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Vá lá, mulheres...

quarta-feira, março 08, 2017

A propósito da minha ida a Londres, alguém me deixou um comentário que podia ter tido entrada directa na rubrica de comentários parvos. Infelizmente, apaguei-o, mas dizia qualquer coisa como "uma vez mais deixaste o miúdo cá. Assim é muito fácil ter filhos".  Teorias deste género não são inéditas mas hoje, por ser dia da mulher, dei por mim a pensar mais no assunto. Se eu fosse homem seria alvo de acusações do género? Tenho cá para mim que não.

No dia em que fui para Londres
, e como o voo era só à uma da tarde, tive tempo de deixar o Mateus na escola. O pai até me tinha pedido para ficar com ele na noite anterior, mas como era a festinha de Carnaval queria ser eu a levá-lo à escola. Levei a máquina, fiz-lhe umas fotos, fiquei um bocado a brincar com ele. Nessa noite dormiu em casa do pai (porque era o suposto) e no dia seguinte eu estava de regresso, a tempo de ir buscá-lo. Feitas as contas, não perdi nada de relevante.

O mesmo quando fui para o Rio, lá vieram dois ou três comentários acusatórios, "sua mãe horrível, como é que és capaz de viajar sem filho????" (e agora lá vão as revistas cor-de-rosa fazer notícias estúpidas, do género "Pipoca acusada de ser má mãe"). Viajo sem filho porque posso. Porque, às vezes, me apetece. E porque, coisa que as pessoas se esquecem, o Mateus agora divide o seu tempo entre o pai e mãe. E, quando não está comigo, acho que sou livre de fazer o que me dá na real gana. E o mesmo acontece com o pai. 

Apesar de termos dias definidos, essenciais à organização familiar, temos uma relação absolutamente flexível no que toca à gestão do tempo com o miúdo: se na minha semana ele quiser passar tempo com o Mateus está completamente à vontade, se na semana dele precisar que eu fique com o Mateus eu fico, e ao contrário é igual. Mas tenho a certeza que a ele, e aos homens em geral, não é feita essa cobrança. A mãe é que tem de estar, a mãe é que não pode falhar, a mãe é que tudo. As pessoas são muito rápidas a pôr o dedo no gatilho e a fazer julgamentos, apenas com base no que eu vou publicando aqui. Parece que não sabem que há mais vida (muito mais vida) além dos pedaços que aqui vou contando. 

Por exemplo, antes de ir para o Rio estive praticamente duas semanas com o Mateus doente em casa. Primeiro a recuperar de uma cirurgia, depois com uma pneumonia. Não foi o pai que ficou em casa com ele, foi a mãe. E não é quase sempre assim? Não é sempre a mãe que, tantas vezes, abdica das suas obrigações profissionais para ficar com os filhos quando eles adoecem? Pelo menos, é isso que se espera. Não estou, de todo, a apontar o dedo ao pai, nada disso, que se há pessoa presente é ele. Mas o meu trabalho é mais flexível, posso trabalhar a partir de casa, ele não, por isso fazia mais sentido que fosse eu a ficar (e porque, assumo, quando ele está doente acho sempre que o mimo da mãe é diferente, por melhor que o do pai seja). 

Mas nessas duas semanas pouco ou nada fiz, porque o miúdo queria atenção, queria brincar, depois estava chatinho como todos os putos doentes costumam estar. O trabalho acabou por pagar a factura, mas pronto, "vida de mãe" também é isto, vem nas letrinhas pequenas do contrato. Não falei sobre isso no blog, como não falo de tantas, tantas outras coisas. E se falei hoje não foi para me martirizar, que não sou vítima nenhuma, foi só mesmo para que as pessoas, algumas pessoas, entendam que o que lêem em (alguns) blogs é só mesmo uma curta parte da vida de quem os escreve. Outro exemplo: no Verão passado estive duas semanas sozinha com o Mateus no Algarve, o pai não conseguiu ir por estar a trabalhar. E tudo bem, não houve problema nenhum, não me importei nada. Mas claro que isso não conta. Os alarmes só soam quando vamos para algum lado sem o miúdo, aí cai o Carmo e a Trindade. Mesmo que no ano passado, no total, tenhamos passado cinco semanas de férias com ele, mais do que muitos pais poderão dizer. Parece estúpido ter de dar este tipo de explicações mas, repito: nem tudo o que parece é. E às vezes cansa que estejam sempre a bater na mesma tecla e que tenham uma visão da vida tão redutora.

O que me custa, mesmo a sério, é que sejam mulheres a vir de dedinho em riste fazer acusações. Não sei se a ideia é tentar fazer-me sentir mal, não sei se a ideia é vangloriarem-se do quão boas mães são tentando diminuir as outras mulheres, não sei se não gostam de ter vida para além dos filhos (ou se até gostam mas não podem, o que as deixa meio amargas), mas tenho a certeza que não andam por aí a chatear os homens. Façam-lhes todas essas cobranças. Chateiem-nos de cada vez que os putos tiverem de ir a uma vacina e for a mãe a ter de chegar mais tarde ao trabalho. Chateiem-nos de cada vez que os putos tiverem uma consulta e for a mãe a ter de pedir para sair mais cedo. Chateiem-nos quando os putos estiverem doentes e tiver de ser a mãe a pedir dias no escritório. Chateiem as entidades patronais que reviram os olhos a qualquer pai que queira ter uma licença de paternidade que vá além daquele mês permitido (e que, muitas vezes, nem sequer pode ser gozado de seguida). Chateiem os pais separados que só estão com os filhos a cada quinze dias (e, e, há muitos que, se puderem, nem isso). Chateiem-nos se ousarem ir de férias e deixarem os putos com a mãe. Ou  então, não. Não chateiem ninguém, deixem de ser a PIDE da internet e limitem-se a viver as vossas vidinhas da melhor forma que conseguirem. Vá lá, já nem digo para fazerem disso modo de vida mas, pelo menos, no dia da mulher, podiam tentar não despertar a cabra que há dentro de vós. 

213 comentários:

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Anónimo disse...

Irra, estava a ver que esta argumentação da TRETA, nunca mais terminava...😂😂😂, mas adorei várias pérolas:
"Sejam voçês madrastas e logo vêm o que é bom!"(para isso acontecer é preciso que se queira "produto em 2 mão", nem todas estão para aí viradas...)😉;
" engravidou,contra a vontade do marido...quando a relação já estava condenada..."(coitadinho do marido...tão ingénuo, deve ter sido "drogado"e violado pela esposa até que ocorresse a FECUNDAÇÃO)é de chorar a rir😂😂😂😂Mas lá está, cada qual acredita no que bem entender, se a Sra. anónima madrasta grávida do pai do enteado, quiser continuar a "tapar o sol com a peneira" é problema seu😎, mas creio que lhe falta muita mas muita experiência de vidinha😋

Anónimo disse...

E a anónima "Madrasta" lá de cima volta a atacar...acho que o seu "calcanhar de Aquiles" é mesmo o 💰,ou seja, os 400€💸💸💸que o seu maridinho se vinculou a pagar a titulo de pensão de alimentos ao filho por ele "indesejado"(como a Sra afirmou), a Sra. não se conforma😢😢 assim como assim, nos dias que correm pode dizer-se que se trata de uma pensão "milionária" tendo em conta que muitas famílias portuguesas nem esse montante têm para seu sustento!Vá lá relaxe, tome um cházinho de camomila, e disfrute da gestação☺

Anónimo disse...

Como a anónima...presumo, é que também anda nos blogues...será que ainda não é mãe?

Anónimo disse...

E depois há o velho ditado "quem os pariu que os embale" que continua tão atual como era há 100 anos atrás"!

Anónimo disse...

Teresa, trata-se da mesma anónima "madrasta" do enteado a quem o pai paga 400€…, e que agora está grávida e como todas estamos carecas de saber o dinheirinho faz sempre muita falta...:-)

Anónimo disse...

👍👍👍👍👏👏👏👏🙌

Anónimo disse...

Pipoca quem muito quer saber da-se o cu a lamber. Continua como até hoje. Ve-se perfeitamente que o Mateus é uma criança feliz. e o importante é a qualidade de tempo não a quantidade.

Anónimo disse...

Vénias a esta pessoa! VÉNIAS!

Anónimo disse...

Percebo te "anónima madrasta".
E não acho que sejas uma má madrasta,preocupas te com ele, até a pensão pagas. Eu não o faria.
Viver com outra mulher na nossa vida e com uma criança que não é nossa, não é para todos. Não é para mim.

Brenda disse...

You rock Pipoca!

Unknown disse...

Acho que se nós mulheres fossemos mesmo, mesmo unidas e estarmos lá umas para as outras seria menos duro certas lutas. Sejamos melhores umas para as outras e cada um viva a sua vida. Beijinhos Pipoca**

Unknown disse...

Não te justifiques, Pipoca. As invejosas (porque é disso que se trata) podem ir para o diabo que as carregue.

CP disse...

Integrei um novo desafio que implica viajar com bastante frequência. O meu Bebé ainda não tem um ano. Qd as pessoas se aprecebem disso, perguntam espantadas, como é que faço. Rapidamente respondo, durante o dia o pequenote fica com a ama, e dp com o pai. Ficam com cara de parvinhos... nem ligo, pois cada um deverá saber de si!

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