A Google revelou quais foram as pesquisas mais efectuadas pelos portugueses ao longo de 2015. Entre coisas que não interessam ao Menino Jesus (tipo, 50 Sombras de Grey, Maxi Pereira, ou o que fazer quando se queima a língua), há outras que me parecem ser merecedoras de um qualquer estudo sociológico. Houve duas pesquisas que achei particularmente tristes: "como ser feliz" e "o que fazer quando nos sentimos sozinhos". Foram muitas as pessoas que pesquisaram estes dois temas, ao ponto de os porem nos lugares cimeiros do top. E isto não deixa de me causar alguma estranheza. Por um lado, saber que há tanta gente a sentir-se sozinha e infeliz no nosso país. Por outro, saber que há tanta gente a recorrer ao Google para tentar responder a estas questões. Parece-me sintomático dos tempos em que vivemos, em que é tudo tão célere, tão a correr, tão etéreo. Suportados pelas redes socais, achamos que construímos relações sólidas e resistentes mas depois, na grande maioria dos casos, não têm transposição para a vida real. Mil amigos no Facebook, mas só dois ou três à mão (às vezes nem isso). Acho que ainda é cedo para dizer, mas futuramente conseguiremos perceber o impacto que as redes sociais têm na forma como nos relacionamos com os outros. E como isso poderá estar a contribuir para nos tornar mais sós. No espaço virtual dizemos tudo, somos tudo, somos quem queremos, somos outros, somos personagens numa realidade paralela. Somos sociais, dizemos piadas, partilhamos músicas e excertos de filmes que nos fazem parecer mais isto ou mais aquilo. Mas depois... metemos a chave à porta e não há ninguém. Há um Google a quem perguntamos o que fazer para sermos felizes e para deixarmos de nos sentir sós. Tive curiosidade, quis saber que respostas o Google teria para me dar. Teclei "como ser feliz" e levei com um chorrilho de frases feitas e de guias de auto-ajuda. "Perdoe-se". "Sorria mesmo quando lhe apetece chorar". "Aceite-se". "Apanhe sol". "Coma bem". Acredito que todas estas coisas me tornem um bocadinho mais feliz, mas isto é senso comum. Se eu estiver na merda, não é por fazer cinco refeições ao dia que a tristeza vai passar. Não imagino o que é que o Google possa dizer a alguém que o torne mais feliz, mas imagino o quão sozinha uma pessoa tem de se sentir para fazer tal pergunta a um computador. Quão triste isto é? Não pergunto em tom de crítica, menos ainda de julgamento. Só me faz pena. Porque quase todos nós já passámos por momentos de solidão e é muito duro.
Depois há outra coisa que me faz confusão. No top dez de pesquisas à pergunta "como ser?" estão coisas como: bonita, popular, rico, modelo, social. É isto que a maioria das pessoas procura nos dias que correm, coisas aparentemente acessórias. É para isto que a sociedade os empurra ou são as pessoas que estão com as prioridades e os valores um bocadinho subvertidos? É isto que as pessoas acreditam que as fará mesmo felizes? Quer dizer, eu não me importava de ser mais rica. Também não dizia que não a ser mais bonita. Mas não seria nenhuma dessas coisas a definir a minha existência, menos ainda a minha felicidade. Não quereremos nós ser mais do que isto?
99 comentários:
É por coisas destas que continuo a gostar da Pipoca :)
Gostei tanto deste post Pipoca! É mesmo. Estamos sozinhos, frustrados, tristes. Esta vida que nos faz correr e muitas vezes sem saber muito bem para onde olhar,o que estimar e o que valorizar não ajuda a criar e a fortificar relações. Mas caramba...há que combater isso. Eu sou da tese que não somos sempre felizes, temos momentos muito bons de felicidade e outros nem tanto. Todos esperamos que os bons superem os maus...
O filme "Her" espelha isso que referiu na primeira parte do texto:de um futuro (não tão longínquo) em que as novas tecnologias têm um papel tão forte no combate à solidão, mas principalmente deste sentimento tão arrebatador de nos sentirmos sós num mundo rodeado de tanta gente!
Aconselho vivamente!
Pipoca, é preciso parar e reflectir para onde vamos? O que queremos?
Sim, é verdade, as pessoas estão mais sozinhas. É visivel, quando vamos ter um convivio com um grupo de amigos, em vez de as pessoas, estarem preocupadas a conviver, estão agarradas aos telemóveis, a tirarem fotos, e a ver o que se passa no facebook. E a "cagar" literalmente ao que se passa à frente delas.(Isso irrita-me tanto). E, ver pais com crianças, em vez de conversarem darem-lhes ipad para a mão, para elas estarem entretidas e não chatearem.
A facilidade de termos tudo a mão, faz com que o patamar de realização esteja mesmo muitooo longe. E temos quase tudo e queixamo-nos desse tudo.
O resto, de ser rico, bonito e cheio de pinta... é outra ilusão, do maravilhoso mundo virtual. Todos nos queremos ter dinheiro sem ter que fazer nada. - E só no dicionário é que a palavra sucesso vem antes de trabalho - Para bem da humanidade, espero que as pessoas voltem a ser Pessoas.
É uma grande verdade, as pessoas sentem-se cada vez mais sozinhas. Faço muita coisa sozinha, mas às vezes gostava de ter companhia para tomar um café ou passear um pouco e não tenho. Vou tendo a iniciativa de mandar mensagens para combinar algo,mas é difícil, nunca há tempo para nada. Fica sempre para a próxima, mas pode chegar o dia em que não haverá proxima vez.
Extraordinário este texto :) Parabéns Pipoca
O teu caso é a prova do que acabaste de analisar , tens sucesso no blogue por exemplo porque o criaste sem esse propósito. ..ou seja: a felicidade não se deve procurar o ser rico ,o ser bem sucedido, até o amor só acontece quando estamos"distraídas/os"... bjinhos
Tirou-me as palavras da boca! Tão verdade isso! De tal forma, que a pouco e pouco deixei de me chatear a tentar marcar jantares e afins. Até o jantar de natal deixou de existir. O ano passado eram 3 pessoas, este ano nem se falou nisso!! Quando quiser ir tomar um café, vá sozinha. Quando quiser ver um filme, vá sozinha. Quando quiser viajar, vá sozinha. Faça como eu. Muitas vezes eu sou a minha melhor companhia, já que os outros não o querem ser...
Tao triste e tão verdade..!!
Um post para refletir..sem duvida muito bem abordado pela Pipoca..
As vezes tdos deviam sair das zonas de conforto,,,e pararem um pouco e refletir nestas questoes tao tristemente verdadeiras..
Bolas, concordo com as duas!
Também deixei de ter iniciativa para marcar cafés, jantares, etc. Agora espero que alguém o faça, cansei. E posso dizer que cada vez são mais escassos os momentos de convívio com os amigos.
Que texto fantástico Pipoca. Até me arrepiei.
A verdade é que toda a gente tenta ser outra pessoa online e isso faz-nos mais sós e mais tristes também. Não concordo com isso, penso que devemos ser verdadeiros em tudo na nossa vida. Mesmo nas redes sociais. Ao querermos mostrar que temos uma vida perfeita, que tudo é óptimo, estamos não só a enganar os outros, como também a nós próprios.
É também uma pena que as coisas que pensamos que "nos" fazem mais felizes sejam tão fúteis, quando na realidade não se é mais feliz só por ter uma conta mais recheada ou uma imagem mais bonita.
Pois é Pipoca,estamos mais sózinhos. Falo por mim que nos últimos tempos tem sido um descalabro com amizades que eu achava que eram para sempre.Fiquei inconsolável com coisas que me fizeram. As pessoas estão cada vez mais egoístas, só pensam em bens materiais e os verdadeiros valores da amizade pura, são cada vez mais raros. Abençoados aqueles que tem amigos de verdade,sem interesses velados. Porque de falsos amigos fiquei cheia e ás vezes mais vale só que mal acompanhada.
"Mas depois... metemos a chave à porta e não há ninguém. " Tão verdade Pipoca!
Beijinho e que seja sempre muito feliz :)
Nem consigo imaginar o que leva as pessoas a fazerem pesquisas desse género... Se calhar é o mesmo que comprar livros de auto ajuda ou assistir aos vídeos dos gurus de coaching. As pessoas sentem-se meio perdidas e não devem ter a quem recorrer.
Penso sempre que se estivesse no lugar dessas pessoas tentava conhecer gente, sair mais com os amigos, rodear-me de pessoas positivas, sei lá... Mas cada um é que sabe que sapatos tem calçados e que dificuldades enfrenta...
Eu adoro estar sozinha de vez em quando mas gosto ainda mais de ter companhia, para o mais variado tipo de coisas. Não consigo imaginar porque motivo uma pessoa está sozinha. Penso sempre que é por opção mas se calhar não é.
Quando vi a pesquisa, também estranhei... mas depois pensei não será a grande maioria-daquela faixa etária pré/adolescente ?Em que tudo mexe connosco, em que não nos sentimos bem, em que as hormonas andam ao rubro e aos saltos, em que é difícil que o mundo nos aceite ? gosto de acreditar que sim... Boas Festas !
sinceramente essa questão sobre como ser feliz até pode ser algo bom. quer dizer que as pessoas questionam-se, que não vivem de forma automática, que sabem que tem potencial para mais e melhor, mas ainda não descobriram como. obviamente que se formos um pouco mais além, essas respostas como "aceite-se", "coma bem", tem todo o sentido. aliás, acredito que as coisas mais básicas e simples são as coisas mais importantes para nós. mas como são tão básicas e simples... nem lhes damos a devida atenção e tentamos encontrar resposta em coisas mais complexas.
Gostei Ana, gostei muito da sua reflexão, devo dizer-lhe que penso muitas vezes sobre o assunto.
Tal como já alguns comentadores referiram e, sem entrar em perspectivas filosóficas, a sensação de Felicidade é muito subjectiva e efémera ! Na vida humana está sempre presente a dictomia felicidade/infelicidade. Temos é que aproveitar o melhor que soubermos os momentos felizes..., nem todos temos essa capacidade, há quem não consiga abstrair-se do que irá acontecer amanhã, e viver profundamente angustiado!
Quanto à solidão, para muitos trata-se de um estado espírito, pois, podem até estar bastante acompanhados, rodeados de familiares, amigos, no entanto continuam sozinhos... Termos gente próxima, não significa que nos preencham o vazio que sentimos !
A verdade é que esta terrível recessão, provocou uma queda vertiginosa no índice de Felicidade das pessoas,os suicídios, divórcios,crimes entre cônjuges,crimes contra crianças e idosos... todo um rol de ocorrências horroríficas aumentaram exponencialmente,só não vê quem não quer ver !
Façamos votos para que todos os que precisem, encontrem paz de espírito, deixem de se sentir sós quando apoiados e acompanhados e, consigam sentir Felicidade ainda que finita ! :-)
MDM
Nunca gostei muito deste blogue. Mas este post, é muito bom. Gostei mesmo.
Sincero, despretensioso e direto.
Boas Festas
"No top dez de pesquisas à pergunta "como ser?" estão coisas como: bonita, popular, rico, modelo, social. "
O que publica no seu blog muitas vezes transmite isso mesmo que criticou: bonita, popular, rica, modelo e muito social.
Eu não critiquei nada. Muito menos incito as pessoas a serem ricas, modelos, sociais, populares.
Eu sou umas das pessoas que pesquisou sobre solidão. Faço-o quase todos os meses. Não, eu não espero encontrar a resposta numa pesquisa do Google, simplesmente ás vezes sinto um vazio tão grande na alma que dá-me para isso.
Sou jovem mas sinto-me muito sozinha. Estou farta de relações superficiais e conversas igualmente superficiais. Tenho muitos contactos nas redes sociais e no emprego lido com muitas pessoas mas, por mais que eu me esforce, não consigo criar laços verdadeiros com ninguém. Estão todos demasiado obsecados com os telemóveis, ligados ás mil e uma redes sociais, mas desligados dos outros na realidade.
Gostava de ter pessoas com quem pudesse partilhar momentos reais e conversas profundas. Gostava de lidar com pessoas reais: que fossem genuínas, que não tivessem medo de se expor ou mostrar os seus defeitos, que se importassem verdadeiramente com os outros, que não se preocupassem tanto com a sua imagem.
É mais doloroso lidar com várias pessoas sem criar nenhuma relação forte com ninguém do que não lidar com nenhuma pessoa.
"No top dez de pesquisas à pergunta "como ser?" estão coisas como: bonita, popular, rico, modelo, social..."
o teu blog é isso tudo minha menina!
Acho que não devem desistir de tomar a iniciativa! Sempre houve e sempre haverá os amigos pró-activos,os que puxam e alimentam as amizades e os que simplesmente estão lá e se deixam ir.... E esses gostam de ir e de estar lá,simplesmente não tomam a iniciativa.
Claro que se é mais feluz sendo bonita e tendo uma conta recheada! Ou acha que uma pessoa feia e sem dinheiro pode ser mais feliz!? A felicidade tem aa ver com o nosso grau de exigência perante a vida.quanto mais formos exigentes menos felizes seremos. Eu sou feliz,mas sou uma tonta,porque no fundo sou gorda,tenho uma relação de merda e pouco dinheiro.se fosse mais exigente provavelmente seria super infeliz com o meu aspecto,com a minha relação e a minha falta de dinheiro.
Ja ca faltava um "comentador infeliz".
Ana, ha acesso na net a informacao dada pelo google, a que se refere no seu post? Poderia partilhar o link? Ando a procura de mais informacao sobre este tema. Muito obrigada.
Happy Holidays. :) XO
Sem se aperceber acabou por me dar razão :) Tem tudo a ver com exigência, como tão bem disse. Eu sou muito muito exigente e talvez por isso nem sempre me sinta feliz. Ganho muito pouco, mas já ganhei bem e não me sentia mais feliz por isso, simplesmente tinha menos preocupações. De qualquer forma o que eu queria dizer é que ter muito dinheiro e ser bonita não quer dizer que se seja mais feliz. Não é apenas isso que precisamos para ser felizes e às vezes nem precisamos disso para o ser!
Percebo muito bem o que diz, e não é por uns terem menos iniciativa que outros, noto é que de ano para ano, a "desculpa" é sempre a falta de tempo, não dá jeito, nesse dia não, e noto exactamente a mesma coisa, a cada ano que passa são cada vez menos os que querem fazer alguma coisa. Já nas redes sociais falamos todos cada vez mais, para isso já há tempo...
Adoro o "minha menina", parece uma daquelas tias muito velhas que ralham por razão nenhuma, só porque vivem chateadas com a vida.
Concordo convosco. Passei a fazer imensa coisa sozinha, inclusive cinema e café... mas se ir ao cinema sozinha n me chateia nada. Tomar café sozinha já é um bocado menos interessante. Gosto de conversar com algém. Resolvi o assunto aceitando uma proposta de trabalho mais perto de amigos de infância e familiares. Agora tenho sempre companhia :)
De que vale ser a + bonita, a + rica, a mais tudo? Há imensas pessoas com isto tudo e nem por isso são as mais felizes! Se assim fosse, quem tem "menos tudo" não seria feliz! Eu não tenho "tudo", mas sou muito feliz! Não são os bens materiais que nos fazem viver!
vivemos na era da "amizade" com fins lucrativos.
Combinem e saiam todas umas com as outras :) (sem ironias, estou mesmo a falar a sério, podem até morar perto)
Essas pessoas ainda existem Mariana. Eu considero-me uma delas. Mas percebo perfeitamente o que queres dizer. Há muita gente por aí a ver a vida passar sem de facto a viver como realmente deveria.
Mas não desistas. Continua a procurar e hás-de encontrar. Ainda há pessoas com vontade de ouvir e de conversar. Sobre tudo e sobre nada.
Beijinho.
Bárbara
Secalhar está a dar-se com as pessoas erradas e a jogar à defesa,aquilo que critica nos outros. Convida pessoas para ir a sua casa!? Faça voluntariado e viaje sozinha vai ver que encontra pessoas genuínas.se não encontramos pessoas com as quais nos identificamos temos que diversificar os meios por onde nos movimentamos.antigamente eu achava que sabia qual o tipo de pessoas que me interessava conhecer.apanhei desilusões atrás de desilusões com pessoas superficiais e sem nenhum interesse. Depois comecei a querer conhecer melhor pessoas que antigamente rotulava de tudo e às quais nao dava hipótese.apanhei grandes surpresas com pessoas que se revelaram verdadeiros amigos e cheios de coisas interessantes para partilhar.
Eu acho também que as amizades que se fazem depois da faculdade não são como as que ficam do liceu. No trabalho e na faculdade são raros os verdadeiros amigos que ficam para a vida.
"Dinheiro não traz felicidade, mas ajuda a sofrer em Paris ..."
Mariana não há momentos irreais. Todos os momentos são reais, experiências, conversas (em pessoa ou na net). Parece-me que procura intimidade (falo tanto de relações amorosas como amizade). Isso não se encontra facilmente e requer esforço. Mas se sente que não consegue formar uma relação assim se calhar o problema não é das outras pessoas, mas seu. E digo-lhe isto não a julgar, mas a avisar que deve procurar ajuda profissional se for este o caso. Que corra tudo bem.
Eu também me sinto muito sozinho... Refugio-me na leitura. Assim abstraio-me deste mundo ao qual, cada vez mais, creio não pertencer.
Www.pensamentoseepalavras.blogspot.pt
Obrigada pelos comentários. Eu vou ao cinema sozinha, vou tomar café sozinha, faço as minhas caminhadas sozinha, mas somos um ser social e precisamos de companhia, é normal. Não desisto de combinar coisas, mas há dias mais difíceis.
Eu nunca fiz essa pesquisa, mas sempre me interroguei muito sobre aquilo de que preciso para ser feliz. Na minha lista constavam coisas como comprar roupa e decoração novas, fazer um novo corte de cabelo, ir a um sitio xpto e coisas que tais. Apesar de ser muito ligada a familia nem os incluia muito nos planos. Neste 10/12 foi-me diagnosticado um linfoma e é impressionante como a realidade da vida faz-nos mudar da noite para o dia. Estive internada e quando tive alta tinha toda a familia e os amigos mais próximos em casa, a minha espera. Pela 1a vez em anos senti-me realmente feliz, daquela felicidade mesmo boa. É triste perceber que aos 25 anos precisei desta infelicidade pra me sentir feliz.. Imagino só quem leva uma vida inteira assim, ao ponto de "pedir ajuda" a uma maquineta..
LN
Oh oh o que eu adorava sofrer nas ilhas figi ou na argentina....
gostei do seu comentário :)
O mundo precisava parar pra que todos nós respirassemos fundo pelo menos uns segundos...precisamos urgentemente de abrandar.
A Mariana expressou tudo o que sinto. Sou uma jovem licenciada, com boas perspectivas de futuro, muitos contactos e amigos mas sinto-me só. É um facto que já aprendi a viver com essa solidão, ir ao cinema sozinha já é um prazer. Mas começo a pensar no futuro e fico muito assustada. Será que algum dia vou encontrar alguém que me preencha esta solidão?
Tenho o mesmo problema Mariana. Falei nos últimos anos com imensas pessoas (e pessoas porreiras, não superficiais e com gostos mais ou menos parecidos com os meus), mas não crio ligações de amizade desde o liceu e mesmo essas nunca foram muito fortes, pois hoje tento combinar nem que seja um café e nunca há disponibilidade.
No meu caso, sei que a minha solidão se deveu muito à ansiedade social e depressão (não vou referir os motivos dos problemas pois não interessa à conversa) que tive durante muitos anos e que entretanto andei a tratar com ajuda profissional. Esses meus problemas faziam com que eu não saísse à noite, entre outras coisas, por ter mesmo terror, mas nunca expliquei às minhas amigas o que se passava, logo elas ainda hoje devem pensar que eu sou uma cortes e não entendem porque me dá na telha para tentar combinar algo.
Agora estou bem (tendo um ou outro dia mau), mas já não tenho a mesma rede de amizades e contactos para estar menos sozinha (amiga a sério, só tenho mesmo uma e infelizmente é tão social quanto eu) e quando nos afastamos voluntariamente das pessoas é difícil recuperar o que perdemos.
Concordo também com o anónimo que refere a diferença de amizades laborais e de faculdade com as de liceu. Eu fiz amigos nesses sítios, mas são amigos "fixos" a esse local e não para a vida.
P.S - Gostava que fazer amizades em adulto fosse como na primária. Chegar à beira de uma pessoa, perguntar um "queres ser minha amiga?" e já se tinha um companheiro de aventura. Se pudéssemos manter a inocência da infância, acredito que haveria muitas menos pessoas sós.
adorei o texto, isto fez me realmente pensar e é muito triste que tenhamos chegado a este ponto e mesmo eu, que me considero uma pessoa que nao usa demasiadamente as redes sociais, considero que estou a ficar dependente delas em algumas situações e isso assusta me
beijinhos
http://umacolherdearroz.blogspot.pt/
Adorei o Post Ana. Desconhecia este estudo. É efectivamente uma realidade escondida, triste e preocupante.
http://cucasandcookies.blogspot.pt/
Como eu me identifico com vocês. Já tentei marcar tantas coisas e do outro lado ouço sempre, não dá jeito...depois ligo-te para marcarmos. Mas não ligam, ou quando ligam já passou mais de meio ano...
Como a compreendo! O último ano foi o descalabro na minha vida. Um grupo de pessoas que os meus pais julgavam ser amigos deles atraiçoaram-nos.. Revelaram tamanha ingratidão, falsidade.. É triste quando interesses pessoais, invejas e puro mau carácter levam as pessoas a estragarem a vida dos outros. Mas por outro lado, há sempre uns poucos amigos verdadeiros, que se contam pelos dedos das mãos e que nunca nos deixam. Agarre-se a esses e muita força!
Não sei se a vai ajudar, mas deixo aqui o meu testemunho.
Durante muitos anos senti-me muito sozinha e infeliz, mesmo estando rodeada de pessoas. É perfeitamente possível estarmos num jantar ou numa festa e mesmo assim sentirmo-nos sozinhos! Em retrospectiva, penso que me sentia dessa forma porque não me identificava minimamente com as pessoas que me rodeavam. Não tinhamos o mesmo background, os mesmos objectivos de vida. Acabei por interiorizar que seria para sempre infeliz. Ou ficava sozinha para não ter de me dar com pessoas com as quais não me identificava, ou teria de alguma forma anular a minha natureza só para não ficar sozinha.
Tudo mudou quando entrei na faculdade e conheci o meu namorado. Finalmente tinha encontrado alguem com objectivos de vida similares aos meus, uma maneira similar de ver o mundo. Alguém tolerante que me aceitou tal como eu era. A partir daí, tudo veio por arrasto, amigos verdadeiros (poucos mas bons), etc. Encontrei alguém em quem posso mesmo confiar, com quem posso partilhar a minha intimidade.
Mariana, o tempo cura tudo. Tenha calma e paciência que quando menos esperar, as coisas mudam. E por amor de deus, não perca tempo com gente que não lhe diz nada. A vida é demasiado curta para isso.
Sou uma dessas pessoas que realizou essa pesquisa. Tenho 22 anos, decidi emigrar sozinha. Agarrei nas malas e parti para a Holanda, sem qualquer tipo de ajuda, sem qualquer conhecido por cá. Estou a adorar a experiência, é certo. Mas tem sido um reapreender a viver. Tudo o que faço, faço sozinha. E na maior parte do tempo, adoro. Mas tive de aprender a apreciar a minha própria companhia. Comecei a conhecer me realmente e sei que ainda tenho muito de mim para conhecer. Mas todo este processo é assustador. Há coisas em mim que percebi que não gostava e tenho vindo a aprender a aceitar-me. Mas no meio dos dias normais, dos dias em que acordo bem comigo, há aqueles dias cinzentos e normalmente esses parecem valer por muitos dias felizes e mesmo que saiba que não encontrarei companhia numa pesquisa do google, isso dá-me a sensação de me estar a focar em algo, de me organizar e entretém me até que seja hora de dormir e uma novo dia comece de uma forma mais positiva.
Sempre ouvi dizer que mais vale só que mal acompanhada... E é tão verdade! Passei a fazer muita coisa sozinha porque fartei-me das desculpas, porque percebi que afinal não era falta de tempo mas sim porque não queriam a minha companhia. Quando mais precisei, ouvi da boca de uma pessoa que julgava amiga que não era obrigada a andar comigo atrás. Eu que estive sempre presente quando precisou, eu que estava sempre disponível para tudo, eu que pensava sempre 1o nos outros e depois em mim. Foi um abre olhos, hoje estou eu em 1o, depois os outros. Na minha vida entra pais, companheiro, família do respectivo e meia dúzia de amigos. E chega! Um dia fiz a seguinte experiência, deixei de interagir com determinadas pessoas pelo facebook, essas mesmas pessoas fizeram o mesmo ao fim de uns tempos. A conclusão foi que se as pessoas medem amizades pelo numero de comentários\gostos no facebook então estamos mesmo a bater no fundo... E não vale mesmo a pena insistir com estes " amigos". Ninguém é obrigado a agradar a gregos e troianos, também não sou obrigada a esperar de braços cruzados à espera dos outros. É como disseram acima "pode chegar o dia em que não haverá próxima vez"! E sabem que mais? Sou feliz assim ;). Aprendi a ser feliz assim.
Eu compreendo o que diz, Ana.
Mas a minha experiência de pessoa relativamente sociável (de vida social a sério, uso muito pouco as redes sociais) é que é muito exigente manter relações de amizade com pessoas que se sentem mais sós, pelo facto de serem muito mais absorventes e desgastantes. E há um dia em que deixa de "haver tempo" porque o que falta, na verdade, é disponibilidade interior para pessoas que exigem de nós o tempo que deveriam partilhar com 10 e que se sentem muito mais ofendidas se nao o fizermos.
É muito mais fácil gerir relações com pessoas mais "ativas" precisamente porque ha mais equilibrio. O que me custa, como pessoa e como amiga, é cair na tentação de contribuir para que essas situações de solidão se agudizem e tornem essas pessoas ainda mais absorventes. Mas é responsabilidade minha e de cada um de nós trabalhar esta disponibilidade interior, alargar o coração, sob pena de tornarmos as relações humanas todas insustentaveis!
Boas festas :)
tens toda a razão! que texto fantástico!
Um dos melhores posts dos últimos tempos, Pipoca (e que dá pano para mangas).
Vivemos num mundo em que estamos todos conectados, mas cada vez mais sozinhos.
As redes sociais criam-nos a falsa impressão de que temos muitos amigos, que somos espetaculares devido à quantidade de likes que recebemos, mas depois quando precisamos de alguém a sério, os 1000 amigos do FB não existem.
Eu optei por fechar o meu Facebook no início do ano e foi a coisa mais libertadora de sempre, e o mais engraçado foi encontrar dois tipos de pessoas: umas viam-me na rua e diziam que achavam que eu tinha morrido (como se não fosse possível viver sem FB) e as outras que me recomeçaram a ligar para saberem as novidades.
Isto para não falar daquelas pessoas com que vamos sair e passam o tempo todo agarradas ao telemóvel. Irrita-me solenemente...!
Daqui a uns anos vamos ver os resultados disto e acho que não vão ser nada positivos... :/
Bj
Sou uma das sós: os amigos foram casando, eu fui ficando pelo caminho. É muito bonito dizerem "sai, diverte-te, mais vale só do que mal acompanhada"... Não é verdade. Estar só dói muito. A ponto de questionarmos se alguém sentiria a nossa falta. E qual a diferença de estarmos no mundo.
Cancelei as minhas redes sociais há quatro anos, e desde então sou tão mais feliz com o mundo real que me rodeia. Pode não fazer sentido nenhum, mas quando vivia viciada nas redes sociais tudo era perfeito no mundo virtual e o tempo útil na minha vida real era passado numa solidão quase cruel. Desde que deixei de viver virtualmente, comecei a socializar mais, a viver mais intensamente os momentos reais e a dar mais valor às coisas boas do dia a dia reais e não virtuais. Acho que estamos a caminhar para uma era de desumanização através muito em parte das redes sociais que de sociais não têm nada.
Vivemos cada vez mais numa sociedade ligada apenas por "wi fi". Hoje em dia se olharmos para um grupo de amigos num restaurante ou bar, estão todos agarrados ao smartphone. A internet facilita-nos a vida, mas também nos prejudica. Há que saber usá-la com moderação, como em tudo na vida. Já me senti várias vezes sozinha, e a conclusão a que chego é que a família é tudo. Fiquei mais ligada à minha mãe por motivos de saúde, por ter medo de a perder. Muitas são as vezes em que olho para o espelho e penso: "sou tão burra. foi preciso acontecer o que aconteceu para dar mais valor à minha mãe". Os amigos hoje em dia só se interessam por namorado/as, as saídas começam a tornar-se raras, as conversas ainda mais raras. É triste terem que acontecer tragédias para as pessoas valorizarem o outro. Desculpa pipoca, desabafar, sou blogger não com tanta fama como tu, uso o blogue para me absorver dos problemas e do mundo. Enfrento o mundo com um sorriso no rosto, embora que, por dentro, são muitas as vezes me sinto em baixo. Estou num relacionamento que nem parece relacionamento, somos da mesma cidade e raras são as vezes que estamos juntos. Tenho amigas, se é que posso chamar de amigas, que aos olhos delas eu tenho uma vida ótima. Mas não é tão ótima assim. Peço desculpa pipoca pelo desabafo.
Parabéns pelo blogue. Feliz Natal :D
Gostei muito de ler e subscrevo cada palavra... virtualmente, estamos todos à distância dum clique, mas na vida real estamos a distanciar-nos mais e mais de todos os que nos rodeiam...
Gostei de ler as suas palavras, e parabéns pois deve ser um
excelente ser humano, e merece tudo de bom por saber ouvir os
outros, coisa tão rara neste mundo egoísta.
Feliz Natal
Manuela
Identifiquei-me tanto com seu comentário, porque passo situação similar em relação a mãe e em relação ao meu casamento. Um casamento que estamos juntos há muitos anos e onde o que nos une é a amizade, e acho que nada além disso. Onde se calhar falta coragem para ambos ...para tomar uma atitude, pois sem família e sem muitos amigos, contar com o apoio de quem? Somos praticamente sozinhos eu e ele, familia pequena, e o que há não serve para nada a não ser para nos procurar quando lhes convém ou quando querem passar férias em nossa casa. Peço também desculpa pelo desabafo, mas as vezes é bom falar e muitas vezes encontramos apoio e quem nos ouça na internet, já que tenho pessoas que nunca me viram pessoalmente e tão pouco partilham do meu dia a dia, mas estão sempre prontas a ouvir-me ou dar-me um apoio moral através de uma simples mensagem. É incrível como por vezes quem está longe nos apóia muito mais do que quem está ao nosso lado. Boas Festas para todos, e um beijinho grande para ti Pipoca.
é infeliz é você, sua exma. sumidade, que não entende a ironia do "minha menina"...
Snowball, os meus amigos também foram casando e eu fiquei pelo caminho. O truque é continuar "perto" deles, mas tb fazer novas amizades (mesmo que a gente sinta q n é bem a mesma coisa). Hoje em dia dou-me com gente uns 5/6 anos mais novos que eu porque os da minha idade já têm filhos e consequentemente menos tempo para outro tipo de programas. Não questione se iriam sentir a sua falta, tenho a certeza que sim.Você tem um papel na vida deles e eles na sua. Mantenha os "grandes" amigos e afaste-se de quem lhe "faz mal" ou que nunca tem tempo para si. Ponha-se em 1º lugar. Faça o que a faz feliz. Não dependa dos outros. Se for preciso mude de casa, vá para perto de familiares ou amigos (no caso de estar longe). Vai ver que melhores dias virão. Falo por experiência propria, já passei por isso e já me fiz as mesmas perguntas.
Acredite que comer bem muda o nosso humor e a nossa forma de ver a vida. Como consequência começamos a sentir-nos melhor com a nossa imagem interior e exterior E acredito que isto é um dos grandes factores para ser feliz. O AMOR por nós vai reflectir-se em tudo o que fazemos ;)
Alone Together - Sherry Turkle...
Quanto mais conheço as pessoas, mais gosto dos animais!
Snowball, percebo o que diz, também já fiz muitas perguntas...
Mas se não formos positivos, o que nos resta?
Às vezes temos que levar uma bofetada da vida para despertar e perceber o que é importante!
Por favor, não tenha (não tenham) pena de si :)! Não diga que ficou pelo caminho, diga antes que seguiu o seu caminho.
E a parte do "mal acompanhada" é mesmo verdade! De que vale ter alguém o nosso lado, que nos diz pouco ou nada, só para dizer que não estamos sozinhos?
Eu aprendi a gostar da minha companhia, de mim, aprendi a não ter de agradar os outros para os fazer sentir bem.
Sempre fui aquela que puxa os outros, que marca os encontros, que gosta de juntar gente à mesa com um copo de vinho! E sempre tentei descomplicar as situações e os conflitos de ideias ("tú relativizas tudo!").
E, apesar de sabermos que somos nós que puxamos, é muito compensador olhar para uma sala e ver os amigos!
Há alguns anos, mudem-me para fora de Lisboa e as reuniões foram diminuindo. Também aprendemos com isso. E adaptado-nos.
Já tive o meu número de "desilusões", mas há uma coisa da qual tento não abdicar: EU sou quem mais importa. Se eu não gostar de mim, os outros também não vão gostar. E não é chavão, é mesmo assim. Eu gosto de mim com as minhas qualidades e com que sei que tenho de menos bom, e tento ir melhorando, ir dando um retoque. Se eu quiser, os outros também me aceitarão assim. O mundo todo não tem que nos aceitar, somente um número pequenino...
Mas não podemos ficar quietos à espera que as coisas aconteçam. Não acontecem...
Acho que as pessoas têm vergonha de dizer que se sentem sozinhas. Medo de se sentirem marginalizadas.
Declará-lo de forma anónima é mais fácil.
Mas o comodismo é uma coisa tramada e muitos caiem na armadilha. E acaba por se tornar mais cómoda a queixa de se sentir sozinha do que realmente fazer algo por isso.
Não que seja feito em consciência, mas é o que acontece muitas vazes.
É necessária muita força para sairmos para a rua e mostrarmos as nossas fragilidades ao mundo e dizermos que precisamos de amigos e companhia... apesar do resultado ser muito compensador...
É isso. :)
A máxima "se não gostar de mim, quem gostará" faz todo o sentido e é muito real.
Eu penso que essa solidão que as pessoas sentem é porque andam a procura de algo fora delas..ou seja elas esperam que os outros completem-na, seja com um amor ou com amigos, mas eu aprendi que nós temos que ser por inteiros e não metade de algo que andemos á procura ..para ser-se uma boa companhia temos que ser uma boa companhia para nós....
Muito bom! Corajosa...tudo a correr bem. Bjs
Acho que criamos muitas expectativas sobre os outros e sobre o mundo.
Tentamos encontrar a nossa felicidade no caminho que escolhemos, e os outros caminhos que passam ao lado são ignorados.
Porque não tentamos focar mais na solução e não tanto no problema?
Já pensaram nisso?
Leio muitas queixas, todas legítimas. Também já passei por isso.
Mas foquei-me na solução: sinto-me sozinha? Ok, então vamos lá!
Saiam da vossa zona de conforto. Se não conseguem empatizar com quem trabalham, tentei encontrar outras actividades extra.
Inscrevam-se, por exemplo, num clube de dança, vão dançar forró ou tango (encontram-se todo o tipo de pessoas nestes clubes e é muito enriquecedor). Existem imensos espalhados por Lisboa ou outros sítios.
Mas sejam vocês próprias ao contacto com os outros, mostrando os vossos medos e dificuldades, mas também o que têm de bom! Não vão com grandes expectativas, mas sim de coração aberto. Pensei: eu vou experimentar divertir-me e conhecer pessoas novas. O que vier vem!
E por favor, não invistam muito tempo e energia nas redes sociais. É muito giro, mas uma ilusão...
Sente-se sozinha, é um facto.
A questão que coloco (sem qualquer pretensão) é " o que faz para não se sentir sozinha?"
Consegue responder-me?
É mesmo isso.
As razões para as pessoas se sentirem sozinhas são muitas, grandes e a aumentar.
Mas é preciso que seja a própria pessoa a encontrar o caminho para sair.
Os outros podem e devem ajudar, mas se não tivermos vontade suficiente, nunca aprenderemos a andar, sendo aos nossos olhos mais fácil continuar a usar a bengala dos amigos...
Quem se sente sozinho deveria tentar pensar menos no problema e mais na solução...
Não me parece que a Pipoca tenha querido isso para o blog. O sucesso veio com o tempo, ainda me lembro dos primeiros posts onde falava de tudo e mais um par de botas, sem ter a ambição de ser popular ou famosa. Este blog era um cantinho, onde a Ana podeia falar de coisas, sem se preocupar com a ética e isenção do jornalismo.
Excelente post. Sempre que comento o quanto não gosto do Facebook para questões pessoais, por exemplo, noto que fico com fama de reclamona que não faz nada para mudar isso ou que está simplesmente sendo tecnofóbica.
A verdade é que mantenho minha conta no FB por dois motivos simples - porque quando preciso comunicar-me com alguém é mais fácil por Messenger - já ninguém parece ter muito tempo para e-mails fora do âmbito profissional - e porque emigrei e é uma maneira de os que estão longe acompanharem o crescimento da minha filha. Mas todos os dias quero acabar com aquilo. Porquê? Porque, aliada a algumas circunstâncias da minha vida (3 mudanças de cidade/país em 10 anos, que praticamente anularam minha vida social), a minha conta parece ter criado uma distância maior entre mim e meus amigos e familiares. Como a Pipoca disse, ainda é cedo para ter um conhecimento maior do impacto das redes sociais nas relações humanas, mas eu sinto a diferença. Antes, mesmo com recursos digitais, havia mais comunicação pessoal, via e-mails, chamadas de telefone ou Skype, etc. Agora, tudo é público. Tipo - uma amiga engravida e o anúncio é público, assim como o comentário que irei fazer. Eu ainda me esforço para enviar mensagens privadas nesses casos, mas não é verdadeiramente apreciado. Quando engravidei, fiz questão de telefonar a algumas pessoas para contar. Sentiram alguma diferença caso eu apenas tivesse publicado no meu status? Duvido. E, quando as demais souberam, ficaram um pouco chateadas por eu não ter anunciado publicamente no FB. É isso que me confunde - por que eu tenho de tornar tudo público, como se fosse um noticiário a ser atualizado? Por que tudo tem de ser partilhado com pessoas que ocupam diferentes lugares em nossas vidas? Pronto, daí que não dou tantos 'likes' ou acompanho mais o newsfeed com tanta frequência. E perco as novidades porque não vivo no FB. E falo cada vez menos com pessoas com quem me comunicava frequentemente. Se você escolhe ter uma participação moderada nas redes sociais, "morre" para algumas pessoas. Sem contar as conversas deixadas a meio, tipo, após uma troca de 5 ou 6 mensagens, com um contexto específico, a falação morre, às vezes sem despedida. Daí, na próxima, falamos como se nada tivesse acontecido. Acho frio e deprimente.
E não vou nem mencionar as discussões e divergências de opiniões que fazem com que pessoas com quem se tinha um relacionamento afetivo, civilizado, acabem por cortar laços. É uma disputa de egos em alguns casos.
Portanto, no meu caso, acho que o FB só piorou uma solidão circunstancial, que distanciou em vez de manter a proximidade. E não sei se há mais jeito de salvar esses relacionamentos.
Adorei o teu post Pipoca! Tão verdadeiro e tão profundo. No meu caso devido a vários problemas de saúde e psicológicos fiquei com uma depressão que me fez isolar do resto do mundo. Agora sinto-me melhor, mas acontece que não me sinto "realizada" com os poucos amigos que tenho, grande parte amigos do marido. Faço um esforço para sair , mas não me sinto enquadrada nas conversas e nos ambientes. Costumo pensar para comigo que sou uma pessoa mais vivida, mais sofrida, mais velha presa num corpo de uma pessoa com 30 anos. Também não tenho problemas em fazer tudo sozinha (cinema, café, compras), mas a verdade é que por vezes me sinto só: sinto falta de uma conversa profunda e de algum apoio sincero e maduro. Alguém na mesma situação que eu?
Aquilo que eu noto é que não preciso de muita gente na minha vida para ser feliz. Na verdade, as únicas pessoas verdadeiramente importantes para mim são os meus pais e o meu namorado (com quem vivo há 6 anos). No dia-a-dia, passo mais tempo com os colegas de trabalho, com quem me dou bem, mas não sou realmente próxima de nenhum e custa-me ter de passar o grosso das horas do meu dia com gente que não me diz nada em vez de ser com aqueles que amo verdadeiramente. Com os meus pais não estou tantas vezes como gostaria, porque eles moram a 200km de onde eu moro. Por isso, nos tempos livres estou principalmente com o meu namorado, que é verdadeiramente a minha alma gémea e com quem eu gosto mesmo de estar. De vez em quando combinamos coisas com amigos e divertimo-nos, mas sinto que temos sempre de fazer várias concessões: tipo combinar coisas tarde porque a maioria ainda gosta de jantar tarde e sair à noite até às tantas e eu nunca gostei disso, ir a restaurantes mais caros do que normalmente iríamos, as conversas muitas vezes são sobre coisas com que não nos identificamos muito... por isso, acabo sempre a pensar que os momentos em que sou mesmo feliz são os passados com o meu namorado e com os meus pais e os com os amigos são apenas divertidos e com certas coisas boas, mas não são espectaculares. Por isso, são esporádicos. Mas isso não me importa, porque entre o trabalho, as tarefas do dia-a-dia, o tempo que gosto de ter sozinha, já não nos sobra assim tanto tempo. E, lá está, prefiro aproveitá-lo com as 3 pessoas que realmente me importam. Por isso se calhar eu até sou a amiga que não combina muitas coisas e que não é muito proactiva, mas sinto que quando estou com os meus amigos é sempre como se não tivesse passado assim tanto tempo sem nos vermos e retomamos a normalidade com facilidade. Considero que tenho uns 10 amigos assim mais próximos, alguns vivem no estrangeiro actualmente, outros em Portugal e em cidades diferentes da minha, isso também faz com que seja menos fácil encontrarmo-nos. Mas, lá está, não me custa essa distância, vivo bem com o vê-los de vez em quando. São todos amigos que tenho desde o 13 anos e que fiz até à altura da Faculdade (diria que nos empregos que tive fiquei com um contacto próximo e mais regular com umas 3 ou 4 pessoas, mas não diria que são amigas). São tudo pessoas porreiras e nunca houve chatices entre nós, mas com a passagem do tempo e a idade (tenho 28 anos) vou tendo menos pachorra para fazer as concessões que referi acima e opto por fazer o que me apetece mais, que é estar com o meu namorado nos nossos planos a dois e só esporadicamente com os amigos.
Desejo que tudo corra bem, Feliz Natal!
*poderia - tive de corrigir o erro, antes que viesse algum nazi da gramática.
Não concordo consigo. Simplesmente acho que o blog nos presenteia com temas variados do dia-a-dia precisamente para ajudar as pessoas a sentirem-se melhor seja por iniciar actividade física, empenharem-se em novos projectos profissionais, motivação para "aquela viagem", whatever. Acho que a pergunta "Como Ser? (bonita, rica, etc) não é para ser levada de forma tão literal. Eu acredito que possam ser "guidelines" para a nossa auto-estima e o padrão de vida que queremos ter futuramente para uma vida confortável (ou de sonho! porque é possível para qualquer um). Mas claro que isto depende muito daquilo que cada um de nós tem como objectivo de vida :)
A minha sábia avó sempre me disse que o primeiro amor somos nós próprios :)
Sem dúvida. E tenho apenas 22 anos.
Escreve maravilhosamente. E esta a Pipoca que me conquistou e de quem ja tinha saudades.
Adorei o post e acho que vem na altura certa! O Natal também traz muitas memórias de familiares e amigos que já partiram, memórias de infância, de casa cheia! A vida hoje é muito diferente! Já não somos nós as crianças! É um stress, uma despezorra e uma correria absurdas!Não queremos que nada falte, mas por vezes falta o principal, a alegria, a paciência, a tolerância e o tempo! Não me choca que as pessoas se questionem sobre o que quer que seja e a felicidade é sempre um objectivo, mas se tentassemos ser felizes um bocadinho todos os dias, com coisas simples, como: ter tempo para tomar o pequeno almoço sentados, ouvir uma musiquinha boa a caminho do trabalho; dar um minuto de conversa a alguém, mudar de brincos, pintar as unhas de vermelho... Eu sou uma pessoa convictamente solitária e sei que é esse o preço da liberdade, detesto exclusividades e que me cobrem isto ou aquilo, mas sou muito sociável! Adoro falar, o difícil mesmo é partilhar e gerir os sentimentos, a culpa, a tristeza, o aborrecimento...por outro lado sinto-me muito agradecida por toda a minha vida, sem grandes sobressaltos, sem grandes problemas!!
As pessoas interpretam o que querem num mesmo conteúdo. Eu sigo "a pipoca mais doce há anos" e nunca me senti tentada a ser rica ou modelo. Gira sim, faço o que posso e agradeço as dicas que a Ana nos vai dando e os passatempos e os posts como o de hoje. Boas Festas a todos de coração!
Claro! A felicidade é uma quimera ridícula até dos que querem fazer campanha eleitoral! Não se vota na felicidade, não se compra, não se troca. O final do ano leva muitas vezes a este tipo de reflexões de terminar um ciclo e começar outro, fazer um balanço e concordo que estes últimos anos têm sido difíceis, mas temos que ter coragem e resiliência, porque não me parece que haja grandes mudanças nos próximos anos. Sejam realistas, pensem nos que estão pior do que nós, nos que se sujeitam a vir por aí fora sem nada, para pôr a vida a salvo e sem saber o que os espera...
Nem todos(as) somos iguais tanto física como psicologicamente e devido a essas diferenças não reagimos da mesma maneira aos mesmos factores.
Concordo com o post mas também concordo com algumas opiniões deixadas acima que por vezes devido a diversas situações também são as próprias pessoas que se isolam e deixam simplesmente de conviver :( eu pessoalmente sou mais do tipo "Relações Publicas" também tento sempre organizar aquele jantarinho, convívio ou o que quer que seja e telemóveis apenas para tirar fotos a registar os momentos! Relativamente ao uso das redes sociais já fui mais utilizadora do que actualmente sou, mas tal como alguém referiu serve para manter contacto com familiares/amigos que estão principalmente no estrangeiro, no entanto, tenho uma grande amiga dos tempos de Liceu que na altura com 19 anos foi viver com os pais para o Canadá e até hoje se manteve por lá a quem faço questão de enviar um postal no seu aniversário e no Natal e vice-versa :) Há pouco tempo fui operada para remover um tumor e entretanto ao encontrar uma ex-colega de trabalho com quem me dei sempre muito bem acabei por comentar esta situação.....qual não é o meu espanto quando ela me responde "ah pois olha não sabia, nem vi nada disso no teu facebook" LOL como ela é daquelas pessoas que "posta" tudo e mais um par de botas (atenção nada contra até me faz rir muitas vezes)não sei porque carga de àgua achou que um assunto de saude e tão delicado seria para expor assim tão abertamente...uma coisa é actualizar o estado adizer que tá sol ou tá de chuva...outra são assuntos do foro pessoal.
Lanço assim o repto para um post Pipoca, relacionado com este expor de vidas no Facebook: qual a tua opinião?
E já agora despeço-me com um chavão facebookiano mas que não deixa de ser verdadeiro e é qualquer coisa assim: "a melhor maneira de ser feliz com alguém é aprender a ser feliz sozinho; daí a companhia será uma questão de escolha e não necessidade"
Há uma citação do poeta persa Hafiz que, em inglês, diz mais ou menos assim: “I wish I could show you, when you are lonely or in darkness, the astonishing light of your own being." Quando li este texto, lembrei-me muito dela. Como seria maravilhoso conseguirmos mostrar às outras pessoas a sua própria luz, a sua própria beleza,a sua especificidade, a sua diferença e importância inigualável neste mundo imenso. Mas esse é um caminho necessário de percorrer apenas pela própria pessoa. Essa é uma viagem individual. Nós podemos desempenhar uma função de apoio, abraçarmos, levarmos palavras, gestos, sorrisos, esperança, reconforto. Mas essa descoberta é sempre individual. Como seria maravilhoso que todas as pessoas empreendessem essa auto-descoberta. E como seria fabuloso que percebessem a riqueza e potencialidades imensas que residem no interior de cada um de nós. Não de alguns, de todos. Feliz Natal!
Mudar de brincos? Pintar as unhas de vermelho? .. Muito interessante ( irónica)
Já desativei o meu facebook. A long time ago... As vezes perguntam me ah e tal adiciona me no facebook.. E eu , NOP não tenho facebook. O queeeee não tens facebook??? Pareço q não pertenço ao mundo pq n tenho um facebook. Q ridículo. E só partilha a vida quem quer ,quem gosta de se expor. Ha palavras, momentos e outras coisas mais privadas que não se devem partilhar com o "mundo" inteiro.. Mas cada um sabe de si.
Isso do Facebook depende sempre do uso que se faça dele! Eu criei o meu Facebook em 2008 quando fiz Erasmus e, na primeira semana de aulas, todos os meus outros colegas diziam "então depois combinamos o que fazer logo à noite, enviamos mensagem no Facebook" e eu pensei logo que tinha de criar um para não ficar à parte destes eventos ;) tínhamos um grupo para o nosso círculo de amigos Erasmus e íamos trocando lá ideias sobre os nossos planos, combinações, eventos que iam acontecer, etc... nesse caso o Facebook foi um meio que até potenciou a minha vida social e o contactar ao vivo com os meus amigos. Por outro lado, foi também um meio de estar em contacto com os meus amigos de Portugal, de ir vendo fotos do que eles andavam a fazer, eles irem vendo as minhas, etc. E é assim que eu encaro o Facebook hoje em dia: uma maneira de ir acompanhando à distância o que os amigos vão fazendo e facilitar a comunicação entre nós (poupando os gastos do telefone, por exemplo), mas sem nunca substituir o contacto real entre as pessoas.
Nunca comento mas desta vez sim porque estou totalmente de acordo consigo e onde vivo as pessoas sentem-se sós. A minha mensagem de Natal dediquei as pessoas sozinhas ou que se sentem sozinhas. Traduzi em inglês um poema de Vinicius de Moraes e publiquei no meu blog. Mas deixo-vos o poema original se a Pipoca não se importar. Feliz Natal.
Procura-se um Amigo
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimento, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grande chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
Qual e o nome do seu blog?
gostei muito da análise Pipoca.
Olá Pipoca... acho que nunca comentei um post teu, mas senti a necessidade de o fazer relativamente a este... É assustador o futuro que se avizinha. Tenho 33 anos, sou casada há 9 e não tenho filhos, por opção minha e do meu marido... e sabes porquê? Porque há muito que olho à minha volta e assusto-me com a direcção que a humanidade está a levar. O mundo está a deixar de ser um sítio agradável para se viver. A minha geração ainda está assegurada relativamente a valores e principios, mas as próximas... Como é que o mundo mudou tanto em tão pouco tempo?! Até o próprio tempo mudou... a velocidade com que passa... Bem, havia tanto a dizer sobre isto, mas vou terminar enviando-te um beijinho e um Feliz 2016!
Pipoca, li o seu post, li os comentários, e fiquei a pensar. Tenho 30 anos, e penso que o difícil não é viver sozinho, o difícil é vivermos uns com os outros. Pensar, no mundo que estamos a criar, porque é esse mundo que vamos viver, nós e os nossos filhos. E a falta de respeito que há pelo outro assusta-me. As tecnologias, em vez de juntar pessoas afastam-nas. E nós temos tudo. Espero, que os nossos jovens não sejam os craques do futuro sem Amor, Respeito e Inter-ajuda. Eu posso dizer que tive uma infância feliz, brinquei, pulei, fiz amigos reais. As tecnologias chegaram ate mim, tinha eu cerca de 15 anos. E noto, que até aos dias de hoje, houve uma fase de euforia, de facebooks e afins, que acho que aos poucos as pessoas veem que os amigos que importam são 2 ou 3, e é com esses que podemos contar. Um 2016 com Saúde, Paz, Amor e alguns trocos para todos nós!
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