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Por melhores transportes

segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Se há pessoa que defende a utilização de transportes públicos (e que os usa efectivamente) sou eu, por isso sinto que tenho toda a propriedade para falar sobre o assunto. Morando no centro da cidade, é raríssimo utilizar o carro, ao ponto de tantas vezes me esquecer de onde é que o estacionei. No meu dia-a-dia circulo, essencialmente, de metro. Acho que temos uma boa rede, abrangente, em condições, e continua a ser o meio de transporte mais rápido. Uma vez por outra lá apanho um autocarro, de barco não ando (porque, basicamente, não preciso), e nas viagens para o Porto vou SEMPRE de comboio. Não passo a vida a maldizer os transportes públicos, mas também não acho que tudo sejam rosas. Há atrasos, há alterações de horários, há alguma falta de condições, há alguns motivos para apontar o dedo. A minha maior queixa é, sem dúvida, com o excesso de greves no metro. Já lhes perdi a conta (e os motivos) e essa brincadeira fez com que tenha deixado de comprar o passe. Era raro o mês em que não me sentia lesada. Agora vou só carregando à medida que preciso. O que eu e muita gente sente em relação aos transportes é que nunca sabe muito bem a quem endereçar as suas queixas ou o seu descontentamento. Sim, dá sempre para pedir o livro de reclamações, nomeadamente no metro, mas parece-me que são queixas que caem em saco roto, que nunca são lidas, que não têm resposta. Numa tentativa de colmatar esta falha, a DECO acaba de lançar a plataforma Queixas dos Transportes, na qual convida os utilizadores de transportes públicos a dizerem de sua justiça. A ideia é que submetam uma queixa sempre que sentirem que os seus direitos foram colocados em causa e que subscrevam gratuitamente a Carta dos Direitos dos Passageiros, para melhorar os transportes de todo o país (ilhas incluídas). Há milhares e milhares de portugueses que dependem dos transportes públicos para as suas deslocações diárias e que merecem o melhor serviço possível (sobretudo tendo em conta que pagam, e não é pouco!). Se, tal como eu, acham que esta plataforma faz todo o sentido e pode, efectivamente, ajudar a melhorar a qualidade dos transportes, inscrevam-se e passem a palavra. 

13 comentários:

  1. Desculpe-me Pipoca mas quanto às greves, todos os trabalhadores têm o direito à mesma, se enervam o comum utente, enervam, mas se os trabalhadores as fazem algo não está bem, e muitas vezes os próprios órgãos de comunicação não têm a devida autorização para divulgar os reais motivos pelos quais os trabalhadores as fazem. Dentro de minha casa existe um pai ferroviário, que por vezes não tem as 12 horas obrigatórias de descanso porque a cp e outros não tem maquinistas suficientes para os substituir quando adoecem. Vai conduzir um comboio onde leva centenas de pessoas à sua responsabilidade? Não, além de já se ter recusado a fazê-lo perdeu literalmente um dia do seu vencimento por fazê-lo. Máquinas sem condições, se os utentes tivessem uma pequena noção daquilo que estão a utilizar nem sequer lá entravam. Também oiço muitas vezes aquela antiga desculpa do "ai os filhos tem viagens de borla e no meu trabalho não tenho regalias dessas", as pessoas sabem o que é descontado aos funcionários por essa regalia? As pessoas sabem dos milhares de euros que devem a estes funcionários que já foram a tribunal e que as respectivas empresas mesmo com bilheteiras hipotecadas continuam sem lhes pagar? O povo não gosta das greves porque os incomoda, mas devia incomoda-los muito mais os motivos porque continuam a acontecer e espero que com isto a DECO não se esqueça que não são só os utentes mas também os trabalhadores que sofrem

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    1. Conversa fiada....pura e simplesmente.Toda a gente sabe que "a Malta" dos transportes só faz greve por 2 motivos, por tudo e por nada!Descredibilizam completamente o sentido da greve....eu cá também não tenho paciência para as greves do setor dos transportes.
      Alex

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    2. De facto, os passageiros que usam os transportes e ganham 500€ para ir fazer trabalhos em condições miseràveis têm mesmo de pensar no senhor maquinista e nas suas greves. Se quer que o passageiro pense no funcionàrio, veja a coisa da outra forma também.
      Não tenho visto grandes manifestações dos funcionàrios do metro quando fazem greve. Ficam em casa a acarinhar a familia? Pois, mas as pessoas que tiveram de apanhar um taxi também queriam.
      A greve é um direito, mas não convém abusar dele. Mas isso sou eu, que não tenho um pai ferroviário.

      Elisa M.

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    3. Sou médica há 6 anos, aufiro de um salário de 1200 euros/mês e posso demontra-lo aqui. Tenho 1 a 2 urgências por semana de 12 horas, diurnas ou noturnas. Se noturnas, deveria ter direito ao descanso compensatório, mas não tenho, porque tenho consulta no dia seguinte, portanto entro às 20, saio às 8 e sigo para a consulta hospitalar (estou há mais de 24 horas acordada) até as 17h. Isto é quando corre bem. Quando corre mal, em teoria, o turno e de 12 horas, porque a escala apresenta várias lacunas uma vez que há muitos colegas que se recusam a cumprir horas extras a auferirem 6,77 euros por hora, se o chefe de equipa assim o entender, eu prossigo turno. Portanto das oito as oito , seguido das consultas até as 17. São mais de 24 horas seguidas. Chego a urgência e a afluência é tanta que os doentes não tem vagas no internamento, ficam dias em macas à espera que surjam. Numa equipa de 4 medicos, 2 especialistas, já começamos o turno várias vezes com 50 doentes, aos quais se foram somando os que naturalmente iam chegando. Portanto assim que lá chego, eu tenho logo 12 doentes a minha responsabilidade. Fora os que naturalmente vou assumir ao longo do turno. Falo de doentes com enfartes do miocárdio, comas hiperosmolatrs, tromboembolias pulmonares, avc's, coisas muito graves e fatais.. Se toca a emergência, 1 dos elementos mais velhos (eu ou o outro) tem que lá ir. O balcão fica com 1 internista e 2 médicos ,mais jovens. Se toca o telefone e há uma paragem numa qualquer enfermaria, o outro diferenciado tem que lá ir a correr a outra ponta do hospital, sozinho. Ficam 2 médicos. Os menos diferenciados. Neste entretanto, os doentes querem ser todos vistos ao mesmo tempo e os familiares desesperam. E quando voltamos da sala de emergência ou da enfermaria, cobertos de sangue e suor e muitas vezes em lágrimas, com uma certidão de óbito na mão, tenho que ouvir os familiares chamarem-me de tudo porque andei a passear. Sou a puta, sou a vaca, sou a cabra, e vão me partir o carro todo porque me ausentei uma hora. Nessa hora estive a tentar reanimar um jovem de 28 anos e não consegui. Fiz tudo o que devia é mesmo assim não consegui agarra-lo... Entubei, fiz reanimação básica é avançada, vários ciclos de choque para depois não conseguir segurar o doente. Não imagina como é frustrante. Mas quando reapareço, sou a preguiçosa de quem farão queixa. Quando volto ao meu posto, o computador naturalmente não funciona pelo que não consigo saber os antecedentes, a família não traz nem sabe a medicação ou que doenças tem e não sabe explicar porque o trouxeram... Nem moram com ele, apesar de ter 86 anos e ser dependente.. Não consigo ver ou pedir análises, nem prescrever..Vou falar com o enfermeiro, também cheio dos seus 50 a 70 doentes,?peço que seja dada a medicação que preciso, mesmo não prescrita. Depois vou ver outro. Tinha vindo por tosse, dor pleuritica, terá febre? O termómetro?... Nunca há. Tenho que o ir roubar a outro balcão emprestado. Ausculto, tem derrame pleural. Saturações baixas, é preciso drenar! Senhores enfermeiros, é preciso posicionar p doente porque preciso de lhe fazer uma toracocentese aqui! Onde doutora? Se aqui ninguém se mexe? Entretanto outro doente está a discutir comigo porque é diabético, em hiperosmolar, sob perfusao de insulina, e, chama-me e diz que quer comer. Explico que não pode. Um ultraje! Sou outra vez a puta. Já o do derrame pleural comentou que eu era tão incompetente que nem soro lhe pus ( o que fiz muito bem), e sou a puta outra vez...

      Acabo sempre a ser a puta. Fico chocada com a vida que levo. Estudei 13 anos para isto. Faltei a festas e casamentos e até a funerais que me atormentaram até hoje. O meu doente foi sempre a minha prioridade. Lá no meio, está o meu filho que já nem conheço, e o marido que já não tenho, farto de não me ver.
      Perdoe-me a franqueza, mas em um ano, eu seria capaz de fazer o papel do maquinista que conhece. E ele saberia fazer o meu?. Amo o meu filho e o meu hospital e amo os meus doentes. Mas não aguento isto muito mais

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    4. Pois não sei como é com a CP, mas no Metro os maquinistas (e toda a gente que trabalha no Metro) não ganham propriamente mal comparado com o povo português - inclusive o povo que realmente usa o Metro. Querem que o povo fique do lado deles? Simples, deixem as pessoas entrar sem pagar. Querem fazer greve? Devolvam o dinheiro dos passes às pessoas. 35 euros para quem ganha o ordenado mínimo (ou para quem está a recibos) é MUITO dinheiro. 35 euros + não conseguir ir trabalhar ou ter de apanhar um táxi... Significa quase ficar sem comer. Condições miseráveis há sim senhora, mas não é no Metro de certeza. Quem dera a muitos portugueses ter as condições de trabalho deles.

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    5. Subscrevo inteiramente anónimo das 11:56

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    6. Pulga, sou estudante de medicina e fiquei tão angustiada com esse comentário que quando acabei de o ler já nem me lembrava do tema do post. Espero sinceramente, por si, por mim e por todos nós (como médicos e como doentes, que um dia seremos), que as coisas mudem na saúde em Portugal.

      Coragem!

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    7. Anónimo das 01:48, como deve calcular nem tudo é mau. Temos a melhor profissão de todas e pode ter a certeza que não há melhor sensação no mundo do que aquela que se tem quando se recebe um doente emergente, o medicamos, o tratamos e dai a uns minutos ele já abre os olhos e fala connosco. É a melhor sensacao do mundo, e a melhor coisa do mundo quando um doente pára e conseguimos reanimar! Vê-los melhorar de dia para dia no internamento, velhinhos que chegaram debilitados, magrinhos e tristes, muitas vezes abandonados pela família, que não falavam sequer, e que dia após dia vão abrindo os olhos, ficam sem febre, já respondem as nossas perguntas, já agarram a nossa mão e até sorriem. Enche o coração. Há muitas desilusões, é verdade, mas a medicina é assim. Só me custa está campanha que desde há uns anos para cá fazem contra a classe médica, apelidando-nós de preguiçosos e que só nos movemos por dinheiro ou insistindo que ganhamos fortunas. Isso não é verdade. Assumo que haverão colegas menos afáveis mas a maioria não é assim. Não me queixo do meu salário, há tanta gente que vive só com o salário mínimo, não me queixo do montante que recebo. Só não tolero notícias falaciosas mencionando vários milhares que em nada tem a ver com a realidade. Mas é uma coisa contra os médicos, vamos ser sempre mal vistos, mesmo que em outras profissões, como é o caso dos maquinistas por exemplo, se recebam salários até superiores.
      No fundo, há que fazer o melhor que podemos. Não me arrependo das minhas ausências sucessivas nos dias de Natal nem nos aniversários dos pais, ou no funeral de familiares. Nesses dias, eu salvei vidas e dei o meu melhor. Só me custa saber que muita vezes estou numa urgência e não paro para comer, nem para ir a casa de banho e mesmo assim, sou chamada de tudo e mais alguma coisa. Há coisas que os doentes nunca irão compreender e portanto arriscas-te sempre a levares uma data de incompetente se omites o soro nos edemas agudos do pulmão - o doente não sabe que não o pode fazer - ou se não negas comida a um diabético em cetoacidose - ele também não sabe que não pode.
      Nem tudo é bom, nem tudo é mau. Eu fico feliz e agradeço e os poucos obrigados que ouço comovem-me. Com o tempo aprende-se a lidar com os insultos e ameaças. E até mesmo quando se fica a segurar a mão do doente que já não conseguimos salvar, até isso se aprende a guardar e resolver, a aceitar. Ninguém sabe como o médico como é duro aceitar que já não consegue fazer mais nada. Ou como é bom ia do se consegue muito. Felicidades para si!

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  2. As pessoas do interior norte do país é que deviam mesmo manifestar-se pois não há praticamente transporte nenhum. Se me quero deslocar a uma freguesia da minha cidade que fique mais longe tenho mesmo que usar o carro, senão saio de casa às 6, 7 da manhã e só chego às 19h pois só existem autocarros ao início e fim do dia. Enfim...

    http://fashionunderconstruction.blogspot.pt/

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  3. Bela ideia. Farto-me de reclamar ao provedor da Carris e têm sempre desculpinhas para tudo.

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  4. Rede de transportes que funciona bem (muito bem!) é a de Londres. :)
    Por cá temos de nos continuar a "sujeitar" a esta miséria, transportes cada vez mais caros e que funcionam cada vez pior.

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  5. Pulga das 10h58 .... Bom retrato da profissão,angustiante eu sei. E todos pensam que o que se ganha compensa isso...e afinal são 1200€... Mas depreendo que trabalha num grande hospital central...aceite um conselho,ganhe coragem e vá para o interior,viseu,guarda...vai ficar surpreendida com a qualidade de vida que terá e apaziguará essa sua angústia de ter estudado tanto para ter uma vida de merda!

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  6. Nos transportes sul do tejo não há greves porque são privados!!! Depois queixem-se que privatizam tudo!
    E eles fazem greve tantas vezes,e com tanta adesão porque os sindicatos lhes pagam o dia! Se não fosse isso,acabavam-se as graves!! Eu se faço greve,descontam-me o dia e o esse dinheiro faz-me falta....Pois...

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Teorias absolutamente espectaculares

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