 anos. Só largam os filhos quando estes seguem com a professora sendo que estamos a falar de já dentro da escola onde as crianças estão em condições e segurança. Mas será que não têm nada para fazer ou correr para os empregos? Como é possível ficar todos mas todos os dias à espera da professora...? Estas crianças são nitidamente mais inseguras e choram constantemente nas aulas...
EliminarOs Papás vão buscar os meninos à escola, não vão ser eles assaltados no autocarro, mas deixam-nos ir prá "naite" à solta.
EliminarAs borrachas com cheiro! Tinha uma colecção!
ResponderEliminarÉramos felizes e nem sabíamos... :)
Não é sinal de que está a ficar velha :) Mas de que teve uma infância repleta de experiências e vivências boas e gratificantes.
ResponderEliminarAcho que te vi hoje na Valbom com o Mateus e o Manolo :) ia cheia de pressa por isso posso ter confundido, querida Ana, mas as sabrinhas não enganam. Quase juro que eras tu :)) Beijinho!*
ResponderEliminarE dos subúrbios não tens saudades?
ResponderEliminarBom dia azedume!! Beba um chazinho com mel que isso passa!
EliminarHá sítios que, por mais anos que passem, nos ficam sempre na memória :)
ResponderEliminarSem Jeito Nenhum Blog
Uma viajem à infância!
ResponderEliminarTão bom!
vidademulheraos40.blogspot.com.
Tem um blog e escreve viajem? Se não sabem escrever por favor não tenham blogs!!!
EliminarBem observado, que gralha tão... imperdoável...!
EliminarVou já ali suicidar-me e já volto!
EliminarNão posso mais viver depois desta gralha IMPERDOÁVEL!
Felizmente vivemos numa democracia e qualquer um pode ter um blog
E sabem que mais? Só lê quem quer!
Também tinha o saquinho de pano para a bela da sandes. E quando levava um pão de leite... Era tão bom. Sim, crianças sem uma única preocupação, a não ser estudar. Adorei o texto e fiz também uma viagem à minha infância. Obrigada Pipoca!
ResponderEliminarblogdamariafrancisca.blogspot.pt
Fez-me lembrar da minha escola primária... fiquei com um friozinho na barriga, mas bom! Que saudades. Eu também levava recados para casa a dizer que falava muito e quando a minha mãe ia às reuniões era geralmente a única coisa que a professora tinha a dizer à minha mãe "é boa aluna, mas fala pelos cotovelos" e assim foi, durante todo o meu percurso académico! Lembro-me do primeiro namorado da primária e da carta que me mandou pela irmã (a minha melhor amiga) a perguntar se aceitava namorar com ele com três quadradinhos: "Sim? Não? Talvez" e lembro-me de ter marcado talvez e que as nossas mães apanharam a carta e morri de vergonha! Ahah bons tempos!
ResponderEliminarFui Eu Que Disse - Blog
Costumo dizer que, podendo escolher uma idade para parar no tempo, eu parava com nove anos. Que bom voltar aos lugares da nossa infância e podermos recordar tempos tão felizes... Comigo acontece o mesmo, até tenho vontade de chorar!
ResponderEliminarGrafittis e prédios degradados, isto sim é Lisboa ou melhor Portugal.
ResponderEliminarMesmo com grafitis e prédios degradados, Lisboa continua a ser linda!!! Só fala assim quem não a conhece...
EliminarDiria eu que só acha Lisboa "linda" e "maravilhosa" quem não conhece mas é outras cidades (nem é preciso ir muito longe, há inúmeros exemplos na Europa).
EliminarEngana-se caro anónimo, conheço muitas outras cidades europeias e continuo a achar Lisboa das mais bonitas.
EliminarE penso que não sou só eu, tendo em conta o que ouço das outras pessoas, portuguesas e estrangeiras, mas pronto, não gosta, não gosta. Para mim é linda :)
Quem diz que Lisboa não é linda é porque não conhece verdadeiramente a cidade. Lisboa é linda e prima pela diferença e pelo pormenor.
Eliminar(E sim, conheço outras cidades nos continentes todos, não só europeias.)
Que saudades que tenho da minha coleção de folhas de cheiro... Fazíamos trocas, como se fossem cromos. E nunca saí da zona onde cresci. A minha mãe ainda mora na mesma casa, convenci o meu marido a fazer vida aqui na zona e a nossa filha vai frequentar todas as escolas onde andei. :)
ResponderEliminarPrecisamos de pouco para seremos felizes. A nossa projeção de felicidade deve ser simples :)
ResponderEliminarE as folhas de cheiro? Também sinto o mesmo quando passo pela vila de Oeiras onde passei bons momentos da minha infância e está tudo praticamente deserto, fechado, grafitado ou transformado em loja do chinês.
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