Esta semana estou de babysitting ao Mateus. Como o tempo está bom e como mantê-lo em casa sossegado é uma impossibilidade, tenho aproveitado para dar umas voltas com ele pela cidade. Enfio-o no carrinho e lá vamos nós. Ontem decidi percorrer as ruas do bairro onde cresci, o Príncipe Real. Passo pelo jardim muitas vezes, mas quis ir ver como estavam as ruas da minha infância. Já não há a mercearia do Sr. Pereira, nem o café, nem aquela taberna com pipas de vinho gigantescas, que tinha um cão sempre à porta que me fazia dar voltas enormes para não ter de me cruzar com ele. Era minúsculo e não havia memória de alguma vez ter atacado alguém, mas... nunca fiando. No meio de tantas voltas acabei à porta da minha escola primária. Está cheia de grafittis, uma desgraça, e penso que o edifício já não funciona como escola, mas foi impossível não me lembrar de como fui tão feliz ali. Aprender as primeiras letras com a Dona Ana, a professora, numa turma só com quatro meninas e não sei quantos rapazes. A minha paixão pelo André, o neto da D. Argentina, a contínua (era o nome que naquela altura se dava às auxiliares) que morava numa casinha ao fundo da sala de aulas. As sandes com marmelada que levava para o lanche, num saquinho de pano. Os cadernos dos Ursinhos Carinhosos, dos Póneis, do Woody Woodpecker , da Mafalda, da Turma da Mónica, da Pantera Cor-de-Rosa. As mochilas. As folhinhas e as borrachas de cheiro. A revista da Rua Sésamo que líamos no recreio. Os papéis de "queres namorar comigo? Sim/Não?". Os recados para casa a dizer que eu falava muito nas aulas. O caminho que fazia a pé, todos os dias, desde os seis ou sete anos. Tenho tantas, tantas saudades dessa época. De não ter preocupações, de precisar de tão pouco para ser feliz. Decididamente, estou a ficar velha.
44 comentários:
Olá Ana! Nunca comentei, mas hoje não resisto.
Pela descrição feita, tenho quase quase a certeza que essa taberna das pipas gigantescas com o cão à porta era a dos meus avós, na Travessa do Monte do Carmo, que fechou pouco depois de eu nascer.
Só a conheço a partir de relatos familiares, mas quando li o seu texto fez-se um click :-)
been there. muita gente deve sentir saudades da sua infância. afinal é o ponto alto da liberdade, não é?
Lisboa sempre linda!
Portuguese Girl with American Dreams
http://fromportugaltonyc.blogspot.com/
Essas são as melhores memórias de se guardar :)
Eu tenho menos 10 anos e também chamava contínua às auxiliares e sempre fui sozinha para casa e até ao trabalho dos meus pais desde os 6 anos. :) Bons tempos!
http://entreosmeusdias.blogspot.pt
Não te entristece dizeres que estás de babysitting ao Mateus?
Nem de propósito. Esta semana eu, nos meus 35 anos, deu-me a nostalgia dos tempos passados e andei a procurar colegas que não vejo há anos. Já encontrei alguns...estou a ficar uma velha saudosista!
Porque e que havia de entristecer?! E uma coisa boa!
Até choro... uma pessoa ia a pé para a escola apenas com os colegas logo na primária. Hoje é ver os filhos já com 12/13 anos e os pais ainda os vão pôr à porta da escola.
As borrachas com cheiro! Tinha uma colecção!
Éramos felizes e nem sabíamos... :)
Não é sinal de que está a ficar velha :) Mas de que teve uma infância repleta de experiências e vivências boas e gratificantes.
Quando comecei a ler o texto, pensei logo cá pra mim que alguem iria referir isto. Oh santa paciencia!
Acho que te vi hoje na Valbom com o Mateus e o Manolo :) ia cheia de pressa por isso posso ter confundido, querida Ana, mas as sabrinhas não enganam. Quase juro que eras tu :)) Beijinho!*
E dos subúrbios não tens saudades?
é das coisas mais tristes que já "ouvi"..... (o comentário claro!)
Há sítios que, por mais anos que passem, nos ficam sempre na memória :)
Sem Jeito Nenhum Blog
É normal, os tempos mudam... Com tantas notícias assustadoras com que somos bombardeados todos os dias é normal os pais quererem proteger os filhos tanto quanto possível.
Uma viajem à infância!
Tão bom!
vidademulheraos40.blogspot.com.
Não acho o comentário nada triste, acho sim que a primeira frase do texto da pipoca foi triste. Se percebi a intenção com que a pipoca o disse? Sim, percebi! Se gosto da pipoca e frequente o blog dela diariamente e várias vezes ao dia? Sim, gosto e frequento. Mas também me acho no direito como comentadora imparcial de referir apenas que achei a frase um pouco infeliz. Um conselho para as comentadoras tipo "mãe-superprotectora-que-acha-que-tudo-o-que-a-filha-faz-é-de-louvar", menos muito menos, não é por fazermos um reparo ao texto da pipoca que estamos automaticamente contra ela, nem significa que a próxima vez que viermos ler um texto dela o façamos com um olho clínico e supercritico, significa apenas que a frase que a pipoca disse não se coaduna de todo com o tipo de mãe que ela é, e que por isso causa ma impressão.
Joana Gomes
12/13 anos? Que tal estender até aos 18?
Sou professora e é ver os pais a irem pôr e buscar os rebentos. Os meninos não sabem dar um passo sozinhos. Se acontece alguma coisa aos pais é um desastre completo.
Proteger os filhos é também ensiná-los a crescer. Os pais não são eternos
As pessoas são tão divertidas.
Também tinha o saquinho de pano para a bela da sandes. E quando levava um pão de leite... Era tão bom. Sim, crianças sem uma única preocupação, a não ser estudar. Adorei o texto e fiz também uma viagem à minha infância. Obrigada Pipoca!
blogdamariafrancisca.blogspot.pt
Fez-me lembrar da minha escola primária... fiquei com um friozinho na barriga, mas bom! Que saudades. Eu também levava recados para casa a dizer que falava muito e quando a minha mãe ia às reuniões era geralmente a única coisa que a professora tinha a dizer à minha mãe "é boa aluna, mas fala pelos cotovelos" e assim foi, durante todo o meu percurso académico! Lembro-me do primeiro namorado da primária e da carta que me mandou pela irmã (a minha melhor amiga) a perguntar se aceitava namorar com ele com três quadradinhos: "Sim? Não? Talvez" e lembro-me de ter marcado talvez e que as nossas mães apanharam a carta e morri de vergonha! Ahah bons tempos!
Fui Eu Que Disse - Blog
Costumo dizer que, podendo escolher uma idade para parar no tempo, eu parava com nove anos. Que bom voltar aos lugares da nossa infância e podermos recordar tempos tão felizes... Comigo acontece o mesmo, até tenho vontade de chorar!
Grafittis e prédios degradados, isto sim é Lisboa ou melhor Portugal.
Acho que a frase, ou expressão coaduna-se completamente com o estilo de mãe que a Pipoca é. É descontraida e divertida.
Lembra as criticas que a Carolina Patrocinio levou quando se referiu, na brincadeira, que tinha um cãozinho em casa, quando a filha começou a gatinhar.
Há que ver o copo meio cheio, e não meio vazio.
Bom dia azedume!! Beba um chazinho com mel que isso passa!
Que saudades que tenho da minha coleção de folhas de cheiro... Fazíamos trocas, como se fossem cromos. E nunca saí da zona onde cresci. A minha mãe ainda mora na mesma casa, convenci o meu marido a fazer vida aqui na zona e a nossa filha vai frequentar todas as escolas onde andei. :)
Se formos a ver, não há assim tantas notícias assustadoras. Vivemos num país seguro e calmo e não acho que as coisas tenham piorado face ao que era a realidade há 15 anos atrás (quando eu tinha 13 anos e ia sozinha, ou com outros colegas, para a escola). Os pais de agora é que são cada vez mais galinhas (com boas intenções, é certo, mas não me parece que isso produza bons resultados) e a promoção dessas ideias de que o perigo espreita em cada esquina não ajuda em nada. Eu vejo pelos meus colegas, que estão nos 40s e têm todos filhos pequenos e são super obcecados com eles e fazem tudo aos meninos. Espero não ser assim quando tiver filhos!
Tem um blog e escreve viajem? Se não sabem escrever por favor não tenham blogs!!!
Mesmo com grafitis e prédios degradados, Lisboa continua a ser linda!!! Só fala assim quem não a conhece...
Os pais protegem demais e a maior parte dos jovens não é suficientemente independente. Não sei se os perigos são muito mais... as notícias sobre eles sim, são muitos mais, mas o perigo em concreto não sei. Tal como foi dito, proteger os filhos é ensiná-los a crescer e, acrescento, a defender-se (e quando digo defender-se não falo em lutas físicas).
Precisamos de pouco para seremos felizes. A nossa projeção de felicidade deve ser simples :)
Diria eu que só acha Lisboa "linda" e "maravilhosa" quem não conhece mas é outras cidades (nem é preciso ir muito longe, há inúmeros exemplos na Europa).
Bem observado, que gralha tão... imperdoável...!
Pois eu não entendo é que alguns pais não só vão levar os filhos até à Escola como ainda ficam com os filhos à espera da professora! Estamos a falar de garotos de 8/9/10 anos. Só largam os filhos quando estes seguem com a professora sendo que estamos a falar de já dentro da escola onde as crianças estão em condições e segurança. Mas será que não têm nada para fazer ou correr para os empregos? Como é possível ficar todos mas todos os dias à espera da professora...? Estas crianças são nitidamente mais inseguras e choram constantemente nas aulas...
Os Papás vão buscar os meninos à escola, não vão ser eles assaltados no autocarro, mas deixam-nos ir prá "naite" à solta.
Só acho triste escrever babysitting, e não faze-lo
Vou já ali suicidar-me e já volto!
Não posso mais viver depois desta gralha IMPERDOÁVEL!
Felizmente vivemos numa democracia e qualquer um pode ter um blog
E sabem que mais? Só lê quem quer!
Oh pa as pessoas levam tudo tao a letra!!!
Quem é realmente leitora assídua da pipoca conhece a sua forma de falar tão particular.
Não sejam mesquinhas sejam felizes
Oh pa!! As pessoas levam tudo a letra credo!
Engana-se caro anónimo, conheço muitas outras cidades europeias e continuo a achar Lisboa das mais bonitas.
E penso que não sou só eu, tendo em conta o que ouço das outras pessoas, portuguesas e estrangeiras, mas pronto, não gosta, não gosta. Para mim é linda :)
E as folhas de cheiro? Também sinto o mesmo quando passo pela vila de Oeiras onde passei bons momentos da minha infância e está tudo praticamente deserto, fechado, grafitado ou transformado em loja do chinês.
Quem diz que Lisboa não é linda é porque não conhece verdadeiramente a cidade. Lisboa é linda e prima pela diferença e pelo pormenor.
(E sim, conheço outras cidades nos continentes todos, não só europeias.)
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Teorias absolutamente espectaculares