Já vos tinha dito aqui que estava a fazer novamente o curso de preparação para o parto. Sim, eu sei que já sou mãe, mas isso está longe de fazer de mim uma especialista no assunto e, acreditem, ao fim de cinco anos já esqueci muita coisa. É mais ou menos como quando tiramos a carta: há uma data de informação que decoramos para passar no exame, mas depois apaga-se imediatamente da nossa mente. E eu sinto-me um bocado assim. Por uma questão de sobrevivência, acho que eliminei da minha cabeça todas as informações sobre a gravidez e sobre recém-nascidos, por isso achei que era uma boa ideia repetir o curso. E não estou nada arrependida. O primeiro foi feito no Espaço Cegonha mas, entretanto, grande parte da equipa saiu e abriu o Centro do Bebé. Incluindo a enfermeira Luísa Sotto-Mayor, que é só assim incrível. Por isso, desta vez não hesitei em ir atrás da equipa que me tratou tão bem da primeira vez.
Há quem diga que basta ler uns livros, ver uns vídeos no You Tube ou falar com outras mães para ficarmos preparadas, mas eu acho que um curso de preparação para o parto nos dá outra bagagem. Não é tudo, mas é uma grande parte, tudo começa a ganhar contornos muito mais definidos. E é por isso que eu acho que toda a gente deve fazer. Se ainda estão com dúvidas, deixo-vos aqui oito bons motivos:
1- Convenhamos, numa primeira gravidez não sabemos coisa nenhuma, a malta nem sabe muito bem por onde é que os bebés saem. É muito do género "como assim, não vêm de Paris no bico de uma cegonha, todos eles enrolados em algodão e cenas fofinhas?". Estou, obviamente, a exagerar, mas o curso de preparação para o parto foi uma espécie de epifania, de repente fez-se luz sobre uma data de coisas. Verdade que a aprendizagem assim mesmo a sério começa com o bebé cá fora, mas eu senti que o "estágio" foi imprescindível, já não ia completamente às escuras. Preparem-se para falar de coisas como receios e expectativas, o plano de parto, a fisiologia da gravidez, a comunicação com o bebé in utero, sinais do trabalho de parto, partos induzidos ou por cesariana, amamentação, cuidados do bebé, alterações físicas e emocionais da mãe, pós-parto, etc etc.
2- Podemos fazer toda as perguntas que nos passarem pela mona, nada parece parvo ou descabido. E acreditem, as grávidas conseguem ser mesmo bastante criativas no que toca a dúvidas. Por isso estejam à vontade para perguntar se o bebé não se afoga com o líquido amniótico, se aos dois meses já pode comer Rojões à Minhota ou se há algum problema em porem-lhe um bocadinho de Chanel 5 para abafar o cheiro a cocó. Tudo é permitido.
3- Vão descobrir que há grávidas muito mais histéricas/esotéricas/neuróticas/descontraídas do que vocês. E isso é giro, perceber que cada mulher vive a gravidez de forma completamente diferente. Da super naturista que quer tudo ultra natural, tipo parto no rio Sado com golfinhos a saltarem por cima, harpas a tocar e Deus nos livre da epidural, à outra que quer as drogas todas e mais algumas que houver à disposição no mercado, sem esquecer a anémona que não tem opinião sobre nada e só quer é que o bebé nasça com muita saudinha.
4- Não há cá julgamentos de espécie alguma. Pelo menos, é o que eu tenho sentido no Centro do Bebé e em especial com a enfermeira Luísa. Ninguém vos olha de lado se disserem que gostavam mais de fazer uma cesariana ou que não se estão a imaginar a amamentar. Todas as opiniões são válidas, todas são postas em cima da mesa e discutidas, mas sem aquela coisa da lavagem cerebral ou da chantagem emocional. Tipo "olha que se não amamentares o teu filho ele vai estar sempre ranhoso e cheio de febre" ou "se a criança não te sair pelo pipi nunca se vai ligar verdadeiramente a ti". Debatem-se as vantagens e desvantagens de cada preferência ou opção, mas de forma saudável e descontraída, sem fundamentalismos.
5- O apoio às grávidas não é dado só nas aulas. Põem-nos completamente à vontade para ligar ou aparecer a qualquer hora, dão apoio na amamentação, há uma sessão pós-parto em que podemos levar os nossos bebés até ao Centro. Além disso, temos ainda direito a frequentar dois workshops, que têm temas tão variados como "A Linguagem dos Bebés", "Amamentação" "Desengasgamento dos Recém-Nascidos" (vou tanto fazer este) ou um exclusivo para pais. Sobretudo, sinto que as grávidas não são tratadas como só mais uma grávida. Preocupam-se com a nossa história, com as nossas dúvidas, com os nossos ataques estilo "eu não vou ser capaz de fazer istooooooooo". Há um ambiente muito caseiro e informal, e eu gosto disso.
6- A equipa do Centro de Bebé abrange uma data de áreas. De enfermeiras especialistas em saúde materna e obstetrícia, a terapeutas de bebés (incluindo a Constança Ferreira, para mim a verdadeira "encantadora de bebés"), fisioterapeutas, psicólogos clínicos, nutricionistas, naturopatas, etc e tal. E eu gosto disso, de saber que há ali uma data de gente altamente profissional, com imensa experiência e que me pode dar apoio de várias formas. Além disso, também podemos fazer massagens de relaxamento, de drenagem linfática, praticar mindfulness, ter aulas de yoga pré-natal, de ginástica de recuperação pós-parto ou de abdominais hipopressivos.
7- As instalações - na avenida Guerra Junqueiro - são óptimas. Mesmo. Além disso temos à disposição todo o material que precisamos para nos sentirmos confortáveis, como apoio para os pés, almofadas ou bolas de pilates (e, no final das aulas, se nos portarmos bem a enfermeira Luísa ainda nos deixa surripiar umas línguas de gato do pote das crianças).
8-Se eu decidi repetir o curso foi, em grande parte, pela enfermeira Luísa. Não quero ser injusta com as outras enfermeiras do Centro do Bebé, que sei que também são óptimas, mas acho que mais ninguém consegue falar de forma tão profissional e, ao mesmo tempo, descontraída e despudorada sobre o nem sempre maravilhoso mundo da gravidez e da maternidade. Não há cá paninhos quentes nem contemplações Tem um sentido de humor absolutamente único e que faz com que cada aula de hora e meia passe a voar. Na última chorei de tanto rir. Tem um percurso profissional absolutamente incrível e invejável como enfermeira-parteira, já acompanhou milhares de grávidas e de partos, é mãe de quatro filhos e tem sempre as melhores histórias para contar (além de uma memória inacreditável, lembrava-se de tudo sobre a gravidez do Mateus e já foi há cinco anos). É, decididamente, a maior.
22 comentários:
Realmente, a pipoca é dona disto tudo!! Para além de ter uma escrita fantástica até num tema mais sério faz rir. Adorei esta parte " ... tipo parto no rio Sado com golfinhos a saltarem por cima, harpas a tocar.." Muito bom!
hahahahahha o parto no rio Sado hahahahhahahah
Este tipo de post só me suscita um comentário- Mariquices.
Não sei como é que se tem parido ao longo dos séculos sem estes cursos
Também não sei. Também não entendo para que é há médicos ou para que é que se fizeram hospitais se os bebés nasciam tão bem em casa com a ajuda das vizinhas.
Exacto. E antigamente nem a taxa de mortalidade infantil e e materna era gigante...
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A grande diferença é que até há bem pouco tempo, sensivelmente até ao início do século XX, as mulheres sabiam o que fazer e o apoio entre mulheres nesta altura era inquestionável, sendo que habitualmente havia uma mulher (hoje parteira) que tinha especial know how. Quando se deu a passagem de um processo fisiológico como é o parto para as mãos de profissionais homens em hospitais, no início do século XXI, grande parte da sabedoria se perdeu (isto é uma questão de procurarem sobre a história da obstetrícia) e as famílias perderam também esse conhecimento. Felizmente, neste momento, e sobretudo em países mais avançados como os do Norte da Europa, podemos aliar os preciosos avanços da medicina com um retomar da sabedoria acerca da gravidez parto e pós parto como um processo fisiológico, com o acompanhamento de parteiras e, caso seja uma gravidez de risco, o acompanhamento de um obstetra, preferencialmente que se baseie em evidência científica e respeite o processo como único para aquela família. Felizmente que existem espaços como o Centro do Bebé, que seguem esta linha, e
onde se preparam e apoiam as famílias para a vivência de uma fase tão especial como o nascimento e desenvolvimento de uma criança.
das vizinhas? eram parteiras...
alerta naturista que quer parir no rio Sado...
Antigamente as mariquices não existiam porque as mulheres cresciam a ver grávidas e partos e bebés e já sabiam mais ao que iam. De qualquer das formas havia aquele pormenor insignificante de mulheres que morriam no parto e chatices dessas mas pronto, mariquices. Eu fiz o curso só na primeira gravidez. Não me arrependo nada mesmo que me tenham gozado por ir a cursos do género.
exato.... é mesmo assim como diz o comentário anterior!
anónimo das 10:28 HAHAHAHAHHAHA tão bom!
Eu, pessoa dada a mariquices, também fiz o curso com a enfermeira Luísa. Não recomendo de todo. Para além de ser uma pessoa que claramente não percebe nada do assunto, não nos esclarece as mil perguntas tontas que temos e não nos sossega os nervos. Estou absolutamente convencida que foi (também) graças ao que aprendi com ela que se evitou uma cesariana (que não queria de todo). Foi a ela que liguei quando três dias depois do puto nascer tive o pior dia da minha vida com aquela coisa, a"subida" ou "descida" do leite. Não sei o que teria acontecido se não o tivesse feito. Enfim, com esta mariquice toda fiquei sem umas quantas histórias dramáticas para contar. Por isso obviamente que não recomendo!
Eu estou prestes a inscrever-me num curso de preparação para o parto e, sinceramente, não sei se será bom ou mau, mas visto que não sei praticamente nada - sou mãe de primeira viagem - acredito que a saber menos não ficarei, portanto, lá vamos nós!
..o problema é o custo destas coisas.. não dá para tudo!
Acrescento razão 9: para os pais. Nós ainda vamos sentindo o bebe a mexer, estamos constantemente a pensar no parto e nas mamas (sem assento, essas mesmo), já eles, parece que os 9 meses só servem para nos podermos queixar. E depois vêm-se com um bebe nos braços... Bom, eu achei que era útil para eles começarem o seu tipo de preparação e perceberem que papel querem/podem ter no parto e nos primeiros meses.
Tudo tem a ver com a própria evolução de mentalidades e ajustes a cada época. Antes as pessoas tinham muitos filhos e era normal assistir-se a muitos partos, logo havia muitos bebés e crianças e quando chegasse a nossa vez, já não haveria cá dúvidas.
Parir não tem de ser um bicho de 7 cabeças mas tb lhe deve ser reconhecida alguma importância. Sempre se associou muito os partos ao sofrimento das mães (e sofrimento em silêncio, que mulher de bem não se queixava cá de coisas banais como parir). Ainda me lembro de uma história de uma das minhas avós que, em ao entrar em trabalho de parto quando estava a trabalhar no campo, teve de entrar em casa por uma janela porque tinha familiares de longe de visita e "parecia mal verem-na naqueles preparos" se passasse por eles na sala o.O Por isso, e não sendo a favor de adquirir coisas que são desnecessárias (e há muitas associadas à maternidade), mimem-se hoje todas as mães por todas aquelas que não tiveram este mimo e esta atenção.
Estes cursos servem tb muitas vezes para combater alguns mitos e embora não tenha ficado encantada com aquele que fiz (por ter encontrado uma enfermeira algo rígida e cínica sobre determinadas temáticas), reconheço a sua importância. Ter ajuda, por ex, na amamentação contribuiria certamente para que muitas mães conseguissem ser mais bem sucedidas com a mesma. Sozinha em casa e sem ajuda de quem percebe é muito difícil ultrapassarem-se muitos dos problemas da amamentação, que é maravilhosa quando corre bem. E para correr bem, temos de saber o que fazer, não é só instinto.
Eu também fiz o curso no Centro do Bebé com a enfermeira Luísa e por isso não entendo este comentário. Se há pessoa que percebe daquilo é ela! Tem anos e anos de experiência. E depois está cheio de contradições. Quanto às questões, não me lembro de ter saído de nenhuma das aulas com dúvidas por esclarecer. Não percebo mesmo. Não devemos estar a falar da mesma pessoa.
"Estou absolutamente convencida que foi (também) graças ao que aprendi com ela que se evitou uma cesariana (que não queria de todo)." Primeira contradição.
"Foi a ela que liguei quando três dias depois do puto nascer tive o pior dia da minha vida com aquela coisa, a"subida" ou "descida" do leite. Não sei o que teria acontecido se não o tivesse feito". Segunda contradição.
Então não percebo... Não recomenda?! Eu recomendo o Centro do Bebé e a enfermeira Luísa a 200%!
Não conheço o Centro do Bebé, mas tenho uma bebé com 3 meses e fiz um curso de preparação para o parto no Instituto 4 Life. Não foi nada caro e acho que valeu imenso a pena! O parto foi apenas uma das inumeras coisas que falamos, aprendi imenso sobre amamentação, choro, cólicas, primeiros socorros. Para mim e para o pai que nunca tinhamos lidado com um bebe foi muito bom. Alem disso, ter as enfermeiras sempre disponiveis por telefone tranquilizou-nos imenso. Ainda agora ligo sempre que preciso.
A palavra sarcástica não lhe diz nada?
Gente burra de entender entre linhas!!!
ohh o meu bebé tem 4 meses. Também fizemos o curso no Instituto4Life e eu ainda estou a fazer as aulas pós-parto. Fizeste em que espaço? Talvez tenhamos estado juntas em algum grupo pois nós fizemos sessões em varios locais (por causa dos horários).
Olá
Estava pesquisando por “preparação para o parto” e encontrei seu blog através deste artigo:
Gostei muito do post e do blog!
Eu terminei recentemente um artigo - que acredito estar bem completo - sobre “O que levar para a Maternidade” e adoraria saber sua opinião antes de comunicar a publicação para minhas leitoras...
Seria possível te mostrar? Se sim, me avise que te mando com o maior prazer!
Obrigada,
Carol Costa."
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Teorias absolutamente espectaculares