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O que é que sobra depois de morrer o melhor de nós?

domingo, junho 29, 2014
Não imagino nem quero imaginar o que seja isso de ver morrer um filho. Não imaginando, já vi de muito perto. Mata as pessoas um bocadinho, todos os dias mais. Procuram-se motivos para levar a vida com ligeireza, até com alguma alegria, mas lá no fundo não há nada. Só um vazio irrecuperável, uma sensação de impotência, de desespero, de raiva, de incompreensão. Haverá dias melhores do que outros, mas aquela falta está sempre ali a fazer-se sentir. Aquela dor está sempre ali a latejar. Não há nada pior que possa acontecer a uma mãe, a um pai. Mesmo sem querer, tento só imaginar e a dor é de uma brutalidade atroz, tira-me o ar, o chão, tudo. O amor que um filho traz, traz também um medo que passa a viver connosco. Um medo no qual tento não pensar em demasia, porque não o posso proteger de tudo, não o posso proteger do mundo. Não vou poder andar sempre com ele ao colo, mas era isso que eu queria. Andar com ele ao colo até ser eu a ir-me embora. Eu, não ele. Não peço muitas coisas a Deus, mas todos os dias Lhe peço que o proteja, que olhe por ele. A nós, mães, não nos resta muito mais do que confiar na sorte e no destino. E na protecção divina, para quem acredita. Hoje, os meus pensamentos estão com a Judite Sousa. O mundo dela ou, pelo menos, a parte mais importante do mundo dela, morreu hoje. E eu não sei como alguém se reergue depois disto, mas espero muito que ela consiga.

48 comentários:

  1. Fico arrepiada e profundamente comovida. Deus lhe dê muita força.

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  2. Querida Ana choro com tuas palavras. És de valor e as tuas palavras demontram no. Bjo

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  3. Tenho 2 filhos e não quero nem pensar na dor que seria... mais valia morrer a seguir.
    Não haveria de ser permitido um filho morrer antes dos pais.
    Mas sabes Pipoca não querendo de maneira nenhuma desvalorizar ou aligeirar a morte de um filho, para mim o desaparecimento poderá ser pior, nem quero imaginar o sofrimento de muitas mães e pais por esse mundo fora que não fazem ideia do que se passa com os filhos.
    Se estão mortos ou vivos em sofrimento, escravos de qualquer um tarado a mercê de exploradores.
    Embora a dor da morte calculo seja difícil de superar, pelo menos sabemos onde ele está.
    Mais uma vez repito não quero de todo aligeirar a dor da morte de um filho.
    Neste momento os meus pensamentos estão com estes pais assim como com todos os outros que perdem as suas vidas.
    Débora

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  4. Talvez não o devesse dizer mas no lugar dela acho que não quereria continuar a viver. Quando penso em tamanha dor, a única forma que imagino de escapar a ela, era eu própria escapar à vida que não sei como pode ser vivida depois de uma coisa destas. Espero do fundo do coração que ela pense e faça de maneira diferente.

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  5. Não sou mãe, sou filha que perdeu o pai. E desde aí que sinto que falta uma parte de mim, quase carnal. É uma dor enorme...
    Nem imagino o que será ver partir antes de nós alguém que nasceu fruto do amor, nos cresceu na barriga, no fundo, um extensão de nós próprios, um pedaço de nós. "o nosso coração a bater fora do nosso peito".
    Arrepiante.
    Que Deus dê muita força,à Judite e a todos os que passam por tamanho horror.

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    1. Também perdi o meu pai cedo demais e a minha vida nunca mais foi a mesma, eu nunca mais fui a mesma... E por aí, tento imaginar como será perder um filho mas não quero nem posso fazê-lo... é demasiado... é pesado demais, é triste demais... Não sei como se (sobre)vive depois disso mas aqui deixo um abraço muito forte a quem não tem outra alternativa!! Ser mãe é um misto de amor incondicional e dor sem limites... é viver sempre no limite da alegria e da tristeza... e quando esse bem nos é roubado, pouco ficará de nós. Que Deus olhe por todos os pais e todos os filhos!!

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  6. Nem quero imaginar o que a Judite Sousa está a sentir neste momento... Muito provavelmente, não irá ler este meu comentário, mas se lhe pudesse dizer alguma coisa neste momento seria que é, sem dúvida, uma grande mulher. E digo isto sem a conhecer, mas o profissionalismo e a atitude que demonstra no seu trabalho, na minha opinião, diz muito dela. É uma mulher que admiro. Por tudo isto, o meu pensamento está com ela e apenas desejo que consiga ter a força suficiente para aligeirar a dor.

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  7. Ana...(pergunta de retórica), não sentes estas notícias de uma forma exponencialmente mais real e sôfrega desde que foste mãe? Eu lembro-me de em miuda, à hora de jantar, passarem notícias de mortes e a minha mãe chorar em algumas e a mim serem indiferentes...quando somos adultos já as entendemos melhor, mas quando fui mãe, aí sim passaram a ser uma espécie de bloqueador de mente.
    Tenho dois filhos, muitas vezes penso o "risco" sentimental que é ter-se um apenas. Isto pode parecer ofensivo de dizer, mas não consigo deixar de o pensar. Tive uma amiga que morreu atropelada aos 12 anos. Ela tinha uma irmão de 9 meses apenas. E senti e vi que foi aquele bebé, com as suas pequenas conquistas, o começar a andar, a dizer mamã, que fizeram aquele casal poder de alguma forma seguir, sorrir, ainda que pela metade. Quando penso nestas coisas és uma das pessoas que me recordo por vezes, pela história do teu irmão, e acredito que por tal sintas o "não acontece só aos outros" de uma forma muito mais real e receosa. Nada substitui nada, é verdade, mas acredito que ter mais filhos e que ter a possibilidade como os teus pais de terem agora o neto, seja uma luz na noite que fica quando algo assim acontece.

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  8. penso que no momento a força nem vale nada. Ela t inha tudo e agora não te nada.

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  9. Não sou mãe. Desta forma a dor que me atormenta mais é pensar na possibilidade de perder os meus pais.
    Todas as perdas têm um nome: há órfãos, viúvos.. Menos quando se perde um filho, para isso não há nome. Penso que seja de tão horrível e penoso que seja o sentimento.

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  10. Também eu fico sem ar só de imaginar por um segundo a dor de perder um filho. Este fim de semana foram só notícias de mortes de filhos de alguém, penso na Judite, mas também nas mães dos dois meninos do acidente de moto 4 e na do pequeno que partiu no incêndio da Damaia. Estas notícias ainda me arrepiaram mais, porque o meu filho tem 5 anos e não conseguia tirar os olhos dele ao ouvir o telejornal...só de imaginar uma mãe a perder um anjinho da idade do meu...
    Tenho dois filhos e não quero nem imaginar a dor de perdê-los...é contra o ciclo da vida, somos nós que temos de partir primeiro. Fico muito mais comovida com estas notícias desde que fui mãe, há 10 anos, antes achava-as tristes, só isso. Hoje acho-as devastadoras.
    A estas 4 mães que perderam um filho hoje, não interessa de que idade, é um filho que se perdeu, e a todas as outras mães a quem isto aconteceu no anonimato, um abraço profundo de coragem...porque não sei como uma mãe consegue se reerguer depois de tão grande perda.

    http://thelusofrenchie.blogspot.pt

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  11. Realmente acontece tudo tão... depressa. Num instante tudo pode mudar.
    Até tremo de pensar que poderia ter sido com alguém que conhecesse e amasse.
    Então um filho... é anti-natura :(

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  12. :/ é mesmo uma situação que nunca deveria acontecer... não é a ordem natural das coisas e dói ainda mais por isso.
    Mas certeza que a Judite se reerguerá, assim o desejamos.

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  13. Nem mais. Não mudo uma vírgula ao que acabaste de escrever. Assino por baixo. Só de pensar fico sem ar, sem chão e o coração dói. :(

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  14. Pipoca:
    Gosto muito do seu blog e sigo-o quase diariamente, mas nunca tinha comentado nada. Com este tema não pude deixar de acrescentar algumas palavras.
    Sou enfermeira de Pediatria há 15 anos. Trabalho num serviço onde assisto frequentemente à dor das famílias que ficam sem o seu bem mais precioso. Sou também mãe de um rapazinho de 11 anos que é o amor da minha vida! Desde que ele nasceu que assisto às mortes prematuras dos "meus meninos" do hospital ainda com maior comoção e tristeza, imaginando-me no lugar daquelas mães que de repente ficam sem chão. Assisto à coragem delas enquanto os filhos precisam, à força que vão buscar não sei onde para aguentar tanto sofrimento, e ao esforço inimaginável que fazem para se reerguer após uma tragédia destas. Quase sempre conseguem, mas a vida nunca mais é a mesma: não se vive depois da morte de um filho, sobrevive-se!
    À Judite de Sousa e a todas as mães-coragem que lutam com esta dor, um forte abraço e toda a minha admiração!
    Filipa Freitas

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    1. Oh Filipa, as suas palavras comoveram-me tanto.
      Não deve ser nada fácil viver tão perto com essa realidade.
      Que Deus nos proteja de passarmos por algo tão duro, tão tragico.

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    2. Sim, é muito difícil, e nunca fica mais fácil... Mas é a vida que escolhi e não me arrependo nada! É muito compensador e é também uma lição de vida, aprendemos a dar valor ao que realmente importa, à família, à saúde, ao amor e a desvalorizar as pequenas coisas de que as pessoas tantas vezes se queixam!
      Filipa

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  15. Conheço de perto 3 casos: nenhuma das mães recuperou. Vivem o dia-a-dia, ponto. :( e é terrível vê-las assim e não poder fazer nada para aliviar a dor.

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  16. É por isto que o meu avô paterno é o meu ídolo, perdeu a mulher e perdeu um filho (meu pai) 9 anos depois e conseguiu reerguer-se, mas nunca mais foi o mesmo homem, nunca mais foi o avô que eu conheci, à mais de 8 anos que não vejo aqueles olhos sorrirem como sorriam em tempos passados.
    Um abraço muito apertado a todos os pais que passaram ou estão a passar por isto*

    Um beijinho para si pipoca.

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  17. Correndo o risco de me acusarem de ser uma besta, mas ninguém naquela estação de televisão tem alguma noção do que é uma boa linha editorial? Desde quando este acontecimento horrível, mas privado, pode ser abertura de um telejornal nacional? Mesmo tratando-se de uma televisão privada?

    Haja decência e mais e melhor profissionalismo...circo e pão...nem os césares teriam melhor desempenho!

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    1. Cada um encara como quer, eu não encarei como noticia mas sim como uma forma de homenagem ao filho da Judite, e foi ela própria que quis deixar a sua mensagem.

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    2. Sim, foi também como eu o entendi. Uma homenagem ao filho de uma colega e uma forma de demonstrar publicamente o apoio a uma pessoa com quem convivem diariamente e que faz parte da vida deles e que está a atravessar seguramente o pior momento da sua vida!! Não foi apresenta a "notícia" do acidente ou da morte, foi o expressar do apoio dos colegas a uma mãe em sofrimento.

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  18. Eu nao sou mae e ainda faltam uns anos para ser. Tenho 21 e agora que sou mais madura, reparo pelos olhos da minha mae o que significa de facto "dar a vida por um filho". So de pensar a dor de perder algo que geramos com tanto amor e tanto orgulho naquilo que ele/ela se vai tornar arrepia-me. Nao e so perder um ser humano. E perder o mundo. (Peço desculpa pela falta de acentos)

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  19. É tão contra natura. Não devia ser permitido perder um filho.
    Sou mãe de um principe de tres anos e não consigo sequer imaginar a minha vida sem ele. É uma dor que me dilacera o peito .
    Não há maior amor que o amor de mãe/pai .
    Muita força para todos os pais que têm que passar por esta provação.
    Um beijinho pipoca e parabéns pelo fantástico blog.

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  20. Não quero imaginar o sofrimento... Deve ser o pior que pode acontecer a qualquer pai ou mãe. É contra-natura, demasiado pesado. Ninguém merece.

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  21. Nem é bom pensar...... Todos os dias há mães e pais que perdem um filho das mais diversas maneiras e esses pais nunca mais serão os mesmos. Espero que a Judite de Sousa consiga viver em paz com uma dor que, na realidade, nunca vai passar.... :(

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  22. Acho que o Pedro Abrunhosa resumiu tudo:
    'A dor de perder um Filho não tem nome. Não é dor sequer. É algo muito mais fundo porque é o contrário da razão, da vida, da ordem natural do tempo. Nunca se apaga, nunca se esvai, nunca apazigua. É uma eterna noite negra instalada num segundo. É um arrependimento ao infinito dos verbos que nunca chegaram a ser ditos, das areias que não voltarão a ser pisadas ainda que as pegadas juntos insistam em aparecer na traiçoeira tarde das memórias. Há doze anos os meus pais perderam o seu Filho Paulo, e eu o mais puro dos irmãos. Sei que não tem nome porque a vejo nos olhos deles todos os dias como se perscrutassem o destino na ânsia de mudar o passado, de o ver voltar na orla de uma manhã qualquer. Eu não conheci o André mas sou amigo de muitos dos seus amigos. Conheço a Mãe e não me atrevo sequer a julgar que sei o que sente. Neste momento em que todos somos irmãos, e pais, e filhos, o meu pensamento voa até si, Judite. E através dele choro consigo esta estúpida perda que, de tão perto, me cala por dentro. Pedro Abrunhosa'

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  23. sou mãe de uma menina de 3 anos e tb não sei o que seria de mim se algo lhe acontecesse...sei o q aconteceu c a minha mãe que há 5 anos perdeu um filho de 40 anos de uma forma trágica...é difícil e sei q a minha mãe todos os dias chora..mas a vida continua e as pessoas enfrentam a dor...claro q cada pessoa é uma pessoa e a minha mãe foi forte para continuar...mas a dor tá lá sempre...ninguém pode dizer q morria por perder um filho..só quem passa por elas sabe o significado e a forma como lida c a situação..

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  24. é aqui que gosto de acreditar que o Prof. Marcelo tem razão... ainda não nasceu o meu filho mas sinto-me mãe a 100% e só agora pela primeira vez consegui perceber a dor de um acontecimento trágico como este.

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  25. Perder um filho é o mesmo que perder uma mãe ou um pai, um avô ou uma avó querida. Desculpem, não vejo diferença. Perder quem se ama dói da mesma forma seja qual for o grau de parentesco. Digo isso porque perdi a maior parte da minha familia só sobrando duas pessoas, eu e minha mãe. a dor é atroz diariamente e só quem passa sabe. Mas como habitualmente ouço de grande parte das pessoas e com uma frieza que me espanta: - É a vida! Não vale a pena estar com lamúrias.
    Pois: - É a vida!
    É a vida infelizmente. E quem sabe sirva para muitos pensarem em suas relações familiares.....profissionais....e até em suas atitudes para com o próximo; e se aperceberem de que de nada vale fama, sucesso, dinheiro....porque: É a vida!
    E vida tem quase o mesmo caminho para quase toda gente!

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    1. Alguém que pense como eu.
      Sou mãe e imaginar perder o meu filho e imaginar perder a minha mãe ... a dor, o aperto, a angústia que sinto no peito é igual para os dois! Se perder o meu filho perco a minha razão de viver, eu vivo para ele, depois viveria para quem? Sensação de vazio, de não haver mais sentido. Se perder a minha mãe perco o meu pilar, o meu porto seguro...Ela é a única pessoa que vive para mim, depois quem viveria? Sensação de solidão, de desorientação, de ficar sozinha no mundo. Não consigo medir qual das dores seria maior.

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    2. Não sei se tem filhos ou não mas perder um filho não é a mesma coisa que perder um outro familiar. Perdi o meu pai e com ele foi um pouco de mim. Foi o meu porto seguro e a saudade por vezes até doi, mas nem quero pensar perder a mina filha. Filho é especial, não tem comparação com qualquer outro sentimento- É um amor sem limites.

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    3. A dor é sempre tremenda sem dúvida. Para mim a diferença é que já nascemos com a presença dos nossos pais e não conhecemos a vida sem eles e se os perdemos nunca mais será nada igual! Mas crescemos a crer nas lei da natureza que dizem que quem nasce primeiro deveria morrer primeiro e com toda a dor que sentimos, acreditamos que por eles temos de seguir a nossa vida!! Era isso que eles esperariam de nós. Quando trazemos uma nova vida a este mundo, essa vida é a nossa esperança de renovação, é o que fica quando já cá não estivermos e nela vamos vendo renascer a esperança no futuro, os nossos sonhos, toda a vida que há pela frente e o nosso coração fica ali preso como se toda a nossa vida dela dependesse... e quando nos tiram isso, é inverter toda a lógica, todo o sentido e todo o mundo tal como o conhecemos. É tirar o chão a alguém e dizer: agora és só metade mas tens de continuar a viver a tua vida como se continuasse tudo na mesma... A perda é sempre terrível, injusta e arrasadora. Mas acho que nenhum pai deveria ter de viver a morte de um filho! Nenhum!!

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    4. Também não quero nem imaginar perder a minha mãe ou o meu pai.
      Sei que irá acontecer mas ja dói so de pensar....

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    5. Desculpe que lhe diga mas perder um filho NÃO É o mesmo que perder um pai ou uma mãe.
      Um dia, quando for mãe, percebê-lo-á. Sabe porquê? Porque entre muitas outras coisas que (lá está!) só entenderá quando tiver filhos seus, um filho vem-nos das entranhas, é A nossa aposta maior na Vida, é a nossa projecção no futuro, é um pouco de nós que cá fica. A partir do momento em que temos um filho, o nosso coração passa a andar fora de nós. Podemos amar muito os nossos pais ou os avós mas o que sentimos por estes e o que sentimos pelos nossos filhos é incomparável. E é mesmo assim que tem de ser. Porém, não vale a pena explicar muito, insisto: só perceberá quando for mãe!
      Não menosprezo a dor de perder um pai: há 20 anos perdi o meu avô materno - que foi quem me criou e era como se fosse meu pai - e ainda hoje me lembro dele e choro quando apertam as saudades, mas é a lei da vida; ele era mais velho tinha necessariamente de partir primeiro, criou os filhos, ajudou a criar os netos, deixou obra feita, viveu a vida...
      Morrer-nos um filho é o Inferno em vida.
      Não é por acaso, como dizia alguém nos comentários acima, que não existe uma palavra (seja em que idioma for, estou em crer) para definir um pai/ mãe a quem morre um filho.
      Raquel

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    6. Pois é, já ando a lembrar da Pipoca qdo não era mãe e todos diziam qdo fores mãe verás. Pois por acaso sou mãe sim senhores. E amo meu filho assim como vcs amam os vossos filhos.

      O que eu disse, e foi apenas a minha opinião, que quando se ama verdadeiramente mãe, pai, filho, seja o que for.....e qdo este alguém parte....a dor é brutal. Não é só pq se é mãe ou pai que sofre diferente ou mais do que uma irmã que perdeu um irmão num desastre de carro, juntamente com sua cunhada, e dois sobrinhos de 12 anos e um de 6 meses, e teve que os enterrar juntos no mesmo dia..........
      ou que o pai se suicida qdo ela tem 6 anos de idade, ou como meu primo que viu seu pai ser esmagado ao descer da viatura para trocar um pneu....
      Não dor maior que a outra, e isso não se julga pelo grau de parentesco. Cada um sente de uma forma, uns quase morrem......outros comemoram no dia a partilha da herança.....É A VIDA!
      Mas enfim....é só a minha opinião..........

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    7. Ah é pior morrer um filho porque este nos saiu das 'entranhas'? Então se for adotado a dor é menor?

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    8. Não há "pior", nem "melhor". Perder um filho é apenas mais contra a natureza das coisas do que perder os pais. Eu tenho o meu pai e a minha mãe comigo. Não sei o que é perdê-los. Mas sei o que é perder uma filha... A minha filha morreu com 6 dias de vida, e cheguei a ouvir também de muita gente "Pois...é mau...mas pior pior é perder um filho quando já é maior". Mesmo?? Mesmo que seja verdade (e acredito que o seja, porque mesmo sem a presença da minha filha na Terra sinto o meu amor por ela crescer todos os dias) não é essas comparações pré-formatadas na cabeça de quem não passou que precisamos de ouvir. As dores piores são sempre as nossas, claro. E acho que nenhuma é comparável com outra. O "direito de antena", sob o meu ponto de vista, é dos melhores "calmantes" da dor... Saber que mais alguém no mundo tenta compreender o que se está a passar. Mais alguém se lembra que aquela pessoa existiu, e fará falta ao mundo. E no momento não se responde a ninguém (ou pelo menos não há vontade disso). Mas cada palavra de carinho e conforto que se lê ou ouve tem um poder enorme... Se pudesse, daria um abraço apertado à Judite, como tento dar a todas as mães com quem me cruzo e passaram para o lado de cá de um sofrimento destes. Obrigada pelo texto sentido, Ana!

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    9. ADEK, o seu comentário comoveu-me tanto... um abraço para si.

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  26. Olá Pipoca,
    Há 2 meses, perdi o meu bébe ainda dentro de mim com 6 meses e meio... Após 13 anos de luta, iria realizar o meu sonho... Iria ser Mãe e perdi-o! Fiquei sem chão, o meu mundo ruiu, metade de mim foi com o meu filho! É uma dor tão cruel, não o vi nascer, não lidei com ele mas era o meu Filho!!! Mesmo antes de o ser já o era.. Mãe! Que Deus lhe dê muita força neste momento de dor...

    Um beijinho

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  27. Olá Ana Garcia Martins!

    É que não imagina mesmo a DOR de perder um filho!...E, eu espero muito sinceramente que nunca, mas nunca mesmo, a venha a Viver...

    É uma DOR que nos acompanha para todo o sempre, ainda que amenizada com o decorrer do tempo...

    "ELE", o filho que perdemos, é e será sempre a nossa mais doce lembrança que recordamos todos os dias, o nosso refugo, e, como alguém o escreveu: "O Nosso Filho Predilecto"!...que acreditamos um dia vir a reencontrar, independentemente de amarmos incondicionalmente os outros filhos, que cá estão connosco.

    O meu "partiu" há 23 anos...e acredite! Não há um único dia que passe que não o recorde com carinho, um sorriso, ainda que amargurado... uma tremenda SAUDADE!

    Parabéns! Gostei do seu artigo! Bom texto!

    Beijinhos

    Paula Pedro



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  28. Já li no blogue, na altura identifiquei-me com as suas palavras, e a Pipoca tem uma história idêntica à minha.
    Há 34 anos os meus pais perderam um filho. Tinha 10 anos. Eu nasci 4 anos depois, não para ocupar o vazio, mas possivelmente para os ajudar a ganhar outro sentido na vida. Não conheci o meu irmão, mas ele sempre esteve presente na minha vida. Sempre! Já se passaram 34 anos, mas vi muitas vezes a minha mãe chorar. Percebi muitas vezes o silêncio do meu pai. E o vazio no olhar de ambos. O agora meu irmão mais velho, que na época tinha 7 anos, não fala do nosso irmão. Não me lembro de o ouvir falar dele. Sei que ainda hoje todos guardam aquela dor. Até eu que não o conheci. A minha mãe sempre me disse que ele era “o nosso anjo da guarda”. Quero acreditar que sim.
    Ainda não sou mãe, mas conheço de perto esta amarga realidade…….sei que é uma ferida que não tem cura. Nunca se esquece. Nunca!
    Admiro, muito, a Judite de Sousa como profissional e espero que ela consiga encontrar algum sentido na vida.
    CS

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  29. É isto mesmo... não sei como, mas espero que encontre a força necessária!

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  30. Ana,é Judite de Sousa.

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  31. Eu perdi o meu pai o ano passado, aos 22 anos. Ninguém merece perder um pai, seja em que circunstância for, mas perdê-lo quando ainda não constituímos a nossa própria família, é perder um bocado de nós. Nunca mais fui a mesma e nunca serei. Os meus futuros filhos não conhecerão o avô e isso é uma dor interminável. Também não conheci o meu avô paterno e isso nunca me fez falta. Doi pensar que os meus filhos sentirão o mesmo e não sentirão nada pelo avô maravilhoso que teriam.

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