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O amor não mata

sexta-feira, março 06, 2015

Ontem estive a ver a grande reportagem que a SIC passou sobre violência doméstica. Um trabalho tão maravilhoso quanto duro da Ana Sofia Fonseca. Estive contraída do primeiro ao último minuto, incrédula e revoltada com as histórias que por lá passaram. Só perguntava "como é possível? Como é que isto é possível?". Mulheres privadas de tudo. De liberdade, de respeito, da vida. Mulheres que não se podiam sentar no sofá, que não podiam ir às compras, que não podiam sorrir a ninguém, que não podiam deixar uma peça de roupa desarrumada, que não podiam fazer NADA. Eram agredidas, algumas mortas, só porque sim. Porque tiveram a infelicidade de se juntar a homens descompensados, cruéis, cobardes, violentos. E que, tantas vezes, se deixaram arrastar por demasiado tempo, sem capacidade de reacção. Porque havia os filhos, porque havia a vergonha, porque foram também vítimas da passividade alheia (quem sabe e nada faz), porque tanta coisa. Demasiado triste. Mais triste ainda saber que continua a haver tanta gente a passar pelo mesmo. O ano passado morreram 43 mulheres vítimas de violência doméstica, este ano já vamos em seis. E os números vão continuar a aumentar. E cada dia que se permitem viver assim é mais um dia perdido e mais um dia que a vossa vida está em risco. Por favor, por favor, por favor. Se alguém me estiver a ler desse lado e a passar por alguma situação semelhante, denunciem. Há sempre uma solução melhor. Se alguém souber de alguma coisa, denunciem. O número da APAV é o 700 20 00 07. Isto está a tomar proporções assustadoras e é preciso agir.


Aproveito também para vos informar que, dia 29 de Março, terá lugar a 12ª Corrida de Solidariedade ISCPSI/APAV, uma iniciativa cujas receitas revertem na íntegra para a Associação Portguesa de Apoio à Vítima. O valor são 8 euros e podem inscrever-se na corrida de 10km ou na Marcha das Famílias, com 3,5 km.

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas no site ou no Facebook da corrida:
                                                                                                               

66 comentários:

  1. O que mais me espantou foi ver que 78% destas mulheres são licenciadas e já não sei quanto % não precisavam de depender economicamente dos maridos. Não que sejam mais espertas ou melhores do que as outras só porque são licenciadas e ganham bem, mas inevitavelmente a formação dá-nos uma visão mais ampla e uma maior independência... Como é que mulheres assim deixam que nuvens negras façam ninho na vida delas?????

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    1. Baixa auto-estima.
      Os agressores armam-se em vítimas e conseguem convencê-las de que tiveram culpa do súbito mau humor.
      Nem sempre a violência é física, o que torna mais difícil admitirem que estão a ser vítimas de violência doméstica.
      As agressões podem ser espaçadas no tempo e não a toda a hora.
      Enfim. É um assunto muito delicado e que me revolta.

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    2. Compreendo o que dizes mas não concordo a 100% só porque uma licenciatura pode dar-nos uma visão mais ampla das coisas e outros conhecimentos gerais mas não contribui para amadurecer ou alterar a inteligência emocional. Quantas mulheres de sucesso são óptimas em várias áreas à excepção da vida amorosa e parte emocional?
      É aquela coisa do "tem tudo mas não é feliz"

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    3. 8% são licenciadas e 78% não dependem financeiramente dos companheiros.

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    4. Uma disse que ganhava 10 a 15 vezes mais do que o salário mínimo e, pela conversa, dava a impressão de ser médica. Viveu oprimida durante muitos anos pelo marido que nem a deixava conduzir. Também não percebo como é que vivem esta vida de terror ano após ano. Eu, com 10 ou 15 salários mínimos, pegava em mim e nos meus filhos, ia à polícia e depois desaparecia uns bons anos até ter a certeza que ele estava bem preso.

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    5. Para uma mulher com uma boa auto-estima e segurança parece irreal que outra se sujeite a este tipo de barbaridades. Nestes casos (que aparentemente são a maioria)não se trata de dependência financeira mas sim emocional. Tem a ver com as próprias fragilidades que cada mulher traz consigo e que são exploradas ao máximo por estes sociopatas. Por isso é que é mesmo, mas mesmo muito importante não virar a cara e assobiar para o lado, se se conhecem casos destes. Porque o que estas mulheres mais precisam é de ajuda, de apoio de alguém que as resgate do poço emocional onde mergulharam e as façam acreditar em si e que há vida para além daquele inferno. Mostrar-lhes que tem valor. Trabalho nesta àrea e muitas vezes o que me revolta é ver que quem fica em casa é o agressor e as vítimas e filhos tem de fugir como se fossem eles os criminosos. E muita da culpa é da porcaria da segurança social, a quem pagamos fortunas e que nestes casos funciona quase sempre tarde e a más horas. E mudar mentalidades num país machista e cheio de restícios salazarentos também não é para doce. Veja-se o testemunho da população que achou que o Palito era um herói!!!!!!!!?????

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    6. Não é bem assim. Se vai embora perde o emprego. Sou filha de um desses casamentos e sim, a minha mãe é licenciada, médica, engravidou, começou a violência, foi isolada de tudo, quando precisava se ajuda viu-se sem ninguém (é órfã). O pesadelo durou quase 10 anos, ameaças de morte constantes não só a ela mas tb a mim, até que um dia fugiu, com a roupa do corpo, as contas sempre zeradas! É fácil julgar mas bem sempre é uma questão tão linear como à partida parece.
      Obrigada

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    7. Gosto tanto de vos ver cuspir para o ar!! Estas mulheres, na maioria, já sofreram algum tipo de violência na infância, às vezes dos próprios pais que também têem os seus desiquilíbrios e lhes destroiem a auto-estima enquanto meninas, outras sofreram abusos de cariz sexual...A sua personalidade, sejam licenciadas ou não, é vulnerável e o ninho perfeito para se alojarem os agressores. Depois, numa relação, as pessoas costumam dividir despesas, se são melhor remunerados compram uma casa maior, um carro mais caro e assumidos esses compromissos, o que resta para gastos mensais não é suficiente para uma mulher pegar nos seus filhos e bazar...vai viver de quê, vai dar-lhes de comer o quê? Aprendam...façam sempre o vosso pé de meia secreto, porque nunca sabemos com quem dormimos!!
      E não julguem ninguém, se querem ajudar façam-no, mas não julguem ninguém. Conheço muitos casos, num deles o indíviduo cumpriu uma pena grande por maus tratos a toda a família e quando saiu teve o apoio da ex-companheira.

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    8. Caro Anónimo,
      De um modo geral, essas mulheres licenciadas também são casadas com homens licenciados.
      Agora a forma que coloca a sua questão não é a mais correcta, pois está de certa forma a culpar as mulheres por se deixarem ser maltratadas.
      Deveria antes dizer: "O que me espanta é HOMENS licenciados terem estas atitudes e agredirem as mulheres!" Supostamente são seres inteligentes e formados, como é que é possível?! Certo?
      Pois eu neste momento vivo numa situação destas. Comecei a perceber que a minha relação não é saudável. Sou licenciada e ele também, mas para além disso, ele é um excelente manipulador. Conseguiu durante os últimos 7 anos infiltrar-se na minha vida e utilizar estratégias muito inteligentes manipular me em seu proveito.
      Nem sempre a violência deixa marcas visíveis, e quase nunca começa "à pancada". Antes disso o agressor passa muito tempo a "apalpar" o terreno e preparar a vítima para episódios mais intensos. A violência das agressões começa a escalar de forma progressiva até a vítima já não ter como impor barreiras para ser tratada com respeito. A tortura psicológica é como uma arma, o agressor faz tudo para que a vítima acredite que ela precisa dele, é quase uma lavagem cerebral para a manter sempre leal.
      Não é fácil para quem está de fora entender, pois quem sempre teve relações saudáveis não imagina o fosso emocional que estas situações criam à vítima.
      E para quem pensa que todos os problemas se resolveriam se as vítimas fossem retiradas das suas casas e recomeçassem as suas vidas noutro sítio, não é correcto. Essas vítimas provavelmente precisam de acompanhamento psicológico para o resto das suas vidas, para as tornarem fortes e conseguirem acreditar em si próprias de forma a viverem em paz e não voltar para o agressor.
      (Utilizei as palavras “vítima” e “agressor” porque os homens também são vítimas de violência doméstica). Enfim, qualquer pessoa se pode tornar uma vítima, independentemente da sua idade, sexo, profissão e nível de escolaridade

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  2. Tenho quase 25 anos. Entre os 18 e os 23 anos vivi com um bicho violento que me batia e maltratava. Nunca me mandou para o hospital nem nada parecido mas batia-me e doía... No corpo e na alma... Nunca ninguém soube, estive sempre sozinha. Não podia ter amigos, deixei os que tinha, afastei-me da família, era criticada no trabalho por todos por não falar em condições, nem olhar, nem sorrir... Ah como é fácil criticar aquela pessoa antipática que não dá dois dedos de conversa! Ao fim de ano e meio (ainda hoje não acredito que tive coragem de o deixar), continuo a ter pesadelos, estranho a confiança que as pessoas depositam em mim, estranho as pessoas não duvidarem do que eu digo. Tenho o melhor namorado do mundo e acho tão estranho e (a)normal viver uma relação saudável! Acho que nunca acreditei que isso existisse. Sou revestida de cicatrizes psicológicas e acho que nunca vou sarar totalmente mas cicatrizes todos temos, não é verdade? Disto ou daquilo... Não há forma de voltar atrás, portanto é aceitar e viver. Agora sou feliz, extremamente feliz só porque sim. Porque existo, porque sou livre, porque faço o que quero, à hora que quero, com quem quero e o meu mundo agora não tem limites... Força a todas as pessoas que sofrem algum tipo de violência doméstica, que não é só contra a mulher. Força, tenham coragem e tenham esperança numa vida fora daí porque aí NUNCA a hão-de ter!

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    1. Parabéns pela força e por dar o seu testemunho. Pode ser que inspire alguém a sair de uma situação semelhante!

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    2. Parabéns pela coragem! Somos mulheres de armas... eu deixei-o há 10 anos... e também nao consegui "sarar" por completo, mas o tempo ajuda e vai sarando algumas feridas.
      Quando voltei a casar, e ainda durante muito tempo, quando escolhia a roupa que ía vestir de manhã, ainda dava comigo a pensar: "será que posso vestir isto? será que ele deixa?", mas depois "acordava" e lembrava-me que o pesadelo já tinha acabado. Infelizmente vai acompanhar-nos pela vida fora, mas o importante é que conseguimos a nossa liberdade.
      Hojé estou casada há 8 anos, é sim, é possível encontrar uma pessoa "normal", que nos ame e respeite. Ainda que estranhemos por muito tempo...

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    3. Longe de mim querer ofender, insultar ou outra coisa qualquer que possa sentir com a minha pergunta. Mas como é que aguentou 5 anos assim?
      Falar a fingir que estamos na pele dos outros é sempre muito diferente do que viver nessa pele, mas acho que se um homem me batesse, só uma vez que fosse, por mais que gostasse dele, nunca mais ia voltar a ter o mínimo de respeito por ele e deixava-o nesse momento.

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    4. Para responder à questão que toda a gente me coloca: 5 anos? Como aguentaste? Eu també me perguntava como alguém aguentava um dia que fosse viver assim... até acontecer... um insulto, uma desconfiança, uma chapada... Quando damos por ela, estamos tão enterradas numa relação assim que não sabemos por onde sair. Como referi, ainda hoje não percebo como tive coragem... O medo, a certa altura, acaba por nos consumir a alma, não há coragem nem raciocínio para nada. Felizmente consegui, sozinha!

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    5. Normalmente, a violência não começa com pancada. Os sujeitos começam por diminuir a confiança, e o valor da(o) companheira(o). Tanto que a pessoa começa a achar-se incapaz de tomar decisões sem o(a) consultar.
      Embora cada caso seja um caso, as relações nunca são lineares, além de haver sempre a esperança de que o outro mude, os "foi só desta vez"; "tive um dia difícil" e etc são aceites, pelo que também é muito difícil a uma pessoa de fora fazer algo. Se a pessoa atingida não coloca uma queixa mais ninguém o pode fazer.

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  3. Eu vi apenas uma parte... Fiquei maldisposta. Tantos casos e a grande maioria silenciosos. E o silêncio não vem apenas de dentro, como a Pipoca disse... Muitos de nós temos quase tanta culpa no cartório quanto esses agressores. Não podemos fechar os olhos ou fingir que não ouvimos. Também tem de partir de terceiros acabar com tamanha barbaridade. Denunciar a quem de direito. E há que passar mais a mensagem de que ninguém deve suportar isto. Nem pelos filhos, nem por vergonha, nem por coisa nenhuma. É agarrar a coragem que se pode e falar, despejar. Tantas e tantas situações que são suportadas e acabam em morte. Caramba, deve custar... Mas custa, com certeza, muito mais viver num clima de terror, de ameaça, de medo. Muitas vezes, nem os filhos escapam à ira de quem faz dos outros capachos da sua maldade. Isto dá-me cá uma raiva, que só visto.

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    1. Viu uma parte e não viu mais porque ficou maldisposta? Desculpe-me mas estas reportagens têm que ser vistas até ao fim. Não podemos deixar a meio só porque ficamos maldispostas. Inconscientemente está a fechar os olhos a algo que não podemos fechar.

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    2. Não diga barbaridades Anónimo das 12.50. Ainda vivemos em democracia, quem quer vê e quem não quer não vê. Não querer ver não é sinónimo de concordar. Mania que são mais que os outros! Deve ser o salvador da pátria, você!

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    3. Engana-se. Infelizmente, já denunciei um caso assim. Mais houvesse, mais denunciava. Fico maldisposta precisamente por isso. Se leu tudo o que escrevi, sou precisamente da opinião contrária ao que diz.

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    4. Tolerancia e' uma conceito muito importante, em tudo.
      Ha pessoas que sentem empatia muito facilmente, que se poem na pele dos outros quase sem dar por isso e que quase sentem o que os outros estao a sentir/descrever. Por isso, ficam "maldispostas". Esta "maldisposicao" mais concretamente e' ansiedade no sentido clinico (psicologico) e e' algo completamente natural ao ser humano. Estas pessoas talvez sejam aquelas que nao precisam de ver a reportagem ate ao fim, porque "abrem os olhos" mais cedo.
      Ha mais para alem da sua personalidade (umbigo).

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  4. Por acaso ando para fazer um post sobre este assunto à um tempo... Encontrei uma foto com muito significado na net e acho que mostra bem a sociedade em que vivemos, em que se confunde o amor com posse e em que isso chega a um tal nível de obsessão que as pessoas ficam cegas. Magoam fisicamente com medo de serem magoadas emocionalmente... Enfim... É uma realidade triste que só depende das mentalidades e fico feliz por haver cada vez mais campanhas.

    Já agora, deixem o vosso palpite sobre quem é o convidado mistério da primeira edição da revista Cristina:
    http://amigasdoclosetblog.blogspot.pt/2015/03/mortinha-de-curiosidade.html

    Amigas do Closet
    http://amigasdoclosetblog.blogspot.pt

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  5. Mulheres que são vítimas, que têm filhos e que lêem este comentário: abandonem os vossos companheiros. Se não por vocês, pelos vossos filhos que, mesmo não sendo abusados fisicamente, ficam com marcas psicológicas irreparáveis!

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  6. E se ma(ltra)ta não é amor.
    Escrevi sobre isso há um tempo, em forma de ficção, mas de conteúdo real: http://daspalavras.blogs.sapo.pt/gira-discos-144583

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  7. Fiquei muito perturbada...demais

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  8. Também vi a reportagem. E houve um pequeno diálogo entre a jornalista e uma menina, que foi mais ou menos assim:
    Jornalista - Quando fores grande, queres casar?
    menina - Não.
    Jornalista - Porquê?
    Menina - Porque não quero passar muitos dias no hospital.
    O que uma menina inocente pensa do casamento, fiquei em choque.

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  9. Acho que é mais importante mandar a mensagem "não se deve agredir". É importante educar homens e mulheres que NUNCA se deve bater, que não se deve fazer terror psicológico a qualquer pessoa. Não ponham as culpas nos terceiros nem nas vítimas. A culpa é dos agressores ponto final

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  10. A todos os que vêm comentar "elas é que os deviam deixar", "elas é que são estúpidas", pensem um bocadinho antes de escreverem barbaridades. Ponham-se na situação: conhecem uma pessoa maravilhosa, apaixonam-se, depositam toda a confiança nela. E um dia acontece, vem a primeira agressão. A segunda, a terceira.
    Não digam que "saía logo dessa depois da primeira" porque não sabem. Não sabem se lá estiveram. Contrariem a ideia de que a vítima é que tem culpa e depositem a vossa raiva nos agressores. Apoiem penas mais pesadas para esses e uma maior educação (desde crianças) que os seres humanos são para ser respeitados.

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    1. Exatamente!!! Também poderia dizer que "ah se um homem me batesse deixá-lo-ia logo", mas não é assim tão simples. Sou uma romântica inveterada e sei que, se amasse o homem em questão e tivesse investido na relação, não seria assim tão fácil deixar tudo. Acreditaria sempre que ele acabaria por mudar e que o amor tem os seus contratempos. Se isso faz de mim fraca? Talvez, mas pelo menos também sou realista. Muitas vezes não é preciso haver filhos no plano para deixar a situação arrastar-se.

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  11. Comecei a ver a reportagem, mas às tantas não consegui mais. Existem vários casos que não compreendo e pergunto-me porque é que as mulheres continuam naquilo. Mas consigo ter a noção de que não é fácil, não é mesmo nada fácil. Só queria que todas percebessem que existe sempre uma solução e alguma coisa a fazer!

    http://entreosmeusdias.blogspot.pt

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  12. Não tinha visto! Vi agora o video e estou a limpar as lágrimas que me caíram pela cara abaixo.
    O agressor, o manipulador sai sempre impune. Assustou-me as pessoas continuarem com a mentalidade de "entre marido e mulher ninguém mete a colher". Claro que mete! As pessoas têm de começar a denunciar.
    As vitimas essas têm de ter muita força e pedir ajuda( não é fácil eu sei), denunciando o agressor. Porque assim a cada dia que passa mais marcas vão ter de agressões físicas e psicológicas, mais medo terão....... e continuando não são minimamente felizes, saindo dessa vida têm uma hipótese de conseguirem isso. É longo o caminho que têm de percorrer, não é fácil, psicologicamente, têm de se levantar aos poucos, passo a passo.Deixar no nosso disco rígido num cantinho bem guardado, fechado ás chaves e de preferência, atirem-na ao rio. O passado não podemos alterar, o presente esse pode ser alterado, modificado e o futuro esse ainda lá vem, e de certeza bem melhor do que quando estavam com alguém que as maltratava.

    Há pessoas com graves problemas do foro psicológico e nem sabemos, aos olhos dos outros são cordeiros, mas por trás dessa pele, está um lobo muito mau.E isso assusta!

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  13. Estão a colocar as questões erradas.
    As questões correctas não são "como é que se aguenta uma coisa destas?" ou "porque é que não o deixou?", mas sim porque é que pessoas que estão de fora não fazem nada para ajudar? Porque é que muitas vezes nem a própria polícia intervém? Porque não existe um quadro legal verdadeiramente pesado para os agressores, que os afaste de vez das vitimas em vez de serem elas a ter de fugir, de se esconder, de mudar de vida... ?? Se calhar, se todos nós nos habituar-mos a fazer essas perguntas, alto e a bom som, a todas as entidades que possam realmente "fazer algo para acabar com isto de vez", em vez de olhar para o lado ou desligar a televisão.. se calhar nessa altura conseguimos começar realmente a mudar algo.
    É que isto, pelos vistos, parece difícil de entender: a única pessoa a fazer algo de errado numa situação de agressão é o agressor. O agressor. Parem de perguntar às vítimas porque é que não agiram de outra forma.

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    1. Não sei se sabe, pelo seu comentário não, mas por vezes quem está de fora faz a queixa, tenta ajudar, a polícia intervém, tenta-se retirar a vítima daquela situação e a vítima simplesmente não quer. Por mais que os outros a tentem ajudar.

      Outros casos acabam com a vítima a visitar o agressor na prisão e quando ele sai voltam para ele. E quem está de fora vai fazer o quê?

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    2. O meu pai e o meu tio tentaram ajudar a minha tia, que tinha um braço partido por violência doméstica, fizeram pressão para que o caso fosse a julgamento rapidamente... E a minha tia, no dia do julgamento, disse ao juiz que tinha caído nas escadas...

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    3. Bom dia. Penso realmente que não devemos julgar os actos de forma simplista das vítimas de violência. Penso que se abrirmos bem a nossa mente em qualquer altura da nossa vida conheceremos esses manipuladores, pode ser bo trabalho,na familia, nas amizades,no trabalho e naquela pessoa que achavamos ser o nosso grande amor e devemos sim sensibilizar desde tenra idade que eles existem....acabar com a mentalidade de que vítima e vítima....estamos a falar de seres humanos com desejos, medos. Também estou de acordo com certas pessoas que falam de empatia,eu sinto me uma delas...mas também por experiencia que quando tentei ajudar o manipulador e tao perspicaz que ate a mim me soube embobinar....eu própria já vivi uma relação de violência emocional, a minha primeira, e sinto o quanto e difícil despregarmo nos dessas pessoas,mas eu senti tanta raiva que essa pessoa passa s a vida a humilhar-me que me desprendi....eu acho que desde o início os sintomas estavam ali diante dos meu olhos,mas só agr com o tempo e que os vejo mais claramente....deixo aqui a minha opinião:ouçam a vossa voz interior desde o início...se sentirem em vos que alguma coisa e estranha que não bate certo,que ha reacçoes bizarras...pensen bem e coloquem-se esta questão crucial:eu sou feliz? Claro que e mais fácil falar do que agir e entra em jogo muitos sentimentos e acções mas desde o início duma relação que deveria mos atender a "esses sinais" que estão la....sou de acordo com a ideia de que existen sim, pessoas incapazes de ver que o vizinho ou a amiga sofre de violência....deixemos de tapar os olhos e digamos stop a violência!

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  14. Durante toda a reportagem só pensava num episódio da minha infância.
    Lembro-me de ter uns 6 anos e de a minha mãe me dizer que tinha que mudar de médica porque a minha não ia voltar mais e explicou, não sei se fez bem ou mal, o motivo.
    A minha médica namorou com um iraniano. Enquanto namorava era um mar de rosas, uma felicidade sem fim... até ao dia em que casou e passou a viver num Inferno. Ela prestava-lhe uma obediência cega e, entre muitas outras coisas, ele batia-lhe e, como se não bastasse, quando iam ao irão, ou quando a família dele vinha cá, não sei se por ser hábito na religião deles (muçulmana), ela também lhes prestava obediência e, se fosse preciso, também apanhava da família dele. Tudo o que ela fazia era controlado por ele e pela família dele.
    Ela aguentou muito tempo e chegaram a ter dois filhos. Até que um dia, o "monstro" chegou a casa e... nem mulher, nem filhos. Ela fugiu com os filhos, levando apenas dinheiro, e desaparecer no mundo. O "monstro" ainda anda por aí, mas nunca mais ninguém soube nada dela, nem dos filhos.
    Como disse inicialmente, não sei se a minha mãe fez bem ou mal em contar-me esta realidade cruel tendo eu uns 6 anos... o certo é que despertou em mim uma atenção especial sobre este assunto e lembro-me perfeitamente de, nesse dia, mais à noite, ter ido dar um "aviso" ao meu pai para que ele nunca nos batesse porque eu não queria ter de fugir sozinha com a minha mãe.
    Sei que é muito difícil tentar entender como é que estas situações acontecem e, como foi dito mais acima, como é que as mulheres se sujeitam a estas vidas, mas a verdade é que a nossa mente é muito complicada, por vezes não dos deixa ver e leva-nos por caminhos sinuosos... Cabe a quem está de fora interferir sempre que se deparar com casos destes, porque quem vive nestas situações não consegue ver.

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  15. Se algum dia algum dos maridos das minhas irmãs meter as unhas numa delas quem vai para ao hospital é ele.
    Sei que violência não deve gerar violência e vou assumir todas as consequências dos meus actos, mas zelo por todas as mulheres da minha família, especialmente pela minha esposa e pelas minhas irmãs.

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    1. Comigo é igual. Se vier a saber que o meu cunhado se arma em cabrão e toca na minha irmã ou nos meus sobrinhos ele vai levar uma dose que não se levanta tão cedo. E se continuar a insistir, estrago a minha vida e vou criar raízes na prisão mas ponho-lhe sete palmos de terra em cima.

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  16. Vi a reportagem toda com um nó aflitivo na garganta. Há coisas que parecem impossíveis mas que muitas vezes acontecem na porta ao lado da nossa. Assustador. :(

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  17. Tocou-me uma senhora idosa mais no fim que não estava arrependida por ter dado uma machadada no marido para defender os filhos e a si própria. É triste uma pessoa ser forçada a ter sangue nas mãos para ter um pouco de Paz na sua vida. Ninguém devia passar por isso...

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  18. Tenho uma familiar que sofreu violência doméstica durante anos. Ela e os filhos. Segundo ela, sofreu todos os tipos de violência, coisas que envolviam facas encostadas ao pescoço, por exemplo. Há mais de um ano que se divorciou. No entanto, há poucos meses voltou para ele...

    Eu percebo que devemos denunciar a partir do momento em que sabemos que um familiar, amigo ou vizinho é vítima de violência doméstica, mas no caso deste meu familiar, faz-se o quê?? Denuncia-se para ela voltar a correr para os braços dele?

    Espero que não existam muitas situações como esta que descrevi. Espero mesmo que seja um caso isolado. Espero que todas as mulheres que se consigam livrar desses monstros tenham finalmente paz.

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  19. Em situações de dependência económica o problema é ainda maior, porque, muitas vezes, as mulheres até se querem libertar, mas não sabem como. Depois há os filhos que não podem ficar para trás e não há dinheiro sequer para os sustentar! Quanto aos filhos, as sequelas são o stress pós-traumático. De chegar ao ponto de, quando temos que ir a casa dos pais ficar com uma ansiedade e uma tristeza inexplicáveis só de penser que tem que se lá ir. Para as mulheres destes maridos é mau, muito mau. Mas para os filhos também não é fácil. É um estigma para a vida. E, no entanto, é usar todos os dias uma máscara, aparecer sempre de cara lavada no trabalho e junto dos amigos, como se nada fosse. É duro muitas vezes encarnar esse papel, mas é o único de que nos vale. E, muitas vezes, o dizer que há sempre solução e que há apoios e que há isto e aquilo não passa de conversa fiada. Só quem está por dentro duma situação destas é que consegue avaliar, pois o problema maior não é a sequela física, mas o todo um problema psicológico que se desenvolve à conta da situação de violência. Quase que encaramos a violência como se fosse normal e como se fizesse parte das nossas vidas. Apenas temos de ter a força interior de dizer BASTA! BASTA!

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  20. Se há uma coisa que fazemos mesmo bem neste país é reportagem! Deviam ter mais reconhecimento mesmo a nível internacional porque é um motivo de orgulho a forma como são feitas as reportagens em Portugal, sempre que aparece assim uma reportagem eu nunca deixo ver porque são sempre trabalhos fabulosos!
    Bj S

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    1. Já ganhamos vários premios internacionais com algumas reportagens nossas.

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  21. O mais triste é ver jovens nesta situação. Mulheres sem posses, com cultura assimilada de submissão, com filhos e total dependência do companheiro, entende-se (não se aceita, mas compreende-se) que se submetam a maus tratos.
    Agora jovens... faz-me uma impressão como alguém se deixa dominar assim. E conheço casos de meninas/adolescentes que, ao serem agredidas na via pública pelos namorados, ainda se viraram a quem as foi defender.

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  22. É muito difícil sair de uma situação destas... Sou uma das mulheres licenciada e financeiramente independente que não conseguiu sair da situação durante mais de 3 anos. Para além da violência física que um dia levou-me ao hospital, existe a violência psicológica... Certas pessoas conseguem fazer-nos sentir o melhor e o pior do mundo numa questão de minutos. Eu sabia que estava errado, que estava mal, que não tinha de ser assim e que muito menos merecia viver aquele terror... mas era muito difícil sair... umas vezes por acreditar que tudo podia mudar e outras pelas constantes ameaças que ouvia. Começamos a deixar de sorrir, a afastarmo-nos da família e amigos e a acreditar nas barbaridades que ouvimos.
    Bom, mas eu consegui sair da situação. Consegui fazer queixa na polícia, ver o caso ir a julgamento e ver a condenação ser feita!
    Agora essa fase não é nada fácil... tive de relatar com todos os detalhes diversas vezes o que aconteceu (e foi muito doloroso relembrar tudo), fui examinada por médicos, andei escondida em casas de amigos e familiares durante vários meses e sem sair à rua (apenas casa e trabalho) até a outra pessoa ser intimada pela polícia e receber uma pulseira electrónica.
    E depois da condenação? Sim, ainda existem pesadelos, (demasiadas vezes) a cabeça foge para tudo o que aconteceu mas aos poucos voltamos a sorrir, ganhamos confiança e acreditamos que ainda vamos ser muito felizes.
    Mas o mais importante é PLANEAR e AGIR. Por favor, se alguém que estiver a ler estiver em situação em algo semelhante ou souber de terceiros, AJAM! Vai ser preciso muita força e muito apoio, seja familiar ou de instituições. Vocês têm de perceber o que me levou 3 anos a entender: NÃO ESTAMOS SOZINHAS! Acreditem que com tempo tudo se resolve. Mas não continuem nessa situação. E acreditem também que, apesar de (alguns) defeitos do sistema judicial e policial português, existem um grande alerta para estas situações e os organismos já estão preparados para lidar com estes casos.
    POR FAVOR, FALEM COM ALGUÉM E ACREDITEM QUE AINDA VÃO A TEMPO DE SER FELIZES.
    Ana, muito obrigada por abordar o tema e permitir que possa, ainda que anonimamente, tentar ajudar alguém como um dia me ajudaram.

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  23. A violência doméstica é um flagelo social que afecta a estrutura da família desde a sua raíz até que um dia alguém, por livre iniciativa ou não, denuncia.
    A APAV desenvolve um trabalho notório e digno de nota, pese embora os poucos recursos com que trabalha. Segundo sei, até porque já participei na prova, a escola que forma os oficiais de polícia desenvolve todos os anos parceria com a APAV, realizam uma corrida e uma caminhada e promovem o desporto para uma causa solidária.
    Este ano vou uma vez mais contribuir e participar na corrida dos 10km. Seja através desta iniciativa, ou outras, o que importa mesmo é darmos um passo em frente e contribuir para quem, efectivamente, não pode fugir. Não nos limitemos a ter pena das vítimas!
    Eu corro por esta tão nobre causa, e podem crer que denuncio se tiver conhecimento de um crime de violência doméstica.

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  24. Namorei, há uns 5/6 anos atrás com um ser (nao sei dizer se racional ou irracional ainda) que, nas últimas vezes em que estive com ele me tentou agredir fisicamente. Numa discussão sem pes nem cabeça, gritou um "tu não me conheces verdadeiramente" e dirigiu-me um soco, que eu travei. Agarrei-lhe o braço, não sei de onde veio a coragem. Desde o início - a nossa relação durou cerca de 3 anos - que me controlava. Honestamente nunca tinha reparado nos detalhes, ele criticava esta é aquela pessoa e eu ia me afastando. Dei por mim sem amigas e principalmente sem amigos. Não podia falar, sorrir ou olhar para ninguém. Chegou a seguir-me até casa. Tivemos discussões dia sim- dia sim no último ano da relação. Ele maltratava-me sobretudo com violência psicológica. Na altura era uma miúda, não percebia o que se estava a passar. Quando me consegui ver livre dele, passei anos -sim, anos- sem conseguir dirigir a palavra a qualquer homem. Fui incapaz de retomar a minha vida. Andei mantida a medicamentos durante muito tempo, e há umas semanas comecei a conseguir sair à rua sozinha. Como é obvio fui alvo de várias ameacas. A pessoa em questão acabou por ser internada, descobriu-se que sofre de uma doença mental, como eu sempre disse. Mas entretanto ficaram as mazelas, as dores, a procura sem fim de sinais em todos os homens que se tentam aproximar de mim de possíveis semelhanças com o do passado, de maneira a prevenir o regresso a ele. Eu acho que as pessoas não são capazes de imaginar o que é verem a pessoa de quem gostam de repente virar um monstro. Esse meu ex namorado com certeza ainda e hoje a pessoa mais romântica que conheço. Mas sem dúvida que tem dentro dele um monstro que toda a gente desconhecia. De um encanto passou para um espanto total. Relembrar-me, e escrever tudo faz-me, ainda hoje sentir o que na altura senti. Ficamos como vegetais, incrédulas, e uma dor profunda e irreversível. A ideia - ainda que alimentada durante anos, no meu caso já o conhecia ha 4anos antes de começar a namorar- morre naquela fração de segundo. Já passaram 6anos. Já sai à rua sozinha. Com muito medo, sempre a olhar para trás, mas consegui. Consegui voltar a namorar, tento todos os dias confiar nele, e já somos felizes há uns meses, mas o medo de voltar a passar por tudo não morre nunca. Só quero frisar que passaram anos, anos até voltar a criar amizades (e apenas isso) com homens. Namorar então estava fora de questão! Por isso mães, pensem em educar os vossos filhos a respeitar as mulheres. Seres que em tudo são iguais a eles, a exceção do sexo. É horrível como em pleno século XXI a mentalidade não tenha evoluído, que não se saiba agir em vez de se dizer "coitada, era boa mulher, não merecia". Facam queixas! Liguem para as autoridades se ouvirem vizinhos a discutir. É melhor serem chamados/as de intrometidos/intrometidas do que cúmplices.

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  25. A violência doméstica é um problema que pressistira no tempo se a lei não mudar e inverter a visão das coisas. As respostas sociais e institucionais falham porque não acompanham os progressos da lei. Crime público, ao contrário do que se pensa; não salva vidas. Imagine como reagirá um agressor ao receber notificação do tribunal e a vítima estiver a seu lado? Levará certamente a maior sova da vida e pode culminar em tragédia. A APAV fala muito e age muito pouco. Recebe dinheiro estatal e funciona com voluntários e estágios a custo zero para não terem resposta ao nível do acolhimento, que é o mais importante para a vítima. Não vi a reportagem, mas trabalho com estas situações diariamente. Há muito o preconceito que a vítima apanha porque quer e que é fraca, mas eu garanto que elas eram iguais a mim e a ti até lhe aparecer aquela pessoa na vida! A lei dá poder ao agressor e o sistema culpa a vítima e foca toda a exigência da mudança na vítima quando o grande trabalho a fazer é no pólo oposto. Enfim, longo caminho a percorrer, o que significa que muitas vidas ainda serão sacrificadas!

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    1. Gostaria de saber mais concretamente a que se refere com " a APAV não tem resposta ao nível do acolhimento "

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  26. Tinha terminado com o meu namorado há cerca de um mês quando ele me agrediu. Acredito que a minha sorte foi estar acompanhada por um amigo que acabou por o afastar de mim. Nas semanas seguintes, andei sempre acompanhada por um ou dois amigos porque as atitudes violentas continuaram e ele ia para onde quer que eu fosse, praia, bares, restaurantes, etc.
    Até que um dia decidi ir falar com ele, cara a cara e sem medos. Era uma mulher de 22 anos, e não podia nem devia ter de tolerar viver com medo, queria a minha liberdade de volta! Não tinha cometido nenhum crime, para de repente ter de viver presa na minha própria vida!
    Nesse dia, discutimos bastante e mais uma vez ele atirou-se a mim. A mãe dele ouviu os meus gritos e acabou por nos separar. Uns dias mais tarde a senhora, que também sofreu de violência doméstica durante largos anos por parte do ex-marido e pai desse meu namorado, culpou-me pelo que tinha acontecido, disse que eu é que provocava as situações. Nunca me senti tão pequenina. Como era possível aquela pessoa que chegou a ter uma arma apontada à cabeça pelo ex companheiro, conseguia dizer-me que eu levar murros, empurrões, etc. era culpa minha?! Como??? Ainda hoje não consigo compreender...
    Actualmente passaram quase três anos, e depois de uns tempos afastados o meu ex voltou a estar presente no meu grupo de amigos (fazemos parte de um grupo de amigos que se conhece há cerca de 15 anos). Nunca nenhum de nós assumiu uma nova relação, ele continua a demonstrar que quer voltar a estar comigo e não vou mentir, por vezes aproximamo-nos e acho que poderia dar certo, talvez tentar uma segunda vez. Ele pode estar diferente, ter crescido, qualquer coisa...mas rapidamente volto à realidade e abandono estes pensamentos que não passam de ilusões e sonhos absurdos.
    Não é fácil, e eu não quero, nem consigo imaginar como será viver o que tantas e tantas mulheres vivem. Por isso digo basta! E mesmo que seja difícil temos/tenho de seguir em frente e perceber que a pessoa que amámos não existe mais. Merecemos ser felizes e encontrar alguém que nos respeite e ame de forma saudável.

    A todas as mulheres que vivem situações parecidas com as da reportagem, procurem ajuda! Mesmo que acreditem que não têm maneira de sair dessa relação, acreditem que actualmente existem associações que ajudam no que for preciso, inclusivé com alojamento e apoio jurídico. Não estão sozinhas, e não se sinta envergonhadas pelo que suportaram e viveram, ninguém pode nem deve julgar-vos! Os únicos que merecem e devem sentir vergonha, são os agressores, esses sim, merecem sem julgados e condenados!
    Se suportam dias, meses e até anos de maus tratos caladas é porque têm força. Usem essa força não para se esconder, mas para se mostrarem como mulheres que merecem ser valorizadas e respeitadas!

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    1. Não voltes porque dificilmente ele mudou. Ainda mais se souberes que ele não procurou ajuda (médica ou outra) para se debater com os seus próprios fantasmas, não voltes! As pessoas não mudam de um dia para outro sem mais nem menos. É só ele sentir que "lhe pertences" que volta ao mesmo.

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    2. Não tentes novamente...

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  27. Uma vez intercedi por uma mulher e o marido ainda teve a lata de me vir ameaçar e avisar para não me meter. Não me deixei ficar, levou logo com um aviso de volta. Nem que me ameacem eu não me calo. Se tiver que meter a colher e denunciar, faço-o.

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  28. OK, a minha história é muito curta. Curtíssima. Nada de especial até. Tive um namorado, o meu primeiro, com 18anos. Ele era demasiado ciumento, não me deixava olhar para ninguém, falar com ninguém, nem com os amigos de sempre. Eu Tinha um part-time na altura que era de atendimento ao público, todos os dias discutia comigo porque atendia esta pessoa ou aquela, não entendia que era trabalho. Dizia-me coisas sem sentido e magoava-me fisicamente, ou porque me apertava a mão com força, ou o braço… eu avisava sempre que me estava a magoar mas só quando o momento de raiva passava é que pedia desculpa, que não media a força mas que não era propositado. Nunca chegou a violência propriamente dita, também não deixaria. Entretanto mudei de cidade por causa da faculdade e sentia-me melhor longe do que perto apesar de gostar muito dele. Agora penso que a faculdade provavelmente me livrou de uma situação que podia evoluir para pior…

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    1. " Nunca chegou a violência propriamente dita, ..." Irra! se te apertava a não com força ou o braço é violência propriamente dita...

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    2. Pois,
      Por vezes quem está num relação destas não percebe o que é violência e o que não é :(
      Também já me questionei sobre o mesmo:
      http://100marcas.blogs.sapo.pt/perguntaram-me-1807

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  29. Um trabalho simplesmente INCRÍVEL! É horrível pensar que existe gente neste país com uma mentalidade tão pequena e retrograda que é capaz de aplaudir e chamar de herói um homem que é capaz de matar alguém conscientemente.
    Para uma futura jornalista esta é sem dúvida alguma uma das melhores reportagens que já vi e acima de tudo um exemplo.

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  30. Não consigo deixar de pensar naquelas crianças: meninas que dizem que não querem casar, porque o casamento é passar dias no hospital, meninos que dizem que esperam não ser assim quando crescerem, mas não sabem se vão conseguir...

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  31. Em relação ao gráfico da corrida, a 'Maria' não consegue fugir mas mudou de sexo. Ora cá está uma solução criativa e peremptória.

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  32. Estou praki a chorar que nem uma madalena, choro choro e choro. Principalmente por aquela senhora que em defesa própria o matou e foi presa por isso.. Choro e choro e choro..

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  33. Acho que esta situação só se reverte com a mudança do enquadramento legal: mais penas e mais pesadas; indemnizações avultadas pagas pelo atacante à vítima (para além de as ajudar a recomeçar com a vida, esta medida era capaz de os pôr a pensar duas vezes); e um registo nacional de condenados por violência doméstica aberto para consulta ao público. No caso da actriz Maria Zamora, o ex-namorado já tinha sido condenado por violência e tinha outro processo a decorrer e ela só descobriu isso quando ela própria já era vítima de violência...

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  34. Violência doméstica é também o companheiro que te chama gorda,que te rebaixa e humilha,que nao ajuda nas tarefas domésticas e se sents no sofá a ver um jogo enquanto tu tiras a loiça da máquina,dás banhos e fazes o jantar.violência é o tipo que não gosta dos teus pais,que te quer afastar deles,que não gosta dos teus amigos,que vasculha o teu e-mail e telemóvel, etc...violência psicológica é muitas vezes pior que fisica! Sair disso quanfo se tem filhos,casa para pagar,emprego a ganhar miseravelmente....não é a coisa mais fácil do mundo,não pensem!

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Teorias absolutamente espectaculares

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