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Putos, e deixarem-se de ideias estúpidas?

segunda-feira, janeiro 15, 2018

Quando uma pessoa chega a determinada idade é impossível não começar a traçar paralelismos do género "na minha altura era diferente". Geralmente, com diferente, queremos dizer melhor, claro. Aos nossos olhos, a nossa geração foi sempre a mais normal, a  mais educada, a mais civilizada, a mais tudo. Regresso até à minha adolescência e, honestamente, acho que foi bastante ajuizada. Não falo só da minha, falo da malta com quem me dava, e não eram propriamente miúdos ricos e de boas famílias. Andei sempre em escolas públicas, tínhamos de tudo, dos mais desfavorecidos aos mais privilegiados. E claro que fazíamos coisas parvas, de certeza que sim, mas não me lembro, mesmo, de termos assim daquelas ideias peregrinas. Tipo, engolir pastilhas de detergente para a roupa.

Pois, leram bem. Ao que parece, este é o novo desafio que anda a entreter os adolescentes americanos: filmarem-se a enfiar uma cápsula de detergente no bucho. Para quê?
Sabe Deus! Como me parece bom de ver, a ingestão das cápsulas pode causar uma data de problemas graves, morte incluída, mas tudo bem, o que interessa é aumentar o número de views e likes e essas cenas todas. E eu gostava, mas gostava mesmo, de saber quem é a primeira criancinha amorosa a lembrar-se de uma coisa destas. Como é que o processo se dá? Está em casa, bate com os olhos no armário dos detergentes, ou vê o pai ou a mãe a meter uma pastilha na máquina e pensa "espera lá, e se eu comesse uma coisa destas, não era incrível?". Mas porquê uma pastilha da máquina? Porque não uma cápsula de café? Ou uma peça de Lego? Ou um peixinho dourado? Em calhando é capaz de não ser boa ideia estar aqui a dar-lhes mais motivos de inspiração.

A verdade é que esta não é a primeira ideia parva. Já tinha havido aquela mania de sufocarem até ficarem pedrados. Já tinha havido aquela coisa estupenda de engolirem ou inalarem canela. E não esquecer aquela dos tampões embebidos em vodka e posteriormente inseridos nos rabos e pipis para se ficar bêbado mais depressa (???????). A imaginação destes miúdos é inesgotável, disso não haja dúvida. E, não querendo ser velha do Restelo, diria que grande parte do problema está nas redes sociais e no facto de haver audiência. No nosso tempo, mesmo que nos lembrássemos de uma coisa assim gira, no máximo reuníamos meia dúzia de amigos lá em casa, ou no jardim lá do bairro, ou nas traseiras da escola. Não tinha grande impacto, nem sequer havia um telemóvel com câmara para registar o momento. Era preciso fotografar, ter dinheiro para ir pôr o rolo a revelar, e rezar para que as fotos não ficassem todas tremidas ou com um dedo à frente  Agora não. Agora há internet e a possibilidade de chegar a milhões e milhões de pessoas. E, claro, a ideia fascinante de poderem ficar famosos, mesmo que seja a cometer uma anormalidade qualquer como engolir pastilhas de detergente.

Darwin falava da selecção natural da espécie, e eu acho que é isto mesmo. É o universo a seleccionar, naturalmente, quem é que deve cá andar. Tens 16 anos e és estúpido o suficiente para engolir uma cápsula de detergente? Sigaaaaaa, tá a andar! Antigamente, os maiores desgostos que os pais podiam ter na vida era ter filhos drogados, alcóolicos ou marginais. Agora não. Pela parte que me toca, ter um filho capaz de se filmar a degustar pastilhas de detergente era coisa para me fazer sentir assim mesmo muita vergonhinha, daquela que vem cá das entranhas. Se estou livre de isso me acontecer? Não estou. Mas ele também não estaria livre de ficar de castigo até aos 50 anos. Ou de ser dado para adopção. Parece-me uma boa hipótese. 

20 comentários:

  1. Não sabia a dos tampões, é a minha oportunidade de apanhar uma bebedeira à séria e não me vomitar toda! Na escola da filha de uma amiga, andavam a bater no peito para ver se o coração parava.
    Nota: as crianças só estão aptas para adopção até aos 14 anos.

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  2. Tenho apenas 20 anos e já não me identifico nada com a malta de 15/16 anos. Há apenas 5 anos atrás, eu e os meus amigos não fazíamos nada disto, nem ninguém da nossa escola. Os jovens estão cada vez mais estúpidos, não sei o que se está a passar.
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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  3. Ahhhh e nós a pensar que na nossa altura era super porreiro mandar um peido e puxar fogo ao mesmo!!!Corria mal mas só se fazia uma vez!!!AHahahah

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  4. Assim que comecei a ler o texto pensei logo: selecção natural. E pronto, pelos vistos é a mesma conclusão a que a Pipoca chegou.

    E sim, a coisa mais estúpida que fazia quando era miúda (tipo 10 anos) era tocar às campainhas e fugir.

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  5. Os putos hoje têm vidas tão estúpidas, é só mais uma maneira de extravasar tanta estupidez.

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  6. Olá, tudo bem?? Que ideia estapafúrdia essa!! Esses Lena Pereira estão todos doidos, não pensam nas consequências? No meu tempo não tínhamos imaginação para tanto!! Belos tempos, a Internet era televisão, vieram informar,o que pode ser bom e mau. Beijinhos 😘

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Quando vim morar para o UK tive que partilhar casa com ingleses nos primeiros 6 meses. Um deles no meu 1o dia naquela casa, engoliu um peixe do aquário! Vi outro a snifar pimenta..mas isto não era pro youtube. Era só porque sim. Bebem uns copos e não sabem que mais inventar!! Escusado será dizer que me pus a mexer o mais rapido que pude!

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  9. OMG.. Pensava que com os Youtubes, Instagrams e Facebooks os miudos tivessem entretenimento para dias, mas pelos vistos... Até tenho medo de ver como vai ser essa gente quando crescer (isto se sobreviverem às idiotices que fazem)

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  10. "E, não querendo ser velha do Restelo, diria que grande parte do problema está nas redes sociais e no facto de haver audiência."

    A Pipoca nasceu em 1981. Eu nasci em 1984. Não creio que haja uma diferença significativa entre as nossas gerações, pelo que me permita que discorde da sua observação. Em todas as gerações haviam miúdos ajuizados, parvos, doces, mimados, endurecidos pela vida, menin@s do papá e da mamã, desenrascados, boas e más pessoas.

    Ou acha que a sua geração era uma geração limpinha e ajuizadinha, que nunca fez asneiras? Fez sim, tal como a minha; tal como as gerações depois da nossa e antes da nossa.

    Mas sim, peguei na frase para lhe dizer que antigamente não havia internet nem audiências grátis. Mas haviam as audiências da escola, do grupo de amigos, do grupo de compinchas. Que antes se encontravam numa rua ou na escola próximas de casa e não estavam conectadas com outras pessoas, a milhares de quilómetros de distância.

    Fomos nós que descobrimos o HI5 e o Facebook, lembra-se? Estes miúdos quase que "nasceram" com o Face na cabeça e um telemóvel nas mãos.

    Por isso, a única diferença não é haver mais parvoíce do que antigamente. O que se passa é que a parvoíce é mais facilmente vista, menos fácil de ser escondida. Da mesma maneira que muita porcaria que antigamente se fazia "ás escondidas" (corrupção, compadrios, lavagem de dinheiro, maus-tratos, homicídios, etc) hoje é feita ás claras. E mais! Com a crise de valores que nós vivemos (e aqui não é um problema de geração Y nem geração X, é um problema geral) o verdadeiro crime é denunciar e lutar contra este estado de coisas. :-)

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    1. Concordo com tudo o que fizes, menos quando eacreves “haviam” 😱. Vai lá googlar o verbo para ver o que sai de lá. 😝

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    2. Permita-me discordar de algumas das suas afirmações. Sou muito mais velha, nasci em 1963. Não compare telefonemas no carnaval a perguntar se era da casa do sr. camelo para saber quantos fardos de palha comia para atravessar o deserto com estas "estupidezes" desta geração que vive na e para as redes sociais. Claro que sempre houve asneiras, homicídios, gente louca, drogados, etc, etc., mas o que se vê hoje é uma aberração total. Miúdos de 12 e 13 anos a ingerirem álcool, a irem para as discotecas até às tantas da manhã. As mamãs a pagarem o táxi para estas crianças saírem à noite... podia continuar a enumerar casos e casos, mas acho que não vale a pena. Hoje está na moda as mães dizerem que são as melhoras amigas dos filhos. Eu não sou a melhor amiga dos meus filhos. Sou mãe deles! Dou a vida por qualquer um dos meus filhos e se fosse a melhor amiga limitava-me a ter pena. Nunca vi um melhor amigo dar a vida por alguém. Entendeu onde quis chegar? Hoje em dia há uma quase total inversão de valores. Esta loucura das redes sociais dá-me medo. Será que as pessoas não têm mais nada para fazer do que mostrar as suas vidas nas redes sociais? Será que têm vidinhas assim tão vazias? Sou mãe e professora e sinceramente, esta geração assusta-me.

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  11. Seleção natural é o que eu penso quando leio tudo isto...

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  12. E depois quando forem grandes queixam- se dos enzimas ;) Pudera, foi um glutão :)

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  13. Ahahahah! Deve ser para lavarem o cérebro!!! Resultado: Fica tão branco tão branco que o detergente também lhes limpa todas as ideias...ahahahah!

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  14. Go go selecção natural!!

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  15. first world problems*

    quando andava na preparatoria (sou de 70 e muitos e da margem sul) a malta tinha a mania de trepar postes de electricidade... ficaram la dois.
    na secundaria, a sexta feira havia o grupo q tentava sempre ver quem ficava pertinho do coma alcoolico. vi alguns a irem dar um passeio de ambulancia.

    sao idades parvas... e agora a moda e' partilhar na net. felizmente nos anos 90 nao havia tecnologia para isso :)

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  16. Olá Pipoca! Eu sou da geração da segunda metade dos anos 90, mais propriamente, 96, vejo gente mais imatura que eu eu ou, então, tão imatura como familiares mais novas, familiares de 15/16 anos, mas mesmo assim, essa geração de 15/16 anos de agora já é diferente. Eu nem vou pelas tentativas suicidas para ter views, falo logo de uma coisa mais simples: a exposição nas redes sociais. Uma coisa é estarmos na praia e estar de biquíni ali toda sexy (ou não), mas estamos de biquíni porque é incomodo ir com uma roupa que tape o corpo inteiro, a roupa de banho promove uma maior liberdade de movimentos dentro de água. Agora a verdade é esta: vamos aos Instagrams da maioria das adolescentes e parece que estamos a abrir certas páginas dos classificados de um jornal. Mas estas cabecinhas de m**** não pensam no futuro, no perigo que correm, gente mal intencionada e/ou de mente prevertida, isto pode afetar-lhes também futuras oportunidades de emprego, há sítios que investigam tudo. Umas querem ser "modelos" - com aquela cabecinha de treta e pensarem que o conseguirão ser - e outras até mesmo pelos likes e comentários "és toda boa; és muito gira", isso preenche-lhes o ego, acabam por ter uma certa "felicidade" mas é algo vazio, eu se não fosse gorda não faria isso para encher o meu ego, para satisfazer o meu ego eu tento fazer exercício e inspirar pessoas que estão a passar o mesmo que eu ou que passaram coisas que já passei, em culpa por pessoas que só pensam na parte superficial.
    No geral, é tudo um vazio que deixa nas pessoas, sentem-se felizes assim como no momento em que compraram a sua primeira mala da Michael Kors, depois passa e sentem-se fazias, não é algo para o qual irão olhar no futuro, lembrar-se do qual felizes foram, porque não foram, é tudo muito superficial, a minha felicidade não é andar toda bonitinha e levar uma mala cara quando nem tenho carro e ando de transportes públicos, ando ali com roupa da Primark e na minha própria viatura e tenho mais liberdade, independência.
    Eu só gostava de saber: por que razão há tanta m**** na cabeça das pessoas? O problema não é bem as redes sociais, está na cabeça das pessoas, conforme a sua cabeça, conforme o uso das RS, assim como o problema da maioria dos acidentes não são os carros, o problema está em quem os conduz, quem os conduz é que determinará se irá ceifar a vida a alguém (ou a si próprio) ou não, porque até pessoas perto dos 50 anos têm m**** na cabeça e são piores que miúdos mais novos que eu nas redes sociais, simplesmente são uma m**** de pessoas, não é a adolescência, é a própria pessoa e os limites que lhe foram impostos ao início, no início da sua vida. Já cometi os meus disparates mas, comparando com estes miúdos das RS, sou uma santa.

    beijinhos!

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Teorias absolutamente espectaculares

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