Este fim-de-semana fomos ver a exposição da Joana Vasconcelos no Palácio da Ajuda. Uma fila com cerca de 300 milhões de pessoas, e eu a agradecer a todos os santinhos por existir uma fila prioritária que me permitiu não ficar duas horas em pé à torreira do sol. Eu sabia que a gravidez tinha de ter as suas compensações. Ora bem, estava muito curiosa para ver a exposição. Não que seja uma grande entendida das artes plásticas, que não sou. Basicamente, tenho um visão simplista da coisa, que passa por um "gosto" ou um "não gosto". E eu gosto do trabalho da Joana Vasconcelos, porque não me deixa indiferente. Nem me deixa a pensar "ah... está bem, que engraçado, é só uma caixa com areia. Ou um pau pendurado numa parede. Ou qualquer coisa altamente abstracta e que de certeza que sou só eu que não estou a conseguir atingir". As peças da Joana (não somos amigas, mas estar sempre a escrever Joana Vasconcelos cansa-me, peço desculpa) provocam-me qualquer coisa. Mais não seja um "bolas, como é que esta tipa se foi lembrar disto?". São peças divertidas, dispõem bem, arrancam-nos um sorriso e exploram muito daquilo que Portugal tem de bom: as tapeçarias, as rendas, as faianças, etc e tal.
Nos últimos tempos, sobretudo no Facebook, tenho visto muito boa gente a atirar pedras ao trabalho da Joana Vasconcelos: que é uma excêntrica, que é mainstream, que faz arte para o povo (como se isso fosse uma coisa má), que está alinhada com o sistema, que recebe mais ajudas e subsídios do que qualquer outro artista nacional, e blá blá blá blá. Pois é. Isto de se ser talentoso e reconhecido dentro e fora de portas é uma grande chatice. A exposição que esteve patente no Palácio de Versailles foi a mais visitada em Paris nos últimos 50 anos, com 1,6 milhões de visitantes. Coisa pouca. E, por isso mesmo, e à boa maneira portuguesa, vamos lá todos dizer que ela é péssima, que é fraca, que o trabalho não é nada de especial, que fazer um mega sapato com tachos ou um lustre de tampões qualquer um faria, pfffff. Ninguém fez, claro. Nunca ninguém teve a ideia, nunca ninguém se chegou à frente, mas se aparece alguém que o faz e, raios, até tem sucesso, então apressemo-nos a arrasar, que ninguém pode destacar-se um bocadinho sem ser logo demolido.
Não acredito que a Joana Vasconcelos seja uma alinhada com o sistema. Acredito que o Estado olhe para ela, lhe reconheça o potencial, perceba que move massas e, como é óbvio, tenha todo o interesse em associar-se, em ajudá-la na divulgação do seu trabalho, em atribuir-lhe mais meios para o fazer. Quantas artistas plásticos temos com esta projecção? Assim de repente, nenhum. Podem falar-me de uma Fernanda Fragateiro, de um Julião Sarmento ou de um Pedro Calapez. Todos eles nomes sonantes, mas nenhum com o mesmo reconhecimento da Joana Vasconcelos. Culpa dela? Claro que não! Ah, mas ela faz peças populares! E?? Não é (ou deveria ser) o objectivo máximo de cada artista trabalhar para o público? Para ter a máxima visibilidade? E, já agora, para vender? Ou só fazem peças para si próprios e para os amiguinhos do círculo intelectual, todos super eruditos, todos capazes de ficar três horas a olhar para uma peça absolutamente abstracta, arrancando-lhe rasgadíssimos elogios?
Goste-se ou não do trabalho dela, pelo menos tem de se reconhecer à Joana Vasconcelos a capacidade e o mérito de ter aproximado as pessoas da arte. De lhes ter incutido esse interesse. Não tenho conhecimentos artísticos suficientes para dizer se as peças são tecnicamente bem executadas ou não. Mas sentir um arrepio ao ver o Coração Independente (feito de talheres de plástico) a rodopiar, enorme, numa sala do Palácio da Ajuda ao som de Amália Rodrigues, é coisa que me toca. E, para mim, isso chega.
76 comentários:
Assino em baixo :)
Eu adoro o trabalho dela. Sou fã.
Olá Ana, sou espanhola e fã do seu blog, amo moda e tudo o que tem a ver com design. Eu realmente gosto do trabalho de Joana Vasconcelos, é diferente de tudo que eu vi, desculpe o meu mau português...Parabéns pelo trabalho que faz no blog e partilhar com outros momentos de sua vida diária.
Elena
Bem falado !!!! (neste caso ...escrito !!)
Gostei muito do post =)!
Só não concordo quando a Ana diz que a culpa não é dela.
Claro que a culpa é dela. A projecção que ela tem, o destaque, o reconhecimento, é tudo culpa dela. Culpa da sua dedicação, trabalho e visão.
=)
estou super curiosa para ir ver a exposição!
http://paginaaolado.blogspot.com
Claro que o objectivo máximo de um artista não é trabalhar para o público. É expressar o que sente ou pensa através da sua arte (seja ela música, pintura, cinema, etc). Senão tudo o que anda por aí seria mainstream e não haveria subculturas muito interessantes para explorar. Nada contra o mainstream, há coisas fantásticas no mainstream para conhecer. Mas também há na arte independente, nas subculturas como disse. Não nos podemos fechar só no que conhecemos. Quanto ao trabalho da Joana Vasconcelos, acho francamente foleiro e sem o mínimo de de profundidade artística. Mas pronto, opiniões.
Gosto do trabalho dela, sobretudo porque me arranca sempre a pergunta que referiste no texto: "como é que ela se foi lembrar disto?". Gosto de pessoas criativas e isso é coisa que, sem ponta de dúvida, lhe assiste.
Tenho pena que haja gente que só se sinta bem a dizer mal do que é "nosso". Mas, claro, se fosse estrangeiro aí sim já era bom. Essa é também uma das causas para o país estar onde está. Queira-se admitir ou não.
www.letirose.com
Entendo essa visão. Mas, nesse caso, se um artista produz para si, para expressar apenas a sua visão, será que depois pode reclamar a falta de apoios? A falta de visibilidade? Se eu fosse investidora, não sei se quereria apoiar um artista que faz coisas altamente conceptuais e que só ele entende.
Olá pipoca.
Adorei a exposição, as peças estão mesmo muito bem enquadradas.
Contudo, o que me leva a escrever aqui é o facto de alguém se "vangloriar" com o facto de passar à frente das pessoas na fila.
Efectivamente, penso que quando se tem energia e capacidade para andar de loja em loja, às compras e em diversos eventos, de certeza que não está incapaz de ficar na fila à espera....
Eu sei do que estou a falar porque tenho 3 filhos e nunca passei à frente de ninguém na fila. E porquê? Porque considero que se temos capacidade para andar às compras, em jantares, férias, etc, também temos capacidade para esperar nas filas e não fazer da gravidez uma doença "súbita" só para o que nos interessa. É uma questão de respeito (digo eu!).
LÁ ESTÁ, SE FOSSE ESTRANGEIRA É QUE ERA BOA, MAS COMO É PORTUGUESA E GORDA (SIM, PORQUE TAMBÉM HÁ QUEM A VEJA ASSIM) JÁ PODEMOS TODOS DIZER MAL.
ENFIM, PENSEI QUE COM A "CRISE", AS COISAS MUDASSEM, DO TIPO A VIDA JÁ É DIFICIL, VAMOS É PROCURAR COISAS QUE NOS FAÇAM SENTIR BEM E QUE DIMINUAM O SOFRIMENTO, MAIS A MAIS QUANDO É UMA PORTUGUESA. MAS AFINAL NÃO, CONTINUAMOS COM A CRITICA FÁCIL E INVEJA E EM VEZ DE OLHARMOS PARA DENTRO DE CADA UM DE NÓS, NÃO, É BEM MAIS FÁCIL DESPEJAR A NOSSA RAIVA E FRUSTRAÇÃO NO SUCESSO DOS OUTROS.
E A ARTE NÃO TEM QUE SER UMA COISA QUE SE PERCEBA A 100% OU QUE SE QUEIRA LEVAR PARA CASA. A ARTE É COR, TAMANHOS, CHEIROS, ETC.ETC., COISAS DIFERENTES DO HABITUAL. PARA LEVAR PARA CASA, VOU ATÉ À FNAC E COMPRO CAPAS PARA I-POD, AGENDAS DO VAN GOGH, ETC.ETC.
ENFIM, MENTES CINZENTAS.
DEVEMOS TER ORGULHO EM SER PORTUGUESES.
PARA QUANDO UMA T-SHIRT A DIZER "PORTUGUESE DO IT BETTER"?
MAI NADA.
SWEET KISS, PIPOCA,
GAJO DO PORTO.
O público interpreta uma obra como quiser, não tem de seguir necessariamente a visão dos artistas. E uma coisa é arte, outra é entretenimento. Aposta-se praticamente só no entretenimento. E sim, percebo o problema com os investidores, infelizmente na sociedade em que vivemos só se investe no que é fácil. Por isso é que o que se vê mais por aí são Big Brothers, telenovelas, etc. Felizmente existe a arte independente, que garanto, é a que mais vai durar. É a intemporal.
Subscrevo. Também quero muito ir a essa exposição, só não tinha noção que as filas eram intermináveis como dizes.
le-laissez-faire.blogspot.pt
Versailles tem 1,6 milhões de visitantes, com ou sem Joana de Vasconcelos! Ponto. É como alguém expôr nos Jerónimos e achar que sim, senhor!, isto foi um sucesso!
Se desse para esperar sentada, pode ter a certeza que não usaria a fila prioritária (que, convém sublinhar, foi criada para quem tem prioridade, como as grávidas). Ainda ontem fui aos correios, tinha mais de dez pessoas à frente, e não fiz uso da senha prioritária. Sentei-me e esperei a minha vez. Se não houvesse sítio para sentar, seguramente teria usado a senha prioritária. Se já teve três filhos, perceberá que para uma grávida de seis meses é muito incómodo estar de pé, estática. Outra coisa é estar de pé e em movimento. Ah, e posso assegurar-lhe que nos últimos tempos não me tem visto "de loja em loja, às compras". Mas, claro, também não estou fechada em casa, tenho vida, porque, como diz, gravidez não é doença. Faço uma vida normal, com algumas contenções. Agora, se há coisas que foram criadas para facilitar a vida a uma grávida, porque não usá-las? Não me parece, de todo, uma falta de respeito. Seria mais ou menos o mesmo que dizer a alguém que está numa cadeira de rodas que pode muito bem ir para a fila e esperar, já que está sentado. Ridículo, certo?
Sou do Porto e estive em Lisboa em meados deste mês e aproveitei para ver a exposição. Como foi a meio da semana não tive filas... Gostei da exposição mas gostei ainda mais do Palácio que não conhecia e é belíssimo. Gostei muito do coração gigante com brincos de plástico que estava no topo da monumental escadaria (creio que o nome da peça era "Carmen" e da música (da opera homónima) que dava um ambiente fantástico e que ecoava pela escadaria (um deslumbre).
Como imagina, é possível contabilizar os visitantes de cada exposição patente em Versailles, independentemente das visitas ao palácio.
Eu gosto muito do trabalho dela. E não tenho mais nada a acrescentar :)
Esta anónima deveria procurar no dicionário a diferença entre o vangloriar-se e congratular-se.
Independentemente de gostar ou não do trabalho dela, até gosto de algumas coisas, não gosto de quem lhe abre a porta para fazer tudo o que entende. Por exemplo, colocar peças do Bordalo num Jardim do século XIX no Museu da Cidade e ter cobrado um balúrdio; colocar bolas vermelhas na Torre de Belém. Sou muito antiquada, gosto de ver as coisas como elas são.
Sendo da área do Património e Museus entristece-me muito que o nosso público seja um pouco limitado. Não estou a falar do seu caso Pipoca, não sei quantas vezes visitou o Palácio, talvez até muitas, mas a maioria das pessoas vai neste momento para a exposição, sendo incapaz de visitar o palácio, interessar-se pela sua História ou pelo trabalho (fabuloso!) que todos os dias os seus técnicos fazem. Com ou sem Joana.
Fez muito bem em passar à frente, há legislação para isso.
Maria Inês
Assumo. Não sou o maior fã do seu trabalho. Tal como não gosto da música de muitos artistas idolatrados no mundo tal como não aprecio o desempenho de muitos actores que todos amam.
Porém, sei separar as coisas. Sei ver que a Joana Vasconcelos tem muito talento. Que os músicos de que não gosto tocam boa música e de que os actores têm o seu valor. Não é o facto de não ser fã que lhes retira mérito.
Como tal, reconheço talento, muito talento. Reconheço que leva longe o nome de Portugal mas continuo a não ser um grande fã. Gosto de algumas criações mas fico-me por aí.
homem sem blogue
homemsemblogue.blogspot.pt
É impressionante como em Portugal as mentes são tão pequeninas!!! :(
A Joana Vasconcelos é uma grande artista e uma grande "recicladora"! Tem ideias que simplesmente ninguém se iria lembrar e pronto!
Mas como é portuguesa e gordinha (sim também já ouvi comentários menos próprios sobre isso) não tem valor, é arte para massas logo não é arte, blá blá... Porque só uma mente treinada e erudita é que reconhece a arte! Como se as grandes obras não fossem reconhecidas pelo público em geral...
Em relação à fila prioritária é por causa de grávidas que não usufruem desse direito que as pessoas se indignam quando algumas o fazem. Este fim-de-semana assisti a um pai com uma criança ao colo num supermercado que esteve 30m na fila da caixa prioritária para pagar uma garrafa de água porque segundo ele as pessoas levam a mal quando usa o direito de passar à frente! Se elas existem são para ser usadas e pronto!
Concordo :) Fez-me sorrir este ultimo comentário :) Gosto, sinceramente, de percepcionar a arte dessa maneira.
D.
Eu imagino como imagino que 1,6 milhões de visitantes seja o número global.
Adoro o trabalho da Joana Vasconcelos!! Desde o primeiro momento que lhe pus a vista em cima!! Simplesmente genial!
Mesmo a sério??? não sei como a Pipoca tem pachorra para gente desta!!!
Isto é incrivel!! tanta inveja!! cruzes!!!
Adorei e convido todos a vê-lo, os artistas devem de deixar de ser egocêntricos.
Bem dito, anónimo!
Claro que um dia destes irei engrossar a lista de visitantes da exposição de Joana Vasconcelos patente actualmente no Palácio da Ajuda.
Enquanto esse dia não chega decidi recuperar umas fotos interessantes captadas em finais de Junho de 2012 no Palácio de Versalhes. Ei-las ;)
http://comovaiasaudinha.blogspot.pt/2013/04/joana-vasconcelos-no-palacio.html
Pipoca,
Esse comentário desta anónima é a gozar certo??? É que só pode!! Mas a senhora da-se ao trabalho de comentar só porque usaste uma fila prioritária?? É para isso que existem boa???? Que sentido é que faz uma gravida estar em pé 2 horas, para depois poder dizer ' sou a maior não usei a fila prioritária! Desculpa mas este comentário deixou-me de boca aberta!! :)) Beijinhos para ti!!! Sofia!
Ainda não tive oportunidade de visitar. Mas é sem dúvida um orgulho ter uma artista como a Joana Vasconcelos a expôr além fronteiras.
O seu português é óptimo, muito melhor que muitos portugueses... :)
Já vi a exposição e gostei bastante. Fui logo no início para não apanhar muita confusão.
Só conhecia um dos trabalhos delas (um garrafão em ferro) e gostei muito.
Aproveitei e fiquei a conhecer o Palácio Nacional da Ajuda que não conhecia.
Já tive a oportunidade de visitar a exposição da Joana Vasconcelos e gostei do que vi. Há aquela parte do um pouqinho mais do mesmo no que toca a faianças "vestidas" de renda, mas nada contra, afinal assim há animais para todos os gostos ! A minha peça de eleição e que me fez fazer "uau" foi sem dúvida o Coração Independente, ou vá o típico Coração de Viana (ou não fosse eu apaixonada por esta peça). É, e deveria ser por parte de todos os portugueses, um orgulho ver uma artista portuguesa a alcançar o feito que Joana Vasconcelos alcançou no que toca ao número de visitantes em Versailles. Tem todo o mérito e direito a receber seja qual for o apoio do Estado porque então quem deverá o Estado apoiar se não portugueses brilhantes ?! portugueses que levam o nosso nome mais além ?!
Concordo com Anónimo do dia 30 de Abril às 14h25, quando diz que as pessoas têm ido ao Palácio para visitar somente a exposição mas, ao menos têm ido...gosto da Joana Vasconcelos, vi algumas peças no CCB e pensei exactamente o mesmo que você "eh lá como se lembrou disto?"
Gostaria imenso que houvessem mais apoios e investimentos para tantos outros artistas portugueses, para fazerem exposições noutros museus, palácios...dando motivação para as pessoas pagarem um bilhete e visitarem esses mesmos sitios
Não foram 1,6 milhões de pessoas que se deslocaram ao palácio de Versailles só para ver aa exposição de Joana Vasconcelos, mas foram mais quase 700 000 pessoas que em 2011, com uma outra exposição.
"Também há sempre gente a visitar o Palácio da Ajuda, mas com esta exposição claro que há muitos mais...
A presença das obras de Joana Vasconcelos, primeira mulher e a mais jovem artista convidada a expor arte contemporânea em Versalhes – a mostra decorreu entre 18 de Junho e 30 de Setembro –, pode, no entanto, ser já comparada com os 906 mil visitantes do palácio-museu a sul de Paris aquando da exposição do escultor norte-americano Jeff Koons (2008), ou os 922 mil do japonês Takashi Murakami (2012), seus antecessores nas galerias, câmaras e jardins de Versalhes."
http://www.publico.pt/cultura/noticia/joana-vasconcelos-no-top-das-exposicoes-mais-visitadas-em-franca-1583105
Alguma profundidade artística tem! Não é propriamente "olha, panelas! que tal fazer um sapato gigante com elas???" - é antes uma representação simbólica da emancipação da mulher, que ultrapassou a reclusão do lar e a exclusividade das tarefas domésticas...
http://www1.ionline.pt/conteudo/48953-a-vida-joana-vasconcelos-em-dez-obras
lindo! adoro o trabalho dela!
O problema dos portugueses é nunca estarem satisfeitos. Amava mesmo ver essa exposição e, ainda que não conheça o trabalho dela reconheço-lhe o mérito. O nome dela está a ser também uma marca para Portugal, que leva o nome do nosso país e "só" isso já deveria ser motivo de rgulho. Mas não, de certeza que aí há coisa...enfim. Beijinho
“Não é (ou deveria ser) o objectivo máximo de cada artista trabalhar para o público?”
Não, um artista não tem necessariamente de trabalhar para um público. Não é a mesma coisa que vender roupas, ou carros…
Nesses casos até há estudos de mercado, de público-alvo, etc, que prevêem a aceitação e comercialização desses produtos.
A arte é uma expressão de sentimentos e de pensamentos, nos diversos campos, como a pintura, escultura, cinema, música…
“Não tenho conhecimentos artísticos suficientes para dizer se as peças são tecnicamente bem executadas ou não.”
O artista utiliza as diversas técnicas que lhe permitem expressar melhor aquilo que quer dizer. A técnica é simplesmente um meio e é secundária. Até porque existem pessoas que são simplesmente muito bons técnicos e habilmente conseguem reproduzir obras de arte de outros artistas (sejam música, pinturas, esculturas…etc) mas neste caso chamar-lhes-emos habilidosos e não artistas, porque não são criativos. A técnica deverá estar ao serviço da arte.
“E eu gosto do trabalho da Joana Vasconcelos, porque não me deixa indiferente. Nem me deixa a pensar "ah... está bem, que engraçado, é só uma caixa com areia. Ou um pau pendurado numa parede. Ou qualquer coisa altamente abstracta e que de certeza que sou só eu que não estou a conseguir atingir".
Os movimentos artísticos sucedem-se a maior parte das vezes por contraposição aos movimentos vigentes e ao academismo. Imagina o que foi no início do séc. XX, (1917) Marcel Duchamp enviar um simples urinol cerâmico para um concurso de arte na América? Foi recusado pelo júri e só depois da sua morte foi entendida esta provocação dadaísta…
(continua)
Alicinha
“E, já agora, para vender? Ou só fazem peças para si próprios e para os amiguinhos do círculo intelectual, todos super eruditos, todos capazes de ficar três horas a olhar para uma peça absolutamente abstracta, arrancando-lhe rasgadíssimos elogios?”
O artista é também um provocador e por isso mesmo não é pressuposto que todos entendam as suas obras, ou que o público (receptor) tenha uma leitura igual à do emissor.
Van Gogh morreu na miséria. Durante a sua vida só vendeu um único quadro!
Veja-se por exemplo todo o percurso da obra de Picasso e de todos os artistas que proliferaram em Paris no início do séc. XX, em 1905, que marcaram o início do Modernismo: Matisse, Derain, Dufy, apelidados de “fauves” (feras) pelo grande crítico da altura Louis de Vauxcelles – porque utilizavam pigmentos puros, cores fortes e vivas, desrespeitando a composição e proporção convencionais e eram deliberadamente antiacadémicos. Picasso que com “Les Demoiselles d'Avignon” “esquece” 400 anos de perspectiva e constrói uma realidade a partir de “cubos”! No entanto quem conhece as sua primeiras obras…
Enfim… Expressionismo, Fauvismo, Cubismo, o Futurismo, Abstracionismo, Dadaísmo, Surrealismo, a Op-Art e a Pop-Art são movimentos que nascem de profundas mudanças históricas, no século XX, que afectaram drasticamente o comportamento político-social do nosso tempo.
Voltando ao post e às peças da Joana V.
“São peças divertidas, dispõem bem, arrancam-nos um sorriso e exploram muito daquilo que Portugal tem de bom: as tapeçarias, as rendas, as faianças, etc e tal."
E é tudo! PONTO.
Porque a Joana arranjou uma “receita” que tem resultado.
Faz muito bem o trabalho de casa e os estudos de mercado. Vende.
E é moda ir-se às suas exposições. E o governo agradece, porque mal ou bem, Portugal ganha alguma visibilidade e até lá levaram a Sharon Stone!
Mas acho que a maioria do seu trabalho não tem profundidade, não acrescenta nada, e as “modas” passam…
Resta saber se ficará para a História, como uma Paula Rego, que acaba de pedir a devolução de 200 das suas obras, visto que o governo extinguiu a sua Fundação por decreto…
“Acredito que o Estado olhe para ela, lhe reconheça o potencial, perceba que move massas e, como é óbvio, tenha todo o interesse em associar-se, em ajudá-la na divulgação do seu trabalho, em atribuir-lhe mais meios para o fazer. Quantas artistas plásticos temos com esta projecção?”
Pois, não temos, porque geralmente os artistas não movem massas, nem é esse o seu objectivo.
Se o Estado deverá ajudar na divulgação da arte? SIM. De toda a arte, de todos os artistas.
“Mas sentir um arrepio ao ver o Coração Independente (feito de talheres de plástico) a rodopiar, enorme, numa sala do Palácio da Ajuda ao som de Amália Rodrigues, é coisa que me toca. E, para mim, isso chega.”
Aqui estamos de acordo, há 2 ou 3 peças da Joana Vasconcelos de que gosto indiscutivelmente.
Alicinha
Em relação à JV, tem o mérito de se saber "vender", sem dúvida. Penso mesmo que é o caso de uma "artista" que não "cria" para si mas antes para os outros. O que não seria mau se as peças tivessem qualidade.
Não entendo por que se reduz tudo à inveja de um português que tem sucesso. Somos obrigados a gostar de uma coisa à qual não damos valor????
A JV tem, à disposição, os meios, patrocinados pelos nossos impostos, para mandar fazer peças, nem sequer para fazê-las. Tem o descaramento de dizer "elas fizeram isto mal" referindo-se às (muitas) artesãs que trabalham para ela. Numa reportagem sobre a exposição do Palácio da Ajuda, uma dessas senhoras disse que estava a tentar melhorar a peça que lhe foi encomendada e cujos créditos vão para JV. Não há trabalho manual, há uma concepção, muitas vezes patética, de alguém que entendeu um conceito, infelizmente, muito português, o famoso "mais vale cair em graça do que ser engraçado". É ridículo. Mas temos que gostar porque a senhora tem sucesso.
Gostava de vê-la fazer o mais básico da arte, desenhar.
Com o dinheiro que gastamos a enviar o cacilheiro para a bienal de Veneza, patrocinar-se-iam muitos criadores, artistas com talento!
Vergonhoso é não se poder visitar o Palácio sem se pagar para ver a exposição.
MG
Alicinha, menos, muito menos... O seu discurso é de um snobismo extremo, do tipo "reparem como tive nota 20 na disciplina de história de arte". Todos nós sabemos que Van Gogh morreu na miséria e que Picasso foi o fundador do cubismo. E o percurso de cada um deles.
Acredite que algumas das obras da Joana Vasconcelos ficarão sim para a História, mesmo sem "profundidade" e sendo "moda". Dispensamos sim, é o seu discurso...
Correcção:
Aqui estamos de acordo, há 2 ou 3 peças da Joana Vasconcelos de que gosto indiscutivelmente, mas a mim não me chega!
Alicinha
Bem dito, bem posto. É muito isto. Hoje é tudo efémero, achou-se brilhante, amanhã é mainstream, tudo porque mais gente passou a conhecer e a saber o nome.
Eu gosto, mas quem me conhece sabe que me pelo por reconhecer símbolos e sinais, folclore e artesanato. Sem ideais por trás, só de olhar. Gosto e pronto. E sim, muito o "como se lembrou disto". Estou ansiosa por ver o cacilheiro.
Este tipo de comentários só leva as pessoas a perderem a sua espontaneidade.
O mais curioso de ler os comentários é verificar como existe tanta maldade dentro das pessoas. Como é possível existir tantas pessoas mal resolvidas com elas próprias.
Peço à pipoca para continuar a ser sempre a mesma e nunca ter receio de escrever o que lhe apetece. Por ser assim é que o seu Blog é tão engraçado e visto por milhares de pessoas diariamente.
Este tipo de pessoas nao prestam para nada e se não gostam porque perdem tempo a comentar? Não Percebo.
Se permitir um beijinho e força para si e para o Bébé e utilize todas as filas prioritárias que puder e os lugares reservados de estacionamento que é para isso mesmo que eles servem.
Obrigado pelos seus textos diários.
Concordo plenamente contigo. E como se pode achar mal se é "arte para as massas"? Por acaso, só os intelectuais é que podem ter direito a olhar, entender (ou não), gostar (certamente), sentir um orgulho enorme por termos uma artista portuguesa mais do que reconhecida ??? Não, não... nós, membros do povinho teremos o mesmo direito ao sorriso e ao orgulho perante uma peça dela.
Muito obrigada! Adoro Portugal e os portugueses, de facto casei con um...
Elena
ora assino por baixo!
Não sou fã do trabalho dela, acho as peças muito iguais e algumas assim meio sem sentido, mas admiro a dedicação dela. Também não acho graça à história dos tampões a fazerem de arte, mas admito que foi inovador. Pronto, no fundo, acho que só gosto das peças hiper mega coloridas, porque adoro cores, e do coração de Viana. Não é arte que me encha o olho, mas admiro o esforço dela.
Não acho nada de especial a "arte" gigante da JV, e não por ser vista e conhecida por milhares de pessoas isso seria parvoíce, mas sim porque na minha modesta opinião o que ela faz não tem grande qualidade, pode até ser original mas qualidade e talento são coisas diferentes. E sim precisa de tirar de cima uns 50kgs do lombo!
Regra geral, n sou muto fã de instalações. É preciso q, mais ou menos inexplicavelmente,me prendam. N é o caso da Joana Vasconcelos. E tb n concordo c o facto do artista ter de, ou tender a, ser popular. Nem popular nem elitista. Nem para vender, nem pa n vender. Os artistas só têm de fluir na sua aventura, na sua demanda, e na sua identidade ou múltiplas identidades. Esse o maior propósito, quem sabe o único.
Espero conseguir ir a Lisboa ver a exposição antes que acabe..
Talvez me decida à ir para o mês que vem =)
Adorei a exposição e sou fã do trabalho da Joana Vasconcelos. Como portugueses só temos de nos orgulhar de a ter como artista e concordo consigo, não é qualquer um que faz o que ela faz. Uma grande artista contemporanea, sem duvida.
E a exposição no Palacio da Ajuda? Simplesmente fantástica a ideia de juntar dois conceitos tao diferentes e um incentivo importante para conhecer um dos Palácios mais bonitos do nosso país.
RIta
Acho que a Infinitiva acabou de descobrir a pólvora. :P
Nós conseguimos sempre ver algo para além da arte (a arte da Joana Vasconcelos é óbvia demais) mesmo quando aparentemente não há lá nada para nos ser dito. Às vezes, só depois dessas 3 horas que a Ana referiu a apreciar uma obra é que conseguimos compreende-la, contextualiza-la, compara-la, etc. e de repente tudo adquire sentido. Nem que seja preciso ir para casa para pesquisar mais, seja o que for. Aí está a diferença: há arte para pensar e há a arte que nos aparece "descodificada". Não tenho nada contra a Joana Vasconcelos, apenas é óbvia demais e boa para pessoas que não gostam de ficar tanto tempo a pensar sobre o significado de algo. Para mim não dá, mas estamos a caminhar para isso. As pessoas já não têm tempo para pensar, nem paciência. O mundo anda muito acelerado, tão acelerado que as pessoas nem querem saber onde anda a verdadeira arte.
(mas, por favor, não encarem este comentário como ofensivo pois ele não é nada disso)
Olá Pipoca!
Fui uma das que teve a possibilidade de ver a expeosição da Joana Vasconcelos em Versalles, e a verdade é que não gostei nada! Há ali qualquer coisa que me irrita na arte dela, se calhar foi por ver uma exposição tão moderna num lugar tão cheio de história antiga e vitoriano, mas fez-me imensa confusão ver aquela misturada toda! As únicas coisas que realmente gostei foram as peças onde (como tu dizes) mostram o que de bom Portugal tem e a Joana Vasconcelos não tem medo nenhum de expressar isso! Foi a primeira exposição que vi dela e até agora a única, mas não me deixou fã, mesmo...
Para as pessoas que dizem que qualquer um faria o que este ou aqueloutro fez, que no lugar deles fariam melhor: então façam-no.
É fácil criticar a qualidade das peças da Joana Vasconcelos, ou o blog da Pipoca, ou as obras de X e Y. Mas todas essas pessoas criaram algo e colhem os frutos da sua criação. Se o merecem ou não, é da opinião de cada um. Mas criaram algo. Ao contrário da maioria daqueles que criticam e dizem que fariam melhor.
Tal como o único penalty 100% infalível é aquele que ficou por marcar, a única criação com 100% de aprovação é aquela que está por fazer.
Adoro o trabalho da Joana Vasconcelos! É assustador ver que há tanta gente que entende que a arte não pode ser para as massas, que tem que ser exclusivo de intelectuais. No fundo, lá no íntimo, quem pensa assim entende as massas como sub-humanos que não têm direito a certas coisas como arte. Da arte passamos um dia para a cultura, educação...Medo.
O "Menino da Lágrima" também está nas paredes das casas de qualquer piqueno pónei que se preze e não é por isso que é considerado uma obra de arte!
Recicladora??!! De quê? As panelas são velhas? Os naperons eram os da avó?! os tampões eram usados?
por amor da santa, não me faça rir...
Anónimo, não era minha intenção "dar seca" sobre história de arte, porque como muito bem disse, são conhecimentos básicos, que qualquer miúdo do secundário deverá ter.
Por isso mesmo acho que quando se critica uma obra de arte se deverá contextualizar a nível histórico, bem como as suas características, valor plástico, aspectos técnicos, etc., o que não encontrei no post da Pipoca, para justificar “o seu gosto” pela JV.
Podia ter-se ficado pela “visão simplista da coisa, que passa por um "gosto" ou um "não gosto", mas acabou por não saber explicar porque gosta e antes atacar quem “não gosta” com argumentos descabidos, que não fazem parte da leitura de uma peça artística.
Daí o meu “discurso de um snobismo extremo”, mas básico, (é estranha esta dicotomia) para conseguir desmontar algumas afirmações da Pipoca (os parágrafos que transcrevi).
alicinha
Sobre o trabalho da Joana Vasconcelos tenho pouco a dizer, conheço apenas o tão célebre Coração de Viana, ou Coração Independente, por isso não posso dizer se gosto ou não. Acho de louvar a projecção que ela tem, fruto do seu trabalho e dedicação, no entanto não é isso que me faz comentar.
Acho impressionante a indecisão dos portugueses, em especial dos intelectuais (ou intelectualóides, que é mais o caso). Alegam que a arte deve estar acessível a todos e que o povo tem direito à cultura. Concordo. Mas depois o povo não tem o direito de perceber essa cultura, porque o artista deve fazer para si e não para os outros, logo o povo não tem nada que se intrometer que isto a arte não é para quem quer, é para quem sabe ver o sentimento intrínseco do artista revelado aos sábios naquela.
Depois, o crime!, se o povo gosta é burro, porque se acha que percebe aquela arte insurgem-se os intelectualóides e dizem que é só porque aquilo não é verdadeira arte, pois claro está. A verdadeira arte é só para os intelectuais, logo se o povo a percebe não é arte e ponto final. Ora esta, então o povo é burro lá percebe alguma coisa.
E ficamos nisto: a arte, e a cultura em geral, afinal é para quem?
Depois os que mais me aquecem o coração são os grandes entendidos, esses que debitam a velha sebenta da faculdade como se isso tornasse a sua opinião mais válida 'Ora vêem! Eu sei como surgiram todos os movimentos!!' Eu sou como a Pipoca, apreciar arte é como apreciar um gelado: ou se gosta ou não se come outra vez.
Se sei que a arte de Marcel Duchmap era uma provocação e foi uma reacção ao sistema vigente? Sei sim, estudei em História. Se sei que Picasso era um antiacadémico? Sim senhor, também estudei. Sei a importância de ambos. No entanto o urinol não me convence, mas perco-me nas Demoiselle D'Avignon.
Chateia-me profundamente aqueles que gostam de X ou Y porque estudaram na escola que os senhores foram importantes, que no fundo sabem tanto mas não sabem ter opinião própria.
Primeiro não gostava da Joana... Mas depois, e após a ouvir numa entrevista num canal, fiquei completamente rendida. É uma mulher super inteligente e bastante acessível! Quanto ao trabalho dela... é arte :) Gosto muito da criatividade e de toda a equipa!
Bjs, Susana
Sim, e numa altura em que nem sequer Ministério da Cultura temos, devíamos todos agradecer-lhe pela grande embaixadora que é do país. Veja-se o caso da Bienal de Veneza...Até hoje, os artistas plásticos tinham 1 milhão de euros do Estado para participar - mais um pavilhão de Portugal em Veneza para decorar à sua maneira. Agora não há M.Cultura, o apoio do Estado resume-se a €100.000 e sem pavilhão. Qualquer artista gritaria e diria que é impossível assim, não há condições, Portugal não entra na Bienal...A Joana?? Vai de cacilheiro!! e o Pavilhão de Portugal será flutuante, pela primeira vez na Bienal de Veneza. Claro que vai dar que falar, claro que vai Portugal nas bocas do mundo da Arte. Cabe-nos ter muito orgulho e seguir o exemplo...
Subscrevo.
Regina, percebo o seu ponto de vista. Daí o "alguma". E olhe, acredito que haja público para tudo, quer seja a arte "descodificada" quer a "encriptada"... E mais vale Joana Vasconcelos que nada, certo? :)
Não me parece que ter um mínimo de cultura geral seja sinónimo de ser snobe e tenho a certeza que para ter 20 a História da Arte é preciso um bocadinho mais do que o que foi escrito pela Alicinha (independentemente da classificação que possa ter tido ou não, se é que alguma vez estudou HA).
Anónimo(a) das 19h10, lá por você dispensar "o discurso" não significa que todos os outros sintam o mesmo; fale por si, sim? Além do mais, se há alguém aqui que pode dispensar "o discurso" ou não é a autora deste blogue, que é quem aprova os comentários que aqui são publicados.
Caro(a) Anónimo(a), não me parece que esteja em posição de avaliar se as obras da Joana Vasconcelos serão intemporais ou não; aliás, de momento ninguém está, porque a História não se faz de previsões, entende? Precisa de distância temporal, algo que você não tem, a não ser que tenha uma máquina para viajar no tempo e já tenha posto um pezinho uns 100 ou 200 anos mais à frente.
Alicinha, é bom ver que também passam por aqui pessoas que conseguem expressar uma ideia que vá além do "estás tão gira, Pipoca!", "concordo contigo, Pipoca!", "onde é que compraste os trapinhos, Pipoca?" ou do oposto "deves ser parva, Pipoca!" e insultos afins.
Quando a Ana Garcia Martins escreve sobre um assunto que não domina, como é o caso, é natural que apareça alguém que saiba um pouco mais e facilmente consiga contrapor tudo o que a autora do blogue escreveu. E se a Ana tiver dois dedos de testa, como julgo que tem, calculo que prefira ler comentários com um mínimo de conteúdo, mesmo que de alguém que não esteja de acordo com ela, do que frases insípidas que não passam do gosto, não gosto, concordo, discordo.
Em suma, se há algum discurso aqui que eu dispensaria, se estivesse em posição para isso, é o seu, caro(a) Anónimo(a) das 19h10.
Filipa, ora atente bem:
"Resta saber se ficará para a História, como uma Paula Rego, que acaba de pedir a devolução de 200 das suas obras, visto que o governo extinguiu a sua Fundação por decreto…" diz a Alicinha. Não está também a fazer futurologia??? Ah, mas pára tudo... a ela não critica... pois...
Alicinha, é fácil falar em contextualizar a arte em termos de história, pois claro, quando já nos distanciámos o suficientemente no tempo para o fazermos adequadamente. Que é o que acontece quando falamos em Picasso, Matisse, Van Gogh, etc.
A JV apropria-se simplesmente de objectos kitsch do dia-a-dia transformando-os e dando-lhes uma nova leitura, normalmente mordaz e irónica. Talvez a cultura atual...
Uma crítica a uma obra de arte não tem de passar necessariamente por todos os aspectos que inumerou, seria rídiculo. A arte deve ser feita para "mexer" connosco e não para obedecer a uma série de critérios instituídos.
A anónima das 19h10
Então eu vou ser mais explícita, visto que há pessoal que ainda não entendeu.
Eu não comentei a obra da Joana Vasconcelos, eu comentei as palavras da Pipoca.
Até transcrevi cada parágrafo que comentei.
1º Afirma que os artistas devem trabalhar para o público!
2º Limita os conhecimentos sobre Arte à execução técnica!
3º Não faz ideia do que é Arte Abstracta e faz ironia com caixas e paus pendurados na parede!
4º Chama intelectuais e eruditos aos artistas que fazem peças para si próprios e que ficam a olhar para uma peça abstracta! (aqui a ignorância dava mais pano pra mangas…)
Depois transcrevi um parágrafo, sobre o trabalho da JV, com que concordo.
E sobre a Joana Vasconcelos digo simplesmente que não tem profundidade, não acrescenta nada e que as modas passam… mas que mesmo assim “me tocam” algumas peças (citando o último parágrafo da Pipoca).
E sim, resta saber se ficará para a História, “porque a História não se faz com previsões”, como alguém disse.
No fundo, fiquei irritadinha com tanta afirmação leviana de quem não se prepara quando não domina um tema. É a mesma coisa que eu vir praqui arrotar postas de pescada sobre medicina, ou sobre unhas de gel!
E digo só “irritadinha”, porque vir aqui comentar numa página que nem é minha foi só um divertimento. A maior parte das pessoas que por aqui comentou também “não desenvolve” e isso chega-lhes.
Mas, prontos, Pipoca e piquenos póneis, ficai-vos por aqui em descanso, que eu não vos chateio mais com os meus discursos snobes… :)
Alicinha
Louvo o sucesso da senhor e que traz para Portugal.
Todavia, para mim nem é artista nem técnica.Um artista é aquela pessoa que interpreta a realidade da maneira qu o comum mortal não consegue. O técnico executa.
A senhora não faz nem uma coisa nem outra.idealiza bichos grandes - que ja existem - e alguém os executa. Idealza sapatos grandes - e alguem executa.
Para mim é tudo horroroso.
E desde quando é que as maiorias têm sempre razao? veja-se a eleicao maioritaria do homem que mandou matar milhoes de judeus!
pah, nao gosto mesmo!
Pois eu cá vou do Porto a Lisboa de propósito para ver essa exposição, vai ser no fim de Julho e já está programado á um mês. Nunca vi uma exposição dela por isso só posso confirmar se realmente gosto dp de ver, no entanto a arte dela já me tocou, todas as peças dela têm a ver com arte moderna, têm a ver com a emancipação da mulher, com o intimo e o passado português que embora seja como todos sabemos um passado brejeiro, saudoso e simples, todos nós nos deveriamos orgulhar. Na minha opinião todos os portugueses lhe devem muito em tão pouco tempo , o facto de ela ter exposto em Venesa e em Versailles, significa que lá fora todos lhe dão valor... infelizmente ainda há quem pense que só o que é de fora é q é bom...Na arte da Joana Vasconceles está escondido o desenrasque do comum portugues que faz omeletes sem ovos-é sapatos de panelas, é corações "independente" de talheres de plástico (como no campismo), é candeeiros gigantescos de tampões...É disto que ainda hoje portugal precisa, neste tempo conturbado de crise, é fazer do nada tudo, é fazer das coisas simples do dia dia a maneira melhor para encarar o futuro, é sem dúvida fazer omeletes sem ovos...
Gostei da sua posição e argumentos, anónimo das 00:08, a sério!
Apesar de não gostar, acho que é assim que se argumenta!
Contudo, tem aí algumas gaffes no português imperdoáveis :)
Serás a Elena que eu conheço?
Carlos
Uma grande artista a Joana Vasconcelos... Brincam?
Artista Plástico é muito mais que idealizar peças! É preciso saber executar, é preciso saber criar. Pagar para que outros as façam é muito fácil.
Ficar com os louros de quem borda, de quem costura, de quem faz o crochet, de quem monta tudo, é realmente ser um grande artista!
Gostava de a ver conceber uma peça e de pôr as mãos à obra até a obra ser palpável e não apenas dar ordens e bitaites.
Só por esta amostra, de comentários diversos, trocas de opiniões para todos os gostos, se vê o impacto do trabalho da Joana Vasconcelos. Só um grande artista gera tantas atenções. Depois, a arte tem sempre algo de subjectivo e não tem de ter uma mensagem simples e directa. A arte também pode servir para provocar e para que as pessoas pensem e reflitam. Tudo isto acontece com os grandes artistas que têm sempre o seu Q de controverso. Finalmente, a Joana Vasconcelos para ter chegado onde chegou teve que penar muito. Acredito que no início tenha tido muitas negas, muitas desconfianças. Mas ela acreditou e foi preserverante. E se conseguiu este nível de adesão é porque convenceu muita gente. Se fosse de outra nacionalidade, se calhar todos os portugueses a reconheceriam, mas como é portuguesa, lá estão os "velhos do Restelo". Pessoalmente, não sei se gosto ou não gosto, mas não me deixa indiferente, suscita-me uma enorme curiosidade e vontade de discutir aquilo que vejo.
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