Pub SAPO pushdown

Brincar com os putos é uma seca

quinta-feira, maio 26, 2016

Tenho para mim que o título que escolhi para este post me valerá uma entrada directa no top das piores mães de sempre, um top eleito semanalmente por todas as mães espectaculares deste mundo, mães briosas e dedicadas, mães que fazem peças em barro e que nunca enfiaram uma fruta de boião pela goela dos putos, mães que têm todo o tempo do mundo (mesmo que isso implique morrer para a vida), mães que não elevam a voz, mães que tricotam camisolas, mães que brinca com os filhos... e gostam! Pois é, tenho péssimas notícias. Não só não sei tricotar nem fazer potes de barro, como de quando em vez lá marcha uma fruta de boião e, tragédia das tragédias, acho que brincar é uma seca de todo o tamanho. Em minha legítima defesa, acho que isso se deve a dois factores: por um lado, ter uma criança pequena que não consegue brincar mais de quatro minutos com a mesma coisa, tem a capacidade de concentração de um peixe, o que faz com que a maior parte do tempo que passamos "a brincar" seja passado a abrir caixas, a despejar o conteúdo de caixas, a arrumar tudo nas caixas, a abrir novas caixas, a despejar o conteúdo dessas novas caixas, e assim sucessivamente. Depois, porque é rapaz, e não há memória de haver uma brincadeira de rapaz realmente gira. Jogar à bola, brincar às lutas, percorrer a casa de joelhos atrás de carrinhos... desculpem lá, não é para mim. Gosto moderadamente de
puzzles, de plasticinas, de fazer castelos de areia, de ir ao jardim (tem dias), de andar de bicicleta e de ler histórias, tudo o resto é passado para o departamento do pai, sempre que possível. Quando não dá toca-me a mim, que remédio. Diz que temos de brincar com os miúdos, que é importante, que reforça os laços, que nos torna mais próximos, que lhes dá novas competências e aperfeiçoa a aprendizagem e os comportamentos, mas, assim de repente, não tenho grandes memórias de os meus pais brincarem comigo. Andei muito para trás no tempo e não me lembro de alguma vez os ter visto sentados no chão a brincar comigo ao que quer que fosse. Lembro-me de irmos passear, lembro-me de nos levarem a parques e a jardins, lembro-me de andarmos de bicicleta, lembro-me de jogarmos cartas e dominós, mas era só isso. Se calhar porque também cresci numa época em que se podia brincar na rua, em que nunca parava em casa, em que desde os seis ou sete anos ia sozinha para o jardim do Príncipe Real e passava lá horas com os meus amigos, sem que alguém sequer sonhasse com a hipótese de sermos raptados. Mas hoje os putos estão quase sempre fechados em casa, por isso imputa-se aos pais essa necessidade/obrigação de brincar com eles. E lá estamos nós, sempre com aquele sentimento de culpa às costas, porque o tempo não chega para tudo, porque chegamos a casa e é preciso dar-lhes banho, fazer o jantar, orientar as coisas para o dia seguinte, responder a mais 14 mails, onde é que se vai arranjar tempo para brincar? Põe-se o canal Panda em loop, enfia-se-lhes uma bolacha nas mãos e rezamos a todos os santos para que nos deixem cumprir todas as tarefas que temos em mãos. Péssimos pais, péssimos.

Ora bem, no outro dia estive num evento da Trina onde foi apresentado o estudo "Hábitos de brincadeira entre pais e filhos portugueses", no âmbito do Dia da Família. Concluí o que já sabia: sou uma péssima mãe porque não dedico tempo suficiente a brincar com a minha criança. Mas, se me serve de algum consolo, fiquei a saber que não sou a única, porque eram muitos os pais presentes e quase todos trocávamos olhares cúmplices a cada revelação deste estudo. Para começo de conversa, e já numa de tentar tirar daqui algum conforto, o estudo incidiu sobre 410 pais de norte a sul do país com filhos com idades entre os 6 e os 12 anos. Ora o meu ainda nem sequer tem três, por isso vou muito a tempo de aprimorar a arte de bem brincar. Então e quais foram as grandes conclusões deste estudo? Cá vai disto:

- Mais de 80% refere que no top de actividades familiares, durante a semana, está "verem televisão em conjunto". Tudo bem, a mim parece-me uma coisa fixe, em miúda eu também via a novela com os meus, toda a santa noite, e para mim isso era uma actividade em família, uma coisa que eu aguardava com grande expectativa. Hoje em dia parece que já não é assim, ver televisão não conta como actividade familiar, deixem de ser batoteiros;

- 36% dos inquiridos diz que quando os filhos pedem para brincara inventam uma desculpa para não o fazer. Upppppppssssssss, apanhada! Cá por casa ouve-se muito o "agora a mãe tem de ir fazer o jantar", ou "agora a mãe precisa só aqui de despachar 87 mails" ou "agora a mãe precisa de ir ver se está a chover". Até agora tem resultado;

- 38% dos pais portugueses brinca mais de meia hora diariamente com os seus filhos. Ah ah ah ah, grandes mentirosos! Pedirem-lhes para dobrar meias não é brincar!

- 75% dos pais admite que sente que os filhos gostariam de passar mais tempo com eles. Acredito. E ao contrário acho que também é verdade, quantos e quantos pais não se culpam por não passarem tempo de qualidade suficiente com os miúdos? 80% dos inquiridos culpa a actividade profissional por não os deixar passar mais tempo com os filhos. Pois, true story. Mas, para além de brincar, os miúdos também precisam de comer, de ter o que vestir, de poder ir para a escola e, para isso, os pais precisam de trabalhar. É a vida. 

- Se durante a semana as actividades passam mais por coisas como ler um livro em conjunto, jogar um jogo, ou jogar no computador e nas consolas, ao fim-de-semana essas actividades tendem a ser substituídas por idas ao parque, andar de bicicleta, jogar à bola ao ar livre, ou idas ao cinema. É normal. Ao fim-de-semana, tendencialmente, temos mais tempo e mais disposição. Pela parte que me toca, estou sempre a tentar arrancar os miúdos de casa, acho que é bom para toda a gente.



Confesso que depois da apresentação dos resultados do estudo eu e muitos outros pais ficámos a achar que andamos a falhar redondamente nesta coisa da brincadeira com os filhos. Lá está, a sacana da culpa, sempre a perseguir-nos. No final, foram apresentadas algumas dicas para aproveitarmos melhor o tempo com os miúdos. Vou deixá-las aqui, não vá dar-se o caso de mais alguém achar que é um caso perdido. Calma, ainda podemos dar a volta a isto, ainda podemos evitar que, um dia mais tarde, os nossos filhos acabem a gastar fortunas em terapia pelo facto de não termos brincado o suficiente com eles. Ora então cá vai:

1- Arrumar a casa: eh pá, esta parece-me uma óptima dica. De pequenino é que se torce o pepino, e nisso de mandar o Mateus arrumar as tralhas dele eu sou exímia. Agora só falta conseguir que ele comece a arrumar também as MINHAS tralhas;

2- Dar um passeio: diz que devemos aproveitar o bom tempo para dar uma voltinha de meia hora com os miúdos, para falar com eles sobre o seu dia, para os levar às cavalitas. Ok, menos mal, sou quase sempre eu que o vou buscar à escola e muitas são as vezes em que o trago às cavalitas. Corro o risto de deslocar uma vértebra ou de dar cabo dos rins, mas tudo bem, pela promoção de tempo de qualidade com o miúdo, vale tudo!

3- Cozinhar a dois: pois, esta ideia é gira, mas talvez quando o Mateus for mais crescidinho e perceber que não pode lamber os alimentos, deixá-los cair ao chão e voltar a pôr no prato, tentar esfaquear os pais, tentar enfiar um garfo no olho do irmão, etc e tal. 

4- Jogar à prova cega: consiste em vendar-lhes os olhos e fazê-los provar e adivinhar alguns alimentos. Será que assim consigo que o Mateus coma espinafres?

5- Do it yourself: aproveitar os materiais mais básicos e transformá-los em brinquedos. 

6- Criar uma história: em vez de ler um livro ao deitar, inventar uma história em conjunto e acrescentar todos os dias um bocadinho. Acho que foi esta ideia que esteve na base da "Única Mulher", só isso explica que esteja no ar há 15 anos.

7-  Apostar em brincadeiras express em casa: gosto da palavra express, significa que demora pouco. A ideia é brincar às escondidas ou à caça ao tesouro.

8- Fazer exercício em família: uiiiiii, se isto já anda difícil para fazer exercício sozinha, quanto mais acompanhada. Mas pronto, tentem vocês. Façam uma competição (saudável, nada de dar cotoveladas nos putos) e treino simples, de dez minutos.

9- Construir um puzzle: aqui está uma coisa que eu gosto de fazer, até o Mateus se passar da cabeça e atirar tudo pelo ar. O objectivo é que isto seja um work in progress, uma coisa para ir construindo todos os dias.

10- Surpreendam os miúdos: dancem com eles, pulem, rebolem no tapete da sala.


Fotos: Pau Storch




111 comentários:

mcrs disse...

Quando a minha filha me pede para brincar, por mais que nao me apeteça, nunca tenho coragem de dizer que não. Cá por casa dançamos muito (mais ela com o pai que eu acabo excluída do casalinho, maldito Freud), rebolamos no chão, cozinhamos juntas nem que seja para ficar tudo badalhoco cheio de farinha e o bolo com bocadinhos de casca de ovo.

Apesar disso sinto-me culpada, muitas vezes, por por o Panda em loop e este texto nao me fez sentir muito melhor...

TD disse...

E quando os miúdos se lembram de brincar ao jogo: "vou repetir tudo o que disseres mas de uma forma super irritante até te deixar com uma síncope nervosa"?

Anónimo disse...

A coisa que os meus filhos mais gostam de fazer comigo é jardinar ou ajudar na horta. Para eles é uma brincadeira alegre.

Anónimo disse...

E o teu blog Margarida?!...

Anónimo disse...

Aqui está mais uma péssima mãe! A minha filha tem 4 anos e está na fase de cuidar de nenucos, maquilhar-se 30x por dia, cozinhar para as barbies e passar o dia vestida de elsa. Eu adoro esta fase, acho tudo muito giro e fofinho.. mas e pachorra pra cuidar dos netos aos 26 anos? Pois, não há. Muitas são as vezes que meto a frozen ou episódios do my little poney em loop. Ou simplesmente lhe dou o tablet e ela vê videos parvos de ovos kinder com plasticinas. Ao fim de semana tento dar-lhe sempre atenção extra com passeios, idas ao parque, brincadeiras no jardim. Mas durante a semana e com a rotina torna-se mesmo complicado. Mas ainda bem que não sou a única, já não me sinto tão sozinha! 😁

barcelence disse...

"excluída do casalinho, maldito Freud"! Lol É sim senhora, rara a menina que não tem uma fascinação pelo pai ;)

Inês disse...

Sinto-me tão mal quando estou a cozinhar e a minha filha de 3 anos e meio me diz: "Mãe, binca camigo." Fico com uma lágrima no canto do olho. Não posso deixar de fazer o jantar, ela (e todos) depois come o quê? Acho que passa muito pela organização e estou a tentar melhorar isso.

mcrs disse...

Anónimo, boa pergunta, está lá no sítio dele e eu desinspirada e atarefada. Desculpas!

Anónimo disse...

Adorei aquela de " passar para o departamento do pai"

A disse...

tens toda a razão! Até aos 5 anos da minha filha achei piada a pintar com ela, ver filmes - acho que é mt giro ir comentando as situações com eles e eles adoram - ler livros, fazer joguinhos simples, criar algumas coisas...mas agora que gostam de brincar com poneis e angry birds e bonecas não tenho qq paciencia. ou as hormonas começaram-me a falhar...de qualquer forma, provavelmente, eles devem brincar a estas coisas é com outros miudos e não com os pais. e quem acha o contrario ou não trabalha fora de casa ou deve ser mentiroso - ou tem uma queda e energia para fazer tudo, coisa que eu não tenho - mas adorava.

Anónimo disse...

Também eu precisava de umas doses extras de paciência! Sinto-me muitas vezes culpada, triste por achar que tenho pouca paciência (ou nenhuma mesmo!). Mas também eu não me lembro de ter os meus pais a brincar comigo. Se comparar, até acho que brinco mais com o meu filho do que os meus pais alguma vez brincaram comigo :) Mas pronto, já vi que não sou a única. Haja paciência!

Anónimo disse...

Não admira que este seja, para mim e para muita gente, o melhor blog de Portugal. A sua escrita é tão boa e o seu sentido de humor tão delicioso que os seus textos são os meus preferidos da blogosfera, até mesmo sobre temas como este, que nada têm a ver comigo como rapariga de 20 anos sem filhos nem planos de os ter nos próximos anos!

Anónimo disse...

E que tal os putos brincarem com outros putos?
Também não me lembro de os meus pais brincarem comigo. Passava grande parte do tempo na rua com outros miúdos e tenho ótimas recordações de jogos ao ar livre.
Tenho 3 filhos e quando eram pequenos andava sempre com eles nos relvados perto de casa " a pastá-los" como eu dizia, com uma ou duas amigas com filhos também. Era muito bom, ficar num banco de jardim ou numa esplanada a pôr a conversa em dia, enquanto eles brincavam em manada. O mesmo fazíamos em casa, quando o tempo estava pior. Havia sempre 2 ou 3 miúdos em minha casa ou então os meus iam para casa dos vizinhos. Alternávamos, claro. E já se sabia que a quem calhasse a sorte de ter a manada em casa, era pacote completo, que eles esticavam a corda até poderem: incluía banhos em grupo, jantar e às vezes até dormida. Nunca me fez confusão. Quem tratava de 2 ou 3, tratava de 5 ou de 7 e os outros pais folgavam! E isto passava-se mesmo durante a semana, não era só aos fins-de-semana. Começava logo à vinda da escola, quando eles não se queriam despegar dos amigos. E era vê-los fazer tendas com mantas e lençóis, onde até por vezes acabavam por dormir em camas improvisadas! E tomavam banho juntos com muita espuma e a bonecada toda à mistura. E vestiam a roupa uns dos outros, porque a maior parte das vezes era tudo combinado à última da hora e vestiam o que havia na casa em que ficavam. E havia rapazes com jardineiras cor de rosa, meninas com boxers e T-shirts que lhes davam pelos joelhos! E jantavam todos à mesa connosco, enquanto nos ríamos a imaginar que tínhamos 8 ou 9 filhos e enquanto eles conversavam e faziam palhaçadas... E mais tarde tínhamos sempre histórias deles para contar aos outros pais, que ficavam admirados por o seu menino (ou menina) ter comido espinafres, ou tomate, ou cebola... e por não ter pedido a chucha de noite... ou porque pediu para ir à casa de banho e não quis pôr a fralda...
E isto também se passava com os meus quando iam às outras casas.
Por isso nunca me preocupei se brincava ou não com os meus miúdos. Nem me lembro de me pedirem para brincar com eles, exceto pedirem para lhes ler ou contar histórias. Por vezes, enquanto eu fazia o jantar era o meu marido (que chegava a casa por volta das 8h) que entrava nas brincadeiras deles, em teatros de fantoches, cantorias acompanhadas à viola...
Que eles se fartaram de brincar com outras crianças é uma verdade e que ainda hoje se lembram com muita saudade desses tempos, também o é.
E não pensem que eu não trabalhava, porque tanto eu como o meu marido trabalhávamos fora de casa.

As crianças devem brincar com crianças! É o que eu penso. E acho que os pais devem organizar-se com outros pais que morem perto. Amigos, primos…
Alguns amigos dos meus filhos foram arranjados na rua, nos jardins perto de casa onde eu os costumava levar. E se não houver jardins, há pátios, há terraços, há quintais…

Bela

Anónimo disse...

Na nossa geração os pais nunca brincavam connosco a não ser, eventualmente, virarem-nos de pernas para o ar para tentar tirar-nos um amêndoa entalada na garganta... E acho que não temos nenhum trauma por isso.

Tété disse...

Eu tenho 31 anos e lembro-me bem de os meus pais brincarem comigo: às escondidas, com pistas de carros, a fazer castelos de areia, a jogar ping-pong, basquete, puzzles, jogos de tabuleiro, cartas....Também brincava sozinha, claro, mas acho demasiado generalista ler comentários onde se diz que na nossa geração os pais nunca brincavam connosco.
E espero eu ter paciência para também conseguir brincar com a minha filha de forma a que quando ela for adulta se lembre desses momentos.:)

Anónimo disse...

Bela, parabéns. Você realmente é uma afortunada.
Agora diga lá a formula mágica para os restantes.

homem sem blogue disse...

Tal como tu sou de uma geração que brincava na rua sem qualquer problema. E como vivia numa praceta acabávamos por ser um grupo de diversas gerações que se juntava em diversas brincadeiras. Sempre fui incentivado pelos meus pais a brincar na rua. E naquela altura - apesar de ser diferente de hoje - também apareceram computadores e consolas. Também brincava com isso mas nunca deixava de ir para a rua para brincar sozinho em casa.

Por outro lado, e apesar do que disse, recordo-me de os meus pais brincarem comigo e com a minha irmã. Recordo-me também de fazerem questão que tivéssemos programas em família. E de muitas outras coisas que acho que se vão perdendo nos dias que correm.

Compreendo que os tempos sejam outros, que os vizinhos não se falem e que os pais tenham medo, algo que faz com que exista muita desconfiança no momento de deixar um filho brincar na rua. Mas acho também que muitos pais acabam por deixar para segundo plano certas actividades com os filhos.

Vou dar um exemplo radical que me faz bastante confusão. Já assisti, em diversas ocasiões, a pais que vão de férias e que levam a ama para a praia. Enquanto estão o dia inteiro ao sol ou à conversa com outros casais, é a ama que brinca com os filhos, que coloca protector solar, que dá comida. Ou seja, a ama é o pai e a mãe daquelas crianças enquanto os pais preferem apanhar sol ou conversar. E isto é algo que não compreendo.

homem sem blogue
homemsemblogue.blogspot.pt

Inês disse...

Claro que as crianças devem brincar com outras crianças mas aqui fala-se de criar laços com os pais e que o acto de brincar é uma excelente maneira de o fazer.

Anónimo disse...

Pergunta de quem não tem filhos: se não gostam de brincar com eles, o que fazem então com eles que gostem? Parece-me que, sendo eles crianças, não há muito mais a fazer com eles para além de cuidar (dar banho, dar de comer, vestir, etc) e brincar. Não são propriamente adultos com quem se espere ter uma conversa filosófica ou ir ao cinema :P parece-me que a decisão de ter filhos envolve saber que se vão passar uns bons anos a brincar com bonecada e que, ao tomar essa decisão, é porque se vê algum gosto nessa ideia de brincar/estar com os miudos. Como referi, não tenho filhos, mas com sobrinhos, primos e filhos de amigas, gosto bastante de brincar com eles (embora perceba que uma coisa é estar de vez em quando e só uma parte do dia a fazê-lo, que ter filhos meus e ter de o fazer todos os dias).

Anónimo disse...

Concordo! Tenho 29 anos e lembro-me dos meus pais brincarem comigo. Especialmente quando era mais pequena, porque acho que só a partir para aí dos 6/7 anos é que comecei eu a brincar sozinha e aí de facto passava muito tempo sozinha nas minhas brincadeiras (ou com os meus primos). Mas até essa idade eram sempre brincadeiras com os meus pais!

Inês disse...

Eu sempre brinquei na rua com os amigos até às tantas da noite (futebol, macaca, elástico, sirumba, escondidas, tocar à campainha dos vizinhos, guerra de balões com miúdos de bairros vizinhos). A minha família fazia muitas viagens de carro por Portugal e eu adorava brincar sozinha no meu quarto (e não sou filha única). Também não me lembro dos meus pais brincarem comigo. Lembro-me da minha mãe a trabalhar e em casa sempre atarefada com as lides domésticas. Hoje em dia, sou inseparável da minha mãe, tenho de lhe ligar todos os dias, é a minha melhor amiga.

Anónimo disse...

Percebo lindamente. Eu tenho um filho com 1 ano e não tenho pachorra para brincar com ele, mesmo quando tenho tempo. É horrivel. Chego do trabalho cansada e só me apetece atirar-me para o sofá. Ás vezes faço um esforço, mas custa-me, não posso mentir! Mas a minha cunhada por exemplo, é incapas de não brincar com a filha. Não me sinto pior mãe por isso. Esforço-me mais noutras coisas. Faço altos programas com ele fora de casa, que isso adoro, a minha cunhada não tanto. Somos todas diferentes e todas optimas mães. :)

Life is Sweet disse...

Aproveitem bem essa fase, façam um esforço e brinquem com os miúdos. Quando eles tiverem 13 anos e só se interessarem por facebook e twitter, até vão sentir saudades de quando eles não vos largavam...

Anónimo disse...

Ir ao cinema é sim uma das coisas que se pode fazer com crianças. Como é óbvio ninguém vai ver cinema independente, mas vê-se um filme infantil. Tenta-se jogar jogos de tabuleiro do agrado da maioria, jenga, dominó, mikado, etc. Muitas idas ao parque. Museus adequados a crianças ou com exposições específicas para eles. Teatro é outra opção. Pintar em conjunto, livros de colorir ou tela. Fazer uma pizza juntos, para eles é brincadeira, para nós já fica o jantar despachado. Agora estão aí os cromos do europeu, há sempre pais que também gostam de fazer a colecção, é aproveitar para fazer em conjunto com as crianças, divertem-se todos (pelo meio aprendem geografia). É dar asas à imaginação, e tentar encontrar alguma coisa que para os pais nao seja uma seca, mas que agrade igualmente aos miúdos.

Anónimo disse...

Pelo contrário a minha filha tem maior adoração por mim, o pai até chega a dizer que o Freud nunca mais chega ;) Mas apesar de ser absolutamente delicioso sentir este amor, faz-me ainda sentir mais culpada por parecer que não consigo corresponder a tanto! Também não adoro brincas, mas como a Margarida, sempre que ela pede não consigo dizer que não...

Anónimo disse...

Tenho 32 e comigo também brincavam (quer dizer a minha mãe) mas apenas em jogos. Agora encarnar personagens com as bonecas, entre outras coisas, isso não.

Anónimo disse...

Ámen

Anónimo disse...

Bela, não sei há quantos anos teve filhos nem onde mora. Sei que a ideia de ter mais 3 ou 4 crianças cá em casa para gerir me dá vontade de ir chorar ao pé do rio. Também não sei como é que os trazia ou levava num Smart. E ainda menos percebo onde iam dormir. Enfim; fico muito feliz que tenha resultado para si, mas para mim toda essa logística é um cenário de terror.

Anónimo disse...

Esta coisa de agora se vir com instruções para tudo e mais alguma coisa na vida, já me deixa entediada. Ele é COMO SER FELIZ, ele é COMO SER SAUDAVEL, ele é COMO TER UMA FAMILIA FELIZ, ele é COMO POUPAR, ele é COMO SE DAR BEM COM OS VIZINHOS... Eh pá, percebo os conceitos mas acho que eramos todos mais felizes quando não havia esta série toda de diretrizes. Acho que a aprendizagem tem que vir de dentro... Lembro-me bem da minha infância, sei o que me fez mais e menos feliz e portanto terei todo o gosto em tentar não cometer certos erros dos meus pais com os meus filhos, e o inverso também, vou fazer por repetir situações que com os meus pais me agradaram. E o mesmo serve para o que me lembro da infância dos meus irmãos, dos meus primos, dos meus vizinhos... dos meus amigos. Não acho que um estudo nos vai servir de muito nestas coisas da vida. Certamente não terei paciência para brincar todos os dias com os meus filhos, mas vou tentar o mais que possa. Como vou tentar o melhor que possa continuar a interagir com eles quando entrarem na adolescência e forem aqueles seres inenarráveis como eu também fui... Acho que deve haver 1 equilíbrio, também têm que aprender coisas sozinhos, aprimorar a arte do desenrascanso. Basicamente, acho que quando forem homens feitos o que vale é olharmos para trás e termos consciência que demos o nosso melhor, mesmo que o nosso melhor não tenha sido perfeito, foi o nosso melhor!

Anónimo disse...

Ahahahaha, é verdade! A minha agora anda assim e, quanto mais me enerva, mais insiste!

Anónimo disse...

Eu não me importo nada de brincar e sou a primeira a ir para o jardim/ praia/ parque/ whatever, nem que seja só por uma ou duas horas. Claro que a organização da casa sofre e por vezes não há fardas passadas do mais velho ou acabamos por jantar às 9 ou 9.30. Ajuda vivermos a 10 minutos do jamor e da praia e a 2 minutos do parque. Também cozinho imenso com eles, principalmente quando chove. Os únicos dias em que me sinto uma má mãe são aqueles em que não consigo fazer nada com eles além do jantar e da história para dormir. Às vezes, a louça fica à espera de ir para a máquina para fazermos um Lego antes de dormir; ou há bónus de 3 Patrulhas Pata para eu poder fazer algo inadiável em casa. Acredito que vale a pena pensar nas prioridades; abdico de ir ao gym ao fim do dia para estar com eles; se não for à hora de almoço; não vou de todo, por exemplo. Também acabo a trabalhar de noite em vez de ir ler ou ver aquele filme que me apetecia. Mas o pensamento é: "daqui a 10 anos estão na vida deles (a ser adolescentes) e eu vou poder ler e ver tudo o que me apetecer." E assim mantenho a culpa em níveis mínimos. Agora, jamais algum estudo tem o direito de me julgar por ver televisão com eles. Faço tudo para sairmos (ontem fomos à feira do livro e estufa fria; amanhã vamos à Arco); dou o litro todos os dias; gosto deles até ao infinito e não é por eles verem panda ou nickelodeon que eu sou má.

Ana disse...

O comentário da Inês das 09:50 podia ser o meu!
Tenho imensa pena de não poder vir a proporcionar aos meus filhos a brincadeira até às tantas na rua,". Lembro-me tão bem dessas noites com os amigos que moravam no mesmo prédio :)

Anónimo disse...

Sim, mas cinema e esses jogos que referiu, bem como museus, etc são coisas apropriadas para miudos mais velhos. Na idade do Mateus (3/4 anos, suponho), a maioria das brincadeiras é mesmo... brincar! E é bem melhor que estejam a brincar com os pais/amigos do que estarem colados à televisão. Acho que é uma fase e que, como tudo na vida, tem de ser vista como tal (passageira). Hoje em dia já passamos tão pouco tempo com os nossos filhos, que a mim sinceramente não me custa nada brincar com eles um pouco porque é tempo em que estamos juntos e eu os estou a observar, a conhecer melhor, a rir em conjunto, etc.

Sofia

da cidade pro campo disse...

Péssima mãe, capítulo 86289. Passo o dia a debitar teorias para os filhos dos outros (temos pena, mas pagam-me para isso!). Até alinho nas plasticinas (quando não há nenhuma série para pôr em dia...maldita sejas) mas de resto não tenho puto de pachorra para brincar. Não gosto! Dá-me uma neura do caraças!

Anónimo disse...

Ahahah! E eu a pensar que minha filha era a unica criança que via esses videos dos ovos kinder com plasticina. Não consigo perceber o fascínio e porque é que aqueles canais têm tantos subscritores!

Jessica disse...

Eu não tenho filhos mas tenho sobrinhos e não há seca maior na vida do que brincar com eles...mas amo-os perdidamente!

Álex disse...

Hoje o meu infante tem 16 mas qdo era pequeno e o ía buscar à escola todos os dias (alguns depois de passar pelo super e já ter pouco tempo antes de começar com jantar) tentava sempre estar um pouco com ele, sentada/deitada no chão do quarto a brincar. Isto entre os 2 anos e os 4 ou 5 talvez. Claro que puxava a brasa à minha sardinha e com alguns bonecos e o serviço de chá + frutas (5x maiores que o o Pooh e outros) faziamos histórias. Quando começou a fase dos carrinhos e das pistas dava-me um soooono que era óptimo ouvir a chave na fechadura que significava o Pai a entrar em casa, ieeeeiii vou cozinhar e ele substitui-me!!! Algumas, talvez bastantes vezes não dava muito tempo pq há sempre montes de coisas a tratar e ele brincava algo sozinho ou vinha atrás de mim abrir e despejar a gaveta das tampas dos tupperwares - why not?. Como nunca tivemos mais do que 4 canais, a partir de certa altura corria para a tv porque havia 1/2h por dia de Zig Zag na 2 e ponto. O Noddy era o seu heróis e desde cedo era tb o único tempo dele sozinho na TV, até então tinha estado o dia todo a brincar no infantário - Nunca tive porra de complexo de culpa algum. Aos fins-de-semana e, como é filho único, sempre nos juntámos com um casal de grandes amigos com outro da mesma idade e corremos todos os parques nas manhãs de sábado (durou vários anos este programa) e fizemos de tudo: ópera, teatro, expos, jogos, museus, patins, triciclos, bicicletes, trotinetes, praia, cinema,passeios serra a cima, etc, etc. Ele tinha companhia e nós tb. Muito bom!

Anónimo disse...

também não gosto de brincar com o meu filho...brinco mas sem grande vontade e só se ele pedir...

Anónimo disse...

As minhas melhores recordações de infância são mesmo as brincadeiras que tinha com os meus pais! A minha mãe era um máximo (pior que nós) e não trocaria nem um bocadinho dessas brincadeiras!

Anónimo disse...

Para mim o que mais prazer me dá é mesmo ir com eles para a rua (praia, parque etc...) para mim o difícil é mesmo em casa. É brincar com os brinquedos deles, é descer ao nível deles e por-me a brincar os com os bonecos da patrulha pata. É brincar aos centros comerciais com as bonecas....

Unknown disse...

Em relação ao cinema, não tenho filhos, mas levava os meus sobrinhos pequenos ao cinema.
Nunca víamos um filme completo. Eram bastantes os intervalos que fazíamos para os xixi e para as brincadeiras nos corredores do cinema. Eles simplesmente não aguentavam tanto tempo a ver o mesmo, apesar de adorarem cinema.

Susana Lopes disse...

Bom dia, pois até para sermos pais é preciso querer não é só ter filhos porque os outros tiveram e a natureza assim o manda. Então considero-me com queda, pois trabalho fora, arrumo a casa e faço de comer e passo o máximo de tempo com a minha filha (nem que para isso me deite à 1h da manhã) Será queda, energia, folia, chama-se amor e amar a vida. Quando queremos tudo se consegue e não sou mentirosa. Força aí!!!

Anónimo disse...

Pois eu compreendo muito bem!

Anónimo disse...

Pois é, até para se ser pai é preciso QUERER e não só porque os outros tiveram ou a Natureza assim o "exige". Ser pais é isso mesmo, é estar presente em tudo. Sim, trabalho o dia todo, arrumo a casa, trato da roupa, vou às compras, e estou o máximo de tempo com a minha filha, nem que para isso durma 5h.Chamem-lhe de energia, folia, até queda, mas ser pais é isso mesmo é estar, é amor e amar a vida.

Mariana Duarte Silva disse...

Adoro a pergunta. Ha muitas formas de viver a maternidade, esta bom de ver. Eu adoro brincar com os meus filhos, e nunca me vi como uma super-mae-que-trabalha-faz-tudo-em-casa-com-um-filho-as-costas-e-os-trabalhos-de-casa-e-compota-caseira-e-os-camandros. Na verdade faco quase tudo mal, a minha casa esta quase sempre longe de estar um brinco, o meu sofa e uma nodoa pegada, esqueco-me das reunioes de pais, ja mandei o meu filho para a escola com o pijama debaixo da roupa, mas o brincar estraga-me o perfil. Nao sei que vos diga, mas ficar horas a montar legos, fazer puzzles ou simplemente atirar com carros (ou "fazer corridas") dao-me um gozo desgracado. Sei que deve haver uma cura para isto, mas enquanto nao a descubro, vou continuar a brincar a maluca.

Anónimo disse...

Pronto estou muito mais contente.... afinal não é só a minha filha que passa tempos infinitos a ver vídeos estúpidos no youtube!

Anónimo disse...

Dou boiões de fruta... Mas adoro brincar... tenho um menino, sou louca pelos Playmobil ! Posso passar horas a brincar com aquilo! Também depende dos brinquedos, acho eu! Se o meu filho só gostasse de carros e bolas, eu também era capaz de detestar brincar. O meu filho nunca ligou a carros e a bolas, também porque eu nunca fiz questão de lhe comprar esse tipo de brinquedos por iniciativa minha. São brinquedos que compro se ele me pedir, de resto o que eu lhe compro são playmobil, legos, brinquedos de madeira e comboios. Raramente me pede carros, bolas não liga minimamente. Tem um carrinho que adora... mas é de bonecas, daqueles mais simples, e um nenuco. Coloca lá o nenuco, o panda e lá vai ele. Foi ele que pediu "um bebé".. Mas deixa o pessoal na rua a olhar de lado! Existe um enorme preconceito! Um menino não tem de brincar só com bolas e carros! Não existem brincadeiras de menino e brincadeiras de menina. São os pais que fazem questão de diferenciar. Há tantas brincadeiras alternativas ao mais óbvio, e que podem ser interessantes para ambos...filhos e pais.

Anónimo disse...

Muito bom.

Filipa Domingos disse...

Identifiquei-me bastante com o texto mas pensei melhor e até gosto de brincar com o meu filho, a algumas coisas! Ele é ligeiramente mais novo que o Mateus e há coisas que adora que eu não me importo de brincar: legos, pintar livros, plasticina, fazer bolos ou gelados caseiros...por aí. Há outras que não tenho tanta paciência como dar chatos na bola dentro de casa mas normalmente essa fica para o pai ou avó. Também não me lembro dos meus pais brincarem comigo, mas também eu tenho uma irmã com menos 1 ano e um irmão com menos 6 e entre nós temos primos que moravam no andar da frente e tínhamos sempre companhia para brincar :) eu também já tratei do assunto, Tenho outro filho com 5 meses. Daqui a ú s tempos eles já brincam sozinhos e dão folguinha aos pais!

Anónimo disse...

Parabéns pelo artigo! E parabéns pela coragem de falar abertamente da REALIDADE acerca da parentalidade e de desmistificar que nem tudo são rosas em sermos pais.

Anónimo disse...

Tenho 22 anos e a minha infância foi passada assim, entre a casa dos amigos e eles em minha casa. Por vezes eram 6 ou 7 todos juntos e fomos todos muitos felizes assim, temos grandes recordações. Os nossos pais adoravam ter o seu tempo de descanso quando os filhos não estavam em casa e quando era em sua casa por incrível que pareça os 6 ou 7 todos acabavam por chatear menos do que só 1 ou 2, pois entretinham-se juntos o dia todo.
Claro que os pais por vezes não resistiam a tanta diversão e também se juntavam ou davam ideias para as nossas brincadeiras.
Só espero um dia que tenha filhos ter a oportunidade de fazer o mesmo com eles, pois posso afirmar com certeza que esse convívio e essas brincadeiras semanais (porque não era só nas férias!) foram muito mais saudáveis e felizes do que brincar só com o pai e a mãe. Nunca brinquei muito só com eles e não sinto ou nunca senti falta disso, porque brincadeira e diversão nunca me faltaram. Só agradeço aos meus pais por isso.

Bailarina disse...

Ainda ontem brincámos imenso e eu adoro, sou uma ótima mãe....R filho tens um livro para ler até amanhã, anda com a mãe para a cama e vamos ler lá.
Ele leu o livro (uma partes, têm 7 anos) e eu entre dormitar e ver a série que estava a ver tive um momento de descanso. Ele ficou feliz porque estávamos os dois no mimo, fez a tarefa que estava destinada, quase que pareceu brincadeira.
Destas brincadeiras eu gosto, de resto ele gosta é de jogar à bola e isso é com o paizinho que eu nunca gostei de futebol feminino:)

Anónimo disse...

Onde já vai o tempo de se dizer que a parentalidade são rosas... agora só vejo o contrário! Toda a gente tem filhos e toda a gente diz que é espinhos...

Anónimo disse...

Exactamente Unknown! Trabalho fora e de manhã antes de sair e à tarde assim que saio do trabalho quero é estar com o meu marido e com a minha filha. São eles que eu amo, são as pessoas mais importantes para mim... passo o dia com colegas de trabalho, quando tenho tempo livre quero é estar com eles. Seja a brincar, seja a fazer as tarefas normais do dia-a-dia, seja a conversar, seja a ver tv, seja a dormir. Haveria de, no final de um dia em que estou umas 9h afastada deles, querer que fossem brincar/estar com colegas para eu estar sozinha? Claro que não. Faz-me impressão que haja quem pense assim. Tenho colegas que dizem que férias e feriados ainda é pior, porque os miudos não têm escola e têm de ficar o dia todo com eles e dão-lhes cabo do juizo. Se pensam assim, não sei porque tiveram filhos, sinceramente. Nem toda a gente tem de os ter, percebam isso e não tomem decisões só porque é o que "toda a gente faz".

Ana de Amarante disse...

Olá Ana! Sigo o seu blog regularmente e divirto-me com o que por vezes diz! Pelo que leio já tenho mais idade de avó do que de mãe uma vez que tenho três filhos entre os 27 e 17 anos. Concordo plenamente consigo nesta questão de brincar. Sempre achei uma seca isso da brincadeira mas também os meus filhos, principalmente os mais velhos, rapazes, não queriam nada comigo. Preferiam andar de bicicleta e jogar à bola com os amigos. A Inês, a mais nova, brincava muito bem sozinha, falava com as bonecas e entretinha-se lindamente. Nunca me senti culpada por isso! E sempre achei que tinha direito à minha paz e sossego porque, sendo professora, chegava a casa morta de cansaço e já cheia de meninos! Tinha todas as tarefas de mãe para fazer e o tempo que restava queria-o para mim! Lembro-me de chegar a casa tão exausta que ficava parada no sofá, no silêncio, por 10, 15 minutos, antes de ir ao jantar. Isto depois de fazer dezenas de quilómetros porque trabalhei muitos anos longe de casa. Preocupava-me em ensinar os meus filhos a ser arrumados, não gritarem por tudo e por nada, como vejo nos meninos de hoje, e a respeitarem o tempo do pai e da mãe.
Quando eu era pequena os meus pais não brincaram comigo e sou um ser humano perfeitamente equilibrado. Habituei- me a respeitar o sossego dos meus pais, que sendo professores também, nos diziam;" Agora não se faz barulho. O pai ou a mãe estão a descansar, ou a trabalhar." Somos três irmãs, todas professoras e crescemos bem saudáveis e com a ideia que o pai e a mão têm "coisas de pais para fazerem". Hoje vejo pais escravizados pelos filhos que acham que merecem toda a atenção do mundo, 24 horas por dia!São uns "Hitlerzinhos"! Só podem ser infelizes!
Em jeito de despedida digo-lhe, Ana, pode não ter muita vontade de brincar com o seu filho mas ele é lindo e tem um ar muito feliz!

RaqFCC disse...

Eu adoro brincar com a minha... Se pudesse, não fazia mais nada senão brincar com ela (e enche-la de beijos). Faço questão de lhe dar a minha total atenção quando chego do trabalho, depois do almoço e depois do jantar. Depois é certo que fico a passar a ferro até às 2 da manhã, mas vale a pena :)

Anónimo disse...

A minha infância também foi passada assim e não há muito tempo, não me lembro de a partir dos meus 6 anos os meus pais brincarem comigo, apenas quando era mais pequena. Depois disso estava sempre com os meus amigos/vizinhos, vinha da escola a pé com algumas amigas minhas e ou íamos para casa de uma ou de outra. Era uma forma de brincarmos com alguém que partilhava o mesmo por brincadeiras e não com um adulto que estava a fazer um "frete" por estar ali.

Anónimo disse...

Pois. Eu também não me lembro de brincar com meus pais e nem de querer que brincassem comigo. Brincava sozinha, ou com minha irmã, ou com outras crianças. Com a minha mãe, gostava de fazer coisas de adultos - cozinhar, ir ao supermercado, etc. E gostava que me contasse histórias. A minha filha já gosta que brinque com ela. E brinco, mas nem sempre, porque há dias que não tenho energia ou tempo. Explico-lhe e, em geral, logo esquece e encontra com o que se distrair. Queria ter o pique, mas não sou novinha, faço o que posso.

Unknown disse...

É egoismo, eu sei, mas essa é uma das razões pelas quais fui adiando a maternidade e agora já não quero.
O receio de olhar um filho e ver espinhos...

Anónimo disse...

Mas se lhe pagam para isso fica-lhe pessimamente vir dizer o contrário.

Anónimo disse...

Egoísmo? É uma opção. Não ter filhos é uma opção tão válida como decidir ter. Se pensarmos no excesso de população mundial, ter filhos também deveria ser considerado egoísmo?

Anónimo disse...

Muito bom! :)

Anónimo disse...

Egoísmo é ter filhos quando não se tem paciência para os criar ou querer tê-los por motivos que tais (por exemplo querer tê-los como "garantia" de cuidarem dos pais quando envelhecerem). Não querer filhos não significa ser-se egoísta.

Anónimo disse...

Eu adoro brincar com as minha filha mais nova que tem 7 anos, a mais velha já não me liga nenhuma, tem 12 anos! Aproveitem o tempo com os vossos filhotes, o tempo não volta para trás!

da cidade pro campo disse...

Jovem moralista, a falta de humor e falta de percepção na leitura de comentários irónios é uma patologia crónica, mas segundo os ultimos estudos já existe cura para casos como o seu. Nada temeis, a cura existe.
A teorias, profundamente sérias com as quais me debate infelizmente não se prendem com o acto de brincar, mas sim com coisas bem graves... Sim, a vida está cheia de merdas complicadas e de gente parva. E, sou a primeira a dizer que não gosto de brincar. O contexto é diferente.
Redireccione canhões para outras bandas...por aqui não vai longe. E seja feliz, faz falta!

Anónimo disse...

ser mãe , dona de casa e trabalhar é dose. Sou mae de gemeas com 3 anos amo muito as minhas filhas , mas a verdade é que continuo a ser uma mulher e a precisar tambem do meu tempo. Até uns meses atrás , achava que eu não tinha "nascido" para ser mãe, pois a paciêcia é sempre pouca , todas as noites mal dormidas , todos os dias a roupa a comida a casa "ninguem aguenta " então e eu ? Sempre chateada porque não dava conta de tudo , e isso reflectia-se em gritos desnecessários em choros por nada, em sentir-me péssima porque não estava a ser boa mãe. No entanto um dia parei olhei para tudo o que tinha , vi o que queria ser e como queria me sentir. ORGANIZAÇÃO - Levantar 6 da manha , preparar almoço, preparar roupa das pequenas , desparchar-me , e tomar meu pequeno almoço descansada. quando elas acordam eu já estou bem para fazer tudo junto com elas e com calma, leva-las á escola ,trabalhar , hora de almoço adiantar jantar , quando vou buscar á escola , já venho com mais tempo , 2 x semana saimos da escola e vamos passar 1 hora juntas ( ou ida ao parque ou dar um passeio comer um gelado enfim...) resumindo , se eu não estiver bem , não tenho como gostar de estar a fazer as brincadeiras com elas.Se é facil gerir tudo isto , claro que não... mas se queremos ter esse tempo de qualidade , primeiro temos que estar bem conosco..

Anónimo disse...

Acho que perdemos a fé nos putos.

Trabalho num museu que tambem faz festas de anos. Recebo os pais na visita prévia que fazem. A maioria refere que quer uma festa onde eles aprendam qualquer coisa, que tenha conteúdo. Tudo tem de ter conteúdo, aprendizagem.

A festa da minha filha (7 anos ) foi feita num jardim. Estava apreensiva porque não tinha contratado nenhuma animação. Os miúdos agruparam-se e brincaram. Livremente.

Os meus pais não brincaram comigo. Há pouco a minha filha pediu-me para lhe por brincos de cereja. Eu pus e disse : "o meu pai fazia-me sempre isso". Era pequenas coisas que os meus pais faziam comigo e me marcaram. Eu também não brinco com as minhas filhas. Não gosto. Vou ao parque, à piscina, às compras.

Os miúdos sabem brincar sozinhos.

Maria Inês

Anónimo disse...

Célia, não é egoísmo nenhum! Egoísmo seria vê-los "porque sim" e depois passar a vida a queixar-se deles. Que é o que acontece com 80% dos pais que conheço. Se acha que a maternidade não é para si, não tenha filhos e não se sinta culpada. Qualquer escolha que tome, faça-o com consciência.

Anónimo disse...

Quando o meu filho faz isso a hora do jantar (todos os dias) trago as canetas e pintamos os dois no papel. Vou cozinhando e pintando

Anónimo disse...

Ola ana. Sigo o seu blog algum tempo e gosto imenso,mas hoje confesso que fiquei desiludida com o seu post. Em primeiro lugar pk fala de algumas maes que sao mais prendadas como se fossem uma aberracao e depois pk a ana ja demonstrou aqui por diversas x que alem de ser uma mae trabalhadora e uma mae que consegue sempre sempre arranjar tempo para fazer desporto e agora nao tem tempo para brincar?????

Anónimo disse...

Pais a brincar com os filhos devem ser umas brincadeiras giras,devem! Pensam que estão a brincar mas para os putos estão simplesmente a tentar baixar ao nível deles.os pais não têm que entreter as crianças,as crianças é que têm que se entreter e descobrir brincadeiras,ter irmãos e brincar. Por isso os miúdos hoje em dia não sabem brincar,acham que os adultos é que têm que brincar com eles,entretê-los! Claro que há coisas que se têm que ensinar, mas a brincadeira pura,o universo onírico e infantil tem que ser descoberto por eles. E ter irmãos é muito bom por isso,tem-se um companheiro de brincadeira para a vida!e sim,eu sou daquelas que num dia de trabalho estou mortinha por os ir buscar à escola mas que no sábado à noite estou desejosa que comece a escola na segunda. Porque me cansam,sim cansam-me muito!ouvir queixinhas de 3,mais um que se magoa,mais uma birra,mais um que não come sozinho,mais as plasticinas espalhadas no chão,mais o falar alto,o falar constante. E não é por assumir que me cansam que os amo menos ou que sou uma péssima mãe. Gostava muito de ter uma bãbá como tem a classe média alta no brasil para as coisas chatas do dia a dia,estender roupa,fazer comida,dar banhos. E eu ficava só a brincar com eles. Temos pena,não é a vida que tenho e como tal têm que se fazer à vida e entreterem-se e brincarem. Também não me lembro dos meus pais fazerem legos comigo nem brincarem com os bebés a dar comidinha. Lembro- me de brincar com as minhas vizinhas e irmã.

Anónimo disse...

Não há fórmula mágica, nem receita nenhuma. Há naturalidade. É proceder com naturalidade. Não sei brincar com crianças. Ponto.
Brincar, para criar laços com os filhos?!!!
É dar-lhes atenção, dar-lhes colo, ouvi-los, abraçá-los, cuidá-los, passear com eles, rir juntos, cantar e dançar quando nos apetece, falar-lhes sobre o que vemos, respeitá-los, ensinar-lhes valores...
Experimentem olhar para uma mãe do campo, ou para uma mãe africana, ou cigana... Não criam laços com os filhos?!! E precisam de brincar com lego, ou com carrinhos, ou a fazer papinhas para os nenucos?
Isso são tudo teorias inventadas agora para “os bichinhos do betão”!
Quando estiverem em casa dêem-lhes bocados de tecido, uma taça com farinha, um alguidar com água, um armário aberto com os tupperwares, uma cenoura ou uma fruta, papéis e tintas… coisas que também estejam a fazer, porque eles gostam de imitar. Também estimula a criatividade e eles entretêm-se muitas vezes com pouco.
Levem-nos à rua, a brincar com outras crianças, organizem-se com os amigos, vizinhos, avós…
Eu acho que o que pensava quando eles eram pequenos era: faço o que me apetece e eles vão a reboque, ou faço o que me apetece e eles não podem ir, tenho que os recambiar para as avós ou para a casa de uns amigos com filhos!
E foi simples.
Sentimentos de culpa? Não os tenho, porque é um dos sentimentos mais estúpido e mais inútil que existe!
E se algum dia a criança estiver entediada, paciência – resiliência e resistência à frustração também faz parte da educação.

Bela

Anónimo disse...

Quando leio estes relatos pergunto-me sempre onde está o pai. Porque é que as mulheres referem sempre o cuidar dos filhos e da casa como tarefas suas?

Anónimo disse...

Boa tarde Inês. Este comentário podia ter sido escrito por mim. :) Eu também brincava na rua com as outras crianças que ali moravam, e também não me lembro de os meus pais brincarem comigo, porque estavam sempre muito ocupados. Mas isso nunca me fez sentir que não era amada. E também digo que a minha melhor amiga é a minha mãe. Ainda hoje (na casa dos trintas) sinto necessidade de lhe perguntar a opinião quando tenho uma decisão importante a tomar. :)
Beijinho, Susana

barcelence disse...

Isso de levar a ama em férias sempre houve. Desde que existem amas e férias.

Anónimo disse...

Os meus pais sempre brincaram comigo e essa é uma das melhores recordações que tenho da minha infância. É também nas brincadeiras que aprendemos ou ensinamos muitas coisas, modos de reagir, formas de atuar. Os afetos que se vão criando, para mim, são insubstituíveis. Tive uma infância feliz. Muito feliz. Hoje, mãe de um menino de 3 anos, nada me dá mais prazer que passar todo o tempo que posso a brincar com ele. Mesmo enquanto cozinho, vamos fazendo dessa tarefa uma brincadeira. Vejo-o feliz, super confiante e muito equilibrado emocionalmente. O reverso da medalha, é deixar todas as outras tarefas domésticas/laborais para a noite dentro, quando já está a dormir. Mas não abdico do tempo que lhe dedico durante o todo o dia, depois do trabalho. Um dia, quando crescer, sei que sentirei falta. Mas a relação que fomos estabelecendo, até nas brincadeiras, estará algures dentro daquele coraçãozinho.

Ana

Tété disse...

Concordo que já lá vai o tempo em que só se falava do mar de rosas que é a maternidade. Mas agora não se fala só dos espinhos, até porque felizmente não existem só espinhos na maternidade (nem só rosas).

Acho contudo que a decisão de não ter filhos ainda é considerada estranha, egoísta, imatura até, e isso leva de facto muita gente a não a assumir e a ter filhos para os quais não se sentia preparada. E é preciso estar preparada pois há os tais espinhos para lidar.

Por outro lado, acho que se fala bem mais dos espinhos do que das rosas neste momento porque ainda há muita gente a achar que ter filhos é giro, encantador e divertido e depois é ver muitas mulheres em fóruns de mães a perguntar desesperadas o que devem fazer para que o filho de 15 dias durma toda a noite ou como fazer para que o bebé de 1 mês adormeça sozinho no quarto dele. E a sentirem-se péssimas mães porque o bebé já não come a sopa toda ou porque chora mais. Se calhar estas mães deviam ter ouvido e lido mais sobre os espinhos da maternidade...

Anónimo disse...

Tal e qual Maria Inês! Estou consigo!

Anónimo disse...

Há muito mais coisas a fazer com os filhos para além de brincar, para criar laços!!!!!!
Alexia

Anónimo disse...

Vocemecêses sois todas umas péssimas mães! Não sabeis educar vossos filhos.

As meninas quando começam a andar também deve começar a cozinhar e a tratar da lida da casa. Os meninos têm que começar a procurar trabalho. Não há cá tempo para brincadeiras.

Filipa Domingos disse...

O meu também passa eternidades nisso! Que seca!

Anónimo disse...

Eu li no blog da Cocó, alguém comentar que não vale a pena sermos mães modernas pq na realidade as mães é que têm estas tarefas como obrigatórias. Assim uma pessoa perde a esperança na humanidade, quando são as próprias mulheres com pensamentos machistas. Cá por casa o marido vai buscar o filho à escola, dá banho, cozinha etc. As tarefas são divididas nunca foram impostas a ninguém, é assim pq para nós é normal que assim seja. E tb não aceito argumentos como "tens sorte em ter um marido assim" pq se ele não fosse assim nem chegava à categoria de namorado. Não é mesmo sorte, é escolher relacionar-me com pessoas com uma forma de estar igual, e felizmente o mundo ainda tem muitas.

Anónimo disse...

Cá em casa as tarefas são divididas de modo a que tanto eu como o pai tenhamos tempo para estarmos em sintonia com o nosso filho. Enquanto que eu saio às 17h do trabalho e em 5 minutos já estou em casa, o pai trabalha por turnos. No entanto, sempre nos organizámos para que durante a semana o tempo seja repartido entre trabalhar, limpar, arrumar, cozinhar e estar com o pequeno. Inclusive ao domingo é um dia sagrado para nós em que estamos os três juntos todo o dia a fazer actividades fora de casa: saímos de manhã, damos um passeio, comemos fora, passeamos mais um pouco e o pequeno vai brincar para o parque. Em casa ainda há tempo para mais uns mimos antes da hora de dormir. Aliás, tal como a minha mãe fazia comigo, antes de dormir e ao pequeno almoço há sempre uma história para ouvir, seja de um livro seja inventada.

Com gosto e dedicação tudo se consegue, mas é necessário que mãe e pai colaborem, que eu não casei nem tive um filho para ser empregada deles.

Anónimo disse...

Exatamente, anónimo das 11h51! O seu comentário podia ser meu. E o curioso é que só dizem às mulheres que têm sorte quando elas têm um marido que faz o mesmo que elas... nunca dizem ao homem que é ele o sortudo. Se eu não tivesse encontrado um homem que partilhasse na totalidade do meu ideário de vida, não teria casado ou tido filhos, simples. Agora, estar a contentar-me com pouco e assumir sozinha todas as tarefas que são dos 2, nem pensar.

Anónimo disse...

Adorei a última frase!

Anónimo disse...

Também concordo 100% consigo e com a Ma.Inês! Está história de festas de aniversário temáticas, tiveram o seu início nos finais do séc. passado, com a contratação dos animadores (palhaços, balões, jogos didáticos, pinturas faciais), festa que era festa... tinha que ter animadores!, insufláveis no jardim para a criançada pular até cair esgotada...A coisa foi evoluindo para quintas pedagógicas, paintbol, escalada...isto é, foi-se especializando ao sabor da oferta de empresas prestadoras desses serviços e da disponibilidade financeira dos papás! Os meus filhos(17/11anos) tiveram festas dessas...mas se lhes perguntar onde se divertem mais, respondem sem hesitar:
Nas que são feitas na Quinta da família, onde se reunem os primos, os amigos, os adultos e os seniors da família, onde se brinca(joga às escondidas,à Barra do lenço, ao mata, à bola, voleibol, às cartas,..), canta e dança, no fundo, onde se improvisa e se estabelecem as regras necessárias no momento! Todos(crianças,jovens e menos jovens) passamos bons momentos de partilha e convívio...com dispensa de "profissionais"!
Atualmente, assiste-se a um excesso de tudoooo, e as "teorias" verbais ou em livro sobre psicologia infanto-juvenil não são excepção...(o objetivo é vender)influenciam quem deixa...compra quem quer!
Curiosamente,muitas vezes os teóricos nem "progenitores" São...têm formação, mas falta-lhes a vivência!):
À AGM, não se sinta culpada, pois nós país, amamos os nossos filhos e fazemos por eles tudo o melhor que sabemos e podemos independentemente da nossa capacidade ou disponibilidade para brincarmos com eles!(:

MDM

Patty disse...

Não dá para generalizar!
Nunca brinquei com os meus filhos quando não me apetecia (e apeteceu-me muito pouco...), a nossa escolha recaía em ler com eles à noite, dançar e cantar, sair com eles desde que nasceram a museus, teatros, esplanadas, combinar saídas com amigos nossos, e os miudos andavam todos ao molho na brincadeira... No entanto sempre os ouvimos, prestámos atenção e valorizámos o que nos contavam, e sempre conversámos com eles. E pronto, são adolescentes, interessam-se muito pouco por facebook, twitter e afins. O mais novo, de 16 anos, comentou há poucos dias que a grande maioria dos amigos não tinham o mesmo tipo de relação que nós temos em família, mas que como ele tinha crescido assim era muito normal para ele conversar e dar-se bem com os pais... Por isso brincar ou não com os filhos é apenas uma pequena parte de uma relação que se constrói desde que sabemos que estamos grávidos.

Anónimo disse...

Subscrevo na íntegra.

Anónimo disse...

Nao sabes o que dizes mulher.

Anónimo disse...

Pois anónima das 1.08h a questão é esta: os seus pais não fizeram portanto também não vai fazer (nunca se questionou se os seus pais fizeram tudo bem, não quer melhorar nada?). Diz não ter tempo para brincar com os seus filhos e querer que chegue a segunda-feira mas depois teve 3... claro que ter irmãos é bom. O problema não é os irmãos, é quando o excesso de crianças, de trabalho, de tarefas, etc leva a que os pais deixem de ter disponibilidade mental para sequer ouvirem os filhos.

Anónimo disse...

" Era muito bom, ficar num banco de jardim ou numa esplanada a pôr a conversa em dia"

E trabalha? E os seus vizinhos/amigos trabalham? Acho essa história muito bonita e gira mas não acredito.

Ora vejamos, quem cuida de 3 crianças não cuida de 7. De vez em quando, sim, todos os dias ou de forma regular não. Na minha rua fazemos algo parecido simplesmente é algo esporádico e praticamente aos fins-de-semana ou férias pois as pessoas trabalham :)
As pessoas na minha rua saem de casa de manhã e chegam à noite/final da tarde. As pessoas (eu incluida) temos uma casa para gerir, jantar para fazer. Ora ter aqui a "gandaia" toda num fim-de-semana é uma coisa, vir fingir que é algo exequível todos os dias da semana... só se não trabalhasse. Os outros pais, idem, afinal ao outro dia de manhã seria preciso levá-los as creches, atl ou escola...o meu carro é de 5 lugares não cabem lá propriamente 7 crianças.

Anónimo disse...

Depois há a questão bonita de andarem na casa uns dos outros. Eu por acaso também passei a minha infância assim mas há coisas que me lembro:
exemplo1 : irmos todos para um mato juntos, dentro de uma "casa" de pedra (já não tinha paredes, só uma "lareira" à moda antiga), ao brincar às casinhas um deles lembrou-se de usar um isqueiro - no meu tempo , tenho 27 anos, e isto ocorreu quando eu tinha 4 anos - portanto, aí não era anormal eles terem acesso aos isqueiros. Para dar realismo à brincadeira um deles (com os seus 7 anos) decidiu acender mesmo a fogueira na lareira. O problema? Pois éramos miúdos e ninguém sabia ver que a lareira não tinha chaminé, logo no meio de um mato o que aconteceu foi que meteram fogo àquilo. [E estamos a falar de miúdos que já sabiam atear o fogo porque na sua casa já eram eles que acendiam as lareiras e iam buscar a madeira, etc].

Eles ficaram lá a tentar resolver a situação mas eu (a mais nova do bando) fui levada para casa por 1 deles para me protegerem - e intimada para manter o "bico calado". A questão é que eu tinha 4 anos e estava em pânico por causa do fogo, portanto, contei e a sorte foi eu ter alertado as pessoas porque senão os outros teriam lá ficado.
Apanhamos todos e ficamos de castigo mas pelo menos ninguém morreu.
Hoje, eu acho que quem deveria ter "apanhado" eram os pais. Algum de nós fez aquilo com má intenção? A culpa de andarmos sozinhos na floresta, com isqueiros era nossa? Será? Não acho.

exemplo 2: como crescemos sem qualquer tipo de supervisão fizemos coisas como imitar a série marés-vivas numa edição que dava à tarde ou o Kit... ora, isto levou-nos a atirar-mo-nos de umas varandas abaixo ou a entrar em tanques com balões à cintura a fingir que eram bóias. (E se vivêssemos perto do mar certamente que nos teria levado a entrar no mar e a fingir que éramos nadadores-salvadores).
Um de nós ia morrendo afogado pois nenhum de nós sabia nadar na altura.
(Aliás já na adolescência, sendo eu a única que sabia nadar e tinha aprendido a socorrer pessoas, se não fosse eu a salvar uma prima minha ela teria morrido afogada).

exemplo 3: não faço ideia a que horas da noite isto aconteceu (já disse que tínhamos muita liberdade e que éramos chamados da janela para jantar ou para irmos fazer qualquer coisa - por outro lado, como viviamos na aldeia e tanto iamos para a casa de uns como para a dos outros, praticamente ninguém sabia onde andávamos).
Ora uma altura (verão) já era noite cerrada, portanto estava muito escuro, ia eu e as minhas primas pela estrada fora quando passa um carro por nós (coisa rara). Nós brincamos com a situação " e se ele agora virasse?"... Pois e virou. E a sorte foi que nós tivemos a presença de espirito para saltar para uma leira e fugir. O carro voltou para quê?? Parou perto do sitio onde estávamos para quê?!

Para mim o que aconteceu na minha infância foi negligência pura ao mais alto nível. E não acho normal que se apoie este tipo de educação. É preciso ver as coisas como elas eram e não com a visão toldada pelo romantismo da "nossa infância".

Como devem imaginar a maioria destas coisas hoje são alvo de brincadeira por nós, simplesmente analisando as situações como mãe eu não quero os meus filhos a crescer assim.

Anónimo disse...

E os pais de hoje em dia não podem querer melhorar o que acharam de errado no passado?

Além disso, apesar de em Portugal os pais não o fazerem, muitos programas internacionais já o promovem há mais de 20 anos e continuam a fazê-lo por considerarem uma lacuna.
Ou acha que tudo era perfeito? Não tem a ver com traumas, tem a ver com ser o melhor pai possível.

Ora antigamente os miúdos também não iam para a escola, serviam para lavrar a terra com os pais e com os avós, ser escravos de casa, zero educação, zero instrução... fez isso aos seus filhos? Gostaria que lhe tivessem feito a si? Não? Pois...chama-se evoluir.

Anónimo disse...

Eu acho que até uma pratica mais comum pelos ricos antigamente do que agora. Mas não compreendo.

Percebo que os pais tirem um tempo para si, para passearem e namorarem. Um dia ou outro. Agora religiosamente não cuidar dos filhos? Para que têm filhos então? Para "inglês" ver?

Anónimo disse...

Parabens pela atitude :)

O preconceito é o mais parvo que existe. Mas depois de anos a encher os miúdos com essas ideias querem que os homens participem activamente nos cuidados dos filhos, que cozinhem e limpem, etc... certo?!

Anónimo disse...

O bom senso acima de tudo! Concordo totalmente.

Unknown disse...

Ufa...que alívio...!!! O D E I O brincar. Quando o faço estou sempre a pensar: "roupa para lavar...roupa para estender...sopa para fazer...roupa para guardar...saco para preparar...aspirar pêlo da Zara (leia-se gata)..." e tento sempre "sair de fininho"! A minha Kika tem 3 anos e odeia brincar sozinha, mas reconheço que sempre que posso despacho a brincadeira para o pai. Na verdade não me sinto muito culpada...sei que não sou a Melhor Mãe do Mundo mas sou de certeza a Melhor Mãe da Francisca!

Anónimo disse...

Ela não disse que não tinha tempo, disse que não gostava, que era chato! E falou das mães "perfeitas" que iriam logo julgar isso, como se fosse a pior coisa à face da terra.
Cada um sabe de si, e ninguém deve julgar o outro.

Anónimo disse...

Unknown deita-se à 1 da manhã está bom para si, que se dá com isso. Eu se não dormir as horas suficientes começo a bater com a cabeça na parede, logo não me parece que seja uma boa solução para o meu filho... Parece-me óbvio!
Não somos todos iguais, e devemos guiar-nos pelo que achamos melhor, o que não é necessariamente o melhor para o outro.

Anónimo disse...

Eu juro que não entendo. Juro que até fiz um esforço para tentar perceber, para pensar que realmente há uma justificação, o excesso de trabalho, não sei, qualquer coisa... mas não consigo entender. Não termos tempo para nós é uma seca, que leva mesmo ao desespero!! Eu estou no estrangeiro, e os meus dois filhos de 3 e 1 ano, estão sempre ao nosso encargo, vale nos a creche!!! E há semanas em que tenho de ir mais cedo para o trabalho, porque tenho reuniões ou formações, em que fico completamente esgotada, sem tempo para mim, e aí é o descontrolo total até me recompor! Mas nem aí eu deixo de ter vontade de de brincar com os meus filhos. De os levar ao parque, de brincar com plasticina, de fazer desenhos, dançar, ir tomar o pequeno almoço fora, entre muitas outras coisas. Brincar é importante sim! Podem ver desenhos animados? Claro que sim, alivia nos um bocado e também é educativo. Mas quando brincamos não é uma seca! Já imaginou se o seu filho tivesse um blogue? O seu primeiro post seria "brincar com a minha mãe é uma seca!"

Rita

Pilar Monteiro disse...

Eu não tenho filhos/filhas, mas se tivesse... brincava eu com eles/elas e o pai que fizesse o resto :P Brincadeira.

Anónimo disse...

E despachar as tarefas domésticas para o pai, não?

Unknown disse...

Se as tarefas domésticas lá de casa se reduzissem às mencionadas...provavelmente o pai estaria de mini no sofá...só que não.

Anónimo disse...

lol

LM disse...

O meu filho de 6 anos nunca teve muito interesse a brincar comigo. Sempre gostou de tar sozinho a brincar. So quando quer jogar domino ou cartas é que me chama.
Mas como tive outro filho, eles brincam os dois e a algum tempo os meus enteados vieram morar connosco e nunca mais ninguém quis brincadeiras com a mãe :( até chega a um ponto que todos se chateiam e ninguém quer brincar com ninguém. Uma vez ou outra lá grita um : "quando poderei brincar sozinho?"
Felizmente não tive que passar pela fase de me sentir mal por não brincar com eles... :)

A Senhora do Trevo disse...

No meu caso essas teorias estão absolutamente erradas. Com a minha filha mais velha e quando era apenas única brincava com ela mas hoje temos uma relação conflituosa. Por outro lado, com o meu filho nunca tinha muito tempo para brincar e ele hoje é um adolescente adorável. Teorias...

Unknown disse...

Concordo plenamente. Claro que nem todos os dias há paciência para brincar mas é preciso fazer o melhor esforço nesse sentido e encontrar atividades que sejam agradáveis para todos. Eu não gosto especialmente de brincar com carrinhos e bolas como a minha filha, mas adoro contar-lhe histórias e inventar jogos com cartas temáticas. Às vezes não me apetece tanto brincar mas faço um esforço que compensa sempre. Depois, quanto mais tempo estou com ela, mais me apetece estar. Tem 2 anos e esta idade é única, não quero arrepender-me daqui a uns anos de tudo o que não fiz com a minha filha da forma como oiço alguns pais a dizerem que nem deram pela infância dos filhos. Somos todos diferentes e fazemos, certamente, todos o que achamos melhor para os nossos filhos mas, achar que brincar com eles não é importante porque também não o fizeram connosco é um pouco conformista demais para o que as crianças merecem. Digo eu.

Unknown disse...

Essa é que é uma grande verdade. E depois... o tempo não volta atrás.

Unknown disse...

Anónimos das 11:51 e 13:18, totalmente de acordo. Aqui em casa é tudo a dividir por 2. As mesmas tarefas e os mesmos cuidados com os filhos. E, assim, temos tempo também para os 2 sozinhos. É uma questão de organização e entre ajuda, porque o trabalho é dos 2, não é só da mulher.
Quando me dizem que tenho sorte do meu namorado me ajudar respondo sempre que não ponderaria outra hipótese na vinha vida. Ele não seria meu namorado se assim não fosse. Simples assim.

Inês disse...

Onde está o pai da minha criança (meu marido)? A trabalhar das 07h30 às 22h30 em dois empregos sem folgas. Paga a maioria das contas. Faz o que pode/ quando pode em casa? Sim. Peço-lhe mais? Não.
Há casos e casos.

Inês disse...

Ai Ana, saudades mesmo! As festas de anos na garagem... onde dancei a minha primeira lambada :)
As noites de Verão na rua a brincar...

Enviar um comentário

Teorias absolutamente espectaculares

AddThis