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quarta-feira, março 19, 2008
Em dias de sol é mais fácil

O ano passado enviei um mail a uma pessoa que não me conhecia a explicar os motivos (apalermados) pelos quais se devia casar comigo. De quando em vez dá-me para isto (muito raramente). Sou acometida destes ataques de loucura, e vamos embora, vá de arriscar. Penso que o pior que me pode acontecer é ser brindada com um simpático "não", ou uma recomendação para procurar um psiquiatra, por isso tento a minha sorte. Daquela vez correu bem. Muito bem mesmo, talvez por a outra pessoa também ser assim, meio tresloucada. Tive direito ao jantar mais divertido e interessante da minha vida. E a coisa só não correu melhor e não chegou ao casamento porque a vida dá muitas voltas, fazem-se as opções que se pensa serem as melhores no momento, e blá, blá, blá. No regrets. A coisa correu menos mal. Não ganhei um marido nem tenho uma linda história para contar aos netos, mas fiz um amigo de quem gosto muito e, as voltas são tantas e é tudo tão imprevisível que, vai-se a ver, e um dia até casamos mesmo (a esta altura já ele leu estas linhas e está a empacotar a trouxa para fugir para o Camboja).
Bom, tudo isto para dizer que esta coisa de arriscar tem muito que se lhe diga. Eu acho que são coisas destas que fazem com que a vidinha se torne mais divertida e que quebram aquela rotina chata de todos os dias. E é por isso que de quando em vez, quando acho mesmo que a outra pessoa pode ser interessante e ter algo a ver comigo (aquelas coisas parvas que se sentem, mas que não se conseguem explicar), decido mexer-me. Até porque às vezes o universo precisa de um empurrãozinho. Aquela coisa de ficar à espera eternamente a ver o que nos calha na rifa não é, de todo, para mim. O problema é quando é ao contrário. Quando são os outros que arriscam e me escolhem como objecto do seu acto tresloucado. Se me parece perfeitamente normal que uma pessoa que não me conhece leia um mail meu e vá jantar comigo, já me parece esquisito que alguém que nunca me viu me mande um mail a convidar para um café, lanche ou copo de vinho. Mesmo sem querer, não consigo deixar de pensar que é um qualquer psicopata cujo único intuito é fazer-me às postas. Ou que é um ser completamente entediante que me vai aborrecer de morte (preconceito! preconceito!). Ou que é um hobbit (preconceito! preconceito!). Ou que tem idade para ser meu avô (preconceito! preconceito!). Ou meu neto (preconceito! preconceito!). Decididamente, ainda não entrei na mood primavera. Vou esperar pelos dias de sol para decidir se me deixo ou não surpreender.

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