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E depois somos mães e muda tudo

quinta-feira, setembro 04, 2014
Quando antes era anunciada a morte de uma criança acho que a notícia me passava um bocadinho ao lado. Não me era indiferente, mas sentia, talvez, apenas uma empatia momentânea. Mas não passava disso. Um "oh, coitada, não merecia", e seguia a minha vida. É normal, não nos conseguimos ligar emocionalmente a todas as tragédias diárias, criamos os nossos próprios mecanismos de defesa para não vivermos em permanente angústia. Mas depois fui mãe. E, caraças, como isso muda tudo. Notícias de pais que maltratam filhos, notícias de crianças que vivem em condições desumanas, notícias de crianças que morrem em acidentes ou de doenças. A cada notícia salto imediatamente para o outro lado, visto o papel da mãe que fica sem o filho e há um nó que se instala no estômago e demora a sair. O tema fica ali em loop na minha cabeça, custa a desaparecer, só quero apertar o Mateus e gritar-lhe "atreve-te a que te aconteça alguma coisa! Atreve-te". É uma merda, não temos controlo sobre coisa nenhum, mesmo quando achamos que sim, ou mesmo que nos esforcemos muito, muito para que isso aconteça. Ontem a Nonô, a menina que toda a gente conhecia pela sua luta contra o cancro, acabou por não resistir. Portugal inteiro foi acompanhando a história, numa enorme corrente de esperança. Não foi suficiente. Não foi há muito tempo que encontrei a tia da Nonô, a querida Lara Afonso, e lhe perguntei como estava a menina. Com um sorriso enorme, que me parece característica das mulheres daquela família, disse-me que estava a melhor, que estavam com esperança na recuperação total. E agora isto. Soube da notícia ontem e está aqui a martelar-me o coração, tal como quase todas as notícias que envolvem crianças. A vida fica muito melhor depois de termos filhos, mas também fica mais dura. Precisamos de outro estofo.

34 comentários:

  1. Não ha direito. :(
    Sandra

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  2. É que mexeu mesmo com toda a gente.. :(

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  3. Que descanse em paz. Que menina mais linda e guerreira. Muita força para os pais. :'(

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  4. Estas notícias partem-nos o coração. :(

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  5. Sinto igual, igualzinho. Estava a pensar exatamente no mesmo antes de ler o seu post o que motivou este meu primeiro comentário no seu blog que há muito acompanho. Susana (mãe desde fevereiro de 2013)

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  6. É exatamente isso...quando somos mães tudo muda. Hoje, quando o meu filho da mesma idade que a Nono veio a correr dar-me um beijo ao acordar, senti um aperto no coração, lembrando-me da mãe Vanessa que não tem a sorte que eu tenho, que perdeu a sua filha...que não mais poderá abraçá-la, beijá-la, vê-la crescer. É uma merda de uma injustiça que uma criança tenha de sofrer, estar doente e morrer cedo demais...não devia acontecer...

    http://thelusofrenchie.blogspot.pt

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  7. É mesmo isso... A mim, que ainda incubo o meu, só me apetece lá mantê-lo, guarda-lo lá onde tem tudo à mão e nada, aparentemente, o magoa. Mas, diz que não pode ser, que é preciso que saia para este mundo, meia volta louco, e que o ensine que a vida, às vezes, é mesmo uma merda.

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  8. Desde que soube, e sempre que leio alguma notícia sobre a Nono, sinto o corpo dormente e um nó na garganta.
    Sou mãe de dois e só de imaginar o sofrimento destes pais (sabendo que a imaginação não chega ao nível da dor real)...apetecia-me bater em alguém...
    Bolas!

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  9. sinto exatamente o mesmo pipoca...

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  10. 500% de acordo contigo!!! Vivo em pânico e poder pensar que uma destas doenças maldita possa atacar o meu rebento

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  11. Não sou pai, sou tio mas a sensação é parecida. Quando não existe algo semelhante - neste caso uma criança - na nossa vida, parece que é algo que não afecta tanto, como referiste mas depois tudo muda. Neste caso em particular, foi um choque mais intenso porque acompanhei o caso com uma proximidade maior do que em muitos outros. E houve uma mudança "radical" no rumo que a luta estava a levar.

    É impossível não ficar emocionado com o exemplo da Nono e não querer ir a correr para estar perto, no meu caso, da minha sobrinha que amo como se fosse minha filha.

    homem sem blogue
    homemsemblogue.blogspot.pt

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  12. É mesmo isto que escreveu... somos mães tudo muda, NÓS mudamos....sinto precisamente o mesmo e hoje estou ansiosa pelo fim do dia para abraçar o meu Amor pequenino.
    Aproveito, sabendo que não se importa, para desta forma apresentar a esta família, a esta MÃE, o meus sinceros sentimentos e a esta MÃE desejo toda a força do mundo e coragem e que lhe sirva de conforto saber que o seu bebé é agora um anjo e que está em Paz, a descansar, o seu descanso tão merecido depois da batalha tão dura e injusta que travou enquanto esteve entre nós e que ela sabe o quanto é e foi amada pela sua família.
    Não consigo escrever mais sem chorar... que mundo tão cruel o nosso, a esta mãe e a todas as mães que perdem injustamente o seu bem mais precioso, os seus filhos, coragem..... beijinhos. Joana

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  13. Patricia Aniceto Carvalho04 setembro, 2014 14:34

    Se soubesse escrever como tu podia bem ser eu a escrever este texto!!! Revejo-me nele a 100%. Um dia uma amiga disse-me quando eu estava grávida "ter um filho é assinar um contrato com a angústia para o resto da vida". Achei aquilo a coisa mais estúpida que já tinha ouvido! Mas depois de ser mãe, tal como dizes, muda tudo! É a maior felicidade, mas também é muito angustiante! E quando vejo casos destes sinto-me tão pequenina neste mundo, sinto-me tão incapaz de proteger o meu filho de todos os males!

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  14. É isto, sem tirar nem pôr!
    Eu acompanhei de perto a luta do Rodrigo, e quando ele partiu custou-me muito...a partir dessa altura tentei não me ligar tanto a estas coisas, olhar para o lado e fingir que estas coisas não acontecem, sempre que via páginas disto e daquilo nem sequer abria. De certo modo é um egoismo eu sei...
    Mas a Nono estava diariamente nas bocas do mundo no facebook, os pais lançaram um livro, era impossivel não saber quem era a Nono, e a Nono faz-me lembrar muito a minha filha fisicamente, e também a minha filha tem 5 anos e adora a cor rosa...Por isso quando soube da notícia, eh pá nem há palavras...só me apetece chorar...chorar por alguém que não conheço, chorar por uns pais que perderam um filho, merda para isto, ninguém merece...

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  15. Mesmo... é inevitável pensarmos nos nossos filhos! :(
    Sem palavras!...

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  16. Sem dúvida, precisamos mesmo.

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  17. Pois é pipoca abriste os olhos e descobriste que a vida não são apenas malas e sapatos!

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    Respostas
    1. Não foi preciso ter um filho para o descobrir. A vida é tudo aquilo que quisermos que seja, incluindo malas e sapatos. A maternidade abre-nos, definitivamente, novas perspectivas, mas não exclui todas as outras. Pelo menos no meu caso. E ainda bem que assim é.

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    2. menos muito menos! Não é dia para a estupidez que sai dessa boca!

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    3. Quando a vida não for só malas e sapatos é que vai ser complicada!!

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    4. Como é que é possível, a propósito de um assunto tão triste, ainda haver espaço para tamanhas alarvidades? Mas será que as pessoas só estão bem a criticar?

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  18. Quando me deparei hoje com a noticia, foi quase automatico o escorrer das minhas lágrimas...tenho uma bébe com 6 meses, que considero sem sombra de dúvida o meu bem mais precioso, portanto, não quero imaginar sequer a dor destes pais...que Deus lhes dê a maior força deste mundo, para puderem eles sobreviver a uma dor e perda tão grande...

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  19. Que comentário estúpido o seu. Custa a crer que num momento destes, onde se fala da morte de uma criança, existe alguém tão parco de sentimentos que ainda consiga destilar veneno, por muito pouco que goste da bloger.

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  20. Realmente a vida é uma merda... Eu "luto" à dois anos para ter um filho, tratamentos para frente, tratamentos para trás, duas gravidezes e dois abortos. perdi os meus bebés antes de os poder abraçar e lhes poder sussurrar ao ouvido "Amo-te". Os pais da Nonô e, outros tantos, abraçam os filhos amam-nos acima de tudo e depois, o filho da p... do destino leva-lhe os seus "bebés". sinto-me tão revoltada e desiludida... E esta revolta cresce mais ainda quando "vejo" aqueles seres repugnantes a quem não se pode chamar mãe ou pai, a matar, mal - tratar e vender os seus filhos. Enfim... se existe Deus gostaria só de lhe perguntar Porque é que faz isto... Desculpe o desabafo...

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  21. É mesmo isso que dizes.
    Quando se tem um filho, as coisas tomam outra perspectiva...

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  22. hj não sai o nó da garganta e a lágrima ao canto do olho...ontem abracei a minha pequena quanto pude e só pedi a deus q a protegesse...instala-se o medo de que algo semelhante aconteça com os nossos filhos...mas não podemos viver assim...temos de aproveitar todos os momentos juntos..

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  23. Ainda não sou mãe, mas quando vi a noticia ontem, deu um nó na garganta

    Sónia
    www.tarasemanias.pt

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  24. Tal e qual... sou mãe de um menino de 7 meses e a noticia da Nono partiu-me o coração em pedaços...

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  25. Não acho que eu seja muito parecida com Pipoca a vários níveis, discordo de várias das coisas que ela diz, mas acho interessante conhecer outras perspectivas (e também perspectivas iguais, porque concordo também com várias coisas). Seja como for, venho muitas vezes ao blog, porque há temáticas em que a escrita me faz rir, e rir, e fico dias a rir-me quando me lembro. Assim, não me qualifico para advogada de defesa, mas ao ler o comentário das "malas e sapatos", não pude ficar calada :) Já enviei um ou 2 mails à Pipoca com temáticas dessas mais "fúteis", e não cheguei a obter qualquer resposta. Mas no ano passado, ao perder também a minha Nonô, recebi palavras de carinho da Pipoca, e ela ainda nem sequer tinha conhecido o Mateus ao vivo :) Por isso sim, claro que as coisas mudam depois de sentirmos o amor por eles a crescer de dia para dia, mas já havia aí muito potencial ;) Já não lhe passava ao lado... E obrigada por este post. Acho que dentro da tristeza e saudade imensa, a mãe Vanessa será confortada por todos os posts, todo o "Côderosa" pelo facebook, e todas as palavras de familiares, amigos, e estranhos! É poderoso sentirmos que os nossos pequeninos tiveram uma vida curta, mas de alguma forma mudaram algo no mundo. E esta corrente avassaladora vai ajudar a curar um pouco melhor os corações... Bem sei como ainda hoje pego em cartinhas escritas por desconhecidos à minha Nô, ou desenhos de crianças que nunca a viram, e choro não só de saudade, mas também de orgulho. Porque nós que ficamos sem os nossos filhotes, não podemos sentir orgulho das gracinhas, das aprendizagens deles no dia a dia... Resta-nos orgulharmo-nos do que eles fizeram em tão pouco tempo por cá, e do quanto eles foram tocando as pessoas. O resto, é um vazio.

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  26. Mesmo quando ainda não somos mães, geralmente temos sobrinhos ou afilhados, e quando vimos estas noticias, ficamos de coração tão apertado... é revoltante... :(

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  27. Ainda não sou mãe. Mas,se Deus quiser em dezembro nasce o enzo,e o meu coração ficou mesmo mesmo apertado. E realmente antes era como dizias.

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  28. É memso isso Pipoca, depois de sermos mãe tudo muda! Só tenho vontade de adoptar todas as crianças do mundo e caraças, o que chorei com a notícia da Nono!

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Teorias absolutamente espectaculares

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