Ontem, com tanta vontade de ir correr como de comer um prato de iscas, lá me arrastei eu para a Corrida do Benfica. Estava constipada, sentia que não tinha treinado o suficiente, achei que ia parar aos quatro quilómetros e atirar-me para o chão a chorar, o tempo estava cinzento e ranhoso, a hora tinha mudado e eu tinha dormido menos uma hora... enfim, toda uma conjugação de factores que faziam com que não me apetecesse tirar o rabo da cama. Mas tirei. Porque tinha uma equipa espectacular à minha espera e porque a vontade de esfregar a vitória na cara do senhor meu esposo era mais forte do que a minha preguiça. Por isso lá fui. Quando chegámos, dei as dicas aos meus meninos (basicamente um "corram como que se não houvesse um amanhã que isto é para ganhar") e lá foi cada um à sua vida. O meu homem, num gesto de grande altruísmo que irá fazer questão de sublinhar nos próximos 35 anos, decidiu correr comigo, ao meu ritmo. Foi bonito, mas não fez mais do que o dever dele, até porque caso contrário as equipas ficavam desequilibradas, a dele com três homens (que correm quase sempre mais) e a minha só com dois. Assim sendo, decidimos que a vitória seria decidida apenas pelos membros de cada uma das equipas. E assim foi. Cada um correu como quis e eu lá fui, em passinho de tartaruga. Sabia que o meu objectivo (fazer abaixo de uma hora) era difícil, implicava correr muito mais rápido do que aquilo que corro habitualmente, por isso só queria conseguir fazer a prova sem paragens. E consegui. Para aí ao fim do primeiro quilómetro começou a chover. Primeiro umas pingas, depois foi sempre a aumentar, até chover torrencialmente. Estava ensopada até aos ossos. Os meus Adidas Supernova Glide Boost portaram-se lindamente, mas as meias encharcadas começaram a fazer fricção e eu comecei a sentir as bolhas nos tornozelos. Uma maravilha. Pelo meio fui tendo dores várias. Dor de burro, dores nos joelhos, dor no pescoço, mas tudo passou. Estava determinada a não parar e a corrida até se fez bem. Tirando o último quilómetro, a subir e com a chuva no seu auge. Não via nada à frente, só corria e só pensava que nunca mais na vida me metia noutra. Isto com muita asneirada pelo meio. Fiz 1h04 à passagem pelos 10 quilómetros, mas esta gente adora endrominar as pessoas e afinal a prova tinha 10,4 km. Parece pouco, mas debaixo daquelas condições mais 400 metros fazem toda a diferença. Foi assim que cruzei a meta com 1h07min. Apesar da insistência do homem, que foi sempre ali ao lado a dar dicas e a puxar por mim, não cumpri o objectivo inicial, mas fiquei feliz na mesma, porque bati dois recordes: a distância mais longa (o máximo que tinha corrido era 10,2km) e os 10km mais rápidos. É tão bom chegar ao fim que uma pessoa até esquece o esforço todo que fez. E, claro, ser a corrida do Benfica e passar por dentro do estádio tem todo um outro sabor. Cheguei ao fim como se me tivessem atirado para dentro de uma piscina e acabei no Colombo a comprar meias e uma camisola para trocar (burra, não levei roupa a mais).
Então e que equipa ganhou, perguntam vocês? Bem, ainda não temos os resultados de chip, mas os resultados oficiais dizem que... tchan tchan tchan tchan... ganhou o team A Pipoca Mais Doce com para aí uns 15 minutos de diferença. Não vou cantar vitória antes do tempo (ah ah ah ah ah), mas tudo indica que a minha equipa foi a graaaaaaaaaaaaaande vencedora!
A minha super equipa: o Rui, a Patrícia, a Joseline e o Francisco. Não têm ar de vencedores??
A minha equipa "oficial" e do coração, a Correr Lisboa
De águia ao peito
Com a Andreia Vale, a passar por dentro do estádio
Mesmo no final, a chover torrencialmente, mas ainda animada