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E agora, para algo mais sério

terça-feira, março 05, 2013

A coisa chega devagarinho, muitas vezes nem se dá por ela. Parece só um mal estar. Um incómodo. Qualquer coisa que chateia, muitas vezes nem se sabe o quê. Ou porquê. Depois a sensação aumenta. Espalha-se. O ligeiro incómodo torna-se um peso. E, de repente, instala-se a apatia. A vontade de não fazer coisa nenhuma. O acordar e não querer sair da cama, porque nada parece suficientemente interessante ou motivador. É muito mais fácil ficar ali, alheio ao mundo. Não ver ninguém, não falar com ninguém, até porque não há, no mundo, alguém que consiga entender, que consiga fazer uma ideia, ainda que remota, daquilo que se está a sentir. E não apetece levar palmadinhas nas costas, ouvir que vai passar, que temos de ser mais fortes, que temos uma vida perfeita, que não há razões para aquilo. Pior do que ouvir, é sentir o que os outros pensam e não dizem: que é tudo fita, que estamos a dramatizar, que dali a umas horas já passou, que lá estamos nós outra vez com os nossos achaques. A verdade é que a depressão (é disso que estou a falar) é uma merda. E só quem já por lá passou é que sabe que é mesmo assim: uma merda. Nos tempos áureos dos meus ataques de pânico (sobre os quais já escrevi aqui há algum tempo) dei por mim a derrapar para um estado depressivo. Os ataques estavam a tomar conta da minha vida, a condicionar-me a tal ponto que eu percebi que estava na hora de me deixar de coisas, de me armar em esperta, e procurar ajuda. Na altura só queria que me deixassem em paz. Só queria ficar em casa sem ter que explicar aos outros aquilo que eu própria não conseguia explicar a mim mesma. Não sabia porque é que me sentia mal, porque é que estava apática, porque é que não tinha vontade de coisa nenhuma. A certa altura, uma pessoa sente que pode estar a caminhar a passos largos para a loucura. Porque, aparentemente, tudo parece estar bem e não há nenhum motivo para que seja de outra forma. Mas depois não. Depois está tudo mal. Ou, pelo menos, o sentimento é esse. Mas, por mais que se tente, por maior que seja o esforço, não se consegue explicar. Já passaram pela minha vida várias pessoas que lidaram com depressões. Familiares, amigos, namorados. E se não é fácil para as pessoas que vivem esse drama (porque é um drama), também não é fácil para os que têm de lidar com  ele. Muitas vezes não se sabe como ajudar, o que dizer, o que fazer para minimizar o que o outro está a sentir. É normal (mas pouco útil) perder-se a paciência e dizer coisas que não ajudam em nada. Actualmente, tenho uma amiga a passar por uma depressão, e foi por isso que achei interessante trazer este assunto até ao blog. Porque, muitas vezes, ajuda ouvir opiniões alheias e isentas sobre o tema. Sinceramente, acho que em Portugal não se dá a devida importância à mente. Acho que, culturalmente, somos um povo educado a guardar os seus problemas, a não exteriorizar muito. Vamos sempre “andando” e acabamos por remeter para segundo plano uma data de coisas sobre as quais não nos apetece pensar nem resolver. E, claro, é por isso que depois acaba por se explodir. Há um dia em que já não temos espaço dentro de nós para guardar tanto problema e tanta chatice e tanta coisa mal resolvida, e isto resulta num colapso da mente. Pufff! Mandasse eu neste País e era ver toda a gente a ser obrigada a fazer terapia (e claro, também era importante que fosse mais barata, ou mesmo gratuita). Só uma horita por semana, ou a cada quinze dias. Era mais do que suficiente para andarmos todos mais em paz, connosco e com os outros. Acho que ainda há um grande estigma e preconceito em torno disto. Ainda custa admitir que se vai a um psicólogo, e ainda se olha um bocadinho de lado para quem admite fazê-lo. Do género “ah, coitadinha, é maluca”. Pessoalmente, no pouco tempo que tive o acompanhamento de uma terapeuta vinha de lá revigorada. Depois começa-se a achar que já está tudo mais encaminhado (ou mesmo resolvido), que não se tem muito tempo, que não apetece gastar dinheiro nisso, e pronto, deixa-se. Mas é óptimo descarregar o que nos vai na alma para cima de uma pessoa que não vai fazer qualquer espécie de julgamento, e que nem sequer nos diz o que temos de fazer. Só nos orienta o pensamento, só nos obriga efectivamente a pensar nas coisas, na nossa vida, algo para o qual nunca temos tempo (ou que nunca queremos fazer). Não é preciso ter problemas do tamanho do mundo. O simples acto de falar, sobre tudo e sobre nada, é pacificador e parece tirar-nos um peso de cima. Mas para quem está a passar por uma depressão, acho ainda mais importante. Os medicamentos ajudam, cumprem o seu papel, mas não resolvem o problema de base, o que está realmente mal. Gostava que, caso tenham passado (ou estejam a passar) por uma depressão ou algo semelhante, partilhassem a vossa história, se vos apetecesse. Quando falei aqui dos ataques de pânico, fiquei surpreendida com a quantidade de gente que estava a passar pelo mesmo, e ainda hoje recebo muitos mails sobre esse assunto. Acho que da partilha saem sempre ideias interessantes e que podem ser úteis. Acho também que temos de estar alertas, não só a nós mas a quem nos rodeia, porque isto não é uma coisinha que se ultrapasse de ânimo leve. É grave, é duro e é importante saber pedir ajuda. 

234 comentários:

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Anónimo disse...

Também sofro de depressão. Ainda hoje me deu uma recaída, não me apetece sair de casa, ver pessoas, é uma sensação horrível. Não percebo porquê, tudo me corre bem lá fora, mas não consigo deixar de me sentir mal.

Kika

Luisa disse...

Muito obrigada por este post.

Anónimo disse...

Tenho alguém próximo a passar pelo mesmo, embora esteja cada vez melhor e a dar a volta por cima(ataques de pânico, deoressão associada a esses momentos). Tive de aprender a lidar com o preconceito que eu própria tinha...o "isso é psicológico, pára com isso". Como se o "ser psicológico" não fosse para levar a sério.

Posso deixar pelo menos uma sugestão, não só para as pessoas que passam com isso, mas para todos nós - os que compreendem como a terapia seria importante, mas não há disponibilidade (de tempo ou dinheiro, ou ambos). Escrever. Não é preciso escrever muito nem bem. Nem ligar à pontuação, à caligrafia, ou sequer guardar o documento que acabaste de digitar em word. Mas organizar assim o pensamento ajuda.

Claudia disse...

Acabei de ouvir isso como diagnóstico agora mesmo, por uma médica amiga. Aconselhou-me um psiquiatra... estou a chorar há duas horas... E sim, eu tenho tudo... um filho lindo, um marido, um emprego.. e excesso de peso.

Unknown disse...

Muito bem escrito! Estava a ler o teu texto e a vêr-me ao espelho! Estou a passar por isso agora, desde Dezembro, procurei um psiquiatra que me deu comprimidos embora me recomendasse terapia. Os comprimidos fizeram-me várias reacções e tive que deixar de os tomar. Segui o conselho do médico e comecei a terapia com uma psicóloga, ainda só fui a uma sessão, mas saí de lá com várias certezas: é por ali a minha cura; os comprimidos não servem de facto para toda a gente; só uma sessão já fez uma grande diferença! O dinheiro gasta-se em coisas insignificantes, melhor gastar na minha saúde!
Beijinhos Pipoca!

Anónimo disse...

Concordo com tudo o que foi dito. Passei por uma depressão, há relativamente um ano e foi a pior sensação da minha vida. Não sabermos o que se passa e o porquê de se estar tão apatica e sem vontade de fazer nada é agustiante.
Já deixei os comprimidos, mas temos de estar sempre atentos aos pequenos sinais para não voltarmos ao fundo do poço.
Sei que falar é muito fácil, mas a todas as pessoas que estão a passar por uma depressão, não deixem de procurar ajuda e o tempo ajuda-nos a superar tudo. Força!

Unknown disse...

Muitos Parabéns pela abordagem deste assunto! É um tema complexo mas em muito me revi nas suas palavras.
Caso me consiga expressar, em breve partilharei a minha história pela qual passei e originada, inicialmente, pelos ataques de pânico.
Resto de umas boas férias!
Beijinhos,
Carla M.

Anónimo disse...

Há uns anos atrás achava que as pessoas com depressão eram um bando de desocupados que tinham tempo a mais para pensar em doenças. Depois bateu-me à porta e percebi que o sofrimento mental é muito mais difícil que suportar que a dor física. A sensação de desespero é inanarrável.Não tinha vontade de me arranjar, de sair de casa, de comer, de trabalhar, em suma, de viver. Cheguei a agredir-me, a magoar-me fisicamente. Era o desespero. E tal como refere eu tb não tinha nenhum motivo especial (não estava desempregada, tinha dinheiro para pagar os meus compromissos, os meus entes mais querido e próximos estavam bem). Aliás, era esta falta de motivo que me fazia sentir pior: senti-me uma fraca, uma coitadinha, uma incapaz de dar a volta de ter força (e eu tenho muita dificuldade em admitir fraqueza...). Não dormia. Sentia-me triste, infeliz, a pessoa mais feia do mundo (achava que a minha cara tinha mudado, acreditam??)incompetente, incapaz. Não desejo ao meu pior inimigo aquilo que passei e que fiz passar quem gosta de mim. Pensei em suicídio inumeras vezes. Pesquisei na internet. Pensava na forma mais rapida e indolor. Estive por um fio pelo menos uma vez. A depressão é uma merda sim senhor, a depressão doi, DOI MUITO é uma dor que não passa com uma aspirina. Neste momento estou melhor, muito melhor. O que eu aconselho? A procurarem ajuda médica, a rodearem-se de pessoas que v/ querem bem, a ter muita força, não perder a esperança, pensar que é uma doença que tem cura e que vão ficar curados, que vão voltar a sentir alegria e vontade de viver. Se a depressão tiver algum motivo (desemprego, morte de pessoa querida, divorcio, separação), há que levantar a cabeça, pensar que não somos os únicos que já passamos por isso, dar tempo ao tempo, distraimo-nos, fazermos desporto (AJUDOU-ME IMENSO E AINDA AJUDA), lutar, acreditar, ter esperança. EU VI O FUNDO DO POÇO E CONSEGUI VOLTAR À TONA. É POSSÍVEL.
Tudo de bom.

Mafalda

Joana disse...

Olá, também sou da opinião que os medicamentos não ajudam, só nos adormecem, só fazem com que fiquemos sem reagir, sem força mental e fisica para identificar, enfrentar e tentar solucionar os problemas.
Para mim tem tudo a ver com um trabalho interior que temos que fazer, só nós nos podemos ajudar, se não tivermos força interior para resolver e seguir em frente, mais ninguém nos poderá ajudar.

Anónimo disse...

olá brasileira...! que as férias estejam a ser deliciosas.
Acho de uma grandeza de alma lembrares-te deste tema porque me toca particularmente. Tenho sentido um estadio de tristeza profunda associado a apatia mas lá vou avançando e não paro muito para pensar porquer me magoa e acho que me faz mal....ainda não procurei ajuda especializada na esperança de conseguir superar isto sózinha. Só o meu namorado sabe disto (alías principal móbil da questão), mais ninguém. Não sei, por veze acho que as pessoas me sentem triste um pouco apagada mas ainda não fui interpelada diretamente.
Uma vez consultei um psicólogo, fui apenas a uma sessão. Não gostei, senti-me ridicula...a falar sobre a minha intimidade com quem não conheço e sem qualquer retorno, nem feed-back. Acho que não tive empatia com o senhor...marquei agora uma consulta de neurologia, talvez me ajude.
Obrigada Pipoca pelo tua sensibilidade!

eucomplicotucomplicasnoscomplicamos disse...

...infelizmente estou a passar pelo mesmo...e estou a tentar perceber se consigo ultrapassar sozinha...

Obrigada.

Brown Eyes disse...

Olá Ana; revi-me em tudo o que disseste, pois há quase 3 anos que luto com uma doença dessas - a depressão. A minha tem uma causa, aliás, em tempos já te escrevi um mail quando andavas à procura de histórias de desilusões amorosas - eu estava grávida da minha filha e o meu companheiro arranjou outra sujeita, abandonou-me, grávida, humilhou-me, eu passei pelos últimos tempos sozinha, tive a minha filha e desde aí não tem sido fácil. Corri riscos, quando tu descambou pensei em desistir, no fim da gravidez tive muitos problemas, emagreci, a criança também não "ajudou" muito no parto, tive que ser medicada ainda antes dela nascer...foi horrível. A depressão continua, ando em tratamento desde então e a bebé já tem quase 3 anos, tenho momentos melhores do que outros, por vezes tenho ideias destrutivas face a mim própria e a quem me fez mal, tenho gasto rios de dinheiro em psiquiatra, e finalmente convenci-me a mim mesma que tenho que complementar com psicoterapia.
Tenho períodos em que me acho feia, desinteressante e não consigo ainda deslindar porque é que aquele traste me fez o que fez; no meio há muitas provocações, a sujeira com quem ele se meteu e a família dela não contentes com a falta de conduta ainda me chamam de preta, os pais dele que a princípio me apoiaram, nunca mais quiseram saber da neta nem dos meus problemas, e tudo isto agrava o meu estado.

Mas apesar de tudo tenho momentos em que tento renascer, dedico-me ao meu trabalho, proporciono tudo o que posso à minha filha...mas não sou de ferro e quando caio não é fácil, e rejeito tudo e todos.

Por vezes penso que jamais ultrapassarei este sofrimento, outras vezes acho que o vou conseguir; enfim...tenho esperança e acho sinceramente que não fiz nada de mal, que talvez tenha sido apenas vitima do mau carácter de um sujeito e que a vida me vá dar mais oportunidades; espero curar-me de vez :)

Um beijinho
BE

Blondie disse...

Enviamos para que email?

Anónimo disse...

Sei que é um bocado triste escrever-te como ´"anónima", mas a verdade é que nunca fui capaz de admitir para ninguém que não estava bem, e que a depressão fez parte da minha vida e ainda faz(é um vai e vem)! Sempre que estava quase a falar, a deitar cá para fora o que sentia, pensava "não, aguenta, tu és forte, vão pensar que és uma fraca, vai ser humilhante". E nunca falei, e então o não ver ninguém, não falar com ninguém, tornou-se a "técnica" mais recorrente para não ter que mais uma vez colocar a "máscara" e fingir que estava sempre bem.
E agr neste momento é me muito difícil relacionar-me com as pessoas...

Anónimo disse...

bom apenas quero dizer OBRIGADA. Estou a passar por uma depressão e este texto descreve na perfeição o que senti quando nas urgências do hospital (após um ataque de panico) a psiquiatra olhou para mim e disse que estava com uma grande depressão.Não quis acreditar..uma depressão ? mas porque havia eu de estar com uma depressão ? Pois, a "corda" sem eu perceber esticou demasiado e acabou por rebentar. Fui convidada a passar "uns dias" numa casa de repouso ..para descansar, o que salvou-me a vida pois aprendi a lidar com isto. Mas sei bem o que é olharem para nós como se estivessemos loucos..."tens que ter força, és jovem és bonita, tens tudo para ser feliz, porque é que estas assim? ! " O tempo passou e fui saindo com a ajuda claro da terapia, da minha familia e alguns comprimidos..5 meses depois sinto-me mais forte a cada semana que passa. E agora compreendo que esta doença não escolhe idades nem caras feias ou bonitas e ataca silenciosamente sem nos apercebermo-nos. E sim temos que ser fortes mas isso vem de dentro.
Um dia ela passa e sentimos novamente o controlo da nossa propria vida..e é claro "muita calma nessa hora" :)))

Anónimo disse...

Obrigada por me fazer sentir mais "normal"... Obrigada por pôr em palavras algo tão duro... é verdade é duro... mas de uma maneira tão leve... Obrigada por ser acessível, por ser humana ao mostrar outro lado que não o "pipoca"... Por isso sou sua leitora assídua... e claro, também pelo lado pipoca... :)
Obrigada!

Eduardo disse...

Deixei uns vídeos sobre ansiedade e ataques de pânico no meu blogue. Espero que ajudem a compreender.

Romântico à Forca

SR disse...

Sem dúvida que é um assunto importante de se trazer a público. Há pessoas que precisam de ajuda. Todos nós já passamos ou conhecemos quem tenha passado por uma depressão, e muitas vezes escolheram rumos que mudaram vidas.
No meu caso, apenas sei o que são ataques de pânico e viver numa ansiedade desmedida - e tudo por causa de um problema familiar que não justificava ficar nesse estado. Mas afectou-me. Ainda hoje em dia é normal sofrer os sintomas. Mas tento lutar diariamente para os ultrapassar. Antes de estarmos bem com os outros, temos que estar bem connosco.

Anónimo disse...

Sei bem o que isso é! 7 anos sem um unico anti-depressivo no bucho ou melhor só um, mesmo um e alguns calmantes pelo meio, quando me sentia mesmo mal e depois nem pensar foi à minha custa, viajem interior, psicanálise, psicologos e hipnoterapia, muita leitura, muita descoberta, os comprimidos só tratam os sintomas, não tratam a causa. Eu tive AGORAFOBIA, é horrivel, não podia ir a lado nenhum só ficava confortável quando estava de volta para a minha casa( zona de conforto) mas eu sou a prova VIVA que se consegue ultrapassar, mas nunca mais somos as mesmas pessoas, somos melhores, mais atentas, sensiveis e uma data de coisas melhores, abriu-me o caminho para uma certa espiritualidade que até então não tinha. Se alguem precisar do meu contributo estou inteiramente à disposição, ajudo no que puder e no que não puder, porque sei muito bem que estas pessoas não vivem, sobrevivem!!!!

Angela Fernandes disse...

Olá!
Quando estava na faculdade também me disseram que estavam como início de uma "depressãozita".
Posso dizer que a meditação foi o que me fez saltar fora disso... mas há algum tempo soube o que eram ataques de pânico ou crises de ansiedade... e não achei muita piada.
Trabalho como coach, e o nó na minha cabeça foi ainda maior: ajudo pessoas a lidar com isto e para mim não estava a ser fácil.
Até que fiz o que ensino e apoio os outros a fazer: não resistência ao que sentir... deixar vir as sensações... mesmo quando estava a despertar uma crise... e ela passava... até que foram diminuindo ou desaparecendo.
Mas é sem dúvida um assunto ainda pouco falado... falar de emoções, especialmente as que estão reprimidas não é fácil.
Estamos a aprender! ;)
E quantos mais falarmos do assunto, mais ficamos conscientes da importância de "iluminar" o passado com a nossa consciência e não enfiá-lo num buraco sem querer olhar para ele!!
Sorrisos!!!

Unknown disse...

Tocaste num assunto que me é muito familiar, e a parte do não querer pedir ajuda, no nosso meio a terapia não é vista com bons olhos, és "fraca da cabeça" se admites que podes estar com problemas que quem, como tão bem apontaste, nunca passou por isso não sabe compreender. Este ano fiz o que talvez já devesse ter feito há muito tempo e comecei a ter acompanhamento, psicoterapia, e apesar de ao início não acreditar que fosse fazer algo por mim (porque normalmente não acreditamos que seja possível sentirmo-nos melhor) agora dou por mim a aprender coisas importantes e realmente a pensar e a descobrir razões pelas quais nos sentimos em baixo, com ansiedades, tristes, etc. Já tive episódios de ataques de pânico e que digo frequentemente que são momentos que não desejo a ninguém de tão desesperantes. Mas hoje estão ultrapassados que é algo que pensamos nunca conseguir. Acho importante colocarmos o nosso bem estar acima de tudo e mandar os preconceitos à fava. Um familiar da minha cunhada suicidou-se por causa da depressão e dos ataques de pânico, é importante não deixar chegar tão longe e tratar da nossa saude mental que é tão importante como a física. Bjs

Anónimo disse...

Pipoca na verdade é a primeira vez que comento o teu blog mas este assunto é tão pessoal que não podia manter-me em silêncio. E se agora é fácil falar sobre este assunto, é porque muita coisa em mim foi mexida e resolvida.
Tinha mais ou menos 25 anos, a vida corria-me bem, um bom emprego, um bom namorado... Até que um dia custou-me mais do que o normal sair da cama e no dia seguinte ainda mais e sempre mais... sem saber porquê! Olhava ao espelho e dizia que hoje ia ser diferente mas não era! Não controlava e a uma certa altura desisti de tentar controlar. Deixei que a depressão tomasse conta de mim... perdi o emprego e quase perdi o namorado! Não me importava... Só queria que me deixassem em paz! Um dia obrigaram-me a procurar ajuda... Fui contrariada a uma psicóloga. Duvidei que alguém me pudesse ajudar até porque não havia nada para ajudar... Ninguém sabia de onde vinha, qual o motivo... Há excepção da minha psicóloga. Não procurou um motivo procurou as consequências de estar assim... Primeiros planeamos o futuro e só depois alterámos o passado. Doeu, mais do que alguma vez poderia imaginar, mas hoje sou uma pessoa diferente! Ainda não estou "curada" se é que algum dia vou estar...
Mas a mensagem que quero deixar aqui é de esperança... É possivel ultrapassar, com esforço e dor mas a recompensa é maior. Hoje vejo o futuro pintado com cores em vez de cinzento!

Força a todos aqueles que estão a passar por isto!

Carolina Rebelo

Unknown disse...

oh senhora agora que você está de férias é que se lembrou de um tema destes?
cada qual tenta lidar com a depressão à sua maneira: pílulas, imperiais, charros...
agora que a coisa mais tarde ou mais cedo, volta, lá isso volta!
curta as férias, aprecie a blimunda e companhia, e pense nisto quando chegar!

Mary disse...

Antes de mais permite-me uma correcção. Hà 2 tipos de depressão. A Reactiva em que a depressão se instala vindo com ligação directa a algo traumatico que acorreu na nossa vida (já tive essa por 2 vezes uma aquando da morte da minha avó e outra recente ja 2 anos devido ao suicido da minha melhor amiga também ela vitima de uma depressão) e a Depressão patologica em que o corpo deixa de produzir serotonina. A primeira ultrapassa-se melhor ou pior com terapia e falar ajuda muito. A segunda infelizmente tem de levar medicação e nessa altura a medicaão pode ter de tornar-se vitalicia para que o corpo tenha a tal serotonina que nos impeça de descer de novo ao "inferno". Neste caso temos de encarar a medicacao como um diabetico encara a insulina: um medicamento necessario para a nossa sobrevivencia.

As minhas depressões ultrapassei-as graças ao apoio do meu marido. Com muita conversa ele nunca se cansava de ouvir as minhas duvidas e de me ajudar a esventrar todas as hipoteses que terão levado ao suicidio da nossa amiga. Fez-me muito bem deitar cá para fora tudo o que ia aqui dentro de mim num reboliço e fervilhar de ideias. Ajudou sobretudo a arrumar a cabeça e a encarar novamente a vida de frente.

No caso da minha amiga supomos que tenha sido uma depressao do 2 caso. O psicoloc indica que sim mas nunca teremos respostas. Era uma pessoa super alegre, bem disposta, de bem com a vida. Com uma carreira profissional brilhante. Nem o marido se apercebeu que algo ia mal. Até à 1ª tentativa de suicidio. Depois apartir dai foram mais 3 e à 4 foi de vez. Mesmo o marido convivendo com ela ainda hoje não encontra respostas. Le e rele as cartas que trocaram em 15 anos de relacionamento e nao encontra pistas, nada. O marido fez tudo por ela até esconder de todos os amigos e familiares as tentativas de suicidio. Eu cheguei a perceber que algo não ia bem. Telefonava e ela era esquiva. Por favor quem se sentir perdida procure apoio na familia, num medico onde for preciso. Não é vergonha nenhuma pedir ajuda. Neste mundo cão cheio de Stress o que não é normal é ser normal!!! O ritmo de vida cria desajustamentos e temos de voltar a por a vida nos eixos!

Espero ter ajudado beijinhos

Rita Lucas disse...

Este assunto sempre foi sensivel para as pessoas, la esta a coisa do "coitadinha é malukinha"! Desengane-se quem assim pensa e desculpem mas pensa mal e deve procurar informação para mudar a opinião e talvez assim consiga ajudar alguem que esteja a passar por tal problema!
Eu ja passei por ele, foi dificil, so pode contar com a familia.
Fui a umas consultas com uma psicologa (5 estrelas) sentia-me tao bem quando saia do consultorio, tão leve, aliviada mas acima de tudo ficava mais descansada e até sorria.
Faz bem ter ajuda e as pessoas devem sim pedir/procurar ajuda.
Os amigos tambem são necessarios nesta altura devem sim ajudar e nao dar palmadinhas nas costas, ajudem de verdade.
Já agora sou totalmente a favor de baixarem o valor das consultas, muitas pessoas acabam por nao procurar ajuda pois nao têm dinheiro para a pagar, tudo bem que um psicologo estudou muitos anos e blá e blá e blá... tambem eu estudei muitos anos!!!! Todas as pessoas deviam ter direito de acesso aos cuidados de saúde necessarios e isso é um direito que esta cada vez mais a ser "negado" à população.
Se formos a ver bem neste momento caminhamos a passos largos para que o direito aos cuidados de saude sejam mais um direito de uma elite e nao do povo, assim como a edução!!!!!
Mas isso ja são outros quinhentos....

Unknown disse...

Concordo perfeitamente contigo! Estou a passar por uma depressão agora e sei bem o que é acordar de manha e não haver nada que nos faça querer sair da cama e enfrentar o mundo, ter coisas boas na vida mas só olhar para as más. Uma das coisas que mais me custou foi ter de admitir que tinha um problema (que por consequência foi dar a outro ainda pior) e pensava para mim mesma que tinha 19 anos e não tinha idade para ter depressões e que isto eram só fitas mimadas que fazia, mas lá está, fui reprimindo tudo cá dentro até que explodi. É sempre bom ouvirmos pessoas a falar daquilo porque já passamos, de uma certa maneira dá-nos força, pelo menos comigo isso acontece. Obrigada Pipoca :)

Unknown disse...

Vamos fazer como nos AA.
Bom dia, sou a Anita, tenho 22 anos, sou estudante em psicologia e jà tive uma depressão.
Alias, foi essa depressão que me fez levar a estudar psicologia para, um dia, ajudar pessoas a sair da depressão, tal como a minha psicóloga me ajudou.
Não é facil. Ficava em casa e tudo o que queria era dormir ou chorar. Chorava sem saber porquê. Chorava apenas porque naquele momento apetecia. Mas tal como dizes, não sabia porquê. Até porque se formos a ver, não tenho motivo nenhum de queixa sobre a minha vida. Não tenho hoje e não tinha naquela altura. Tudo era para ser cor de rosa..
Simplesmente estava naquilo.
Hoje, ao estudar psicologia percebo um pouco melhor. Hoje não tenho medo de voltar a cair naquele estado! O que é um alivio!
E espero do fundo do coração, daqui a uns anitos, ser capaz de ajudar quem passa por isso.
Porque não é mesmo uma merda!

Hamburguer da Suca disse...

Como Psicóloga: Muito Obrigado!!

Alexandra disse...

A depressão é das piores coisas da vida.
Choras sem motivo, ficas sem acção, e as coisa que te faziam minimamente feliz deixam de existir, é uma merda sim!
Noites mal dormidas que te levam ao desespero, choras porque vais ao psiquiatra e não és maluca, mas apenas precisas de ajuda. Começas a tomar os chamados antidepressivos, que te ajudam a ficar calma e a dormir melhor, mas que são altamente viciantes.
Começas a sentir-te melhor e aos poucos vais deixando os comprimidos, começas a sair de casa e a voltas a normalidade.
Quem já teve uma depressão sabe que é um processo demoroso de ser tratado, e que deixa marcas para toda a vida. Todas as pessoas tem dias bons e dias maus, mas os maus podem ser muito maus ao ponto de puder levar a uma recaída, é necessário estar sempre alerta.
O importante é procurar ajuda em médicos e apoio nos amigos e família.

Anónimo disse...

Excelente post Pipoca, Não poderia concordar mais. Também na minha vida passei por essa fase de apatia e andar em modo automático. Vi que não estava bem e era altura de pedir ajuda. Fiz um ano de terapia, o meu marido também e alguns amigos. Não tenho vergonha de contar a minha experiência que foi muito enriquecedora e me colocou em paz comigo e com o mundo. Sou de opinião que todos deveriam fazer terapia pelo menos uma vez na vida (mesmo quando julgam que não necessitam...às vezes a necessidade até lá está) e seriamos todos pessoas melhores conosco mesmo e com os outros. Sim teríamos eu derrubar estigmas e as consultas serem mais baratas ou grátis :)T. Boasss Fériasss

S disse...

Gostei muito do post e concordo completamente em Portugal dá-se muito pouca importância à parte psicológica e ter terapia ou ir a um psicólogo é para malucos, e não devia ser assim!
Bj S

Anónimo disse...

Tão verdade o que li. Sózinha procurei ajuda.O sofrimento, a dor, a angustia,a escuridão o vazio tomaram conta de mim.Quero sair deste poço sem fundo.Quero ter força.QUERO que os que vivem comigo sejam felizes.Obrigada Ana,desabafei.

denise disse...

Obrigada por este post! E isto tudo que eu ando a sentir e e horrivel.

Anónimo disse...

Infelizmente e devido a toda a situação que este país atravessa convenço-me mais e mais a cada dia que passa que se não tivermos uma razão muito forte para sairmos da cama todos os dias mais cedo ou mais tarde todos nós iremos passar por uma ou várias depressões. Eu estou desempregada há 2 anos e sinceramente senão fossem as tarefas diárias que obrigatóriamente tenho que fazer para o bem estar dos meus filhos ainda pequenos tenho a certeza de que há muito estaria num estado grave de depressão. A única coisa que posso dizer é que de alguma forma encontrem alguém que vos ouça... apenas vos ouça sem fazer juízos ou opinar... escolham alguém e digam que apenas precisam de alguém que vos ouça... falar faz bem ao corpo, ao coração à mente e à alma...

Anónimo disse...

Ana, o seu texto explica muito bem o que é a depressão. Pelo menos refere tudo o que eu senti e o mau bocado que passei! Sou do norte e vim para Lisboa sozinha quando entrei para a faculdade. Ao fim do 3º ano, comecei a ter ataques de pânico, e a não conseguir ficar mais de 10 minutos numa sala de aula. Começava a sufocar e a sentir uns calores insuportáveis pelo corpo todo. Os exames eram sempre um caus, mesmo que estivesse bem preparada não conseguia aguentar os ataques de pânico e desistia. Cheguei ao ponto de não sair de casa, só chorar e ter vontade de morrer. Fiz terapida, andei em psiquiatras o que ajudou um pouco. Já passaram 7 anos, e nunca consegui ultrapassar completamente. É muito duro viver assim, e sem ter motivo aparente. Não tenho dificuldades financeiras, tenho uma família maravilhosa e tenho bons amigos, gosto imenso de mim, mas no entanto vivo um drama de uma depressão sem ainda ter percebido o porquê de me sentir assim.
Maria

Anónimo disse...

Tenho 22 anos e a minha depressão iniciou-se aos 18. O meu avô morrera ano e meio antes, a minha mãe mudara-se para outro país em busca de um futuro melhor para as filhas e a entrada na universidade abalara-me.
Sempre fui introvertida, ligada ao pensamento excessivo, ansiosa. Planeava falas, momentos, tal o medo de não saber reagir perante adversidades. Era rigorosa.
Entrei num estado dormente, em que mentia sobre as minhas idas à universidade - de facto, sempre que tinha de atravessar o rio rumo a Lisboa ou de apanhar o metro rumo à faculdade, imobilizava, voltava para trás. Desisti.
No ano seguinte, tentei de novo. Desisti.
No ano seguinte, tentei um novo curso. Desisti.
No ano seguinte, tentei um outro novo curso, e desisti.
Entretanto, já 40 novos quilos se acomodaram no meu corpo, tornando-me ainda mais retraída, desiludida. Não havia forças para comer saudável, era o que estava à mão e que tivesse a capacidade de me adormecer a alma. Não havia capacidade mental para me levantar do sofá, quanto mais exercitar-me. Encontrava-me ciente que o primeiro exercício a ser feito seria exercitar a mente - o que tentei, através de profissionais qualificados, que não considerei exigentes o suficiente, e não quis ser medicada contra a apatia.
Este ano, estou encaminhada. Consegui terapia com uma psicóloga pela qual nutro admiração, que me fez ver que devemos ter pena de nós próprios, aceitar o nosso sofrimento - e não minorizá-lo. Estudo, não numa universidade, mas num curso prático que me obriga a ser espontânea, e a agir. Todavia, o bichinho das letras mantém-se, e pede para ser estudado.
Decidi tomar as rédeas de mim própria e inscrever-me num ginásio, sendo que tem sido difícil comprometer-me com uma vida saudável.
Sou miúda de pânicos.
Aquando a minha depressão, chorei muito, fechei-me em casa, gritei que nem uma louca, enraiveci. Hoje, receio estar sem tempo, receio hipertensão receio um avc, receio um cancro, a morte - e, mesmo assim, não me esforço o suficiente.
Quantos mais problemas resolvo, outros tantos ponho à minha frente, infernizando a minha mente. E se consegui voltar a viver com vontade, agora receio que me tirem o tempo de.

Miss Q disse...

Muito obrigada por esta partilha! Servem (também) blogues com a dimensão como o teu para falar sobre este temas que atingem tanta gente e que pode muitas vezes fazer a diferença. E se o blogue tem o sucesso que tem é por ser diferente ele e tu que o escreves. Parabéns.

Anónimo disse...

A dificuldade para quem passa por uma depressão é primeiramente admitir que tem um problema, independentemente do apoio (ou falta dele) ou conhecimento de quem é próximo. Assumí-lo será o primeiro passo para procurar ajuda. Depois perceber que o importante é a nossa saúde e equilíbrio, e não a opinião ou preconceitos alheios. Sofro de episódios de bipolaridade (que pode levar a depressão) e sem querer recorrer a medicamentos o que me ajuda é fazer desporto. Concordo que não se dá a importância devida às doenças mentais que são tão ou mais graves que as físicas, o que talvez se deva a uma sociedade pouco informada.

Joana disse...

Não sei se já estive efectivamente com uma depressão, nunca me foi diagnosticada, mas houve uma fase da minha vida, há uns 5 anos em que afundei.
Tudo começou com ataques de pânico. Estava eu muito sossegadinha em casa e de repente, sem razão NENHUMA, o meu coração disparou, achei que ia morrer, que estava ter um ataque cardíaco. A minha família acalmou-me, que era cisma minha, blá blá. No dia seguinte, repetiu-se. A minha mãe deu-me uns calmantes naturais, o valdispert, mas tomar aquilo e um copo de água era a mesma coisa. Durante a semana que se seguiu andei melhor, mas sempre com um desconforto que não sabia explicar muito bem, parecia que nunca estava relaxada e que nem a dormir descansava convenientemente.
No fim-de-semana seguinte, voltei a ter uma crise, daquelas mesmo más, achei mesmo que o meu coração ia parar. Os meus pais levaram.me ao hospital, só me sentia a piorar na sala de espera com a perspectiva de ter gente à minha frente e de morrer no entretanto. Quando entrei fizeram-me um electrocardiograma e deram-me vallium. Não me lembro do que mais fiz lá, porque o efeito da medicação foi rápido, a ansidedade desapareceu e deu lugar ao sono. Receitaram-me victan para tomar em sos, que me acompanha até hoje, felizmente com cada vez menos frequência.
No entanto, depois deste episódio, não sei explicar como nem porquê, comecei a isolar-me. Tinha vergonha da minha situação, comecei a falhar a nível profissional. Não queria ter de falar do meu problema com as pessoas. Afastei-me de uma grande parte da família e de amigos. Fechei-me em casa e acho que só saí meia dúzia de vezes num ano. Cheguei a frequentar uma psicóloga, mas infelizmente não gostei da abordagem dela e muitas vezes nos dias da consulta sentia-me ainda pior.
Agora posso dizer que tenho uma vida praticamente normal, sempre com fantasma do que me aconteceu, esperando e desejando que não se repita.

Não podia estar mais de acordo em relação à desvalorização que referes em relação a estes problemas. As pessoas acham que somos fracos, que estamos a exagerar, que não há necessidade de estarmos assim, como se quiséssemos ou escolhêssemos sentir isto. Acho que há um bocado a ideia que as pessoas entram em depressões porque não fazem nada para o contrariar. E vontade quando estamos na merda? Enfim, acho que só mesmo quem passa pela situação tem uma real noção do problema (que, para muitos, não é sequer considerado um problema. "Onde é que já se viu não vir trabalhar só porque está deprimida?". As doenças físicas são sempre consideradas mais "dignas" de motivar faltas laborais.). Não digo que quem nunca sofreu não perceba, mas arrisco que a maioria não tem a noção e muitos desvalorizam. A coisa que mais me irritava ouvir, mesmo de quem estava próximo, era "anima-te! Sai, vai espairecer, faz bem!". Só que eu não queria, está? Eu não queria animar-me, nem queria espairecer. Queria estar sozinha a "usufruir" da minha solidão. Também não suporto/suportava ouvir que não percebiam porque estava assim, se não me faltava nada. Sinceramente, eu não queria palmadinhas nas costas, preferia mil vezes que me tratassem da maneira usual. Mas também não queria que me perguntassem o porquê ou o como. Assim, e continuando a não ser agradável contar a minha situação, por exemplo, no meio profissional, o que me deixa um melhor sentimento são estes momentos de partilha e desabafo com alguém que, por ter passado por semelhante, irá compreender melhor. Prefiro ler relatos de pessoas e encontrar pontos em comum do que andar a choramingar para me darem mimo. Eu gosto muito de mimo, mas não suporto "festas na cabeça" por ter ataques de pânico - é assim que lido com isto.

Um grande beijinho.

Sofia disse...

OBRIGADA por teres escrito este post.

Eu era daquelas que pensava que a depressão era uma doença da moda e que era uma boa desculpa para os que não queriam trabalhar, até ao momento em que ela se instalou na minha família.
A minha mãe há mais de um ano que luta contra a depressão, mas parece que é uma batalha perdida. Crises de choro, dias e dias sem falar, apatia, falta de interesse por tudo e por todos, e por ai fora.
Eu, na tentativa, de não deixar o "comboio todo descarrilar", tento dar o meu melhor cá em casa, mas parece que as forças começam a faltar.
Eu sei que devia ir a um médico pedir ajuda para mim também, mas tenho medo. Não quero ser medicada. Não quero ficar no estado em que está a minha mãe. Não quero ser "a maluquinha".
Por isso, obrigada por este post, serviu para desabafar e aligeirar o peso que sinto.

Tudo de bom para ti e para os teus.

Anónimo disse...

No papel dizia que estava no limiar da depressão, isto, antes de tudo o que estava para acontecer. Depois, a vida deu uma reviravolta de tal forma em seis meses, que realmente senti que estava numa depressão. Sentia-me e agia, realmente, como se estivesse doida. Não queria sair de casa, não queria sequer ir à praia. Passei o verão praticamente fechada em casa, de tal maneira andava pálida que as pessoas à minha volta pensavam que estava doente. E doía, tudo e mais alguma coisa doía, e em parte ainda doí.
Ainda antes da reviravolta procurei terapia, e ainda tive, durante algum tempo, acompanhamento. Até me passarem para uma psicóloga que ao fim de dez minutos de conversa disse que o que eu tinha era "perda de identidade" e que precisava de uma terapia de grupo. Nunca mais lá voltei a pôr os pés.
Tive discussões constantes com o meu namorado, com a minha família, tudo. Isolei-me, só queria era estar sozinha.
Um dia, após uma conversa com o meu namorado, achei que chegava. Assim não podia continuar, eu não era nem nunca fui esta pessoa.
Ainda hoje me ando a tentar levantar, e há dias em que, realmente, não me apetece sair da cama, mas por mim, e por todos aqueles que me rodeiam e que gostam de mim, tenho de o fazer, e ganhar forças para o fazer.
Ando à procura de emprego, e vou iniciar o meu curso superior. Estes são dois dos objectivos pelos quais me guio, e que me dão força para continuar, todos os dias.

A depressão, ou mesmo sem se chegar a ela, é lixada (para não dizer uma palavra com "f"), e só nós é que a podemos combater. Não são os médicos, não são os nossos familiares, somos nós, e só nós!

Boa sorte para a sua amiga, e que tudo corra bem.

Anónimo disse...

Boa tarde
Costumo seguir o seu blog com regularidade mas esta é a primeira a vez que comento. Este post chamou-me muito a atenção porque tenho uma familiar que tem depressão recorrente. Este tipo de depressão "vai e vem", ou seja, tanto a pessoa está muito bem durante uns anos como, de repente, está outra vez deprimida. Sempre que isto lhe acontece, tento dar o máximo de ajuda possível mas, e como diz no post, chega uma altura em que uma pessoa perde a paciência porque realmente não compreende porque é que uma pessoa fica assim. Realmente é como diz: não é fácil lidar com uma pessoa depressiva. Não é fácil porque nos sentimos impotentes para ajudar e, no meu caso, essa pessoa recusa-se a ir ao psiquiatra ou ao psicólogo desabafar.

Só queria agradecer-lhe por colocado este post e por me deixar partilhar a minha história.

Anónimo disse...

Tenho depressão há 8 anos e já tive acompanhamento terapeutico, que nunca me resolve por inteiro o problema. Tomo medicação, atualmente, o que me mantem serena, mas por vezes tenho momentos de puro vazio interior e um pânico inexplicável. Por vezes tenho o sentimento de causa perdida, que isto nunca irá passar. Porém todos os dias faço um esforço para sorrir mesmo sem vontade. É esse esforço que temos de fazer todos os dias... Sejamos fortes...

Unknown disse...

Parabens Ana, o texto esta muito bem escrito. Aborda muito bem o tema da depressao. E faco votos sinceros para que chegues rapidamente ao poder, porque se as pessoas andassem mais felizes com elas proprias nao perderiam o tempo com mesquinhices a serem mas para os outros. Sinceramente acho que a crise em Portugal nao passa somente pelo aspecto financeiro, mas maioritariamemte pelo emocional

Anónimo disse...

Estou aqui a chorar como uma desalmada com este post. Eu às vezes tenho que me por a ver fotos de há 2, 3 anos atrás para me lembrar o que era não estar deprimida, de como era leve e feliz a maior parte do tempo. Tenho 31 anos e luto contra uma depressão há quase 2. Eu sabia que estava deprimida, não tinha vontade de fazer nada, só ver séries umas atrás das outras para o tempo passar mais rápido, mas achava que ia passar. Afinal, tinha e tenho um namorado fantástico, giro, trabalhador, que me respeita e que me trata tão bem, não tenho problemas financeiros nem se saúde. Mas mesmo assim sentia que a minha vida era uma merda, não tinha vontade para fazer nada, para contactar as minhas amigas, para fazer programas. Cancelava tudo sempre com mentiras estúpidas. Cheguei a pensar e planear acabar com a minha vida. Era isso ou cortar relações com toda a gente e viver metida na cama.
Com a terapia (com uma psiquiatra) percebi que um monte de merdinhas e o facto de odiar o meu trabalho me tinha levado àquele estado. Com a ajuda de anti-depressivos ganhei força para começar a resolver os meus problemas. Os anti depressivos só fazem com que os sintomas da depressão não se façam sentir tanto, e isso deu-me força para fazer mudanças na minha vida.
sinto que ainda não estou curada completamente e tenho os meus dias mais em baixo que a única coisa que faço é perder tempo, mas não o faço metia na cama, sou capaz de sair e ir passear e fazer algumas coisas.
Algo que me ajudou bastante foi começar a cuidar mais de mim. Começou por me obrigar a tomar banho uma vez por dia (nos pontos mais horríveis da depressão cheguei a estar uma semana sem tomar banho) e depois comprar alguns trapitos e começar a usar alguma maquilhagem. Não tinha nada dessas coisas.

Força a todas as pessoas que sofrem de depressão. Eu sempre achei que só pessoas fracas é que sofriam de depressão, a coco na fralda chegoua dizer que não tinha tempo para depressões e acho que tem a sua razão, uma pessoa tem que se manter activa e tentar ao máximo fazer coisas para evitar cair na apatia.

Eu também tenho ataques de pânico às vezes. Por coisinhas de merda mas que me deixam doente durante dias. É preciso ouvir mil vezes o meu namorado a dizer que tudo vai correr bem para eu começar a acreditar. Eu sou daquelas pessoas que absorvem os problemas dos outros e tenho tentado deixar de fazer isso. cada um com os seus problemas e não me envolvo tanto nos problemas dos outros como antes.

Diana disse...

Identifiquei-me muito com as tuas palavras porque acho que estou neste momento a passar por uma depressão. Custou-me a escrevê-lo porque me custa a admití-lo. Para mim, admitir que estou deprimida é o príncipio do fim, por isso nunca o verbalizei. Sinto mesmo que à minha volta ninguém compreende ou então não querem saber!
Eu até tenho os meus motivos... Fui despedida por ficar grávida e desde aí (há 2 anos) nunca mais trabalhei. A minha vida é passada dentro destas 4 paredes... De manhã todos vão às suas vidas, menos eu...
Enfim...

Anónimo disse...

Olá, eu sou o Gonçalo, tenho 23 anos e vivo em S. Miguel, Açores.
Bem, realmente tocaste num assunto muito delicado acerca do qual partilho a mesma opinião que tu.
Em primeiro lugar quero felicitar-te pelo teu blog, o qual sigo apenas há umas 5/6 semanas, praticamente todos os dias. Apesar de não ser uma miúda/mulher, acho que postas coisas interessantes para criaturas de ambos os sexos. Acompanho também o blog do "Arrumadinho", do qual, igualmente, tenho muito boa opinião.
Quanto ao assunto da depressão, interessa-me porque neste momento ando a atravessar uma situação que me anda a deixar fora de mim e sinto que estou a iniciar um ciclo vicioso de depressão.

Anónimo disse...

Tudo começa com o fim do meu mestrado integrado (na Faculdade de Engenharia de Universidade do Porto), em Novembro do ano passado, no qual até fui muito bem sucedido, o que deveria dar-me um animo adicional; mas NÃO!
Nunca foi segredo que sempre preferi viver no Porto, em vez de viver na minha terra Natal, S. Miguel, mas por motivos familiares (a minha mãe precisa de um auxílio extra para cuidar dos meus avós e tias) decidi regressar a S. Miguel. Encontrei um estágio, no qual até nem sou mal pago (vendo a desgraça que anda pelo país), mas que não se encontra na minha área de especialização e que não me desafia com eu esperaria que fizesse. Basicamente sinto-me estagnado, sei que aqui não vou passar muito além disto e sou invadido por uma avalanche de raiva quando me dizem: "Oh, és um esquisito, o que interessa é que no final do mês te paguem o ordenado!" -.-'

Anónimo disse...

No ínicio pensei: serão apenas seis meses até que termine, e depois poderei procurar outra coisa qualquer, que me faça acordar pela manhã e levantar da cama sem pensar que irei para um "castigo".
A questão é que tive a dar umas olhadelas para empregos na minha área aqui na região e nada. Já falei com algumas pessoas acerca disto e o que disseram foi basicamente que na minha área só indo para fora daqui.
Em paralelo com isto, as únicas amizades que tenho de momento estão do outro lado do oceano, de modo que não saio com amigos, nem falo pessoalmente com os mesmos há mais de três meses.

Anónimo disse...

Para juntar à festa, decidi a partir de Dezembro, começar a fazer um plano de exercício físico e de cuidado com alimentação, pois eu estava com excesso de peso e não me sentia bem. Inscrevi-me num ginásio (nazi :P) e comecei esta aventura. Fui perdendo peso ao longo do tempo fazendo 6 treinos por semana, até agora, sem falhar, e neste momento vejo-me com menos 20 quilos! Perdi peso a uma taxa razoável, segundo
o instrutor do ginásio, mas no sábado passado, o mesmo veio falar comigo dizendo que já ando a levar os treinos ao exagero (que ando entrar num fenómeno de "overtraining") e que devia começar a abrandar.
Com tudo isto, comecei a fazer uma retrospetiva destas últimas semanas da minha vida e tive que assumir uma coisa que me estava a custar assumir (pois sou muito orgulhoso): entrei num ciclo depressivo, que anda a levar a um estado de verdadeira exaustão de tudo quanto faz parte da minha vida.

Anónimo disse...

Os sintomas que sinto nos últimos tempos, após um longa reflexão, enuméro-os em seguida:
- Falta de paciência para aturar os familiares (prefiro isolar-me no quarto em vez de conviver);
- Constante nervosismo e ansiedade (qualquer mudança na rotina deixa-me assim);
- Crises de choro a toda hora que estou sozinho (às vezes tenho de ir para a casa de banho para ninguém
me ver chorar);
- Qualquer coisa que eu não goste irrita-me de uma maneira como não me irritava antes;
- À noite não largo o PC e o facebook, e fico observando se o meus amigos do Porto estão "on-line" e se o
estão, isto faz-me sentir extremamente confortável (é muito estúpido, mas é verdade);
- Consequências do "overtraining": cansaço, aumento da aumento da frequência cardiaca em repouso e irritabilidade;
- Pensamentos negativos do género: "nunca mais vou sair disto..."; "estou condenado a isto..."; "Tenho vontade de parar com tudo, desaparecer para bem longe...";
- Falta de paciência para fazer algo que não estar em frente ao PC e ir ao ginásio;
- Receio constante de voltar a recuperar o peso que tanto me custou a perder.

A questão do "overtraining" já estou a resolver ao poucos com a redução gradual da carga de exercício ao longo das semanas, como me recomendou o instrutor (e para ele dar conta, eu devia estar mesmo a exagerar). Basicamente os treinos enchiam o vazio que havia em mim pela ausência de contato pessoal
com amigos e pela frustração profissional. A conclusão que chego é que a questão de eu perder peso foi a única coisa da qual me orgulho nos últimos tempos e isto fez-me ganhar uma obsessão com o assunto, levando ao extremo o exercicio físico (felizmente não me deu para ter uma alimentação a roçar a anórexia).

Anónimo disse...

Já comecei a tomar outras medidas, como obrigar-me a ler à noite (hábito que sempre tive e que deixei nestes últimos tempos), a deixar de ver quem estava "on-line" no facebook, só porque sim, e a exercitar
a mente com o exercícios de matemática (uma das minhas paixões de sempre :P)
Tentar aumentar os diálogos, aos poucos, com as pessoas também tem sido alvo do meu cuidado.

Acredita que para eu assumir tudo isto foi preciso eu engolir muito orgulho, e o próximo passo ainda aumenta mais a coisa: marcar uma consulta na psicóloga! Mas sinto que o devo fazer, senão qualquer dia rebento, como tu referiste.
A questão é que tudo isto está a passar-se sem o conhecimento da minha mãe, pois ela já tem muito com que se preocupar, o que dificulta minha vida no sentido de que, em casa não posso ligar à vontade a amigos meus, com receio que a minha mãe oiça a conversa, originando outro ciclo de preocupações de mim para com ela e vice-versa, o que não seria muito vantajoso.

De resto, agradeço esta oportunidade de desabafo e apesar de não nos conhecermos, nem eu conhecer as pessoas que poderão ler este meu texto, espero que, se alguém estiver a passar por uma situação semelhante
à que ando a passar, estes parágrafos, de certa forma, tragam algum conforto!

Anónimo disse...

Agora terei é de começar a tomar decisões, e dormitar sobre algumas questões, para os meses seguintes ao meu estágio; "Conseguirei livrar-me do remorso de deixar a família e ir viver para onde realmente quero?"; "Estarei preparado para explicar isto da forma mais correta à minha mãe?"; " Será que isto não a deixará muito em baixo?"; Mas por vezes temos de agarrar um pouco o egoísmo para nosso próprio bem... É o que ando a concluir com tudo isto... E infelizmente não acho ser uma conclusão errada...

Um bem hajam!

ps. Peço desculpa por eventuais erros ortográficos, mas escrever um texto assim comprido em pouco tempo, por vezes faz-nos distrair. :P

Joana disse...

Quando comecei a ler senti que é a descrição perfeita daquilo que sinto, fico na cama sem vontade de fazer NADA. Fico a pensar, "tens de ir arrumar isto" "tens de ir ter com a tua amiga que combinaste com ela" "tens de resolver aquilo" etc., mas não tenho vontade. Também há o medo. Uma sensação de medo e desespero que não sei bem explicar, que me atormenta de vez enquando. De pânico, parece que alguma coisa horrível vai acontecer e não há solução, não há futuro. E depois vem a raiva, porque que sinto medo? Ninguém me fez mal, não passo dificuldades (não sou rica, mas em comparação com aquilo que vejo estou bem, tenho casa, comida, roupa, uma pessoa que amo e que me ama também, etc.). Depois o trabalho. Sou enfermeira e para exercer a minha profissão tenho de me entupir com medicamentos para não tremer como uma maluca cada ver que vou fazer um procedimento. Até para um simples injectável tremo tanto ao ponto de não conseguir colocar a agulha na ampola (imaginem serem tratados por alguém assim, até eu ficava com medo!). e porquê? Por causa desse maldito medo que me impede de fazer coisas para a qual tenho competência e sempre fazia anteriormente. Depois também há a vontade de tratar mal toda gente que fala comigo, só quero que me deixem em paz e que não falem comigo, parece que toda gente me irrita. É a primeira vez que falo sobre isto, nunca contei isto a ninguém porque sinto vergonha de me sentir assim. Ainda não pedi ajuda, falei uma vez com o meu médico sobre os tremores, pois não conseguia trabalhar, ele desvalorizou, receitou-me uns medicamentos para um mês, disse que era ansiedade e ia passar. Há dois anos que os tomo e sei que não conseguiria trabalhar sem eles. Dizem que com a idade nos tornamos mais confiantes (tenho 27 anos), mas eu estou cansada de esperar que este medo, este aperto diário, passem, e fingir todos os dias que estou bem.

Obrigada por este "desabafo" :)

Margarida disse...

Já tive ataques de pânico também ao ponto de achar que ia mesmo morrer...panico de adormecer pois podia ja nao acordar, imaginar doenças que nao tinha e meter tudo louco á minha volta, do nada comecei a chorar como se não houvesse amanhã e sem saber porque, e depois as pessoas ao redor acham estupidos o nao sabermos porque estamos assim porque tem que haver um motivo mas a verdade é que não havia eu não sabia o porque de estar assim, até que um dia que passei um almoço de familia a chorar resolvi parar e fui consultar uma psicóloga, ajudou-me imenso, um espectáculo, mesmo que não me apetecesse sair de casa, que era quase sempre, tinha que contrariar a vontade e então andava sempre a combinar programas que me distraissem e até agora estou muito bem, nunca mais tive ataques, as vezes sinto-me triste mas acho que isso todos nós temos os nosssos dias...procurem sempre ajuda! tambem ajuda muito a pessoa que temos ao nosso lado :)

Maria disse...

Sim, passei por uma. Parecia-me o fim do Mundo e desaareceu após muita medicação. Curiosamente desapareceu quando numas férias e decidida a deixar as "Drogas" dormi que nem uma bela-adormecida. Acoradava para tomar o pequeno-almoço e voltava a dormir, fazia o almoço, almoçava e voltava a dormir novamente, etc etc, sem medicamentos. A coisa voltou ao seu ritmo quando a minha filha ingerssou na primária e era preciso que eu me levantasse da cama para a levar à escola a horas certas. Custou muito no inicio, era fisicamente doloroso porque estive um ano quase sem me mexer, mas hoje estou aqui para o que der e vier. Há um ano perdi o meu pai e senti-me ir novamente abaixo mas o facto de já conhecer a situação levou-me a segurar bem o bicho e aguentei-me, ultrapassei.
A terapia é qualquer coisa de divina, enquanto depressiva não a fiz (infelizmente) mas fi-la enquanto parte de casal, a tão famigerada terapia de casal, numa relação que tinha os dias contados e olha, funcionou muito bem. Recomendo a quem tenha difuldades no casamento e podem dizer-me ah e tal não posso dispender desse dinheiro. Meus caros eu fiz cerca de doze sessões, ao todo não foram mais do que seiscentos euros e garanto-vos que um divórcio/separação sai muito mais caro do que isso.

Anónimo disse...

Quando estou deprimida procuro novos lugares, desabafo com quem me é querido e leio muito. Isto para dizer que procuro ter ocupações para esquecer a depressão. E uma dessas ocupações é ler o teu blog. Obrigado Pipoca!

Jo disse...

Muito bom mesmo. Uma situação cada vez mais presente nas nossas vidas, quer seja vivenciada por nós mesmos ou afecte alguém próximo.

Anónimo disse...

Olá Pipoca,
Li o teu post, achei engraçado e fez-me pensar… Sou psicóloga, e com muito orgulho (e não vergonha) posso afirmar que faço psicoterapia há quase 7 anos. Orgulho, porque foi a decisão mais acertada que tomei na minha vida: sentia que qualquer coisa não estava bem em mim, mas não sabia o quê, pois aparentemente não encontrava motivos para tal tristeza. No entanto, havia uma voz dentro de mim que me pedia desesperadamente para perceber o que se passava. Assim, na terapia iniciei um caminho de procura e conhecimento de mim mesma, que não se esgotou no despejar daquilo que tenho cá dentro, mas antes no clarificar dos meus sentimentos e vivências até então, na transformação e amadurecimento de emoções, e por fim no autoconhecimento capaz de me manter segura nas minhas escolhas e de me conduzir àquilo que me faz feliz. Foi um caminho por vezes extremamente difícil e moroso, mas que permitiu encontrar-me e ensinou-me a viver a vida com muito mais sabor! Aconselho vivamente 

Tudo M'irrita disse...

Been there. E ainda não estou totalmente restabelecida, mas o fosso já lá ficou para baixo. E a minha psicóloga devia ir para Papa!

Lisa disse...

Olá Pipoca
Não costumo comentar os teus posts, mas sou seguidora assídua do teu blog. Este post mexeu deveras comigo visto tudo o que relataste ser aquilo que eu sinto neste momento, como se estivesses a falar com o meu eu mais profundo. Depois duma introspecção, realmente está na altura de procurar ajuda, sozinha não vou conseguir!!!! Obrigada por me abrires os olhos. Bem haja e tudo de bom!!!! Bjinho

Pipa disse...

Já estou praticamente curada da depressão. Começou por nunca ter fome (por dia bebia um litro de Ice tea- era só o que entrava). O médico diagnosticou-me o problema, entupiu-me de comprimidos que dão aquela moca valente e assim continuou. A minha mãe passou a dar-me a comida á boca. A sensação não se consegue descrever, é de uma força tão grande,ninguém percebe.
Um dia, fui ao médico, que se limitava a prescrever e a pesar-me, nem uma palavra sobre o meu estado, para mais uma recarga de anti-depressivos (cinquenta euros por caixa).
Mandou-me uma receita com 3 caixas para comprar e a caminho da Farmácia deu-se O MILAGRE !!

Viro-me para a minha mãe e digo " apetece-me um croissant com chocolate", juro que quase a vi de mãozinhas levantadas ao céu a agradecer :)

Amachuquei as receitas (ATENÇÃO, ISTO NUNCA SE FAZ...HÁ QUE HAVER O DESMAME), não fui á farmácia e disse para mim mesma " Porra, acabou esta vida de tristeza". Nunca mais lá voltei.


Eu sei que isto parece um pouco cinematográfico e podem pensar que não sofri. Mas emagreci 12 kg, não saía de casa, chorava, não me apetecia fazer nada. Tudo era razão para me afundar.
Acabou.

Depende de vocês mesmos. Tenham força e coragem :) A vida é espetacular

Chic Maria disse...

Sou leitora assídua do teu blog há uns 4 anos! E sinto que te conheço há tantos anos por passar por aqui todos os dias. Por isso é que me sinto feliz quando estás feliz, que gosto de ler o que escreves, que nem sempre concordo contigo (obviamente!), que partilho da maioria das tuas opiniões e que gosto de ti assim, tal como és. A primeira vez que comentei o teu blog foi exatamente no dia em que fizeste esse comentário dos teus ataques de pânico porque, também eu, passei pelo mesmo. Para mim, foi muito importante saber que não era a única, e só Deus sabe como me senti por perceber, finalmente, que não estava sozinha, sobretudo depois de ler os comentários dos teus seguidores. Surpreendeu-me a quantidade de gente que estava na mesma situação que eu, deu-me mais ânimo para lutar. Custa muito menos quando partilhamos. Hoje em dia controlo muito bem os meus "pânicos", mas na altura quase me deixei levar por uma depressão, por não saber o que se passava, pela vergonha (como tu falas e muito bem) de procurar ajuda, por me sentir completamente incompreendida. Fiz acunpuntura (que, até hoje, foi das terapias que mais me surpreendeu e ajudou), tive um terapeuta ocupacional que se focou no ensino de técnicas de relaxamento e claro, procurei ajuda junto de um psicólogo que se focou essencialmente na terapia comportamental.
O passo mais crítico, mas também o mais importante, é mesmo procurar ajuda e deixar os preconceitos de lado.
Espero que a tua amiga e todos aqueles que estão a ler e a passar por um momento desses possam sair vitoriosos.
Bem haja a ti por falares nestes assuntos! Admiro-te por tudo o resto mas, por isto, muito mais *

Anónimo disse...

Obrigada Ana! Conseguiste descrever com as tuas palavras o k ando a sentir. Uma fase (espero eu) conseguir ultrapassar com ajuda dos meis filhos, marido e familia. Beijo grande

Anónimo disse...

Gostei bastante do texto acima, não acompanho o blog há tempo suficiente para saber que já tinhas passado por isso.

Posso contar um pouco da minha história:

Costumo dizer que gosto quando a minha vida familiar é monótona, o contrário é geralmente mau sinal. Acredito que devido a esse mesmo historial desenvolvi a ansiedade que descamba em ataques de pânico se não tenho cuidado.

Apesar de ser um meio de transporte que utilizo invariavelmente todos os dias, o metro tornou-se a dada altura o meu pior inimigo. Há uns quantos anos atrás, de um dia para o outro, sem qualquer aviso, tive um ataque de pânico num autocarro, estava muito bem e no segundo a seguir não estava, boca seca, parecia que estava a perder os sentidos e que a minha barriga e bexiga estava com uma actividade (muito)acima do normal. Daí a chegar ao metro foi um instante, paralisou-me a vida, só a ideia de me aproximar de uma estação de metro era aterradora. Segui os passos normais psiquiatra+psicóloga e ao fim de uns meses comecei lentamente a recuperar e a ganhar a minha vida de volta.

Passados uns dois anos, novamente sem aviso, voltaram os ataques de ansiedade mas desta vez decidi agarrar "o touro pelos cornos", voltei à médica e fiz muito mais força para vencer o medo.

Concordo plenamente contigo Ana, Portugal não dá valor a algo que está a crescer- as doenças mentais.

A quem passa por ansiedade, depressão ou afins saibam que é possível superar com muuuuita ajuda e é muito importante não ter medo de pedi-la, esticar a nossa força de vontade e superação e rodear-nos de pessoas que nos querem bem.

Vamos lá (tentar) ser felizes :)

Páginas de Luz disse...

Boas!
Nunca passei por tal situação, mas acompanho o meu pai há ano e meio e revejo o que a Pipoca diz em certas atitudes dele.
Há ano e meio o meu pai saiu de uma empresa onde trabalhou mais de 20 anos, empresa essa que o tinha despedido e reintegrou-o com um salário muito inferior ao que tinha anteriormente. Decidiu, por intermédio de colegas de trabalho, mudar-se para outra empresa, a 65km de casa, com um bom salário. Logo de início referiu que aquilo não estava fácil, mas achámos normal. Afinal eram empresas diferentes, com métodos de trabalho diferentes...
Três meses depois, o meu pai deu os primeiros sinais: não dormia, andava constantemente irritado, chegava tardíssimo, acordava cedíssimo, trabalhava em casa, raramente conversava...enfim.
Lá veio a confirmação: ele estava deprimido. E tal como a Pipoca refere "ainda há um grande estigma e preconceito em torno disto", da terapia. Passaram-se meses, carradas de medicamentos e cá por casa, apesar de muito dificilmente, fomo-nos ajustando e aprendendo a lidar com essa situação.
Um ano depois do diagnóstico, o meu pai volta ao trabalho, com muitos olhares de aviso, muitos sermões, muitos "olha lá no que te metes, tu tem cuidado!".
Não valeu de muito.
Ele já está em casa há mais de um mês e espera vivamente voltar ao trabalho. No entanto confessa que mais uns tempos e volta ao mesmo.
O que lhe vale é ter uma família que se preocupa e o apoia. E não me refiro apenas ao agregado familiar, refiro-me à família inteira que está a par de tudo (ou quase tudo).
Infelizmente devem existir outras tantas pessoas que não têm a mesma "sorte" que o meu pai, que não têm família nem amigos para apoiar, que não têm como pagar a um médico especializado. Concordo plenamente quando diz que a terapia deveria ser mais barata ou até gratuita.

Anjo-de-Mel disse...

Na universidade passei por uma fase complicada e procurei ajuda e fiz terapia... Sou 100% a favor, contra os antidepressivos, pq no final os problemas continuam na nossa mente pois os fármacos ñ os fazem evaporar, e conversar com alguém especializado é mt melhor! Apenas posso dizer às pessoas q estão a passar por uma fase menos boa q as coisas vão melhorar e tentem procurar um psicólogo de referência, vão ver q td o q acontece tem razão de ser e vão conseguir encarar a vida e os problemas c outros olhos! Ñ há q ter vergonha, aliás, quem procura ajuda deve sentir-se orgulhoso de conseguir dar o 1º passo. Força menina/os!

Anónimo disse...

Olá Pipoca!!!
Como eu entendo tudo o que descreve neste seu artigo. Estive dependente de anti-depressivos durante 7 anos. Felizmente, com o nascimento da minha filha, e claro, com o apoio incondicional do meu marido, consegui superar o problema. Não digo que hoje em dia não tenha dias menos bons, mas acho que aprendi a viver com isso. Só quem nunca passou por isso, ou tenha vivida de perto uma situação dessas com algum familiar e/ou amigo é que não dá valor e acha tudo isso uma baboseirada.

Claudia Borralho disse...

Gostei muito Ana, principalmente porque se fala tão pouco sobre isto. Eu tive depressão pós-parto e sinceramente não consigo relatar aqui tudo o que vivi e senti, mas fica o link para o que fui escrevendo sobre isso: http://claudiaborralho.blogs.sapo.pt/tag/depress%C3%A3o

Terapias Pra Neura disse...

É o velho ditado..pimenta no cú dos outros é refresco.
Procurar ajuda não é vergonha,é coragem!!!
Se eu puder ajudar estou à inteira disposição.
Excelente post, boa partilha!
Beijinhos

Anónimo disse...

Nem de propósito este e-mail... Eu que sempre disse que depressão era coisa de gente que não tinha nada para fazer, vejo-me agora atolada numa depressão e tenho imenso para fazer, como profissional e como mãe. No trabalho consigo disfarçar (julgo eu) e até sou tida por pessoa extrovertida, divertida mas em casa falta-me a paciência para os meus filhos e aí a culpa só piora tudo. O que me apetece verdadeiramente era dormir, dormir muito e acordar como dantes, com força, energia e vontade de viver. O cansaço é tão grande que nem permite descansar e a mente nunca para. Apego-me à ideia de ainda ter alguma clarividência sobre o meu estado, que me permite dizer a mim própria que não estou muito mal se consigo ver quão mal estou, para acreditar que melhores dias virão.

Inês disse...

Eu sou filha (única) de uma doente mental: doente bipolar tipo I e possui traços de personalidade cluster B, histriónicos e borderline (sorte e grande e terminação).
Desde sempre me lembro de ver a minha mãe doente, de ir com ela a psiquiatras, vê-la em internamentos, a assistir a cenas a que nenhuma criança e adolescente deve assistir. Basicamente fui obrigada a crescer rapidamente.
Sempre tive a consciência de que a doença bipolar é genética, e esse facto deu-me sempre o discernimento de saber se algo não estava bem comigo, com a minha mente, mas também toda a vivência que tive e que ainda tenho com alguém que alimentou um monstro, que deixou de lutar, que está em risco, estranhamente tornou-me em alguém que não se conforma, que se revolta, que não entende o porquê de não se ter força para se lidar com a doença.
Há quem diga que eu tenho uma depressão enorme, eu digo que tenho uma depressão, tomo a medicação (felizmente minima) e que o resto sou eu que faço. De todas as vezes que me dirigi ao meu psiquiatra, sempre disse toda a verdade sobre o que sentia, o que passava comigo. Perguntei sempre se eu seria bipolar e sempre me foi dito que não. Lá por ter o gene não implica que tenha a doença.
Em 2012 tudo se agravou. A doença da minha mãe e respectivos agregados tiveram uma evolução abissal. Em Setembro do ano passado, tomei a iniciativa de ir ao psiquiatra novamente(tinha deixado a medicação há um ano e pouco e não me iria automedicar). Quando entrei no consultório a primeira que perguntei foi se era mais grave passar duas semanas a chorar ou dois meses sem o conseguir fazer. Fui medicada e saí do consultório com o pensamento que tenho desde sempre: a medicação ajuda, mas não é mais do que uma muleta, fará no máximo 20% do trabalho, os restantes 80% somos nós que temos que o fazer, apenas nós.
Tive um periodo de “descanso” durante um mês. Depois o descalabro total. Em Novembro, no dia em que fiz 32 anos tive dois ataques de pânico devido à minha mãe ter tentado desaparecer e ter dito que tinha ingerido dois litros de líxivia. E custa muito dói muito ver o monstro que foi criado, a capacidade que já não existe de lutar, o desespero de não ser tratada, o não saber esperar que a medicação demora a fazer efeito.
E não é fácil, e neste momento nada é fácil. Não é fácil estar só a lidar com tudo isto, não fácil acreditar que algo de bom há-de vir. Não é fácil ter estaleca para tentar minimizar, não é fácil acreditar que um dia bom há-de chegar. Tenho dias em que mal quero sair da cama e enfrentar tudo. Sei que neste momento se estivesse a trabalhar já teria sido provavelemente demitida.
A minha mãe tentou o suicidio por três vezes a semana passada (tudo no mesmo dia). Eu por acaso estava em casa e impedi. A minha mãe em outros tempos estaria já internada para ser devidamente medicada e vigiada. Agora…nada disso. Ajusta-se a medicação em casa, e eu que aguente. Urge que a minha mãe seja institucionalizada o quanto antes, para que ela tenha a assistência que precisa e mereçe, e não cometa nenhum acidente que corra lhe mal, e para que eu siga em frente.
O conselho que eu posso dar, é o que eu uso para mim. Há que lutar contra a depressão, lutar sempre, contrariar. Obrigarmo-nos a fazer o que gostamos, mesmo que não nos apeteça. Os medicamentos fazem apenas uma ínfima parte, e por mais apoio que possam ter, o trabalho mais forte, o maior e de mais valor, vem de nós, da nossa mente. Foquem-se nas coisas boas, em dias bons que hão-de chegar.
A ti Ana, obrigada por permitires que possa deixar o meu testemunho.
Inês
Inesesp.blogspot.pt

Inês disse...

Mais uma coisa que para mim é muito importante e deve ser para todos: não aceitar o rótulo de doente,de coitadinho, de tontinho. Não se rotulem e nem os aceitem.Uma coisa é ter-se uma depressão, outra coisa é aceitar o rótulo do coitado.
Eu não aceito e nem gosto de rótulos.

Anónimo disse...

Também já tive ataques de pânico e tomei antidepressivos e calmantes para os superar... Mas não me sentia nada mas nada bem com a medicação, não me sentia eu!
Então fui deixando a medicação... comecei a gastar as más energias com as amigas no ginásio.. passei a estar mais atenta à minha alimentação, que até então era totalmente desregrada, e passei a dar mais importância às vitaminas e proteínas, já que pelos vistos a falta destas pode causar ansiedade e ataques de pânico... E desde ai sinto-me muito melhor, e já lá vão 7 anos ;)!!!

Anónimo disse...

Olá Pipoca, já há muito tempo que sigo este blog pois identifico-me com muita coisa que aqui é descrita e faz-me feliz vir cá e sentir que não estou sozinha em relação a muitas coisas que penso e sinto. Nunca deixei aqui um comentário, mas hoje foi impossível não fazê-lo. Mais uma vez este texto deixou-me sem palavras, pois descreve na perfeição como me sinto muitas vezes. Nunca fui a um psicólogo, nunca tomei medicação, embora já muitas vezes tenha admitido que se calhar até precisava. Muitas vezes me encontro neste estado depressivo em que nada me parece suficientemente bom para sair de casa. Mas acabo sempre por ultrapassar estes estados sozinha, nunca ninguém me ajudou com isto e muita gente deve apenas achar que de vez em quando estou de "mau humor" e que tem a ver com a minha personalidade. Bem não me quero alongar muito, apenas pedir para que nunca deixes de escrever, pois percebo que não deve ser fácil ouvir tantas críticas destrutivas, mas pensa que também há outras pessoas que te admiram e (mesmo não concordando com todas as opiniões) fazes a diferença não só na minha vida como na vida de muita gente, tenho a certeza. Tudo de bom para ti e muito sucesso na tua vida!

Anónimo disse...

Este é o teu melhor post, pq infelizmente, identifiquei-me com ele.
http://cortinaindiscreta.blogs.sapo.pt

Casas disse...

Cresci com a minha mae com depressões periodicamente. Normalmente duas por ano. Começava com ela não se levantar o dia todo e quando estava em pé parecia que estava out. Na minha cabeça aquilo não fazia qualquer sentido. Tinha um marido que a adorava uma familia porreira, uns filhos impecáveis. Porque? eu ainda para mais sou a filha mais nova de 4 irmãos e sempre fui o bebe. Passei por aquilo muito sozinha.


Ate que tive o meu 1º filho e quando nasceu o 2º senti uma enorme alegria e ao mesmo tempo um peso no coração indiscritível (tinha 27 anos). Até que olhei para os meus filhos um com 3 anos e outro acabadinho de nascer e pensei " Eu não tenho empo para isto!" "quem é que vai tratar deles?" o meu ex marido era um egoísta e nunca me ajudava em nada da casa. Por isso eu sabia que por mais que me apetecesse ficar em casa, debaixo dos cobertores a ver telenovelas e a não pensar, ninguém me ia ajudar a tratar dos meus filhos. Eu simplesmente não me poderia dar ao luxo de ter uma depressão. Não tinha tempo para isso. Passou!

Até que nasceu o 3º filho. Eu separei me pouco depois de ele nascer e lá esta, lá vinha ela a querer vir (depressão). Separada com 3 filhos de 1, 3 e 6 anos, oh meu Deus!!! Não tenho tempo para isto. Tenho que reagir, eles dependem de mim e lembro me sempre de quando era pequena e de ver a minha mãe naquele estado. Ela não trabalhava e tinhas os filhos praticamente criados (quem tomava mais conta de mim eram os meus irmãos mais velhos)

De vez em quando ainda me vou abaixo (agora principalmente que estou desempregada) mas quando racionalizo a coisa, percebo que é tudo cabeça. REAGIR! Pensar sempre nas coisas positivas! ESTE TEMPO HORRIVEL também não ajuda!

Entretanto a minha mãe deixou o medico psiquiatra que a acompanha hà 20 e tal anos, a empanturrava em remédios para acordar, para dormir, para animar, para não sentir o peso no coração e foi a um medico de clinica geral e Homeopata. Ele faz milagres. Há mais de 4 anos que a minha mae não toma aquela medicação horrível, que ainda para mais a inchava, e esta muito muito melhor! As vezes é só encontrar a pessoa certa! Ela encontrou este medico. E até eu já lá fui!

As melhoras Pipoca

Anónimo disse...

Há 10 anos que vivo com a doença, não é fácil e infelizmente aprendi a viver com ela.
Aqui deixo o meu testemunho, foi assim que tudo começou:
http://aforismos.blogs.sapo.pt/29944.html

Anónimo disse...

Esta “merda”, parafraseando-te, não é nada fácil de gerir e não há nada mais complexo e para o qual estamos menos preparados do que domar a nossa psique. São situações que te acontecem e daí vêm estados de espírito que se acumulam, instalam-se e la ficam … Quando dás por ti, estás sentada num poço escuro e por mais que te chamem à razão para subires e que te tentem demonstrar que os teus pensamentos não estão corretos é uma longa viagem. Ao longo de longo de anos, meses, dias vegetamos em pensamentos negativos e não é nada “legal”. É mesmo à base do cliché - “o tempo tudo cura”. Temos de ser nós a batalhar para ultrapassar. Temos de ter coragem e a cada dia vencermo-nos um bocadinho a nós próprios.

Anónimo disse...

E agora uma pergunta mais complicada: Como convencer alguém, que claramente precisa, a ir a um psicólogo? Alguém que tem a mania que sabe tudo e que não aceita criticas nem opiniões e que acha que ir a um psicólogo é uma perda de tempo e dinheiro :(

Anónimo disse...

Olá Pipoca,
Não querendo ofender ninguém, quem diz que é contra os anti-depressivos e soluções que passem pelos medicamentos é porque nunca passou por uma depressão patológica.
O meu pai, profissional de saúde com enorme sucesso profissional e uma vida estável e feliz em casa viu-se de repente numa situação de reestruturação da empresa onde trabalhava já há 15 anos e que quase era mais importante do que a família, e foi despedido. O chamado 'esgotamento' apoderou-se dele, mas a coisa aparentemente passou.
Muito requisitado, começou logo a trabalhar noutra empresa na sua área. O problema é que as recaídas são bem piores do que a 'primeira' depressão.
Em 2006, foi finalmente ao psiquiatra e diagnosticado com uma Depressão por esgotamento. Depois de um período de medicação que não estava a resultar, o meu pai teve que ser internado durante uma semana no Hosp Júlio de Matos na parte da clínica para fazer Eletroconvulsoterapia (ECT). Os medicamentos não eram suficientes e muitos menos 'conversas com o terapeuta'. Graças ao seu envolvimento no meio e aos inúmeros amigos também na área, o meu pai foi tratado da melhor e mais rápida maneira. Os terapeutas sao óptimos, mas há alturas em que interessa agir o mais rapidamente possível.
Nos EUA, onde já não existe tanto tabu nestes assuntos, grávidas com depressões pós-parto são tratadas por ECT, já que têm o papel de mãe para cumprir e não podem esperar meses, quanto mais anos, para que a terapia faça efeito. Bem como executivos, como o meu pai, que têm no trabalho uma fonte inesgotável de preocupações mesmo tendo sucesso..
Nesse ano o meu pai ficou 6 meses em casa sem trabalhar, emagreceu quase 30kg.
Eu tinha 14 anos, e quando a minha mãe saía para ir ao supermercado ou qualquer coisa do género eu tinha que 'tomar conta dele' pois os pensamentos que lhe passavam pela cabeça iam todos dar ao 'só quero morrer' e nós vivemos num 8º andar.. Eu não podia dizer na escola que o meu pai tinha estado internado no Hosp Júlio de Matos senão a reacção era logo de que o meu pai era maluquinho. Dói muito passar por uma situação destas, a família sofre quase tanto como o doente já que não podemos melhorar por ele e vemos o sofrimento de dia para dia.
Hoje continua a tomar dois comprimidos por dia e será assim até ao final da vida.

Fashion Faux Pas disse...

Não podia estar mais de acordo. Já passei por várias fases bem depressivas - se foram depressões ou não, não sei, uns dirão que sim outros que não - e na primeira ainda fui ao psicologo. Não me ajudou nada. NADA. Falar do assunto não me ajudou nada, muito pelo contrário, comecei a entrar numa espiral ainda pior, ainda mais negativa, deixei de comer, deixei de querer viver, e a médica só queria era que eu tomasse antidepressivos. Passei uns largos tempos a analisar-me a mim mesma, a tentar perceber dentro de mim o que se passava e porque é que me sentia daquela maneira. Foi esse mesmo trabalho interior que me ajudou, e me continua a ajudar. Tem dias em que me sinto novamente a cair na tal espiral negativa. Páro. Penso. Neste momento já consigo associar esses sentimentos a acontecimentos ao meu redor, a coisas que aconteceram ou foram ditas ou não foram ditas. Hoje em dia já me acontece menos o "não querer ver nem falar com ninguém" para um "não querer ver nem falar com x ou y porque sempre que o faço saio de lá mais em baixo, pior." Hoje em dia consigo identificar os mecanismos da minha mente que começam a dar sinal de alarme, e não foi um psicologo que me ajudou, fui eu. No entanto, a minha irmã passou por uma depressão reentemente e se não fosse a terapia, não teria saido dela. Não sou melhor que ela, sou diferente, e o que resulta para uma pessoa não funciona com outra...

Anónimo disse...

Antes de mais, parabéns pelo tópico Ana.

É impressionante ver a quantidade de testemunhos que já aqui existem e muitas vezes nem fazemos ideia da quantidade de pessoas que estão a passar por uma depressão, porque essas pessoas na maioria das vezes ficam isoladas do mundo, em suas casas. Por isso, quando vamos a festas, jantares, bares... apenas vemos o lado alegre e bom da vida. Mas nunca nos podemos esquecer destas pessoas que sofrem silenciosamente e que precisam da nossa ajuda, cada vez mais, infelizmente.

Gostaria apenas de dar o meu testemunho, muito resumidamente.
Há alguns anos atrás, numa situação de desemprego, vi a minha vida quase destruída. Não aceitava o facto de ter de estar em casa, de me sentir inútil para o mundo e perante isso entrei numa depressão profunda. A certa altura da minha depressão estive várias semanas consecutivas sem colocar o pé fora da porta de casa, deixei de tratar de mim, de tomar banho todos os dias, de me olhar ao espelho. Eu que antes dessa fase estava com 50 kg, devido a episodios de compulsividade alimentar causada pela depressão, consegui engordar mais de 20 kg num curtissimo espaço de tempo. A perda de um familiar próximo também agravou a situação.

Recusei-me sempre a ir um psiquiatra ou terapeuta. Passados alguns meses fui literalmente obrigada a ir a um psiquiatra. E foi o dia da mudança. Um excelente profissional que me medicou, conversou, deu-me dicas e a partir daí foi contruir-me de novo. Acabaram os períodos de compulsividade, emagreci o peso adquirido rapidamente, comecei a sair e a ter vida social, arranjei trabalho, encontrei o grande amor da minha vida, tornei-me numa pessoa mais forte e feliz. Continuei com as consultas de psiquiatria e psicologia por algum tempo até deixar a medicação. Foi difícil, muito mas a minha vida mudou e para muito melhor do que era antes desta fase :) Hoje sou uma pessoas mais completa e tento aproveitar todos os momentos que a vida de proporciona.

Para quem está a passar por um período difícil, vão a um psiquiatra, psicologo, psicoterapeuta. Não pensem que vão conseguir resolver sozinhos, não é fácil. E mesmo que se resolva em breve poderão voltar esses sintomas depressivos mais tarde.

Sejam felizes :) Boa sorte!

Anónimo disse...

"Acho que ainda há um grande estigma e preconceito em torno disto. Ainda custa admitir que se vai a um psicólogo, e ainda se olha um bocadinho de lado para quem admite fazê-lo. Do género “ah, coitadinha, é maluca”."

Como psicóloga: muitos parabéns por aquilo que escreveu Pipoca ! Está muito bom, em todos os sentidos ... E se há maior verdade é esta: ainda existe um grande estigma e preconceito em dizer que se vai a um psicólogo e em compreender o seu trabalho.

JC

Anónimo disse...

Olá Ana (Pipoca mais Doce), estar no lado "direito da moeda", ser a "cara", onde o reverso a "coroa" não aceita de todo que está doente, porque a depressão é uma doença, que se desconhece e por muito que se leia e de toda a informação disponível, não passamos de uns ignorantes, não é uma caminhada fácil. Sinto-me assim, nunca sei o que dizer, já disse tanta coisa, já desvalorizei as situações, os momentos, já "mimei" demasiado, já negligenciei, porque nunca sei o que fazer, o que dizer.
Estou no outro lado, no lado onde amparo, ajudo, levanto as armas e luto, e grito, e chamo à razão, caio e levanto-me tantas vezes, porque fácil é para quem nunca esteve do outro lado.
O meu marido sofre de depressão, reconheço os sintomas, sei-os de cor, mas ele não aceita.
Luto para que encontre dentro dele, o caminho para voltarmos a ser "nós".
Um bem haja. Obrigada
Maria O.

Anónimo disse...

Tive uma depressao aos meus 16 anos, fiz medicacao durante 1 ano... Nao vou estar a falar dos motivos que me levaram a tal..

Vou partilhar um exercicio que a psicologa fazia comigo que parecendo algo simples com o tempo teve os seus efeitos...
Ela obrigou.me na rotina diaria do meu dia a escrever todos os pequenos acontecimentos que me deixavam tristes ou anciosa.. Quando ia ao consultorio ela analisava comigo a importancia que eu dava a determinadas coisas e vimos que a maioria das vezes os pensamentos nem tinham grande fundamento...

Eu cheguei a ter ataques de anciedade com medo de nao levar o material escolar necessario... na altura la escrevia que me tinha sentido nervosa a pensar nessa situacao... Entao ela fazia sempre os dois pontos da situacao.. por um lado mostrava.me que apesar da anciedade nao me tinha esquecido, logo nao tinha valido de nada aquele momento... ou entao tentavamos ver caso realmente eu me esquecesse qual seria o grande impacto na minha vida...

Mais tarde comecei a fazer este exercicio sozinha e diga.se que 90% das vezes estava a sofrer por nada...e quando comecei a tomar consciencia disso criou.se uma forca interior que antes nao existia...

Depois devemos tentar os pequenos truques...

Fazer algo que nos de prazer...evitar ver filmes que nos vao deixar tristes... olhar para pessoas que construiram uma vida melhor de um momento menos mau... Dar valor as pequenas coisas em que somos bons... e pensar que tudo e uma fase..

Peco desculpa pela falta de assentos devido ao meu teclado ingles

Anónimo disse...

Been there!Da minha experiencia: os fármacos só ajudam se nao for algo psicológico mas sim fisico ( como alguem referia anteriormente). Eu andei dopada durante um ano, pesei pouquíssimo...até que um dia, depois de me encontrarem perdida algures na cidade, decidi que ...bastava de drogas. Escrevia. Chorava. Escrevia. Chorava. Passei por tudo...todo o sofrimento...e hoje, quando me vou abaixo, sei já identificar o efeito e, portanto, começo logo a "trabalhar" na causa. Tem resultado.
Este é um post bem escrito, um "grito do ipiranga" na blogosfera, muito bem Pipoca.
Muita coragem e luta a todos os que vivem diariamente com o estigma de " sou maluquinha porque tenho tudo e nao tenho nada"!!!
O sol brilha sempre...mesmo que ás vezes esteja escondido!

Anónimo disse...

Sofia
Não se esqueça que é humana. Não tente fazer tudo sozinha. Não tem essa obrigação. Cuide de si. Essa é a melhor forma de ajudar a sua mãe. Abraço!

Anónimo disse...

Inês, nem sonhas o quanto me tocou o teu testemunho e o quanto me revi nele. Não sendo os diagnósticos iguais, a minha vivência tem sido MUITO semelhante á tua. A minha infancia e a minha adolescencia foram passadas a assistir a isso tudo que descreveste, com a agravante de o meu pai ter sido alcoolatra e de ter tido dois cancros, o último do qual o matou. A minha irmã saiu do país para se libertar do monstro - como descreves - e eu já perdi amigos, amores e acima de tudo empregos, graças a isso, a alguém que não aceita que sofre de uma doença, de um "chemical imbalance" que requer que tome medicação para poder ter uma vida normal e um comportamento normal. Hoje em dia sou mulher feita, com a minha própria familia, mas o monstro continua a perseguir-me, e a não me permitir viver uma vida normal. Nada há que eu possa fazer, e já perdi toda e qualquer esperança de que algo venha a mudar, falamos de uma pessoa que já teve uma ordem do tribunal para se apresentar á toma da medicação compulsivamente, mas essa ordem já foi revogada - por uma psiquiatra que não lhe conhece o historial e a quem ela enganou, como engana toda a gente durante algum tempo, até que os sintomas se comecem a manifestar e o discurso e as atitudes se tornem completamente aberrantes - e agora já largou a medicação. O meu inferno recomeçou, e ele há dias em que de facto sinto que só a minha morte me poderá salvar, chego a ter a ideia de que só a minha morte poderá proteger a familia que criei da presença nefasta do monstro. Luto contra estas ideias todos os dias, e ter lido o teu relato dá-me forças de saber que não sou única neste tipo de inferno. Obrigada, Inês.

Anónimo disse...

Se esteve no limiar da depressão significa que não esteve com depressão e só isso justifica que diga que só depende de nós curarmo-nos. Não é bem assim. A força de vontade é importante mas a depressão pode ter razões físicas, desequilibrios que não vão lá com força de vontade ou meditação. Cada caso é um caso. E quem estiver realmente com depressão deve procurar ajuda especializada.

Anónimo disse...

Eu também achava isso até ter uma depressão. A força de vontade é fundamental mas os medicamentos ajudam na faze crítica e muito

Anónimo disse...

Concordo e apoio totalmente. Escrever obriga-nos a pensar, a organizar e clarificar a mente.
Ana

Anónimo disse...

A percentagem de pessoas que já sofreu de pelo menos um episódio depressivo ao longo da vida é brutal. Se falar de depressão em períodos 'normais' da nossa vida ainda é alvo de estigma, discriminação, imaginem o que é deprimir numa gravidez e/ou depois de um parto com um bebé lindo de morrer ao colo. As taxas de depressão nestes dois períodos também é substancial e merecedora de atenção. Há muitas mulheres a sofrer em silêncio. Felizmente já há estudos sobre esta temática em Portugal e felizmente já há profissionais de saúde atentos a este problema.

Ana Andrade disse...

Parabéns pela corajosa transparência!

Anónimo disse...

Olá Ana, chamo-me Márcia, tenho 20 anos e vivo em Guimarães.
Identifico-me imenso com este texto, nunca passei por nenhuma depressão, mas o meu pai foi vitima de depressão durante, 6 longos anos, desde os 13 anos que não reconhecia o meu pai, sempre a chorar, a desistir de tudo, da família da própria vida, pouco depois começaram as ameaças de suicídio, era uma constante ideia que o consumia, as discussões, maltratava quem o queria ajudar, a fase da negação, acreditava que nós (eu e a minha mãe) e que o queríamos ver doente, foram surgindo os internamentos na Clínica psiquiatra S. Marcos, em Braga, e de cada vez que voltava a casa pedia desculpa, chorava, melhorava muito, sentava-se na mesa para as refeições, coisa que ele não fazia quando andava mais em baixo, mas pouco tempo depois ele começava a consumir álcool, deixava a medicação pois achava que ja estava "curado" e então tornava tudo ao mesmo, pouco depois o álcool começou a ser um problema também, mais um, ele não conseguia controlar! Sempre que sentia pior ameaça acabar com a vida, eu corria sempre atrás dele, chorávamos eu implorava para ele ficar comigo, que precisava muito dele, chamava uma ambulância e ele ia ao hospital davam-lhe calmantes dormia umas horas e já vinha mais calmo, mas por pouco tempo, passado uma semana tornava ao mesmo, até que um dia sem que ninguém esperasse concretizou o que já vinha a ameaçar a alguns anos, e faleceu a 24 de Setembro de 2011! Lutei muito por ele, naquele dia o meu mundo caiu, fiquei sem chão, porque eu sempre lhe disse aquilo não era a solução, não era assim que deviam terminar as coisas, mas a depressão levo-o a cometer aquela loucura! Fui acompanhada por psicologos, porque eu revoltei-me comigo mesma, sempre achei que podia ter feito mais, prever as coisas, lutar mais! Mas todos me diziam o mesmo que a culpa não foi minha. Custou-me muito aceitar. E hoje passado 1 ano e meio quase ainda me doí mas não sinto aquela revolta, aprendi a aceitar e a viver com isso, mas ainda existe uma imagem que me custa muito digerir, e que me perturba, mas vai passar !
A psiquiatra do meu pai disse-me que eu podia segura-lo pela mão toda a vida mas q aquela era a sua ideia e que quando pudesse a concretizava.
Lembro-me também que ela me disse que a depressão e como um cancro que nos vai destruindo por dentro sem nós darmos conta! A depressão existe e nunca desistam de quem a tem! Coragem!
Felicidades Pipoca! Beijinhos

Liliana Carvalho Lopes disse...

Revi-me em cada palavra que escreveste...
Pensava que a palavra depressão estava morta e enterrada, mas ao ler estas tuas palavras, tenho de admitir a mim mesma que ao identificar-me com elas e com tudo que tenho sentido (ou melhor, tudo o que não tenho sentido!), que ela está a voltar... A sensação de desespero é inenarrável. Não tenho vontade de fazer nada, só de ficar na cama e ver o tempo e a vida passar-me ao lado. Detesto-me por me sentir assim.

Anónimo disse...

Curiosamente, tive o meu primeiro ataque de pânico quando estava de férias no Brasil, em Março de 2008. Algo de anormal se passava comigo, o coração batia a 1000 à hora. Quando cheguei a Portugal fui ficando cada vez pior, com crises de ansiedade extrema, não saía de casa, até que faltei aos exames para acabar a licenciatura. Foi aí que fui ao psiquiatra e foram 2 anos de antidepressivos. Motivos para isto tudo? Não faço a mais pequena ideia. Só sei que nunca fui uma pessoa depressiva (nem sou) e não tinha motivo algum para isto acontecer. E as crises de ansiedade nunca passaram e duvido que algum dia passem mas assim se vai vivendo, com uns calmantezinhos de vez em quando :).

Rita disse...

Querida Pipoca & amiga da Pipoca,
Não querendo explorar "lugares comuns": a depressão dói. A minha foi-me diagnosticada em Maio de 2011, e não foi nada leve. Foi "curada" à base de sessões de terapia 2 x semana, muito intensivo. Hoje, quase 2 anos depois, continuo a ir 1 x semana, "lavar a cabeça", como lhe costumo falar. Pouquíssima gente soube, o meu marido e uma ou outra amiga. Estava casada há 10 anos. Vida porreira, marido impecável, um despedimento pelo meio, mas nada de grave. Família óptima, amigos do melhor. Viagems, montes. Não conseguiamos ter filhos... E foi então que emigramos para Moçambique, completamente á aventura. Compramos dois bilhetes só de ida, o meu marido largou um emprego estável de 13 anos de bancário, vendemos a nossa casa linda em Lisboa, deixamos o nosso cão com os meus Pais. Vivemos um ano numa ilha nas Quirimbas, num lugar paradisíaco no Norte de Moçambique. Um ano inteiro a viajar por África, uma aventura como poucas...
Num dos intervalos vim a Lisboa e percebi que algo se passava comigo. Fisicamente exausta, ao princípio, até chegar ao ponto de me "querer fechar, como um interruptor" e voltar mais tarde, como se hibernasse.
A imagem é como estar num fundo de um poço, escuro e lamacento e ver uma luz ao longe, mas não ter força nem saber como lá chegar.
O que me ajudou, diz-me hoje a minha Psi, estando já "tratada" a depressão, é que eu, pelo menos, tinha vontade de sair dali. Não sabia era quando, nem como. Mas foi lixado. Doeu imenso. Havia dias em que só queria deitar-me na cama o dia inteiro. Só isso. Estar com pessoas era um horror para mim.
Costumo pensar que o meu cão ajudou-me a escalar aquele poço, obrigando-me a sair para passeá-lo, ele foi a minha ligação com o mundo fora de casa.
Hoje não dispenso a minha terapia semanal, é tão terapêutico como higiénico. É um privilégio para poucos, eu sei, a "renda" que eu deixo naquele consultório é bem jeitosa. Mas é o meu bem estar, o meu equilíbrio, a minha saúde mental!
Conseguimos recuperar as nossas vidas em Portugal, trabalhamos os dois como free lancers naquilo que mais gostamos e estamos finalmente à espera do nosso 1º filho. O Martim nasce daqui a 2 semanas : ) já muitas vezes me pergunto se irei ter uma depressão agora por causa do pós parto, mas descarto logo tudo. Uma vez por semana, e durante toda a gravidez fiz terapia e vou continuar. FOi lá que conquistei a minha liberdade e a minha tranquilidade, mesmo quando me sinto triste.
Porque é normal sentir-se triste e melancólico, ninguém anda p'rai aos saltos o dia inteiro!
Aprendi a viver um dia de cada vez, a aceitar o que se sente, a ouvir a vozinha interior (e não, não é preciso ser-se esquizofrénico para se ouvir vozes), a respeitar-me, a não violentar-me.
Tudo passa.
E tudo muda. E as pessoas mudam.
Não vai ser assim para sempre.
Força.
Rita

chihiro disse...

é realmente agradável para quem está a passar por este tipo de problemas saber que não estar sozinha e ler tantos testemunhos.
No meu caso caso, o problema prende-se com distúrbios e ansiedade e POC, mas houve um tempo em que senti estar a um passo de um estado depressivo mais grave. Não sabia explicar porque razão tinha estes ataques de ansiedade, porque razão estava constantemente a sentir-me em "perigo iminente" e isso estava adar comigo em louca, porque achei que era uma estupidez e que ninguém iria perceber ou conseguir ajudar-me. felizmente, procurei ajuda junto da minha família e comecei a fazer terapia. no entanto, os resultados não estavam a ser os esperados e a minha mãe insistiu para que fosse a um médico procurar ajuda em termos de medicação. confesso que, como muitas pessoas aqui, também eu tinha o preconceito dos antidepressivos e etc, são substâncias viciantes é certo, e não é nada giro assumir "sim, eu tomo prozac". mas iniciei a medicação e posso dizer que pela primeira vez em algum tempo senti a minha cabeça limpa e com forças para iniciar todas as estratégias para combater a ansiedade que aprendo na terapia. Os medicamentos são apenas uma parte do processo, juntamente com o psicólogo, mas posso dizer que, pelo menos para mim, são uma parte importante. Hoje estou a conseguir progredir e a aprender a controlar a minha ansiedade e não deixar que esta controle a minha vida.

Há muito tempo que sigo o teu blog Pipoca e embora goste imenso de ler os teus posts sobre moda, viagens, livros ou mais humorísticos, foi muito bom poder ler o teu post sobre o assunto e os outros tantos testemunhos, pois este tipo de doenças do foro nervoso ainda são vistas com bastante preconceito, o que impede muitas pessoas de pedirem ajuda. Por mim, e por saber o que passei e o quanto me senti sozinha quando não era necessário que assim fosse, agradeço-te por proporcionares aqui um pequeno espaço de debate e partilha destas questões! :)

Anónimo disse...

Olá pipoca :)
Como sempre gostei de ler mais um post :)
Já há 4 anos que ando numa psicologa e tenho visto as diferenças desde o 1º dia que lá entrei. Entrei lá muito deprimida e agora sinto-me muito melhor, mais madura e com mais auto estima, entre outras coisas. Estas andanças não são estranhas para mim, visto que em miuda cheguei a fazer terapia individual e em adolescente fiz também em grupo. Em criança e adolescente era muito fechada, tinha dificuldades em me relacionar com pessoas novas, além de em criança ter passado pelo divórcio dos meus pais e outros problemas. Há 6 anos perdi a minha melhor amiga, por motivos de saude e isso fez-me voltar a precisar de ajuda, além de outros problemas pessoais que pensava estarem resolvidos. Acho que ninguém deve ter vergonha de procurar ajuda (embora quando era mais nova eu sentia), pessoalmente acho que só temos a ganhar com isso. Quem pensa o contrário é ignorante, todos temos problemas e há quem tenha mais capacidade de lidar com eles e outros não tanto e não é por isso que se devem sentir de alguma forma inferiores.

Queria lhe dizer que adoro o seu blog, já o sigo há algum tempo e faço questão de cá vir todos os dias, mesmo que não tenha nenhuma novidade. Já me ri muito ao ler aquilo que escreve :) Fiquei muito feliz por saber que estava grávida :D
Um beijinho e tudo de bom
Joana C.

Anónimo disse...

Não me interprete mal mas os psicólogos, pelo menos, quando falamos em profissionais íntegros, não cobram valores elevados por terem estudado muitos anos. Se o fazem, acho simplesmente estúpido!
Penso que os valores estão mais relacionado com a responsabilidade associada à profissão e o trabalho decorrente de cada caso e cada sessão... pode não parecer mas é necessário formação constante, actualização regular e cada caso é pensado, estruturado e preparado fora das sessões.

Contudo, concordo que actualmente os preços base não são realistas nem adequados à nossa realidade, pelo que é fundamental adaptarmos os valores aos requisitos de quem nos procura e encontrar formas de responder às necessidades do público sem comprometermos o nosso trabalho, o nosso compromisso e a qualidade do serviço!

Resta-me alertar para os espaços de atendimento em faculdades públicas (e privadas) que praticam preços a baixo do comum e, por exemplo, na Faculdade de Psicologia do Porto, reduzem o valor padrão após análise das condições económicas do agregado familiar, sempre que seja adequado.
Por outro lado, existe também a possibilidade de integrar programas de intervenção (sérios) como o que decorre actualmente no Instituto Superior da Maia (http://www.depressaoepsicoterapia.ismai.pt/) e que, por norma, proporcionam consultas gratuitas!

Espero ter ajudado (:

Anónimo disse...

Gostei muito do post. Eu também já passei por episódios de depressão e sentia que os amigos não me entendiam e, por isso, não me senti apoiada, pelo contrário. Tive de encontrar soluções por mim com apoio da família próxima, terapia e antidepressivos. Penso que se desde cedo nas escolas nos ajudassem a desenvolver a Inteligência Emocional, muitos destes problemas poderiam ser minorados. Enchem-nos de conhecimentos científicos, mas muitas vezes não nos ensinam a pensar, a trabalhar os nossos problemas e sentimentos, a sermos (melhores) Pessoas. Beijinhos e Boas férias :) S.

Unknown disse...

Fiquei assustado, a julgar pelo número de comentários obtidos e teor dos mesmos, com o número de pessoas que passaram ou estão a passar por uma depressão.
É sem dúvida uma doença silenciosa, que não aprece em análises ou raiosX e portanto, muitas vezes apelidada de preguiça. Lentamente as mentalidades vão evoluindo. Cabe-nos a todos contribuir para isso.

Anónimo disse...

como te percebo...

Anónimo disse...

Há quatro anos deixei de ser jornalista em prol de uma estabilidade financeira e de um contrato. Nada fazia prever o desfecho, pois ia continuar ligada à comunicação, mas de um outro prisma. Não precisei de muito tempo para perceber que a pessoa que me contratou tinha outro propósito. Tentei agarrar os trabalhos que havia deixado, mas nada feito. Desde então as investidas, que de profissionais nada têm, são constantes. Como não cedo, sou retaliada: começou por retirar-me as tarefas que fazia, deixando-me sem nada, culminando com a extinção do acesso à Internet. Ou seja, passo o dia na esperança que num piscar de olhos seja hora para sair daquele inferno. O sono, noite após noite, é interrompido pela ansiedade de encarar mais um dia vazio. O medo por não saber o que virá a seguir, habita-me. A angústia de acordar sem objectivos, tolhe-me a alma. O receio de que algo em mim o desperte ainda mais, aterroriza-me. Nunca sei o que vestir, como ir... Por vezes, sinto-me culpada simplesmente por existir. Faço terapia e, graças a isso, e a um namorado que me dá a mão para não cair, lá continuo, dia após dia, a protagonizar esta história que teima em não ter fim. Uma história que não escolhi... Pior do que isso, é começar a questionar as minhas próprias capacidades porque a maratona que faço há anos para sair deste buraco não surte um único efeito positivo. Quando uma luz ténue se insinua, a minha esperança agiganta-se, mas logo murcha porque, à última, sempre à última, há algo que impede que se realize. Porquê comigo? Não sei... Mas sei que não posso deixar de acreditar que o reinado destes senhores que usam o seu poder para outros fins vai acabar. Por vezes, sinto que estou a "vender-me" por ser obrigada a suportar tudo isto, que é o único meio que me permite pagar as contas. E tanto que tenho procurado e nada! Tirei outros cursos e nada! Por isso, espelho-me nos sinais de uma depressão perto e só não estou lá porque faço terapia e o meu namorado não me deixa olhar para o precipício.

Anónimo disse...

Também sou mais uma vítima da depressão...neste momento estou a ser tratada e sinto-me melhor, no entanto foi complicado perceber o que se passava comigo e procurar ajuda também foi difícil. E para todos aqueles que pensam que podem ultrapassar esta doença sozinhos não se iludam porque não o vão conseguir procurem ajuda antes que a situação piore!
O meu tratamento (inicialmente) passou por psiquiatras e medicação mas depois comecei a fazer acupuntura, no início fiquei um bocadinho céptica mas resolvi experimentar e foi a melhor decisão que tomei. Hoje em dia não tomo qualquer comprimido, as sessões de acupuntura ajudaram-me a deixar a medicação e melhorei a olhos vistos. Ainda não estou curada, espero um dia ficar, até porque como todos vocês tenho dias bons e menos bons mas com o apoio das pessoas que gostamos tudo fica melhor. Aconselho a quem quiser experimentar porque comigo resultou!

nat disse...

És uma boa amiga. :)
Aqui está o meu relato: http://vermelhodevagarinho.blogspot.co.uk/search/label/depress%C3%A3o

Beijinhos

lylifanta disse...

Obrigada por este post. Revi-me nestas palavras, mas infelizmente neste país pobre não tem direito a ter saúde, quanto mais a depressão. "Isso é coisa de ricos" é a mentalidade pequena que mais há. Mas descreveu na integra e directa o que é, o que nos assola e quanto é fácil cair. Perdi uma amiga assim, estive assim numa fase da vida em que deveria estar a celebrar a alegria de ser mãe... enfim... não sei se passou ou não... adormeceu.
:) obrigada e bem haja.

Anónimo disse...

Já passei por isso e posso confirmar que os químicos são só 25% do tratamento. Os outros 75% são esforço próprio. É fundamental não alimentar a depressão, reagir e ter muito apoio de amigos, familiares e médico. Quanto à terapia a utilidade é obrigar-nos a pensar. Mais uma vez o esforço é todo nosso.

Anónimo disse...

Olá. Eu nunca tive uma depressão clínica, mas houve momentos na minha vida em que me senti "afundar", em que fiquei sem esperança, sem energia e me isolava de todos. Esses omentos deveram-se a uma doença grave de uma avó, a quem dei assistência por 5 anos, até à sua morte e, mais tarde, a um emprego sem qualquer evolução, que pode acabar a qualquer momento. Não é um emprego mau, em que seja mal tratada (muito pelo contrário) mas um que não me traz quaisquer perspetivas de futuro. Felizmente, sou uma pessoa muito prática e nunca me deixei afundar... Assim que identifiquei o problema, reagi, procurei amigos, arranjei distrações e "saí dessa".
Mas a razão por que escrevo aqui não sou eu. Tenho 1 familiar que está a passar por algo que, para mim é 1 depressão. Está sem energia, isola-se de toda a gente, afasta toda a gente, tudo a enerva e justifica desatar a gritar e a chorar (tudo, mesmo a simples queda de 1 talher ao chão)... O problema é que ela não aceita ter 1 depressão, quando o medico lhe pergunta se está enervada, diz que não, etc. E, assim, é difícil ajudá-la porque, segundo ela "não preciso de ajuda de ninguém" (e sim, eu já tentei falar com ela sobre isto). Além de que se trata de 1 pessoa habituada a não depender de ninguém e a não se deixar influenciar por ninguém...
Assim, ao ver este post, só pensei que pode ser que daqui retire algumas luzes em como a ajudar, porque ando completamente perdida.
Boa sorte e saúde para a tua amiga e boas férias para vocês os três ;)

Ana

lili disse...

Olá Pipoca, antes de mais parabéns pelo post, é um resumo perfeito de quem vive com a depressão.

Aqui vai um resumo da minha, até para que possa ajudar alguém que esteja a passar pelo mesmo.

Nasci há trinta anos, numa família muito humilde, tenho um irmão um ano mais velho. Nasci numa terra chamada Armamar no norte, mas vim para Lisboa com a minha mãe e os meus avós maternos tinha eu quatro anos de idade.

A minha mãe trabalhava no hotel Eduardo VII, e só a via de noite(quando não saia para se divertir com os amigos dela), aparecia em casa já de madrugada e trazia bolos ou chocolates para mim e para o meu irmão, para compensar a ausência.

O meu pai, era uma pessoa ausente pois estava separado da minha mãe ainda eu não era nascida, na minha memória só me lembro dele a partir dos meus onze anos, altura em que tudo na minha vida começou a desabar.

Comecei a reparar que quando saia com a minha mãe, ela dava a mão ao meu irmão, e eu, ia atrás como um cão abandonado,reparava que dormia(nas noites que passava em casa)com o meu irmão e não comigo, até que um belo dia tinha eu os meus quatorze anos ela me diz que eu fui um erro, que não deveria ter nascido, que fui apenas um deslize entre ela e o meu pai.

Enviou-me para o Norte, para casa de uns tios, na qual a única coisa que recebi foram maus tratos, trabalho pesado(apanhar batatas, vindima,apanha da azeitona, acartar sacos de cinquenta quilos de ração de animais, etc).
Tentei fugir várias vezes, mas, como era menor apanhavam-me sempre e levavam-me de volta para aquela vida maldita.

Os meus avós maternos(meus pais verdadeiros) foram em meu auxilio, depois de verem a inercia da filha perante tal situação, mas, também eles foram maltratados, espancados e acabaram por morrer no meio de tudo aquilo. Mais uma vez, a filha nada fez. Não pude fazer nada, pois continuava a ser menor, só me restou aguardar pelos meus dezoito anos, e assim o fiz, um dia de cada vez, umas vezes com a cabeça mais pesada, outras como se estivesse morta.

No dia em que fiz os dezoito, tive que pular do segundo andar da casa, pois ninguém me deixava sair...passei fome, dormi na rua, mas, dei a volta por cima.

Mas tudo isto me afectou, hoje sou seguida por uma psicóloga especialista em stress pós traumático, faço das tripas coração para me levantar todos os dias,mas, não baixo os braços(graças também há força que o meu marido me dá), e luto todos os dias contra comprimidos e sentimentos menos bons que se apoderam de mim.

Parabéns mais uma vez pelo poste pipoca, eu sei o que é ser rejeitada pela sociedade, ser apontada de maluca.

Anónimo disse...

São precisas mais opiniões(/relatos) como estas...de pessoas com influência, para tentar mudar a mentalidade portuguesa em relação ao acompanhamento psicológico e à doença mental...

Esta página que deixo aqui é de um Serviço Gratuito de Acompanhamento Psicológico realizado por Psicólgos Estagiários da Faculdade de Psicologia em Lisboa

https://www.facebook.com/ServicoDeApoioAComunidade

Anónimo disse...

Desculpem ir contra a corrente mas tenho que dar a minha sincera opinião: para mim a Depressão não existe. Ou melhor pode até significar tristeza, a tal apatia mas creio que em 99% dos casos se deva a falta de ocupação e problemas reais. Desculpem mas é a verdade! Se tiverem o dia todo ocupados, seja no trabalho, com filhos problemas domésticos, dinheiro etc etc garanto-vos uma coisa, a depressão passa-vos num instante! O que já não englobo os tais ataques de pânico que acho serem coisas diferentes, do foro psicológico e até físico. Agora Depressão??? Não me lixem...
Cumps

Luciana disse...

Sou Psicóloga num grande hospital público e infelizmente, deparo-me todos os dias com situações destas. Todos os dias vemos casos novos, pessoas cada vez mais desesperadas com a vida, perdidas, desorientadas. Felizmente, a maioria das pessoas que entram, saem diferentes, com uma melhor auto-estima, renovadas, mas acima de tudo, com vontade de viver. A nossa luta é acabar definitivamente com este estigma, este preconceito de "ir ao psicólogo". Obrigada Ana por esta pequena (mas importante), ajuda.

Anónimo disse...

Então Pipoca estás de férias e queres é saber das depressões do próximo, ai ai, pensa nisso depois, aproveita as férias, o marido que tens ao teu lado, olha o meu foi-se, atrás de novidade brasileira, depois de vários anos de casamento. Fiquei com a vida completamente desorganizada, foi como se me arrancassem o chão.

Nem sequer devias vir ler comentários desagradaveis, não te esqueças que esse bébé sente tudo o que tu sentes.

Ainda assim adianto que muitas vezes a depressão não tem uma causa fisica oupsiquica, mas sim espiritual.Por isso devemos harmonizar os chakras.

Lu disse...

Identifico-me com o seu testemunho no que diz respeito ao medo. Tenho medo de tudo, tenho medo que aconteça alguma coisa com alguém da minha família, quando ligo para alguém e nao me atendem o telemóvel penso imediatamente que pode ter acontecido alguma coisa. Tenho medo de falar com as pessoas principalmente quando nao as conheço bem, tenho medo de falhar em termos profissionais, estou sempre com uma ansiedade horrível. Na realidade sei que nao ha motivo para nada disto, tenho uma vida boa, mas ha sempre algo que me impede de estar feliz como sei que poderia estar se nao fossem este medo e esta ansiedade constantes.

a menina dança disse...

Olá Ana!

Gostei muito deste post e também me revejo no que escreveste.

Depois de ter vivido essa experiência, tenho tentado sempre que posso ajudar outras pessoas que vejo na mesma situação. Eu acho que a terapia é bom, mas muitas vezes a medicação facilita e dá o empurrão necessário para se começar a pedalar de novo.

O problema é que há muita gente a ser mal medicada, tanto porque não existe um estudo aprofundado sobre o efeito dos medicamentos como por estes terem reacções díspares de pessoa para pessoa.

Pessoalmente o que me ajudou foi saber que ter uma depressão é uma coisa muito comum (mais do que se julga) e apesar de se dar ao nível da cabeça, tem explicações fisiológicas bastante compreensíveis. Ajudou-me saber que há muita gente a passar pelo mesmo e que e uma coisa que se ultrapassa. E é sempre com o lado pragmático (quando muitas vezes digo que estar deprimido é como ter alergias, combate-se e acabou) que tenho tentado ajudar outras pessoas.

Acho importante também saber que é normal ter recaídas (muitas vezes relacionadas com o Outono e a Primavera) e que a depressão se pode exprimir de várias formas, seja por isolamento, apatia ou até raiva. Com o tempo, vamos começando a conhecermos-nos melhor e a contornar melhor esses obstáculos.

Espero que estejas a ter boas férias!

Um beijinho,
Kate

a menina dança disse...

Olá Ana!

Gostei muito deste post e também me revejo no que escreveste.

Depois de ter vivido essa experiência, tenho tentado sempre que posso ajudar outras pessoas que vejo na mesma situação. Eu acho que a terapia é bom, mas muitas vezes a medicação facilita e dá o empurrão necessário para se começar a pedalar de novo.

O problema é que há muita gente a ser mal medicada, tanto porque não existe um estudo aprofundado sobre o efeito dos medicamentos como por estes terem reacções díspares de pessoa para pessoa.

Pessoalmente o que me ajudou foi saber que ter uma depressão é uma coisa muito comum (mais do que se julga) e apesar de se dar ao nível da cabeça, tem explicações fisiológicas bastante compreensíveis. Ajudou-me saber que há muita gente a passar pelo mesmo e que e uma coisa que se ultrapassa. E é sempre com o lado pragmático (quando muitas vezes digo que estar deprimido é como ter alergias, combate-se e acabou) que tenho tentado ajudar outras pessoas.

Acho importante também saber que é normal ter recaídas (muitas vezes relacionadas com o Outono e a Primavera) e que a depressão se pode exprimir de várias formas, seja por isolamento, apatia ou até raiva. Com o tempo, vamos começando a conhecermos-nos melhor e a contornar melhor esses obstáculos.

Espero que estejas a ter boas férias!

Um beijinho,
Kate

Suki disse...

Na minha opinião os medicamentos não tratam, só mascaram os sintomas. O tratamento tem mesmo que ser feito pela terapia da fala, deitando cá para fora os pensamentos que estão a contaminar a felicidade e a leveza da alma. É caro sim, muito caro. Também concordo que todos deviam fazer terapia e que esta devesse ser mais barata, talvez comparticipada pelo Estado já que este recuperaria largamente o seu investimento com menos medicamentos vendidos, menos cuidados prestados porque deixariam de ser tão necessários. Excelente post.

Anónimo disse...

Passei pelo mesmo há uns anos e ainda desconheço o motivo que o gerou. Estudava, tinha amigos aos pontapés, nenhum problema familiar, nada que me incomodasse realmente. Aos poucos comecei a dar por mim sempre zangada, a chorar sem motivo e às escondidas, a não conseguir respirar, presa num desespero tão negro que ainda hoje não consigo descrevê-lo devidamente. Toda a gente perguntava "então, que tens?" e a minha resposta era sempre "nada". Fugia das pessoas, das perguntas, arranjava motivos para não sair de casa, não ir às aulas, e sobretudo não falar. E porque é que me recusava a falar? Porque era eu a primeira a achar que só podia estar maluca, que me estava a comportar como uma miúda mimada, ou que estava a ser demasiado fraca para aguentar as exigências desta vida; em todo o caso, que não tinha motivos para estar assim, logo auto-censurava-me e recusava sequer pensar nos motivos de tantas trevas na minha cabeça. Um dia consegui finalmente pedir ajuda, dirigi-me ao médico e saí de lá carregada de antidepressivos. Comecei a tomar todas aquelas drogas mas as trevas continuavam lá, apenas estavam mais longe, menos ameaçadoras, mas sempre lá. Obviamente a medicação não era a solução única para o meu problema. Hoje acho que o maior erro foi não ter recorrido imediatamente a um psicólogo deixando que em contrapartida me enchessem de químicos. Falhei em todas as linhas de acção nesse ano - casa, escola,namoros, etc. Tornei-me dependente dos medicamentos; se não os tomava o mal estar era indizível. Começava a achar que ia ficar naquele estado o resto da minha vida, mas aos poucos, da mesma forma que a depressão me deitara abaixo, comecei a reagir para além da medicação, a ter mais coragem, não sei. Desenterrei forças sabe-se lá onde e jurei a mim mesma "nunca mais tomo nada disto! a partir de agora vou reagir aos problemas que tenho em vez de os mascarar com remédios". Deixei a custo a medicação, fazendo por superar os efeitos secundários, passei a escrever com regularidade, rasgando os textos a seguir (foi uma forma primária e extremamente eficaz que arranjei para conseguir desabafar sem problemas) e claro, contei com a ajuda inestimável de quem tinha comigo. Ainda não recuperei totalmente e duvido que alguém que passe por tal alguma vez volte a ser a mesma pessoa, mas faço os possíveis por isso. Uma depressão dá muito trabalho a vencer e não se cura com remédios, como se fosse uma vulgar gripe. Não gosto da ideia de ir ao psicólogo, mas estou seriamente a pensar noutras terapias, como o reiki. Sei que daqui até me sentir totalmente bem vai ser um percurso muito longo mas não vou desistir, nem deixar que as trevas me voltem a ameaçar.
Muito obrigada por este texto. Toda a gente que já passou por uma depressão sabe perfeitamente quão doloroso é e dispensa julgamentos. Fez-me tão bem falar disto :)

Anónimo disse...

E COMO É QUE RESOLVESTE OS ATAQUES DE PANICO?

copo de sol disse...

Como Psicóloga e leitora semi-assídua do seu blog achei este post deveras muito interessante e não poderia deixar de a congratular pelo mesmo, pela exposição "arriscada" que tanto e tão bem pode ajudar no "clic" crucial para o processo de ajuda de tanta gente que a segue neste blog.

Parabéns!

Anónimo disse...

Escrevo como anónimo porque tal como outros não admito o problema que acho que tenho. Nunca me foi diagnosticada depressão clínica, mas é a segunda vez que passo por um estado semelhante.
Aos 15 anos entrei numa depressão sem qualquer motivo, tinha aulas de manhã, as tardes eram passadas em frente a tv, a comer porcarias porque não davam trabalho a fazer, não estudava sequer. Depois começava a chorar do nada, qualquer coisa funcionava como trigger - uma série, uma música, as vezes o nada mesmo. Havia dias em que nem sequer me levantava para ir às aulas e lembro-me que pensava que não tinha razão para ir. Só não faltava mais vezes porque a minha mãe exigia explicações, e há um limite para as dores de cabeça, indisposições, etc. Lembro-me que uma vez não queria sair de casa então tentei vomitar para alegar estar doente do estomâgo. Mas nunca disse à minha família o que se passava, morria de vergonha de admitir que era fraca e precisava de ajuda, porque sempre me considerei uma pessoa forte. Consegui superar isso através dos estudos, empenhei-me em ter boas notas e enquanto me dedicava a estudar não pensava em chorar, até que a pouco e pouco os ataques de choro foram passando. Tudo isto com a ajuda de uma grande amiga que já tinha passado pelo mesmo e por escrever, como alguém já disse aqui, escrever é uma grande ajuda.

Actualmente tenho 22 anos, e volto a sentir essa vontade repentina de chorar, não me quero levantar e ver pessoas. Quero ficar sozinha no meu canto. Desta vez estou desempregada e esso tem sido o grande motivo, mas tenho consciência que tirando isso não há mais nada que me faça andar sem vontade de fazer nada e com vontade de chorar por nada. Esforço-me por não me deixar ir tão abaixo como antes, tento não passar muito tempo em casa, arranjar-me e maquilhar-me para me sentir melhor. Tento pensar positivo, racionalizar e procurar a ajuda do meu namorado e dos meus amigos.

o que mais me entristece no meu caso é que os que vivem comigo tomam esta apatia por mau humor, o que torna impossível partilhar com eles o que sinto, tal como da outra vez. Sei que se partilhar vão dizer 'isso são parvoíces da tua cabeça'. Pois, eu sei.

Menina Perdida disse...

Olá Pipoca e mini Baby. Apesar de estarem de férias no paraiso aqui vai o meu testemunho.
Tive o meu 1º ataque de pânico à 4anos, numa viagem rotineira no alfa-pendular Lisboa-Faro. Era uma viagem que fazia 1 vez por semana devido à minha profissão, uma coisa mais que banal. Horas antes dessa viagem estava super ansiosa, não percebia bem porque mas lá me enfiei no comboio para ir a minha vidinha. Assim que comboio começou a andar comecei a sentir-me tonta, a desmaiar,tinha a sensação que o comboio ia "esbarrar-se" contra uma parede (sim paranóia eu sei), e as colegas que viajam comigo, começaram a perceber que não estava bem e pediram a um funcionário para chamarem um médico. Lá vieram dois médicos, observaram-me (dentro do possivel), e mandaram parar o comboio de imediato. O funcionário da CP, após de muita resistência lá fez os preparativos para a paragem do comboio. Finalmente sai e de imediato senti-me muito melhor. À minha espera estava o Inem, numa estação abandonada no meio do Alentejo. O médico do Centro de Saúde onde fui assistida diagnosticou-me agorafobia, mas não percebi o porque visto não estar num espaço aberto nem no meio de uma multidão. A partir desse dia não consigo andar de comboio, de autocarro, de carro se não for eu a conduzir, etc...a sensação que tenho é a mesma que senti naquela viagem, que o transporte está sem travões, que irá despistar-se ou embater nalguma coisa. Já tentei enfrentar este medo mas não consigo. Depois deste 1ª "grande" ataque de pânico, tive outros em que estava em casa e do nada sentia-me mal. Cheguei a levar Vallium no soro, para me aquele medo passar. A palavra correcta é mesmo medo. Fui ao Psiquiatra que me receitou Olcadil diáriamente mas mesmo assim ainda não consigo entrar em nenhum transporte, a coisa também já chega ao ponto de não conseguir estar num cinema ou num shopping, mesmo com pouco gente. Claro que isto me condiciona a vida e estou a ficar muito cansada...Já tentei Meditação, Reiki, mas nada resulta. Ir ao Psiquiatra ou fazer terapia está fora de questão devido aos preços proibitivos. Entretanto e para melhorar a coisa mudei-me para Lisboa, devido a uma oportunidade de emprego, e vivo no condicionada ao trajecto casa-trabalho-casa e pouco mais. Fico em modo pré ataque de pânico, com medo de ter outro achaque.
Não sei se vais achar ridiculo este meu testemunho, mas é basicamente como me sinto. Gostava apenas de alertar que deveriamos ter no sistema de saúde público para a saúde mental, porque, como diz o outro, a cabeça comanda tudo.
Dá um mergulho por mim ;)

Beijo

Por entre malas e cupcakes disse...

Primeiro que tudo, acho que e de extrema importancia o que fez aqui hoje. Obrigada.Alertar para um problema muito comum hoje em dia e que continua a ser escondido, como se não se tratasse de uma doença como outra qualquer. Temos de "acordar" a sociedade para algo que afecta pessoas de todas as idades e cada vez pessoas mais jovens. Ja contactei de perto com esta realidade e não é facil para ninguém envolvido, por isso e cada vez mais necessario aprendermos O que isto é? O que fazer?. Em suma, desmistificar.
Rita

Silvia disse...

concordo 100% em tudo o que disse, mas e tal como referiu, só quem passa por uma depressão sabe a angustia que se sente, a angustia de não se saber fazer entender num mundo que à partida é tão simples de perceber para o comum dos mortais...
é uma luta que se tem internamente, e que dificilmente falando com amigos, familiares, namorados e afins, se consegue libertar do que na realidade se está a sentir.
devia haver mais apoio no tratamento e acompanhamento desta doença que é silenciosa e nos vai consumindo diariamente. porque não podemos mostrar má cara, nem podemos deixar de ser como sempre fomos, e porque não me pareces bem, e o que se passa, precisas de falar, precisas de desabafar, vá lá, é só um mau dia, vais ver que amanhã está tudo bem...
infelizmente ainda existe o paradigma de se falar em depressão, porque não deixa de ser uma doença de foro psicológico. mas, e o que não diz respeito ao foro psicológico nos dias que correm? ninguém no seu perfeito juizo consegue aguentar tanta pressão, tanta rivalidade, tanta maldade no dia a dia como a que existe na nossa actualidade.
a depressão é uma doenca e tal como as restantes devia poder ser tratada convenientemente.
e sim, também concordo em que todas as pessoas pudessem falar com alguem durante uma hora pelo menos 2x por mês. seriamos todos melhores. seriamos todos um pouco mais felizes. saberiamos todos viver melhor a vida e olhar para os "problemas" de um outro prisma.
desejo o melhor para a sua amiga, e ela que saiba que o melhor de tudo é saber que tem amigos verdadeiros e compreensivos para a ajudar (assim como a pipoca tão sensivelmente falou neste texto)

Anónimo disse...

Sendo uma futura psicóloga, adorei este post. Não pelo que diz, claro, mas pela sua existência. Em Portugal, como quem diz mundo, ainda existe muito o estigma de quem vai ao psicólogo é maluquinho e que os nossos problemas não justificam a visita a um psicólogo, porque há coisas mais graves na vida que aquelas pelas quais estamos a passar. Isto não é verdade..
O pior é que há pessoas que reconhecem que não conseguem lidar com determinado assunto e se cobrem de calmantes, e anti-depressivos, que são altamente viciantes e não resolvem problema nenhum. São como analgésicos para um pé partido.
Enfim.. só queria acrescentar que existem sítios com consultas de psicologia mais baratas (Oficina de Psicologia) ou mesmo gratuitas (Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa)

Inês disse...

Eu escrevo, e digo que sabe bem escrever, é terapêutico.

Unknown disse...

Há cerca de quase 2 anos comecei a ter ataques de pânico. Traduziam-se essencialmente em sensação de falta de ar, como se estivesse a sufocar. às vezes duravam quase 1 hora. os ataques tornaram-se frequentes de tal modo que tinha vários por dia, muitas vezes "do nada". Devido às descargas de adrenalina que ocorrem quando 1 ataque de pânico passa, comecei a sentir-me fisicamente e mentalmente esgotada. Comecei a achar que nunca mais ía conseguir estar fisicamente bem e isso levou-me a entrar em depressão. Quando finalmente decidi consultar um psiquiatra foi-me indicada uma medicação que teve efeito imediato. Nem queria acreditar! Na mesma semana em que iniciei o tratamento os ataques pararam. Parte má da questão: a medicação (alprazolam e anafranil) provoca imenso sono, principalmente em pessoas cujo organismo não está habituado a anti-depressivos. A adaptação foi extremamente difícil porque eu estava constantemente a adormecer, estivesse a trabalhar ou em casa. Hoje, um ano e meio depois de começar a ser medicada, ainda estou em fase de desmame. É duro, é lento..mas há solução!!

A todos os que estão a passar por algo semelhante, não tenham vergonha nem se sintam fracos por precisar de ajuda, por não estarem a conseguir ultrapassar o problema sozinhos. O corpo humano é mesmo assim, às vezes sofre desequilibrios químicos que só são ultrapassados com químicos!
Neste momento, não tenho qualquer problema em dizer às pessoas que tenho uma psiquiatra e lido naturalmente com essa questão.

Marta Machado Martins disse...

É possivel viver tantos anos com uma depressão, que às tantas já nem sabemos o que somos sem ela. E o pior é quando se procura ajuda, mas o "encaixe" não resulta, pelas mais variadas razões. Como diz uma amiga minha "é um jogo de tentativa erro". Mas nem sempre se chega ao certo. O meu pequeno conselho neste post, como hipótese segura e aposta certa, é a Oficina de Psicologia. É atribuido um terapeuta, mas a busca do terapeuta certo é possivel lá dentro, por entre mais de 40 psicólogos e a abordagem é, na minha opinião, a certa: cada pessoa é uma pessoa, cada caso é um caso e o Focus é que a pessoa encontre o terapeuta certo, com a terapia certa. Cada consulta são 45€. Para mim, é a revolução na saude mental em Portugal e que pode, realmente, ajudar.

Raquel disse...

A depressão entrou na minha vida sem que conseguisse perceber muito bem como. Estava no último ano de faculdade e tinha ataques de choro sem razão aparente. Daí até deixar de ter forças para me levantar de manhã foi um pequeno passo. Procurei ajuda, fui medicada e fiz terapia. Lembro-me de haver alturas em que passava dias inteiros a dormir e quando acordava voltava a tomar um comprimido que me punha a dormir novamente. Bati no fundo, disse e fiz coisas que nunca seria capaz de dizer/fazer numa situação normal. Da maioria não me recordo, mas sei que magoei as pessoas que mais gostam de mim.
Tentativas de suicídio foram 6 em cerca de 1 ano. Talvez fosse a forma que eu encontrei de chamar a atenção para mim, talvez eu não quisesse realmente morrer, mas a maior parte do tempo essa era a única saída que eu encontrava para o sofrimento enorme e o vazio que viviam dentro de mim.
Nunca até ali eu tinha tomado um comprimido que fosse para as dores e dei por mim a tomar uma dose de 11 medicamentos diários que me deixavam em completo estado de adormecimento. Não sabia que se podiam chorar tantas lágrimas como as que chorei naquele tempo.
Ainda hoje, passados 7 anos desde que consegui recuperar, não gosto de me lembrar do buraco em que caí e sinto-me muito mais vulnerável a uma recaída perante uma situação inesperada.

Anónimo disse...

Olá Pipoca, como muitas outras pessoas identifiquei-me com o teu post. Sofri, e sofro de ataques de pânico. Neste momento acho que estou mais ou menos "controlada" mas houve uma altura em que parecia que eles iam tomar conta da minha vida. Deixei de fazer coisas que me davam prazer por ter medo de me sentir mal, não suportava estar em aglomerados de pessoas porque achava que me ia sentir mal e não tinha por onde escapar e toda a gente ia perceber o quão estranha eu era. O pior de tudo foi que as pessoas a minha volta não me compreendiam e muitas vezes perdiam a paciência. Acho que quem está a nossa volta não entende aquilo que se sente quando se tem um ataque de pânico, o medo toma conta de nós. Começa por ser uma sensação estranha de medo, o coração acelera, as pernas tremem, vem os suores frios e depois todo o nosso corpo treme e por mais que a cabeça nos diga que está tudo bem e que aquilo é uma estupidez o nosso inconsciente leva a melhor.
No meu caso, a seguir aos ataques vinha o choro, chorava porque no fim me sentia ridícula por ter feito aquela figura e por saber que não tinha razão nenhuma para estar assim.
Até que por fim consultei um psicólogo, não fui a muitas consultas, infelizmente, mas hoje sei que as poucas a que fui me ajudaram muito. Cheguei a tomar uns calmantes (muito fraquinhos) mas foi a terapia que me ajudou.
Não estou "curada", de vez em quando ainda tenho ataques de pânico mas nada que se compare com aquela fase mais negra..
Não se deve ter vergonha de consultar um médico para nos ajudar, se não temos problemas em ir a outro tipo de médicos porque é que temos tantos problemas em ir a um psicólogo? Como tu, acho que se desvalorizam este tipo de problemas quando eles são cada vez mais reais na nossa sociedade.

Sandy disse...

Como compreendo e me identifico com este post, estou a passar pela maior fase depressiva da minha vida, e olhem que lido com a depressao a 15 anos, nao e facil, o pensar que nao valemos nada, nao prestamos para nada e a celebre questao... Que ando eu aqui a fazer??? Case a 6 meses e deveria estar a viver um dos momentos mais felizes da minha vida e em vez disso o que faço? deixo-me ficar deitada um dia inteiro, sem forças para levantar a cabeça, choro durante 3 dias seguidos, e assisto ao sofrimento do meu marido que nao consegue (tal como eu) compreender o porque de tamanha tristeza, que me traz a ideia algo que tento afastar, o suicidio... Agora vai-se la compreender como cheguei a este ponto...sinceramente...nao sei...mas tenho lutado com todas as minhas forças (que ja sao poucas) e ate agora mesmo sentindo-me quase nula, aqui ando, e graças a pessoas espetaculares que em vez de recreminarem me dao um abraço bem forte e me transmitem força.Pois garanto, os medicamentos nao sao tudo.
Desculpem o desabafo, pela primeira vez resolvi partilhar o que estou a passar.
Desculpem tambem a falta de acentuaçao nas palavras, mas o meu computador resolveu que eu nao podia utilizar essas modernices :)
beijos a todos.
E continua com este belo blog pipoca, o melhor para ti e para os que amas.

Ana Rodrigues disse...

Pipoca, obrigada pelo texto, obrigada mesmo! Os meus pais, cada um pelas suas razões e problemas, têm acompanhamento de psicólogos e psiquiatras e a qualidade de vida deles, principalmente a do meu pai (que sofre de stress pós-traumático por causa da guerra no Ultramar, foi prisioneiro de guerra durante 6 meses), melhorou e muito, tipo volta de 180º! Discordo completamente de quem acha que psicólogos e psiquiatras só existem para tratar os maluquinhos, que ideia estapafúrdia!
Neste momento, uma das pessoas mais importantes da minha vida, um grande amigo, está a passar por uma depressão mas, por receio ou por outro motivo qualquer que eu ainda não percebi, acha que vai resolver o problema sozinho e ainda não procurou ajuda. Quer dizer, ele já teve ajuda antes mas não teve melhorias, não acertou na pessoa a quem pediu ajuda. Foi-se afastando dos amigos, desmotivou-se com tudo e eu, que me sinto completamente impotente, não sei o que faça para o ajudar. Eu sei que não é comigo que ele vai desabafar e desatar os nós que tem na alma mas gostava de lhe dizer, sem o melindrar, que devia fazer terapia, acima de tudo para o bem-estar dele. Para voltar a ganhar gosto pela vida e pelas coisas, para perceber que há todo um futuro pela frente. Mas como fazê-lo sem que ele leve a mal e ache que me estou a meter onde não sou chamada? Custa-me vê-lo sofrer em silêncio, sozinho. Desculpa o desabafo...
Boas férias para ti e para o esposo e tb para o baby :)

Ines M disse...

Olá Olá :)


Confesso que raramente comento em blogs, embora seja leitora relativamente assídua. No entanto, se aquilo que eu tiver para contar ajudar alguém a identificar-se e até a perceber que não anda sozinho nisto, então bora lá!


Sempre tive alguma hesitação em chamar depressão aquilo pelo qual passei. De qualquer forma, foi o que lhe chamaram e, de facto, há uns anos atrás, sensivelmente uns 8 ou 9, não estava bem comigo própria e isso levava a que, infelizmente, não estivesse lá muito bem com os outros. Na verdade, uma parte significativa da minha vida não estava em paz e como eu gostaria que estivesse (ainda hoje há coisas que não estão, claro) e isso levou-me a mudar drasticamente a minha maneira de estar na vida. Como consequência, as outras pessoas não percebiam e, na realidade, também não tinham paciência para tentar perceber. Não é propriamente agradável conviver com alguém que está numa fase tão negativa e que não vê nada de bom à volta. Basicamente, eu não estava bem, não estava feliz, não tinha vontade para grande coisa e, como era em casa que existia parte do problema, recorria ao convívio com os amigos. Mas, notava que até eles não tinham paciência para tentar entender porque raio andava eu tão negativa, tão triste e de costas voltadas ao mundo. A sensação constante era de que todos me deviam e ninguém me pagava! E a mínima contrariedade era um obstáculo impossível de ultrapassar.


Começaram então a aparecer os ataques de pânico e o quadro de ansiedade mantém-se até hoje, mesmo depois de já ter feito terapia e ter andado medicada.


Tudo isto para dizer, que é importante ganhar consciência de que algo se passa, agir com o acompanhamento certo e, se não for connosco, tentarmos ser mais compreensivos e parar para pensar que se calhar aquela pessoa (que nos aborrece com o discurso negativo, com as queixinhas e com a expressão de poucos amigos na cara) está a passar por uma fase muito má e precisa de nós para lhe mostrarmos o que há de bom nesta vidinha. Eu tive essa compreensão de muito poucas pessoas, infelizmente. Ainda hoje há quem pense que eu simplesmente tinha um mau feitio do caraças e agora simplesmente cresci. Também era meus amigos, mas não era só isso! Poucos conseguiram continuar a ver a pessoa que eu era realmente por detrás de toda aquela fachada negativa. E, normalmente, essas pessoas são as que já passaram por algo semelhante.

Anónimo disse...

Como mulher e como psicóloga não podia estar mais de acordo. Assino por baixo

Anónimo disse...

O que vou dizer pode parecer um pouco polémico mas aqui vai: felizmente tive uma depressão. Felizmente perguntam voçes? Podem pensar que estou a brincar, mas não. A pedido dos meus familiares fui a um psiquiatra que me diagnosticou uma depressão. Naturalmente receitou-me antidepressivos. Eu obedeci às ordens do médico e lá os tomei durante cerca de um ano. Funcionaram de facto. Durante esse período senti um alívio, como tivesse levantado uma nuvem negra de cima de mim. Foi um período importante pois tive oportunidade de resolver certas questões interiores, certos assuntos que provavelmente não conseguia identificar debaixo do nevoeiro da depressão.

Dito isto, eu acredito piamente que a depressão é uma forma do nosso 'organismo' nos dizer que algo está errado na vida que levamos , seja na nossa rotina diária, nas pessoas com quem passamos mais tempo ou nos objectivos de vida. A felicidade é uma construção e todas as nossas acções acarretam consequências. No meu caso, levou-me a mudar a forma como eu vivia, a reconstruir certas áreas da minha vida. Por isso é o que eu digo, se não fosse a depressão, provavelmente não estaria tão feliz como estou agora.

Anónimo disse...

Inês, 18. Acabo de ler tantos comentários, e identifico-me com muitos deles. E talvez, por isso, eu mesma esteja assim. Os dias vão passando e nas férias foi pior. Não tinha ninguém comigo, e os que tinha, não os queria perto de mim. Cheguei a ficar um dia inteiro na cama a chorar, praticamente sem comer. Desde o início da faculdade que todos os dias tento fazer um esforço. Ainda penso muitas vezes se será o curso que não me está a agradar ou se é dos meus colegas, mas temo que seja apenas de mim. Tento esforçar-me para sair da minha zona de conforto, para falar com os outros, para ser mais expressiva, alegre, para criar algum tipo de ligação, para não me sentir completamente sozinha, como me sinto sempre que estou na faculdade. E o pior é que já não é só lá... Estendeu-se até aos amigos mais antigos, aqueles que considero agora como meus únicos amigos. E que, mesmo assim, já estão mais longe do que deviam estar. Gosto muito deles, mas tanto com eles como com os outros, parece-me que a minha capacidade de me manter interessante e interessada, despreocupada e alegre, simplesmente acabou. Ou então não arranjo qualquer tema de conversa, penso demais no que vou dizer ou em como vou agir e, afinal, nada digo e nada faço. Tenho de cansar-me, até, para não ser transparente, apática, isolada. E para não desesperar no meu canto no comboio ou no autocarro, quando começo a suar e sinto todos à minha volta a engolirem-me com os olhos. E a respiração a ficar descontrolada e eu a pensar se será melhor sair numa paragem antes da minha só para poder sair dali. Nunca gostei de multidões, nunca gostei de estar isolada, mas também nunca gostei de ser o centro das atenções. O pior de tudo é que sinto que não tenho ninguém. Vejo todos em meu redor a fazerem novos amigos e a fortalecerem a cada dia mais as suas relações e eu por ali fico, triste e sozinha, mas sem conseguir sair disso. Estarei deprimida? Sofrerei de algum tipo de ansiedade? Custa-me aceitar a fraqueza e tendo a pensar que me estou a queixar demais e que no fim tudo se resume a pieguices. Mas sinto-me mal todos os dias, já há algum tempo... E não vejo forma de por termo a isto, de mudar o rumo deste percurso nada próspero.

Amélia disse...

Olá Ana,

Neste momento estou a passar por uma depressão. As coisas não têm sido nada fáceis, mesmo, mas ao poucos tento fazer com que a minha vida regresse ao normal.
Depois de nos isolarmos, deixarmos de atender o telefone, esquecermo-nos das nossas responsabilidades, o regresso é muito, muito complicado... mas possível! E regressar é o mais importante, não perder o fio a meada.

Como disse o Ben Affleck no discurso dos óscares: And it doesn't matter how you get knocked down in life because that's going to happen. All that matters is you gotta get up".

PS: Ana, era tão bom que se fizesse um fórum de discussão sobre o tema. Acho que a partilha interactiva de histórias teria muito bons resultados !

Beijinhos a todos/as.
Se alguém me quiser contactar é só responder para aqui. : )

Anónimo disse...

boas noites. li o seu testemunho é lamentavel estar nessa situaçao. se ha doença k nao devia existir é a depressao, pois rouba-nos tudo, mas tudo mesmo. eu tenho uma depressao grave, e por momentos inicia-se em esgotamento. foi me detectada em 2005 tinha apenas 19 anos... nao fazia minima ideia do k me estava a acontecer. e desde o momento que me detetaram ate ao meu limite foi tudo muito rapido, cerca de um espaço de um ano. nao sei como e de repente acordei de mim mesma (pk nessa altura parecia me k estava em estado off) e vi-me mais morta k viva, ja com algumas tentativas de suicidio, sem sequer a sair da cama, a tomar 11 medicamentos diferentes por dia, sem fazer a minima higiene diaria (pois perdemos a vontade de tudo mesmo) e sem saber como era o ceu e o sol. foi nesse dia k "acordei" e vi k ja estava morta, apenas um corpo moribundo existia naquela cama. foi entao k vi k nao era aquilo k queria para mim e k por muito k custasse (pois acreditem que so o simples gesto de por os pes no chao para ir a casa de banho parecia uma luta sem fim) eu tinha de voltar a viver. passo a passo fui lutando e agora estou muito melhor e sem medicaçao. pois infelismente foi a medicaçao k me pos naquele moribundo estado. por culpa de medicos que quiseram ganhar dinheiro comigo fiquei mais morta k viva. nao tenho um psicologo ou psiquiatra a quem possa confiar, pois nao querem saber do meu estado ou ouvir. nenhum deles me da opçoes de eu poder voltar a ser uma pessoa normal. querem todos ganhar dinheiro comigo e voltar a me por moribunda. e eu nao aceito isso. ainda hoje a tenho e tem sido uma luta dolorosa pois ninguem me da trabalho no momento em k tenho de dizer que um dos meus problemas de saude é depressao. sei k sou uma guerreira por ter passado o k passei e ainda passo. na altura k estava a agravar o meu estado fui abusada sexualmente, a minha familia "abandonou me" nesse assunto deixando me sofrer sozinha. nem na depressao tive ajuda, todos fugiram, amigos, familia, pais, irmaos.... e apesar de me tentar suicidar na altura consegui ultrapassar um pouco esse acontecimento. pois ainda hoje me assombra terrivelmente e matou me qualquer momento intimo com alguem. agora enfrento uma nova batalha, o virus do papiloma humano com origem maligna, isto é, para alem de ter o virus ha a possibilidade de ter cancro, e eu ainda com a depressao isto tem me matado por completo. se nao fosse o meu adorado sobrinho eu ja tinha tentado me matar de novo (sei k nao é soluçao), pois desde que tive a depressao so tenho tido problemas atras de problemas. nao parece haver descanso. por isso gosto de pensar k sou uma guerreira por lutar contra uma depressao e lutar contra os maiores inimigos de uma mulher, ser abusada, ser infectada e haver a possibilidade de cancro no utero, e com 27 anos de idade sei k sou nova mas todos os dias peço a deus que me de forças para aguentar mais um dia e esta depressao k tem mais de 8 anos desapareca de uma vez. é bom ter onde poder desabafar e ver k tb nao sou a unica a passar pelo mesmo, pois tenho de me fazer de forte todo o momento... e eu nao sou assim tao forte. e lamentavel haver esta doença e tao poucos profissionais k saibam o k fazem, pois eu ainda nao encontrei um k me tire deste pesadelo que eu tanto keria. as melhoras para si e para todos nós, um bem haja e felicidades obrigada por este espaço e pela coragem de contar. beijinhos.

Anónimo disse...

Sei bem o que é a depressão. Fiquei sem trabalho...e foi aqui que tudo desmoronou. O meu namorado tinha vergonha da minha situação, vergonha de a contar aos amigos. Com este pretexto humilhou-me algumas vezes. Acabei por afastar-me a pedido da minha mãe, e em prol da sanidade mental que me restava. Já bastava a procura incessante por trabalho, as noites sem dormir, os dias passados no meu quarto ás escuras. Let it go...pensava. Em Outubro passado piorei, tive o meu último ataque de pânico dia 15. O coração batia, ia explodir. Entretanto, passados 2 dias fui chamada para ir fazer uma entrevista, com 1 empresa estrangeira que vinha recrutar profissionais da minha área a Portugal. Levantei-me da cama, fui arranjar o cabelo e as unhas. A minha mãe escolheu 1 roupa bonita para mim e só por ela fui fazer a entrevista. Fui seleccionada. Entretanto comecei a fazer 1 curso para aprender a língua nórdica do país que em breve me vai acolher, promovido pelos empregadores. Sou a melhor aluna :) Nunca mais tive 1 ataque de pânico. Ficou apenas o receio normal de quem vai emigrar. Com tudo isto aprendi que o acaso não existe, mas sim sinais. Nunca deixem morrer a esperança...foi o erro que cometi. Obrigada pelo desabafo. Obrigado pelo post e felicidades para a tua amiga e para ti, Pipoca ;)

D.Fernando disse...

Parole, parole, Charles Aznavour. Conhece pipoca? Não? Ouça então. Faz muito bem às depressões...

Anónimo disse...

Falar de depressões, é sempre um excelente tema, mas temas este, sempre delicado
Uma genuína depressão, é insuportável, e paralisa por completo vidas, involuntariamente na maioria dos casos

Li o post, e os comentários, e reli-me um pouco em cada um deles, mas falar em Depressão, é relativo, muita gente sofre de sintomas, e diz que andam com Depressões, e por vezes não é bem assim, no momento atual que o País atravessa, está tudo Deprimido.

Sou Depressiva Crónica, e pertenço ao Clube dos APANICADOS.

Depressão a minha “involuntária” que transporto desde criança, 12/13 anos, sem motivos, apenas com uma causa, a nível duma sequela cerebral, resultado dum AVC, quando dei por mim (Acordei no Hospital) senti até hoje, que a minha pessoas Morreu naquele dia, e nunca mais fui a mesma criança.
Nasci uma nova pessoa.
Passaram anos, casei com um marido incansável, sempre me compreendeu bem, e está sempre comigo, quando ando em fases piores.

Ter uma Depressão dita normal, é mau, neuroses ansiosas, também é mau.. ATaques de ansiedade , é bem mau ,Ataques de pânico, também é do pior.

Mas li um comentário que diz bem
Viver com Depressão Ansiosa, ataques de pânico tipo (AGOROFOBIA = Fobia Social), estraga uma vida por completo, quando falo em ataques de pânico, não é um ataque que surge por uma situação que cause uma ansiedade dita normal.. Ataques de pânico involuntários, sem causas , o pior que alguém pode sentir, é nem para despejar um simples saco do lixo, naquele contentor que todos temos á porta.

Ataques de pânico mesmo medicados, que nos impede de fazer uma vida normal, desde trabalhar, ir a um Hipermercado, fazer aquelas comprinhas que nós mulheres tanto gostamos.
Resumindo, ter pânico de tudo o que se avista, por vezes nem o nosso Ninho (teto) nos safa de tamanho misto de sentimentos horríveis.

Tentei trabalhar ao longo da vida , em várias áreas, em ambientes tranquilos a fazer o que mais gostava, mas nunca obti bons resultados, sou mais velha que a pipoca uma década e tal, aparentemente, toda a gente que me conhece diz ,és uma mulher linda e “saudável,
Um sorriso estampado no rosto, é a Arma do meu maior disfarce perante quem não faz por entender e a sociedade em que vivemos, até os meus médicos dizem que engano bem.

Uma sugestão que deixo a todos os que lerem

Se a vossa Depressão permanecer muito tempo, procurem ajuda médica, se sentirem que um psicólogo não chega , vão a Neurologia, se tiverem que tomar medicamentos pra melhorarem, custa beber 1 copo de agua todos dias com medicamentos, se nos sentirmos melhor?

Se não der certo num médico, escolham mais opiniões.

Vão, mas não façam o que eu fiz, quando decidi procurar a ajuda certa, num dia que acordei decidida a dar um basta.
Pra mim já foi tarde, já estava crónico num grau muito grave, o que fez ficar dependente duma gama medicamentosa, incluindo muitas outras ajudas………… pró resto da minha vida.

Não façam apenas por Sobreviver, VIVAM, E ESFORCEM-SE POR SEREM FELIZES!

Morango Azul disse...

Compreendo o que dizes. Também tenho familiares directos bipolares. É muito difícil lidar com eles. Força, a medicação ajuda imenso.

Marta Tomás disse...

Olá, o meu marido está com uma depressão profunda aliada a uma desintoxicação de drogas, não quer sair de casa, tem medo das outras pessoas, já gastei rios de dinheiro numa psiquiatra, será que me podes indicar algum contacto de de um especialista em psicoterapia ou psicologo. Agradecia muito pois estou a ficar desesperada. um bj e obrigada.

Linhas Cruzadas disse...

Olá Pipoca,

True Story - quase todas as pessoas da sociedade moderna já passaram por estados depressivos e uma larga percentagem por depressões. Parece que este jogo de expectativa/frustração associado à forma como a sociedade se desenvolveu dá nisto. Generalismos à parte, eu, que até tive uma vida com motivos vários de desiquilíbrio que não interessa referir aqui, agora, sempre fui uma pessoa optimista e achava que era capaz de suportar e enfrentar tudo e todos. Até um dia. Numa estrada de Lisboa a conduzir a alguma velocidade achei que era um bom dia para morrer. Foi a primeira vez que tal pensamento me assolou à cabeça e passado o estado de semi-sonho que a condução por vezes dá, parei o carro, respirei e soube que estava na hora. Não sei se só por mim, mas muito pela filha pequena na altura, marquei nesse mesmo dia uma consulta de psiquiatia. Essa primeira vez tomei o famoso Prozac e aquilo é mesmo a droga da felicidade. Não fiz terapia, mas os químicos levaram embora os sintomas e achei que estava curada. Dois anos depois, ataques de pânico em centros comercais e sempre que rodeada de algumas pessoas a mais que o 'normal', vestir-me sempre de preto, ter dias enfiada na cama com dores de cabeça e vontade de chorar, fizeram-me ver que estava outra vez no fosso. A minha médica de família mandou-me para o Miguel Bombarda mas só pela primeira consulta soube que não era por ali, não queria ser um zombie drogado, nem tinha sintomas para tanto (acehi eu, mas sou adulta, posso escolher (I guess). Fui sincera com ela e pedi-lhe alterativas e felizmente mandou-me para a psicoterapeuta (ainda dizem que a segurança social não funciona, posso ter tido sorte mas...) Fiz terapia um ano e meio e ao fim de 6 meses tenho perfeita noção de que ia lá como se fosse visitar uma amiga. Ao fim de um ano e meio a querida vanessa disse-me que 'se calhar' eu continuava a ir quase como 'muleta emocional' e que estava na hora de andar sózinha. Triste reconheci, mas corajosa assim fiz. Há mais de 13 anos que não tenho quebras a ponto de ter de recorrer a ajuda especializada. Nunca tive vergonha do meu 'estado'. A minha terapeuta transmitiu-me algo que tomei como verdade sempre - 'a depressão é um dilema - quer o reconheças dentro de ti ou não - e isso leva tempo, estás dividida entre duas opções mas como não sabes como optar o cérebro encolhe-se e'deprime-se'. Esta foi a minha verdade e quando encontramos a nossa verdade, estamos quase curados. Obrigada pelo tema.

Sónia disse...

Neste momento estou a passar por face complicada. Tenho um filho de 4 anos e um bebe de 5 meses. Já estou a trabalhar e o meu trabalho é desgastante...todos os dias trabalho sobre uma pressão enorme, o stress é constante. Ao fim do dia a minha vontade é de chegar a casa e deitar-me, não ver ninguém! Mas não posso, tenho que ir buscar os meus filhos ao infantário, fazer o jantar, arrumar a casa, passar a ferro, estender roupa, dar banho aos meninos...enfim!O marido vai para o ginásio...Tudo leva a discussões e a ataques de pânico. Fico com uma dor insuportável no peito, da primeira vez até pensei que estava a ter um ataque cardíaco. Mas depois dos exames que fiz está tudo bem com o meu coração, é apenas esgotamento. Tenho dias em que só me apetece chorar...tento ir buscar forças nos meus filhos. Quero vê-los crescer e educa-los :-)A vida não é fácil.

Anónimo disse...

Há imenso tempo que estou para aqui a ler os comentários todos e só Deus sabe o quanto me identifico com todos eles e acima de tudo com o seu post.
Também eu há cerca de 4 anos tive o meu primeiro ataque de pânico, tinho na altura 38 anos. Fui à urgência e vim de lá medicada com alprazolan. Tomava apenas em s.o.s. E os S.O.Ss começaram a repetir-se cada vez mais e em situações tão simples do dia à dia, como ir à escola receber as notas do meu filho, excelente aluno, ou ter de o levar à piscina, estar num almoço de família, ter de falar em público. Não poderia de maneira nenhuma ser o centro das atenções, se o fosse corava imenso e o coração disparava.
Havia uma razão por detrás disto, estava desempregada. Tantos anos a estudar e no fim olha, puff, toma lá, és dona casa e só tens de sorrir e acenar.
Entretanto arranjei trabalho e os ataques de pânico desapareceram como que por milagre até ao dia em que tive de sair da empresa porque havia excesso de pessoal. Fiquei novamente desempregada e os ataques de pânico recomeçaram.
Consultei uma psicóloga e um psiquiatra mas não resultou até ao dia em que o meu marido se cansou de me ver assim, faltou ao trabalho e levou-me à médica de família. Até aquele dia resisti sempre ao antidepressivo, apesar de já mo terem receitado antes, não o chegava sequer a comprar, defendia-me apenas com o alprazolan. Mas naquele dia a médica ralhou comigo, dizendo-me que eu tinha de me deixar ajudar, que me estava a prejudicar não só a mim, mas toda a minha família. Baixei as armas contra o antidepressivo e comprometi-me a cumprir com a medicação. Há um 1 ano que estou a tomar a sertralina uma vez ao dia. Sinto-me francamente bem. Nunca mais tomei alprazolan. Durmo muito bem. Reduzi também as tomas de café, apenas 1 por dia, é uma regra que tenho de cumprir. Ainda não consegui voltar a trabalhar, mas tenho feito muitos esforços nesse sentido. Dedico-me à lida da casa, tento inovar na cozinha, faço refeições saudáveis e caminho todos os dias entre 30 minutos a 1 hora. O meu marido diz que estou francamente melhor.
Se o antidepressivo não resolve o problema? Eu penso que nos ajuda a viver o dia à dia, o presente, bastante melhor e a tentar arranjar soluções para o problema que origina a depressão.

Anónimo disse...

Acompanho a pipoca há alguns anos e nunca deixei qualquer tipo de comentário, mas hoje decidi fazê-lo porque eu estou a passar por uma depressão, e o sofrimento é brutal! O seu blog tem sido uma companhia e identifico-me muito consigo. Já dei o primeiro passo, que foi ter consciência que é uma doença e pedir ajuda médica. Ando num psicólogo e numa psiquiatra. Estou a tomar medicação, o que não queria, mas sei que faz parte do processo de cura. Desabafei com a minha família, amigos mais chegados e com o meu marido. Ainda estou no fundo do poço, mas tenho esperança que vou melhorar e que vou tirar lições de vida muito importantes. Queria deixar um abraço de força a todos os que estão a passar pelo mesmo e pedir para que procurem ajuda e que confiem nos mais próximos. Parabéns Pipoca pelo bebé e pela ajuda indirecta que me tem dado.

Joana Cruz disse...

Ha uns anos eu tambem passei por isso....ataques de panico graves que me levaram a pensar que estava a ficar louca,ja nem saia de casa porque quando o fazia sentia-me mal....não percebia o que se passava comigo,andava sempre cansada,de mau humor,sem paciencia para nada e so me apetecia desaparecer...fui ao medico que me receitou xanax,coisa que me recusava a tomar ate que tive um ataque de panico grave sozinha em casa....foi nesse dia que descobri um blog que inacreditavelmente me ajudou imenso : coco na fralda....ainda o ataque não tinha passado quando resolvi tomar o xanax e ligar o pc e o blog da sonia ajudou me muito nesses tempos dificeis...continuei a tomar o xanax durante dois anos....tive que reaprender a sair de casa sozinha outra vez,andar de transportes,compras etc mas hoje o xanax anda sempre na mala mas ja não me é necessario...apenas por prevenção...queria dizer a todas as pessoas que se sentem assim,que não estão sozinhas,não estão a ficar malucas,não tem nenhuma doença grave do foro fisico como eu pensava que tinha e se for preciso recorrer a medicacção façam-nos...a mim ajudou-me muito!Bem hajas Ana por este post...bjinhos

Happy Woman disse...

Excelente texto, à semelhança do escrito pelo seu "mais que tudo" há uns tempos atrás. Não é querer o mal dos outros, mas saber que há mais pessoas que passam pelo mesmo que nós, faz-nos sentir menos extraterrestres e ver que é possível melhorar! Sem dúvida que é! Também eu passei há pouco tempo por episódios semelhantes e, embora ainda não me sinta 100% confortável, sinto-me muito mais segura, tendo o papel do psicólogo sido fundamental. Não tenho vergonha nenhuma de dizer que frequento, que gosto e que, enquanto puder, continuarei a ir. Acredito, que numa fase inicial e urgente, os medicamentos ajudem, mas depois não chegam e a sensação de "só estarmos bem" porque tomamos algo, não ajuda... Vivemos para sermos felizes e acreditar nisso é o caminho.

Anónimo disse...

Mesmo que tenha errado em pequenas coisas, NINGUÉM merece tal tratamento.

Esse homem e um TRASTE. E a família também.

Acredite que é uma boa pessoa e MERECE SER FELIZ!
CUIDE DE SI!

Sara

Anónimo disse...

Eu infelizmente sem bem o que é isso, sofro de depressão crónica, ainda esta semana saí Graças a Deus de uma crise horrorosa! Obrigada Pipoca por nos entenderes! Bjs

Anónimo disse...

Olá Ana!
De vez em quando, venho ver as últimas da moda por aqui :)
Nunca fiz nenhum comment no seu blog e faço-o hoje para lhe agradecer enquanto profissional. Sou psicóloga e psicoterapeuta e ainda bem que escreveu este post, em que ressalva o acompanhamento psicoterapêutico. O tratamento medicamentoso, como referiu é muito importante, mas penso que todos (ou quase) concordamos que a psicoterapia vai à raiz do problema. Custa muito (e não estou a referir-me a dinheiro), é certo, mas vale a pena!
Quanto aos custos monetários, sim, são mais elevados, mas já há muitos bons psicólogos e psicoterapeutas a fazer preços mais acessíveis. Antes de tudo, é importante conhecermos o psicólogo e ganharmos confiança nele, fazermos todas as perguntas, tirarmos todas as dúvidas e acabarmos com estigmas!
Obrigada mais uma vez Ana!

Miss T disse...

Este post foi de facto importante, Pipoca. Acho que a depressão continua a ser um assunto tabu e continua a estigmatizar-se quem dela sofre. Penso até que os homens são mais estigmatizados do que as mulheres nesta situação porque encara-se sempre a depressão como um problema de alguém "fraco da cabeça"/frágil.
Há que falar dos assuntos, debater o tema, não adianta esconder, o problema existe, quer queiramos ou não. Penso que continuamos a não falar muito no assunto e a desconsiderar um bocado. Muitas vezes, adopta-se a atitude:"eu sou forte, vou conseguir", "hoje estou assim, mas isto passa", mas quando se trata realmente de uma depressão, essa atitude não vai resolver nada. Há sempre necessidade de tomar atitudes.
Passei por uma fase difícil há uns anos e fui protelando até não poder mais. Quando cheguei ao ponto de não conseguir dormir noites a fio, de passar dias a chorar lá me arastei ao médico. Penso que tive muita sorte nesse dia. Fui atendida por um médico de clínica geral que, a muito custo, me receitou uns comprimidos que me ajudariam a dormir, não sem antes me dizer mil vezes que não seriam os fármacos que me resolveriam os problemas, eu precisava de "resolver" a minha cabeça. A conselho dele, consultei uma psicóloga durante cerca de um ano e posso dizer que foi a atitude mais acertada que poderia ter tomado. Durante as sessões, acabei por falar de assuntos que pareciam extraordinariamente terríveis e que, depois de verbalizados, passaram a ser muito mais fáceis de encarar. Além disso, como diz a Pipoca, há a orientação do nosso pensamento que é tão importante.
Aconselho toda a gente a procurar ajuda. Todos os casos serão diferentes e para algumas pessoas não bastará um psicólogo mas há que procurar a harmonia, sem falta. Sem ela, não vamos a lado nenhum.

M disse...

Tive de escrever sobre isto, mas pus referência ao teu texto :)

Anónimo disse...

Boa tarde.
Não sou de fazer comentários em blogs. Mas de facto, este assunto, é-me familiar.

Há uns anos a esta parte, por motivos de trabalho, vi-me condicionada a uma vida quase normal devido aos ataques de panico. Eu, Euzinha que sou a sra. independente o Fittipaldi feminino, pronto a pegar no meu carrinho e a viajar, sem medos. O panico, estava a tirar-me isso! Eu insistia com ele, pegava no carro e eis que o tipo, sem pre aviso ou motivo lá vinha dar-me a sensação de morte iminente e que ia ficar ali congeladinha ao volante. Tinha de parar o carro num de repente e muitas vezes quando fui "socorrida", pensavam que estava em alguma tentativa de suicidio ou maluca!!... Até que comecei a saber se histórias iguais ou identicas, de pessoas de todas as idades.

Ao fim de alguns 2 anos a lutar contra mim mesma e o estupido preconceito que instalei em mim de que ir ao psiquiatra era sinal de maluquice, ao fim de dois anos de tratamentos gerais que não resolviam o problema, apenas o camuflavam ou piorava; após 2 anos de estar a começar a enlouquecer todos à minha volta - sempre que saia ficavam como coração nas mãos e o tlm em modo urgência à espera do meu telefonema em tom de prantoa dizer: "estou parada numa merda de uma estrada qq, porque a porra do sr panico surgiu e fez-me cativeira!Venham-me buscar!"; após dois anos de me refugiar e isolar e nao querer dizer a ninguém porque maioria ficava a olhar com ar de: "mas panico, pq? que treta é essa? fernicoques!!"; ganhei coragem e fui à psiquiatra!

Acho que tive muita sorte a que procurei faz cair por terra todos os preconceitos e ideias estabelecidas de quem só medicam, põe-nos grogues e não querem saber de mais nada! Pois que esta é terapeuta, onda muito zen, super calma, antes d eme medicar quis saber de tudo e mais alguma coisa dos recantos da minha vida que pudessem justificar as cenas parvas do panicar em td qt era lugar;e um milagroso compirmidinho durante 1 1/2 resolveu o assunto! Abençoada medica! E que Deus lhe continue a dar muitos anos de vidinha para ajudar quem precisa!

Resumindo: pedir ajuda não faz de nós mais fracos, precisar dela muito menos e aconselhá-la a quem precisav só faz de nós anjos da guarda - como um dia alguém foi de nós! Aconselhei a minha mãe a ir lá para fazer o desmame de anos a fio e caixas e caixas de anti depressivos e afins recietados pelo médico de clinica geral numa altura complicada das nossas vidas quem que teve de recorrer a ajuda suplementar... A minha mae está rendida... Há mais tempo tivesse ido, há mais tempo teria menos droga no organismo e o preconceito tb teria passado e se calhar nem se teria instalado qd me aocnteceu o que aocnteceu.

Boa sorte! E obrigada pela partilha.

Anónimo disse...

Antes de mais, muitos parabéns pela forma como escreve, conseguindo transmitir muito do que eu própria penso, relativamente a este tema. Isto de escrever (bem) não é para todos! É-me muito difícil sintetizar sobre a minha experiência ocorrida há 8 anos e superada desde há 6 anos até agora. Esperemos que assim continue, mas nisto das depressões, nunca mais esqueci a seguinte frase de um profissional de saúde "O grande problema é a depressão aparecer a 1ª vez!". Deixo apenas algumas conclusões resultantes da minha experiência.

A forma como se trata a saúde mental em Portugal, é vergonhosa. A começar pelo SNS que não tem uma rede eficaz para estas vertentes das doenças mentais (depressões, ataques de pânico, crises de ansiedade, etc.). Conseguir uma primeira consulta de psiquiatria daqui a 6 meses, no mínimo; muitas zonas sem consultas de psicologia...

Quanto à forma como os outros olham para o doente com um problema de saúde mental, acho que está tudo dito, acrescento apenas que não é de admirar que a população em geral pense dessa forma, quando os nossos profissionais de saúde são os primeiros a "gozar o prato". Aconteceu comigo (contou-me quem me acompanhava nos corredores do hospital, quando estava inconsciente), já presenciei com outras pessoas. Mais uma vez tenho de adjectivar como VERGONHOSO. É lamentável esta falta de profissionalismo.

Quanto aos doentes, todos os indivíduos têm o seu limite, uns mais outros menos, uns mais fortes psicologicamente outros nem tanto, mas limito-me a deixar a mensagem que ninguém está livre de atingir os seus limites.
Nunca desejei a ninguém, absolutamente ninguém, que batesse no mesmo fundo onde eu já vivi por algum (bastante) tempo, mas já vi alguns "peixes morrerem pela boca", o que, sinceramente, não me deu qualquer alegria.

Para quem está de fora e à volta: Respeitem, informem-se e não continuem ignorantes quanto a este assunto. Ah, e já agora, se possível, ajudem! Ajudar significa encaminhar o doente para o melhor tratamento possível, não é massacrá-lo com mil perguntas e teorias (regra geral o doente não consegue identificar o que se passa, pode ter acontecido algo de muito grave ou poderá ser uma acumulação de problemas mais pequenos).

Comigo a fórmula vencedora foi: medicação + terapia. A minha terapia de eleição é a psicomotricidade. A psicomotricidade é tudo de bom (para mim). Dá-nos exercícios práticos de relaxamento, aprendemos a identificar o que nos apoquenta, a classificar e a relativizar os nossos problemas (o que se pode resolver resolve-se, o que não se pode, paciência, não nos vamos matar por causa disso:))). Mesmo como eu gosto, ou é ou não é, nada de coisas no abstracto. Consultas com psicólogos continuam a não ser a minha cena. Aquela coisa do blá, blá, blá não é para mim.

Esta foi a segunda vez que comentei um blog. Coincidentemente o assunto que me fez comentar é o mesmo. Muito engraçado também (not) é o facto de o outro blog que comentei ser de um profissional de saúde que estava a "gozar o prato" do tema (tentativa de suicídio/depressão).

Desejo-lhe muitas felicidades e tudo de bom, para si e para a sua amiga.

TC

Anónimo disse...

Enquanto psicóloga e pessoa que começou a sofrer de ataques de ansiedade desde os 18 anos, afirmo com toda a certeza que a procura interna destes ataques é o caminho certo.

Além da ajuda psicológica e por vezes da também necessária ajuda psiquiatrica, as pessoas têm de aprender a parar e observar a sua vida, pensar sobre ela, sobre os seus dias, sobre aquilo de devem e podem levar ou não a sério.

Verdade é que farmaceuticas têm grande poder, mas está no poder da pessoa decidirem a via da sua cura.
Saúde mental é um caso sério. E são blogs e temas como este que iniciam uma nova época dentro deste tema em Portugal. Que permitem não haver mais afirmações como "Psicólogos são para malucos"... Não, psicólogos são pessoas treinadas e que em algum momento decidiram que gostam e têm disponibilidade para ouvir o outro, colocar-lhe questões para o próprio responder, pois a chave do bem-estar e qualidade de vida stá em nós! Mais ninguém nos pode dar isso na sua essencia.

Parabéns a todos que não têm medo, mas sim coragem para se tornarem melhores pessoas!
Um beijinho à Ana e ao feijãozinho!

Sara Martins

Unknown disse...

Desculpa dizer.te mas tu própria estas a catalogar te de "maluquinha" bem como á tua mãe porque já iniciou o tratamento . Não será certamente o tratamento correto ! eu medico.me há três anos para uma depressão e eu mantenho a minha aparência "normal" sem andar apática sem movimentos repetitivos e discursos incoerentes . A manteres essa forma de pensar vais de certeza cair em depressão profunda mas nem mesmo assim serás uma "maluquinha "
Peço desculpa pelo desabafo mas de fato não gostei da conotação que usaste .



Ana Gonçalves

Anónimo disse...

No meu caso, era mto bem sucedida profissionalmente, qdo puff.....perdi meu emprego e já não tinha mais como pagar a prestação do apto e do carro. Aliado a isso tudo tb terminei uma relação afetiva complicada. Também sou da opinião que os medicamentos não ajudam, só nos adormecem, só fazem com que fiquemos sem reagir....comecei pelos remedios, como ficava dopada a maior parte do dia...decidi parar com tudo.
Foi horrivel, era pavor de tudo e de todos, se estava no transito e o farol fechava, na minha cabeça eu nunca mais ia conseguir sair dali, ia ficar no transito presa p/ o resto da vida ....q loucura.
Só chorava, emagreci 20 kilos, nao comia, nao tomava banho, parecia um zumbi.
Consegui me recuperar com cromoterapia.
Foi o q me ajudou.
Passado mais de 15 anos, hj de vez em qdo ainda tenho, nao tanto qto antes, mas tenho, principalmente a sindrome do pânico...

Anónimo disse...

uma amiga minha disse para eu vir a este blog e ver a forma interessante como abordas-te este tema e realmente quando o comecei a ler identifiquei me com ele logo...acho que as pessoas não fazem ideia do que realmente é a depreção...só quem passa por ela é realmente sabe como nos sentimos...eu falo por mim....eu ainda estou em recupareção, mas comparado com aquilo que eu já passei e senti estou bastante melhor mas tenho a consciencia que neste momento ainda estou um pouco debelitada e é uma luta constante nesta altura....a medicacão ajuda mas não faz milagres sozinha...temos de mudar, temos de nos apoiar nas pessoas que nos apoiam, que nesta altura a maior parte parece k fogem e so ficam os verdadeiro amigos,temos de ter forma para nos erguer e sobretudo querer isso...é uma experiencia que vai ficar para sempre marcada na minha vida e na do meu marido pois tudo aquilo que passamos não é facil porque afeta toda a nossa vida...as tentativas de suicidio..a vontade de afastar toda a gente...de sentir que o melhor é nos magoar-mos a nós proprias.
A quem está a passar por esta situação so digo que tenham fé, muita fe mesmo e agarrem-se as pessoas que realmente se preocupam com vosco.
Apenas quero agradecer á cristina e ao carlitos (Bés) ao meu marido e á Marta pela ajuda constante que ainda hoje me dão...
Um muito obrigada

Lisa

MyShoes disse...

A dor psicologica é forte, trespassa-nos... Só quem passa consegue perceber o quanto é incapacitante viver todos os dias com uma dor, que é física também, dói a cabeça doiem as costas de viver em tensão, doi o coração em sobresalto... doi a alma.
Eu vivo em dor, vivo em luto pq perdi a minha mãe, perdi o meu pilar, perdi a minha dinâmica familiar, perdi meu emprego, perdi a esperança, no meio disto tudo perdi-me a mim... sobrevivo uma sombra de quem fui! É triste encarar isto, mas após algum tempo de negação, a achar que podia resolver tudo sozinha, a achar que merecia viver em dor, a tornar a vida de quem me ama insuportável, procurei cepticamente ajuda... acho que procurei tarde, acho que deveria ter encarado e pedir ajuda mais cedo. Isto tudo para dizer que na recuperação nós próprios somos o nosso maior obstáculo, pq nos punimos, pq achamos que merecemos sofrer. Dei por mim tt vez a pensar durante a doença da minha mãe: se ela está a sofrer como é que eu posso sorrir? E castigamo-nos, até não termos mais forças para lutar contra nós própios. É UMA MERDA DE VIDA!
No meu caso penso que os traços da minha personalidade ditam a que seja alguém propicia a depressões. Desde que faço psicoterapia percebi que não consigo expressar o que sinto, pq sempre me defendi do que sentia, sempre empurrei para um local onde tudo fica lá guardado, pq n tinha tempo p pensar tinha que agir. Quando depois depois da morte da minha mãe perdi a agitação que era andar de lado para lado, hospitais, consultas, medicos, pesquisas, ser forte para ajudá-la, depois perdi o meu emprego, fiquei com tempo e tudo o que tinha empurrado veio ao de cima e é uma merda!
Todos nós vamos funcionando até ao dia em q somos obrigados ao confronto conosco próprios, olhamos e não gostamos e não sabemos oq ue fazer com isso. è mais facil dizer para nós próprios que somos parvos, fracos do que admitir que a vida muda, que nós não controlamos essa mudança e que temos que aceitá-la e seguir em frente, acreditando que no futuro também nos acontecerão coisas boas e não apenas más!
O clique está em nós próprios, com a ajuda certa mais cedo ao mais tarde chegamos lá!
Afinal todos queremos e merecemos ser felizes, se bem que alguns não acreditem nisso! Um dia de cada vez...

Pipoca parabéns pelo post

Anónimo disse...

chorei a ler este testemunho, passei exatamente pelo mesmo á 10 anos atras, e ainda não me sinto totalmente recuperada...

Catarina disse...

*ObrigadA

Algodão Doce disse...

Olá, não sou de comentar, mas acho que esta informação pode ser útil.
Estou a tratar-me duma depressão há 10 anos. Mas os meus sintomas não foram nenhum desses que especificam aqui, eu comecei a ter ataques de panico, que interpretava como mal estar, ou gastroentrite. Depois quando fiquei mesmo mal do estomago, e na generalidade do aparelho digestivo, depois de vários exames, foi-me diagnosticada uma depressão. Fiquei incredula, achava-me uma pessoa expansiva e nunca diria que fosse capaz de semelhante. Só com a medicação certa é que melhorei, e foi um alivio tãããão grande. Mas isto depois de ser medicada por uma psiquiatra, porque inicialmente fui medicada pela médica de familia, que tambem fez o diagnostico, mas o antidepressivo que ela me receitou ainda piorou a situação. Depois tentei fazer o desmame, e fi-lo várias vezes, mas tinha sempre que voltar a tomar o que ainda hoje tomo, em dose reduzida. Os meus pais eram já velhinhos, nasci quando eles tinham já 45 anos, e começaram a ficar doentes e a iminencia de os perder trocou-me as voltas, também o meu filhote mais novo ser um bébé dificil, ajudou e claro outras situações, ás quais eu não reagia, ficava com tudo cá dentro, e isso tudo acumulado provocou-me um desgaste que me levou a deprimir.mas a minha depressão não dava para eu ficar na cama, nem em casa, eu tinha dois filhos e uma casa para levar a diante, mas deu-me para problemas de diarreias e gastricos, que me deitaram tão abaixo, e inclusivamente fiquei com as defesas também muito em baixo. Lá me fui levantando, embora à minha volta as pessoas não tivessem muita paciencia, acham sempre que é doença de quem tem pouco que fazer, lá fui resistindo, com a ajuda da psiquiatra, que ainda hoje é a mesma, e também com a ajuda da psicologa, que era otima, mas que tive que deixar de frequentar por ser muito dispendioso, há 11 anos 50 euros de 15 em 15 dias era muito dinheiro para o meu bolso.
Vai fazer dois anos que os meus pais partiram, os dois no mesmo ano, com 7 meses de diferença, com 90 anos, velhinhos,e agora sinto-me mais confiante para tentar finalmente libertar-me da medicação. Estou com meio comprimido, apenas antidepressivo, sem nenhum tipo de ansiolitico, dia sim dia não e vou começar o desmame oficial em abril. Isto sempre com acompanhamento da minha psiquiatra, que eu sou assim, muito bem mandada :-).
A medicação é como o gesso para curar uma perna partida, depois a psicologia é como a fisioterapia para a recuperação.
Estou confiante que desta vez vou conseguir!!

Parabens Pipoca, pelo teu estado de esperança, vive a gravidez muito bem, porque se não tens aqueles achaques das grávidas, tipo enjoos, é um momento muito bom e feliz, pelo menos as minhas foram assim:-)

Maria (Singing About Places) disse...

Acho que nunca contei isto a ninguém (ou se calhar até te contei a ti), mas no princípio do 10º ano tive uma mini depressão. Não queria sair de casa, chorava por tudo e por nada (nas aulas, nos intervalos...), chegava a casa às 16h30 e às 18h estava na cama e dormia até às 7h30 do dia seguinte. Tinha pouca fome, não queria falar com ninguém e só queria ser deixada em paz.
As únicas coisas que me davam vontade de me mexer eram as aulas de teatro uma vez por semana e ir a concertos.
Um dia, depois de uma conversa sobre a felicidade com uma amiga minha, decidi que isto não era maneira de viver, que eu nunca tinha sido assim e que não era agora que ia ser. Comecei a contrariar a vontade de não fazer nada e de não ir a lado nenhum (quando só a ideia de ter um jantar me assustava) e em poucos meses comecei a sentir-me bem outra vez. Acho que a minha vontade de ficar bem veio especialmente de ter visto a minha mãe e a minha avó a passar por depressões e de não querer de todo passar por aquilo.

Anónimo disse...

Não tenho por hábito consultar este blog mas uma grande amiga minha alertou-me para esta publicação e vim lê-la.
Efetivamente, a depressão custa e a sua incompreensão é o que acaba por doer mais.
Sofro de ataques de pânico há 15 anos, com fases piores e outras melhores. Tendo lutado sempre contra eles, fiz tudo aquilo que é exigível a uma pessoa com a minha idade: acabar o liceu, a faculdade e trabalhar. Estou há um ano e meio com uma depressão que para mim nada mais é do que o desgaste que foi viver a minha vida, desde que me lembro, agindo como se nada se passasse e tentando ser tão normal quanto todos os jovens da minha idade. Mais cedo ou mais tarde, o cansaço teria que tornar-se inevitável e eu teria que partir à procura do porquê de tudo, aquilo que todos aqueles que passam por isto bem sabem que tentamos evitar.
Não perco a fé, principalmente por saber que nesta luta não estou sozinha e quero dar os parabéns pela publicação do tema.
Na verdade, venho propor que todos nós que nos sentimos sozinhos nos juntemos numa espécie de blog.
Ajuda muito a partilha de experiências e eu sei porque já ajudei muita gente em estados idênticos.
Num mundo tão grande não fará mais sentido sentirmo-nos sós acompanhados?
Deixem-me as vossas respostas e eu crio o nosso espaço...
Obrigada mais uma vez...

Madalena

Anónimo disse...

é realmente agradável para quem está a passar por este tipo de problemas saber que não estar sozinha e ler tantos testemunhos.
No meu caso caso, o problema prende-se com distúrbios e ansiedade e POC, mas houve um tempo em que senti estar a um passo de um estado depressivo mais grave. Não sabia explicar porque razão tinha estes ataques de ansiedade, porque razão estava constantemente a sentir-me em "perigo iminente" e isso estava a dar comigo em louca, porque achei que era uma estupidez e que ninguém iria perceber ou conseguir ajudar-me. felizmente, procurei ajuda junto da minha família e comecei a fazer terapia. no entanto, os resultados não estavam a ser os esperados e a minha mãe insistiu para que fosse a um médico procurar ajuda em termos de medicação.

confesso que, como muitas pessoas aqui, também eu tinha o preconceito dos antidepressivos e etc, são substâncias viciantes é certo, e não é nada giro assumir, sobretudo perante nós próprios, "sim, eu tomo prozac". mas iniciei a medicação e posso dizer que pela primeira vez em algum tempo senti a minha cabeça limpa e com forças para iniciar todas as estratégias para combater a ansiedade que aprendo na terapia. Os medicamentos são apenas uma parte do processo, juntamente com o psicólogo, mas posso dizer que, pelo menos para mim, são uma parte importante. Hoje estou a conseguir progredir e a aprender a controlar a minha ansiedade e não deixar que esta controle a minha vida.

Há muito tempo que sigo o teu blog Pipoca e embora goste imenso de ler os teus posts sobre moda, viagens, livros ou mais humorísticos, foi muito bom poder ler o teu post sobre o assunto e os outros tantos testemunhos, pois este tipo de doenças do foro nervoso ainda são vistas com bastante preconceito, o que impede muitas pessoas de pedirem ajuda. Por mim, e por saber o que passei e o quanto me senti sozinha quando não era necessário que assim fosse, agradeço-te por proporcionares aqui um pequeno espaço de debate e partilha destas questões! :)

Andreia

Inês disse...

Oh anónimo...se um dia passar por ela, ou tiver alguém próximo de si a passar mudará de opinião.

Anónimo disse...

Se diz isso é porque não sabe o que é uma depressão clínica realmente grave. Por vezes, nem a medicação é suficiente, tendo que se recorrer à ECT.
Inês

Anónimo disse...

Margarida, com todo o respeito que tenho pelos psicólogos, um bom psicólogo sabe admitir que nem sempre a depressão se cura com 'conversas'. Com uma depressão clínica realmente grave por vezes nem a medicação é suficiente, tendo que se recorrer à ECT.
Inês

Lunatica disse...

Devo confessar que não sou seguidora assídua do blog, até porque muito sinceramente, não simpatizo lá muito com o pouco que "conheço" de ti, acho que és demasiado sarcástica e que por vezes devias pensar melhor certas coisas que escreves. Mas revi-me neste teu post e nas tuas palavras "É muito mais fácil ficar ali, alheio ao mundo. Não ver ninguém, não falar com ninguém, até porque não há, no mundo, alguém que consiga entender, que consiga fazer uma ideia, ainda que remota, daquilo que se está a sentir. E não apetece levar palmadinhas nas costas, ouvir que vai passar, que temos de ser mais fortes, que temos uma vida perfeita, que não há razões para aquilo. Pior do que ouvir, é sentir o que os outros pensam e não dizem: que é tudo fita, que estamos a dramatizar, que dali a umas horas já passou, que lá estamos nós outra vez com os nossos achaques.". Já algum tempo que também enfrento ataques de pânico e crises de ansiedade, e poucos são aqueles que me compreendem (felizmente um deles é o meu abençoado namorado, que não me julga e tem sempre palavras de apoio), e dou por mim a fechar-me e a não querer falar do assunto com medo de que me julguem. Acho que de facto só alguém que passou ou está a passar por isto pode compreender... Como disseste às vezes sinto-me a enlouquecer, sempre com um cansaço mental enorme, a tentar que o meu "eu" razoável tente controlar o "eu" que tem medos que eu sei serem irracionais mas que estão sempre presentes, que não me deixam por mais que eu tente pensar em coisas boas e positivas... Tenho muito receio de ficar sempre "assim", volta e meia pergunta porquê a mim e sinto-me uma completa anormal. Quero muito ter filhos um dia e ser assim deixa-me com medo de não poder realizar esse sonho. Mas ao ver-te de bem com a vida depois de teres passado pelo mesmo (ou por algo semelhante, pois cada um vivencia as coisas de forma particular) deu-me alento. Obrigada.

Anónimo disse...

Esta podia ser eu há 3 anos atrás.

Ana L. disse...

Olá Pipoca!

Sou leitora assidua do teu blog mas acho que nunca comentei.
primeiro de tudo: muitos parabéns pela pipoquinha (ou pipoquinho) que ai vem a caminho.
O que me levou a comentar este post é exatamente a importância de pedir ajuda a alguém. no meu caso (e já fui ler o teu post sobre ataques de pânico) demorei 1 ano até pedir ajuda. Tive um primeiro ataque de pânico na passagem de ano de 2011 para 2012 no meio de Londres. Achava que ia morrer, que estava a ter um enfarte, suores frios e quentes, vomitei, chorei, desmaiei, uma sensação tão forte e tão horrivel que nao desejo ao meu pior inimigo. A partir dai a minha vida mudou... já tive outros ataques de pânico (nao tao fortes é certo) mas fiquei com um sintoma que para mim, foi o mais forte de todos, chamado de despersonalização/desrealização. Durante um ano achei que andava a ficar louca, com depressão, tudo porque a minha vida parece um sonho e não um sonho no bom sentido. Parece que me perdi enquanto pessoa, que tudo à minha volta não é real. É claro que não é constante, tenho crises... e portanto como que uma sequela dos ataques de pânico. Chego a desejar ter uma doença fisica do que sentir o que sinto...
Bem, isto tudo para dizer que comecei na semana passada a fazer psicoterapia! Ja fiz duas sessões e sinto-me muito bem por saber que há alguém a quem posso contar o que sinto e não me acha uma doida varrida, porque sim, eu sou uma pessoa normal! Acredito que há muita gente como eu, escondida por ai com vergonha de dizer que tem "problemas psicológicos". Nós não somos loucos nem vamos ficar!É apenas o nosso cerebro cansado e a pedir "descanso". Sei que com a ajuda do psicólogo (que ainda por cima é bem giro =P ) vou superar esta coisa estupida que se vem a arrastar há tanto tempo, além de nos ajudar a conhecer a nós mesmos e perceber de onde vem muitos problemas e, acima de tudo, evitá-los!! Acreditem, embora convivamos connosco próprios 24/7 não nos conhecemos de todo!!!

O meu testemunho aqui serve, espero eu, para incentivar a quem está a passar pelo mesmo ou por outro tipo de problema psicológico, a não ter medo nem vergonha de pedir ajuda. Infelizmente, nos dias que correm, são cada vez mais os casos de ataques de pânico e consequentes sequelas. Tenho apenas 27 anos e sei que é uma idade média em que há "boa tendência para panicar..." enfim! Desculpa o tamanho do comentário, mas penso que isto poderá servir para ajudar alguém!

Beijinhos e força para quem está a passar por situações complicadas!E obrigada Pipoca por partilhares e puxares à baila este tipo de assuntos.

Unknown disse...

olá ,vivo assim á já 3 anos ,é de um sofrimento que não tem fim .
Os medicos onde fui encheram me de medicação e cada vez que mudava de medico mudava de comprimidos vê que cheguei a um ponto que tomava 10 por dia!Não tenho depressão tal como a pipoca o meu problema são os ataques de panico e a Agorafobia ,mas são tão fortes as minhas ansias que o meu corpo perde todas as forças e sinto que me vou espalhar ao comprido ,aos poucos fui deixando alguns comprimidos para traz mas ainda estou com 50mg de Sertalina e 2MG de Xanax xr
com um Victan em sos .
Não ha palavras para descrever o que sinto ninguem a meu redor entende estou de baixa á tanto tempo ,todas as pessoas acham que não quero é fazer nada ,marido filhos todos acham que sou uma fraca ,levantar-me todos os dias e não viver é so mesmo SOBREVIVER !
Acho que mais fundo não bato ,a psiquiatra da caixa é uma anta quando lá vou ao ver o vazio nos olhos daquelas pessoas ainda venho pior ,acho que ajudava muito psicanalise ,mas neste momento não posso e cá vou andando .
Pois é não se vê mas doí ,caramba doí muito ...
Toda a ajuda será MAIS que bem vinda .
O muito obrigada á pipoca por este texto maravilhoso ,prova que não é so uma pessoa dada a trapos (olha é das poucas coisas que ainda me alegram e adoro )
Bjs

Anónimo disse...

Pipoca, vou roubar-te os primeiros parágrafos, onde descreves exactamente o que sinto, pois já não sei como me explicar . Sem querer foste uma grande ajuda e penso que não falo só por mim... Vejo muita gente na mesma situação que eu e a tua amiga... e o pior, é que não vemos uma esperança.

Um beijo, obrigada.
Cat

RBM disse...

Anónimo, você é um ignorante e devia ter vergonha de deixar um comentário desses num post onde tanta gente expôs o seu sofrimento com uma doença, que sim é psiquiátrica, embora você não acredite e ache que é assim uma coisa que dá às pessoas quando não dá nada de jeito na televisão. A depressão existe sim, desculpe lá lixá-lo.

Sofia disse...

Olá! Já sou seguidora do blog há algum tempo, mas acho que é a primeira vez que vou comentar...
Então cá vai: tenho 24 anos, sou médica dentista (a exercer a tempo inteiro, coisa que sei que neste momento é uma grande sorte), vivo sozinha, tenho as minhas contas em dia (às vezes com muito, muito esforço), tenho um namorado impecável e amigos fantásticos. Aquilo que eu nunca tive? Uma família. E admito que a minha vida pode parecer muito boa vista de fora, mas sempre tive que me esfalfar para conseguir o que quer que fosse. Sempre estive por minha conta, sem ninguém com quem contar além de mim própria. E acho que a solidão é das coisas mais dolorosas que alguma vez senti. Passei pela faculdade com (quase) todas as raparigas a terem por mim um ódio de estimação, porque para que olha de fora a minha vida é fantástica, e pouco depois de começar a trabalhar comecei a não ter força para sair da cama, só chorava, tudo estava mal e eu nem sequer sabia o que era o "tudo". Comecei a cortar os pulsos como meio de aliviar a dor, até que dei duas lapadas mentais bem dadas a mim mesma e fui procurar ajuda. Agora vou à psiquiatra mês sim, mês não e, embora com a ajuda de medicamentos, sinto-me bastante melhor e tenho esperança de que vou ficar bem.
Da minha história, a maior lição que eu tiro é que nunca se julga um livro pela capa. Não é porque uma pessoa consegue encontrar energia para se arranjar todos os dias e ainda por cima tem boas notas e arranja um emprego (não digo bom porque hoje em dia não há muitos desses) que a sua vida é fantástica.

Anónimo disse...

Olá. Não sei bem quando começou. Se foi há 1, 2, 3 anos atrás ou mais ainda. Tenho o transtorno da ansiedade generalizada e consequentemente depressão. Não tive (por muito curta que possa ser) uma vida muito fácil desde que nasci. O meu pai era um homem violento e a minha mãe uma esposa como tantas outras: vítima calada. Sei de um episódio quando tinha 2 anos em que o meu pai expulsou-me de casa e à minha mãe, sem nada. Batia eu à porta a dizer " papá tenho fome, deixa entrar". Lá deixou entrar mas apenas deixou a minha mãe tocar nas coisas que eram precisas para um biberãode leite. Lembro-me de me torcer os braços e dar-me murros na cabeça por coisas banais como brincar com uma garrafa de plástico. Lembro-me de chorar a cada discussão com medo do meu pai. Lembro-me de ser humilhada na escola todos os dias por ser gordinha. E em casa, eram muitos os nomes. Em 80% dos meus 22 anos, senti-me uma bosta, uma inútil, boa para nada. E os namorados esses também não ajudaram. Sempre me senti usada. O pior, foi um sujeito que me fez acreditar que realmente gostava de mim, apenas para me levar para o meio de nenhures e fazer de mim o que quis. Cheguei a auto-mutilar-me tanto era o desespero. Era a única coisa que me fazia sentir viva. Vim para o estrangeiro ter com os meus pais, mas o mau ambiente continuou. Vi o meu pai bater de novo na minha mãe em frente aos meus irmãos. Ouvi as ameaças, os nomes, insultos. Vivi com a minha mãe as constantes traições. Impedi que se suicidasse por 2 vezes. Agora, sou casada com um homem fantástico que aturar as paranóias do meu pai todos os dias. E as minhas. Porque tudo mme deixa nervosa, o simples facto de ir tomar um café deixa o meu coração a 1000. Porque estou constantemente a chatear os outros a perguntar se eles estão bem porque tenho medo que lhes dê um enfarte ou coisa do genero. Há dias melhores, muitos piores... a dor psicológica é tão mais difícil de suportar que a dor física... e o pior, é deixar de viver as coisas porque ou não sentimos nada, estamos vazios, ou porque temos medo de mais uma crise... Começo amanhã a tomar um antidepressivo. Espero que me ajude, não sei o que serei capaz de aguentar mais. Não me levem a mal, há muita gente bem pior e até me sinto mal (nos dias melhores) por me sentir assim e por dar tanta importância a isto. Mas cada um tem o seu limite. E desconfio que o meu esteja próximo...
Desculpem pelo testamento.

Anónimo disse...

Excelente post Pipoca, parabéns.


Eu tive uma depressão com 16 anos. Andava eu no secundário, fui sempre muito estudiosa e excelente aluna. Mas nesse ano algo mudou, comecei a ter diarreias e a vomitar sem motivo, emagreci ate ficar com 47 Kg que era muito pouco para mim, não sabia o que tinha, fiz muitos exames e nada detectaram. Entretanto, nos testes comecei a ter más notas, por mais que estudasse no teste trocava tudo. Como sou muito exigente comigo cada vez estudava mais, cheguei a passar noites quase sem dormir, mas o insucesso continuou. Na altura de exames quando estava na sala e a campainha tocava para dar início o meu coração disparava, fazia lembrar-me das prisões, sentia-me sufocada. Até que os médicos concluíram que eu tinha uma depressão que fazia a minha vesícula funcionar rapidamente. No início não aceitei o diagnóstico, como podia eu com 16 anos ter algo assim? Os meus colegas divertiam-se, saiam, riam e eu assim deprimida a ver o que deveria ter sido uma das melhores fazes da minha vida passar em vão. Fui para um psiquiatra, em 2 meses fiquei super gorda, sentia-me cada vez pior psicologicamente, sentia-me feia, não queria ver nem falar com ninguém, ir à escola era um sacrifício, só me apetecia dormir e nunca ter de acordar. A vida não fazia sentido nenhum.

Aos fim de 4 anos e de andar em 2 psiquiatras fiquei bem e entrei para a faculdade para a área da saúde como sempre sonhei, fui uma excelente aluna, até que a ansiedade voltou. Tive ataques de pânico enquanto conduzia, no comboio, no cinema etc. Não tinha vontade de sair, vivia em medo constante de me sentir mal e as outras pessoas se aperceberem do meu problema. Uma noite tive um ataque horrível, senti que ia morrer, tive de ir à urgência hospitalar com a tensão arterial altíssima etc. Tive de iniciar tratamento para a ansiedade com antidepressivos e ansiolíticos no meu 2º psiquiatra, que nesta altura já era velho e estava um pouco debilitado, a coisa não correu bem e tive de arranjar outro. Antes tentei o homeopata mas a experiência não foi boa e tentei consultas de psicologia coisa que detestei.Terminei o meu curso, mas a ansiedade continuou a acompanhar-me. Quando estou a trabalhar, de manhã ao acordar só de pensar em ter de picar doentes, colher sangue já saio de casa em pânico com medo de falhar, de cometer algum erro, de ter de justificar-me ao doente, de o meu problema ser descoberto...Todos os dias aquelas horas de trabalho são uma tortura interior que eu aguento com um sorriso na cara e palavras simpáticas perante os doentes, à noite em casa sinto-me desgastada de tanto stress e só penso como conseguirei enfrentar o dia seguinte. Com medicação vai-se enfrentando as situações dentro do possível, sempre com receio de descobrirem o problema que tenho e de levar o rótulo de perturbada.
Estes problemas parecem um pesadelo que me persegue para sempre.

Aconselho todas as pessoas com problemas a procurarem ajuda, estes problemas afectam qualquer pessoa em qualquer idade, acreditem que vocês não estão sozinhos.

Anónimo disse...

Um dos meus maiores meses é mesmo esse, entrar em depressão no dia em que tiver o pequenino... E é triste, pois acredito que pensamentos negativos atraem atitudes negativas...

Anónimo disse...

esperemos que nunca te lixes mesmo :)

Anónimo disse...

20/25€ na oficina de psicologia :)

Anónimo disse...

Estás deprimida, aconteceu o mesmo comigo.
O problema não é o curso, nem os colegas, és mesmo tu.
Precisas de terapia, antes que desistas de tudo e te arrastes por aí. É uma espiral imensa! Aconteceu comigo, tive quatro anos sem conseguir sair do sofá, porque desisti.
Não deixes que isso aconteça contigo, arranja um psicólogo (recomendo Vanessa Damásio, na Oficina de Psicologia) e desaba por lá. Demora, mas verás a luz ao fundo do túnel.

Anónimo disse...

Sofro de uma depressão grave há quase três anos e já estive hospitalizada cinco vezes. Fiz quese dez tentaivas de suicídio e estive sem trabalhar dois anos e meio. Sofri e sofro imenso com esta tristeza extrema que me impede de ver o futuro de forma mais positiva. E continua a ser extremamente dificil partilhar com os outros aquilo que sinto, o meu desespero. Acho importante que se façam posts como estes que não relativizem o sofrimento de quem está a passar, já passou ou viu outros passarem por esta situação. E agora fica uma das letras da minha música preferida sobre este tema. Música do Boss AC e da Mariza.
(Boss AC)
Não me resta nada, sinto não ter forças para lutar
É como morrer de sede no meio do mar e afogar
Sinto-me isolado com tanta gente à minha volta
Vocês não ouvem o grito da minha revolta
Choro a rir, isto é mais forte do que pensei
Por dentro sou um mendigo que aparenta ser um rei
Não sei do que fujo, a esperança pouca me resta
É triste ser tão novo e já achar que a vida não presta
As pernas tremem, o tempo passa, sinto cansaço
O vento sopra, ao espelho vejo o fracasso
O dia amanhece, algo me diz para ter cuidado
Vagueio sem destino nem sei se estou acordado
O sorriso escasseia, hoje a tristeza é rainha
Não sei se a alma existe mas sei que alguém feriu a minha
Às vezes penso se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que diz…

(Mariza)
Chorei,
Mas não sei se alguém me ouviu
Então sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo
Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

(Boss Ac)
Não há dia que não pergunte a Deus porque nasci
Eu não pedi, alguém me diga o que faço aqui
Se dependesse de mim teria ficado onde estava
Onde não pensava, não existia e não chorava
Prisioneiro de mim próprio, o meu pior inimigo
Às vezes penso que passo tempo demais comigo
Olho para os lados, não vejo ninguém para me ajudar
Um ombro para me apoiar, um sorriso para me animar
Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim?
Alguém me diga, porque, me sinto assim?
Sinto que a culpa é minha mas não sei bem porquê
Sinto lágrimas nos meus olhos mas ninguém as vê
Estou farto de mim, farto daquilo que sou, farto daquilo que penso
Mostrem-me a saída deste abismo imenso
Pergunto-me se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que me diz…

(Mariza)
Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
E não sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo...

Busquei,
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo...

(Boss AC)
Tento não me ir abaixo mas não sou de ferro
Quando penso que tudo vai passar
Parece que mais me enterro
Sinto uma nuvem cinzenta que me acompanha onde estiver
E penso para mim mesmo será que Deus me quer
Será a vida apenas uma corrida prá morte
Cada um com a sua sina, cada um com a sua sorte
Não peço muito, não peço mais do que tenho direito
Olho para trás e analiso tudo o que tenho feito
E mesmo quando errei foi a tentar fazer o bem
Não sei o que é o ódio, não desejo mal a ninguém
Vai surgir um raio de luz no meio da porcaria
Porque até um relógio parado está certo duas vezes por dia
Vou-me aguentando
A esperança é a última a morrer
Neste jogo incerto o resultado não posso prever
E quando penso em desistir por me sentir infeliz
Oiço uma voz dentro de mim que me diz
Mantem-te firme


Anónimo disse...

Bom dia...Já li este post quando foi publicado, mas estive a ganhar coragem para falar. tenho 25 anos e estou diagnosticada com uma depressão 'crónica'. Estou a ser acompanhada desde os 18 anos, mas a verdade é que quando soube realmente que estava com uma depressão e o que isso era percebi que desde que me lembro me sentia assim, com um vazio, sem vontade para nada com alguns momentos de alegria, mas muitos de desespero...aos 14 anos dei por mim a pensar em morrer. e não ha motivo para me sentir assim, posso dizer que tenho tudo o que muita gente não tem. tenho uma familia fantastica, um namorado que me adora, um carro pago, uma casa para morar com o meu namorado com tudo mobilado( como ainda não estamos la a morar deu para juntar dinheiro e mobilar tudo), fiquei desempregada no inicio de fevereiro, mas à partida já vou começar num outro trabalho. ou seja não tenho nenhum problema que quando se olha posso indicar a vista desarmada que é aquilo a causa do meu estado...tenho vindo ao longo destes anos todos a ter recaidas, diversas até, como a que estou neste momento. e o pior e que eu reconheço todos os sintomas (o vazio por dentro, a falta de vontade de fazer seja o que for, a vontade de desaparecer, o pensamento de querer morrer a cada altura do dia, a falta de motivação, a falta de vontade sexual, o choro constante e sem motivo, o estar irritada com tudo e com todos, as mudanças de apetite...tudo) só que neste caso particular não consegui contrariar e estou a ir abaixo...nos casos como o meu em que a doença deriva de uma condição fisica não se resolve sem medicação, porque não é uma questão somente emocional...mas também não é só com a medicação é com acompanhamento. Todavia o confiar nas pessoas que não conhecemos também não é fácil para quem não exterioriza o que sente. tenho amigas e amigos, mas não falo sobre nada disto. nao consigo, sintome uma fraca ao faze-lo, sinto que sou uma desilusão para toda a gente, inclusivamente para os meus pais (apesar de ser licenciada com uma optima nota, nunca ter sido ou ter feito nada de absurdo) ser assim fazme pensar em desilusão...enfim. não alargando muito mais este comentário tudo o que escreveste condiz com a minha condição neste momento. e não e mau saber que nao estamos sozinhos, principalmente quando temos uma depressão sem motivo. acho que somos mesmo considerados os maluquinhos, porque não há motivo para estarmos assim... e porque a depressão é considerada a nova doença da moda está agora a ter mais atenção e a ser mais divulgada. eu aprendi a nao ter vergonha de dizer que tenho uma depressão, que tomo medicação e que vou ao psiquiatra, mas dá sempre medo do que poderão pensar...o ser humano é muito complexo e a depressão é mais uma prova disso mesmo...é bom poder falar sobre isto com pessoas que não conhecemos e não estamos cara a cara, porque ajuda-nos a libertar e não ter vergonha e estarmos ranhosas e de lenço na mão como quando acontece no consultório...alguem sabe de algum forúm ou blog onde possamos trocar experiencias e nos interajudar?
Obrigada FLima

Anónimo disse...

é tão bonito ser do contra não é. É que deve ser cá uma sensação. Tenha juízo. Acha que esta gente toda que deixou aqui o seu testemunho não tem mais nada que fazer do que inventar doenças?! Vivi durante um ano, ainda adolescente, o drama da minha mãe que passou por uma depressão, e só desejo é que o senhor ou os seus familiares nunca tenham de passar pelo mesmo.

Unknown disse...

olha anónimo eu sou uma pessoa bastante ocupada e nos dias de hj falta-me muitas vezes dinheiro para pagar as contas e no entanto já tive 3 depressões ao longo da vida.
Por isso não venha dizer que depressão é coisa de malandro, só fala assim que é burro e idiota e nem pensar sabe.
Quando lhe chegar ao pelo vai ver o que é doce! Nessa altura vai ver que por mais vontade que tenha não vai ter capacidade para nada.

A Senhora do Trevo disse...

O post da Pipoca e este comentário em especial tocaram-me imenso. Sou doente bipolar mas só há 3 anos a minha doença foi correctamente diagnostica antes disso fazia tratamento para uma suposta depressão e a minha vida era um autêntico inferno. Não dormia, sofria do estomago, doía-me constantemente o peito, tinha suores frios, não tinha paciência para as minhas crias, não produzia o suficiente no trabalho. E foi este calvário durante 14 anos. Depois quando estava mesmo nas últimas fui internada (mais uma vez) e encontrei a minha médica e ela encontrou a minha doença. Hoje tomo a medicação certinha, faço ocasionalmente psicoterapia, trabalho, cuido das minhas crianças (têm as duas deficit de atenção e não é fácil) e enfrento os problemas com muito ânimo (o meu marido esteve 2 anos desempregado). O meu segredo para dar a volta por cima foi o amor, o amor a mim, o amor aos meus filhos e ao meu marido, o amor aos meus amigos e família, o amor ao trabalho e o amor à vida. Ser bipolar e ser feliz não é fácil mas é possível. ;)

Anónimo disse...

Beijinhos ***** um abraço forte! :)

Joana disse...

Mesmo!! Também penso logo que aconteceu alguma coisa quando não me atendem, também tenho medo de falar com as pessoas, acho que estão a achar ridículo o que estou a dizer e a maneira que estou a falar. Isto acontece-me ate com as pessoas mais próximas de mim. Eu contrario isto e tento sempre falar na mesma, "socializar" mas estou cansada de que isso seja um esforço e não uma coisa natural.

Carla Santos Alves disse...

Eu é mais ataques de pânico. O Ultimo foi no meu trabalho e nao foi lindo de ver, para quem viu...enfim! Estou medicada...e a aprender a lidar com a sensação...

Anónimo disse...

pois...muita gente pensa assim até passar por isso, ninguém está livre disso..eu trabalhava e estudava, super ocupada mesmo...enfim...

Anónimo disse...

Olá Amélia. Também estou a passar por uma fase nada fácil se estiveres disponível para trocar ideias estou aqui nomedecoredeflor@gmail.com :)

Merigi disse...

PORQUE É QUE A DEPRESSÃO PARECE ESCOLHER AS PESSOAS QUE "NÃO TÊM MOTIVOS PARA SE SENTIREM TRISTES"?
Não escolhe. É uma impressão errada acerca da doença. A DEPRESSÃO É UMA DOENÇA. Como um cancro ou um enfarte. E não nos demoramos muito a questionar como é que alguém tão bem sucedido na carreira e com um casamento feliz pode ter um cancro ou um enfarte, pois não?
Calha que a depressão é uma doença num determinado orgão: o cérebro. Cérebro esse, que é muito mal compreendido. Daí que os amigos e familiares, cheios de boas intenções, sejam dados a desvalorizar a doença.
A LÓGICA É: TENHO CÉREBRO, LOGO POSSO TER DEPRESSÃO.
Passa-vos pela cabeça ultrapassar um cancro sem ajuda médica? Esperarão calmamente que o enfarte se resolva "com o tempo"? Não. A depressão não passa com o tempo e não se ultrapassa verdadeiramente sem ajuda especializada.
Para quem não tem muito dinheiro para se tratar existem CONSULTAS GRATUITAS OU A PREÇOS REDUZIDOS, NA ÁREA DE LISBOA: Faculdade de psicologia e Oficina de psicologia. E porque a m... da depressão nos tira a vontade até de mexer uma palha, aqui ficam os contactos:

http://www2.fp.ul.pt/servico-a-comunidade
http://oficinadepsicologia.com/

Votos de melhoras a todos. Eu cá continuarei a trabalhar para a minha cura, também.

n disse...

Poque diz que os medicamentos não resolvem? Para mim, foi o que resolveu.
Tentei isso da terapia e de falar com uma psicóloga e não deu resultado. Continuei deprimida. Até que decidi ir a um Psiquiatra, que me ouviu, e disse que eu ia ficar boa.
Receitou-me anti-depressivos e ansiolíticos, e a verdade, é que a depressão desapreceu. Depois de fins-de semana inteiros na cama, sem ânimo para nada, sem paciência para ninguém, senti-me finalmente bem e com vontade de viver, de sair, de cuidar mais de mim. Mudei da noite para o dia. Por isso, acho um pouco leviano isso de afirmar que os medicamentos não resultam, essa será a sua experiência, mas não significa que seja uma verdade universal.

Helena

Anónimo disse...

Há ano e meio que tomo medicação e agora sim, sinto-me normal.Já não choro, não tremo de forma descontrolada, já não tenho medo de atender o telefone, a porta, de falar com alguem, adormecer ás 2h da manhã e acordar 2h depois completamente desperta mas ao mesmo com a sensação de que não tinha dormido ... (parece ridiculo, não?Mas era assim que eu agia..ou não agia).
O médico fez-me ver que eu não era "maluquinha" e que de facto necessitava de algo que me ajudasse á falta de serotonina que o meu cérebro não produzia na quantidade certa.
Poderei ter que tomar o medicamento para o resto da vida mas se é assim que eu sou EU então que seja!

Maria

Anónimo disse...

Eu tive ataques de pânico durante 2 anos, é um mal estar que não desejo a ninguém. Perdemos o total controlo de nós e sentimos efectivamente que estamos a enlouquecer e nunca vamos voltar à dita normalidade. Nunca estive deprimida durante todo esse período, aliás, sentia uma enorme frustração por achar a vida maravilhosa e não conseguir vivê-la, por culpa desse medo de ter medo, dessas criações mentais tão ilusórias. Li e pesquisei muito sobre o funcionamento da mente, sobre neuro-ciência e descobri o budismo e a meditação. Devo dizer-vos que durante 6 meses não fiz mais do que "fazer as pazes" com o meu mal estar, com os meus medos. Deixei de me culpar, de me maltratar e diminuir por estar a sentir o que estava a sentir. Passei a vida a pente fino, literalmente, e assumi uma data de coisas que me magoavam e que não tinham tido direito a luto nenhum durante o meu percurso. E comecei a meditar, a prestar mais atenção ao que se passava na minha mente. Quando fazemos isso, percebemos que os pensamentos são criações nossas, sem qualquer força. Percebemos ainda que nós não somos aquilo que sentimos, ou pensamos, estamos acima disso, e daí surge uma enorme paz. Um espelho não é aquilo que reflecte. E sim, hoje, sou ainda mais feliz do que era antes, e agradeço ter passado por essa fase terrível, porque me conheço muito melhor do que antes.

Rita

Alexandra disse...

Concordo plenamente que vivemos num país que não valoriza em quase nada a saúde mental, sendo ela o pilar do bem estar humano pois já se diz que mente sã em corpo são e se a nossa mente não estiver saudável, em nada o nosso corpo e a nossa alma também não se encontrarão saudáveis.
Já sofri de crises de ansiedade e de ataques de pânico, ao ponto de andar sempre de medicação S.O.S. dentro do bolso, pois a mais mínima coisa me despoletava um ataque. Procurei ajuda profissional logo de imediato e demorei a ultrapassar, aliás ainda hoje mantenho um pouco esse quadro mas também deve-se ao facto de ter tido duas gravidezes com cinco meses de intervalo entre elas e de ao fim de dois anos gravida, de ter passado de 46 quilos para 75 e de ser Mãe, Mulher, enfermeira e esposa a tempo inteiro que me fizeram desenvolver uma depressão pós parto! Pois é até nos momentos mais bonitos da nossa vida, a depressão pode estar presente!
Mas graça a ajuda especializada, às maravilhosas sessões de psicoterapia, ao sorriso lindo dos meus filhotes e ao amor do meu marido enfrento mais esta "merda" de cabeça erguida e sem vergonha nem estigma algum em assumir que também cai nas garras da depressão mas que o mais importante foi ter discernimento para procurar ajuda e não me deixar afundar mesmo que para isso tivesse de sacrificar a amamentação do meu bebé e os primeiros tempos a 100% com ele.
Mesmo estando no fundo do abismo conseguimos encontrar um caminho e sair dele e o melhor de tudo é que mais fortes.
O importante é não nos deixarmos abater por nada nem ninguém e ter sempre em mente que a linha que separa a sanidade mental da loucura, é uma linha muito ténue!

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