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Rua de O Século

sábado, março 29, 2014
Na última semana calhou passar duas vezes de carro pela rua de O Século. Foi lá que morei desde que nasci até para aí aos 15 ou 16, e fui muito, muito feliz. Já lá tinha passado outras vezes, claro, (às vezes, quando vou para o Chiado faço corta-mato por ali, muito mais para matar saudades do que para poupar tempo), mas esta semana abrandei. Para espreitar a mercearia do senhor António- que está igual- onde comprava batatas fritas por causa dos fantasmas que brilhavam no escuro. E a papelaria da Susy, onde comprava cromos. E a mercearia do Sr. Pereira, que já não existe, onde comprava aqueles chupas com uma flor no meio. E a casa da Nã, a avó emprestada que tomava conta de nós e que na verdade se chamava Eudémia, mas nós não sabíamos dizer. E o palácio Ratton, que fez com que desde miúda sempre soubesse onde era o Tribunal Constitucional. E o largo onde se faziam as Manobras de Maio, uma espécie de ModaLisboa. Foi na rua de O Século (era nesta rua que era feito o jornal com o mesmo nome) que brinquei às escondidas horas a fio. Que saltei à corda e ao elástico. Que pedi "uma moedinha para o Santo António" durante anos e anos. Morávamos numa casa pequenina e arrendada. Quando os meus pais decidiram comprar não havia dinheiro para um t3 no centro de Lisboa, por isso rumámos aos subúrbios. Não me importei, ia ter uma casa maior e melhor, e ia continuar a fazer a minha vidinha em Lisboa. Continuei na mesma escola, continuei com os mesmos amigos, só mudou o facto de ter de apanhar um metro e um autocarro para ir para casa, quando antes fazia tudo a pé. Por outro lado, e à conta de quase nada ter mudado, não fiz um único amigo no novo sítio para onde fui morar. Só lá ia dormir. Ainda hoje, quase vinte anos passados, não conheço lá uma alma, tirando os vizinhos a quem se diz "olá, como está?". Sou uma alfacinha de gema. Do infantário à universidade  sempre estudei em Lisboa, desde a primária que ia e vinha a pé para casa, tive o privilégio e a liberdade de brincar muito na rua, tive realmente uma infância feliz. A rua de O Século vai ser sempre a minha rua. A rua enorme, óptima para descer e um castigo para subir, com o jardim do Príncipe Real no topo.

 (e irrita-me quando escrevem "do Século").


64 comentários:

mariana disse...

Lisboa, Lisboa, Lisboa :)

Anónimo disse...

Gostei de te ler e fiquei com uma invejinha pequena de não ter lá morado nunca :p É uma rua cheia de história. Eu gosto dela por outro motivo, é a que desço para ir ao Museu Geológico, e assim que entro nela e deixo o jardim do Principe Real para trás sinto que estou a viajar no tempo (porque o museu de que falo está ali situado desde sempre, há 150 anos).

Anónimo disse...

Ah..e outro pormenor (nada de importante, mas já que dá o título ao post). Não devia ser Rua O Século? (sem o "de")... creio que sim.

Anónimo disse...

bah, esquece lol, ja vi que esta grafado assim :p

Anónimo disse...

Gostei muito de ler o post, as vezes quando posso pelo bairro por onde "cresci" também me dá essas nostalgias :)

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Anónimo disse...

Estavas com medo que as pessoas pensassem que sempre moraste nos subúrbios? E os teus pais, também nasceram em Lisboa?

Anónimo disse...

Não brinquei na rua, mas fiquei com um sorriso no rosto ao ler todas as palavras e sorri ainda mais quando vi que chamava Nã à pessoa que tomava conta de si, porque eu também e lembrei-me dela e com isto enchi o coração :) Beijinhos*

Sofia disse...

A Rua de O Século (confesso que sempre que pronuncio o nome, digo Rua do Século) é provavelmente das minhas ruas preferidas de Lisboa, é linda. É realmente um privilégio enorme ter lá morado durante a sua infância.

Anónimo disse...

Que giro!!! Já leio o teu blog há algum tempo e não fazia ideia que tinhas vivido aqui... Eu moro na Rua de O Século desde sempre (25 anos), mesmo ao pé dos sítios que referes (a Susy agora é um indiano).

Mariana Costa Veludo disse...

Está qualquer coisa a maneira como partilhaste estas memórias, daquelas coisas que às vezes surgem quando passamos por sítios que tanto nos dissera e continuam a dizer.
Quanto à Rua O Século tem lá O Moleiro com umas "tugas" deliciosas e o Jardim do Principe Real ao cimo é perfeito!

Mel disse...

Gostei :)

Anónimo disse...

Ana duvido que publiques o que vou dizer mas sinceramente este post pos me os nervos em franja... a minha família materna é toda de Lisboa, nascida e criada, grandes vidas, tinham imenso dinheiro, a CS Santos pertencia lhes, o prédio onde hoje é atualmente a Multiópticas do Rossio também, um Palacete em Sta. Catarina etc. e sabes onde eu resido atualmente? No Cacém, não é vergonha nenhuma mas achei o post um pouco pretensioso da tua parte. Há muito labrego em Lisboa assim como há muito nobre em subúrbio.

Anónimo disse...

E o que é que isso interessa? As memórias de infância são uma parte muito importante de cada um de nós! E cada um tem as suas próprias memórias de infância!

apipocamaisdoce disse...

Ah ah, exacto, foi isso mesmo. Até porque os leitores sabiam
Perfeitamente onde é que eu vivi ou deixei de viver. Quanto à pergunta, já disse várias vezes aqui no blog que o meu pai é algarvio. A minha mãe é da Serra da Estrela. Conheceram-se em Lisboa.

apipocamaisdoce disse...

Não percebi este comentário. Onde é que eu disse que nos subúrbios só há labregos???? Oi????? Eu disse apenas que como os meus pais optaram por não me mudar de escola continuei sempre a fazer a minha vida toda em Lisboa e não fiz amigos nem criei referências no novo lugar. Se não andava lá na escola onde é que ia fazer amigos? Caramba, que conseguem sempre fazer segundas, terceiras e décimas oitavas leituras de tudo o que se escreve.

apipocamaisdoce disse...

Não, porque era a rua do diário O Século, a rua onde o jornal era feito.

Anónimo disse...

Ok então sou eu que percebi algo errado, sorry Peace :)

Anónimo disse...

ahahah confesso que já tinha alguma saudade de polémica aqui no estaminé!
Noronha da Cova da Moura ;)

Anónimo disse...

Obrigada, Pipoca, por esta escrita de memórias tão saborosa ... Como é bom ler o teu blog!

Anónimo disse...

Qual é o problema sabermos a origem da Pipoca, se ela faz questão que se saiba que é Lisboeta é porque tem orgulho nisso. Há por aí muita gentinha com a maldade gratuita à flor da pele, por isso eu percebo-a.

Anónimo disse...

Da Serra da Estrela?? Oi? Não me parece que haja alguma terra com esse nome...

Anónimo disse...

Também eu andei por aí durante 3 anos,a minha filha foi estudar para o EDCN . Tenho saudades dos passeios pelo Chiado das visitas a zara de comer um Santini

Anónimo disse...

E vir para aqui falar que a familia tem grandes vidas, é carregada de papel e tem imóveis espalhados por várias cidades é muito menos pretensioso...

Inês

Anónimo disse...

Pois eu sou de Travancos e não tenho vergonha nenhuma e também nunca vi o mar e também nunca fui a Lisboa e o meu sonho é ser a sucessora da Cristina Ferreira ;)

Anónimo disse...

LOLLL o que já me ri com alguns comentários. E mesmo que fosse orgulho Lisboeta... que mal tem?? Ou agora já só podemos falar sem medos se morarmos na Cova da Moura ou em Queluz??

Anónimo disse...

Isto só significa que você desceu de nível em relação aos seus antepassados, enquanto a Pipoca subiu e está em linha ascendente! Não li nada de pretensioso no post da Pipoca, já este comentário cheira mesmo a frustração...

Anónimo disse...

Que tristeza... O que é que interessa saber o nome da aldeia? Já agora peçam também o número da porta para irem lá ver a casa!

Anónimo disse...

oh santo antonio, uma pessoa quando quer implicar...

Anónimo disse...

De Lisboa a Bragança .. ou mesmo passando pela Serra da Estrela :) o que tu fazes é serviço público :) Sim, tens um blog, és conhecida e nesta esfera publica tens que encarar com naturalizada a troca de opiniões (positivas ou negativas)! Mas olhando para a caixa de comentários há aqui muita frustração e "ódio anónimo destilado"... e ainda bem! Deitem cá para fora :)

Anónimo disse...

Oh tão giro ter partilhado. Sou do Porto mas vivo em Lx há quatro anos e da próxima vez que lá passar vou olhar para a Rua de O Século com outros olhos ;)
Rita

Anónimo disse...

Minha querida, disse tanta coisa que me vai na alma, senti cada palavra do que disse, fui nascido e criado numa rua de Lisboa lá para os lados de Penha de França, Jogando à bola na rua e a todos os jogos infantis, só de lá saí aos 26, após casamento.... era uma rua que éramos todos "família", gente que se conhecia há três gerações pelo menos...
Moro na margem Sul há 35 anos, ainda não me sinto integrado, mal conheço as pessoas, desconfiaram sempre de mim, do "gajo de fora", vi que tinha que comprar amizades, que tristeza, não as comprei, amizade dá-se e recebe-se de peito aberto.
Foi o que eu aprendi como Lisboeta de bairro operário.
Bem haja, pelas suas palavras que despoletaram muitas e boas recordações de uma infância, aos tropeções mas carregada ao máximo de felicidade e vontade de viver.

Anónimo disse...

ahahahah!

Anónimo disse...

As pessoas quando querem denegrir falam logo da Cova da Moura... é lamentável.

Anónimo disse...

A Cristina Ferreira é da Malveira e tem orgulho nisso!!!

Anónimo disse...

ahahah muito bom! Já agora com GPS e o numero da porta ide lá chatear a família... oh santo!

Anónimo disse...

se calhar foi você que a lançou!
s.

Anónimo disse...

Senhores e senhoras comentadores, tenham santa paciência nos comentários que escrevem! Desde quando que uma pessoa que partilha na rede social o local onde nasceu e viveu até aos 15 anos, é pretensioso???? desde quando falamos das nossas memórias, principalmente memórias felizes, está a ser snob????? Não é por caso que Lisboa é das capitais mais bonitas da Europa e está no Top 10 como melhor destino para férias!!!!! os portugueses adoram criticar porque é ou porque não é!!!! Santa paciência, sejam mais portugueses e olhem à vossa volta sem esse sentimento mesquinho. Acreditem viver a vida, não é criticar o próximo, mas retirar sempre algo de bom nas experiências vividas diariamente nesta vida!!!! Bruno Ribeiro

Anónimo disse...

E considera-se "nobre" (dos que vivem nos subúrbios). Que eu saiba, os títulos nobiliárquicos já não se usam em Portugal... O tiro saiu-lhe mesmo pela culatra.

luzitano disse...

ai quantas vezes fiquei a espreitar como se fazia o jornal perdia tempo mas era garoto tinha de trabalhar mas tinha um desconto

Pronta e Vestida disse...

Texto giro. Também gosto de passar na rua onde morei e lembrar-me das histórias.

www.prontaevestida.com

B. disse...

Nascida e criada nos arredores de Lisboa, é do Alentejo que vêm as minhas memórias mais felizes, numa simples e pacata aldeia alentejana, quase quase a tocar a fronteira espanhola. Não me parece que seja importante o sítio em sim, mas as circunstâncias da vida que nos permitiram ser felizes neste ou noutro lugar.

Anónimo disse...

Além de a Margem Sul ser um mundo de cidades, vilas e lugares completamente distintos entre si, mas normalmente metidos no mesmo saco, não percebo bem essa coisa de as pessoas acharem que é o gajo de fora. Digo eu, que sou da margem sul e que grande parte da minha vida estudei e trabalhei em Lisboa. Não será o caro anónimo quem se considera de fora? E não será a desconfiança algo característico das cidades movimentadas?

Anónimo disse...

Se em dias de minha vida eu vi grupo de defensoras mais fiel! Cruzes!! A minha curiosidade em saber origens de PMD e sua família estão ao mesmo nível que a curiosidade em saber a cor das pantufas de Justin Bieber (Sim, foi a coisa mais patética que me ocorreu!) Agora caríssimas (não se afrontem com o trato), dizer que alguém é da Serra da Estrela está MAL! Isso não existe... Permitam-me lá a correção sim?? E acalmem-se, não são invejas nem implicâncias. É o que é.

sara disse...

Que saudades do meu bairro ...do arraial da academia..do liceu passos manuel ..das pessoas ...obrigada desde Madrid ...

Anónimo disse...

Foge, que tem isto a ver com defender?? Tem a ver com a estupidez do pormenor do comentario inicial desta discussao. É ridiculo, no contexto que é, é ridiculo, entende?? Não foi num livro, não foi num manual para o ensino, nem sequer num post foi, foi num comentario, numa conversa banal..não me diga que em todas as suas conversas banais mano a mano é assim? Deve ser uma seca conversar consigo, deve demorar dois minutos a construir cada frase para ter a certeza de nao cometer nenhum erro e deve corrigir quem consigo fala a cada virgula. Ninguem falou em invejas sequer, falaram foi em qual a necessidade deste seu comentario, de ter perdido tempo sequer a fazê-lo.

The Luso Frenchie disse...

Também tenho estas recordações da rua onde cresci, em Paris, e num tempo em que nós miúdos brincávamos na rua até à hora do jantar, as nossas mães não precisavam de telemóveis para saber onde estávamos...era uma época feliz. :)

http://thelusofrenchie.blogspot.pt

Anónimo disse...

Nem acredito nesse comentário! Sou da margem sul, estudei sempre em Lisboa e realmente os lisboetas acham-se superiores não sei muito bem porquê. Vá-se lá entender

Anónimo disse...

Este tom intimista faz toda a diferença no mundo dos blogs!!! Delicioso.

Anónimo disse...

Aqui tens a tua resposta ao post anterior da "mudança para o campo" :) Antítese total.

Anónimo disse...

Oh pelo amor da santa! Seca é ridículo é não aceitar um comentário sem jeito, é.que em rigor foi a modos que pobrezinho, e só por isso já me ajoelhei quinze minutinhos em grãos de milho, que no fundo era um reparo, sem malícia, eu cá agradeço quando os fazem. Espontaneidades à parte, no meu tempo, opinião e coisas que tal ainda mando eu. Olhaquesta!

Anónimo disse...

Vai-me dizer que a Cova da Moura é o espaço mais bonito, cultural e apelativo de Lisboa? Seja sincero por amor de deus... É um bairro de lata. Temos de dizer as coisas pelos nomes.

debraga disse...

Sou de Braga, mas adoro visitar Lisboa e ainda há uma semana passei nessa rua. Respira-se autenticidade!

Anónimo disse...

No one gives a fuck

Anónimo disse...

Tem algo de premonitório.. o jornalismo :)

pinchona disse...

que post delicioooso :) adorei

SBarreiros disse...

Brincar na rua!!! Será que os nossos filhos o farão sem ser em condomínios fechados?

Anónimo disse...

Eu tenho a sorte de continuar a viver no bairro onde nasci, percebo-te perfeitamente Pipoca.

ME disse...

Quase vizinhas, portanto... eu um pouco mais a baixo, junto ao liceu.

Anónimo disse...

Aí está a resposta!

Anónimo disse...

:-D Pois, os seus não sei, os meus em condominios fechados é que não o vão ...

Anónimo disse...

Mas tanta polémica, só me ocorre dizer que Lisboetas serão 50% da população, não acham, reparem a quantidade de retornados que vieram para Lisboa, a quantidade de Timorenses que vieram para Lisboa, a quantidade de Africanos e mais recentemente Russos e Países de Leste e toda a gente que veio das Aldeias, Vilas outras Cidades para Lisboa, poucos restam de locais. Mas o que é que isso interessa, não somos todos seres humanos, cada um com a sua historia(s) de vida! Alguém pediu para nascer branco, preto; rico, pobre; alto, baixo; de Lisboa, da Serra da Estrela...

Anónimo disse...

Verdade! Subscrevo!!

LP disse...

Estudo na perpendicular, a Academia das Ciências, na Escola Superior de Dança (Palácio de Marquês de Pombal). É de facto uma rua com muito encanto e imagino há usn anos atrás em que as crianças ainda brincavam nas ruas de Lisboa... Bom agora para mim esse Largo é um ponto de encontro dos estudantes e onde esperamos sempre para ver os espectáculos no portão verde, tenho muitas saudades desse largo e de fazer essa rua todos os dias, agora que estou a estudar fora de Portugal...
Curioso, não é? Que um lugar faça tão felizes tantas pessoas de tantas maneiras diferentes em alturas tão distintas...

Túsio Primeiro disse...

Não concordo com o que escreveu. Sempre vivi nos subúrbios, tendo nascido em Lisboa, filho de pais da Beira Alta, e posso-lhe garantir que as coisas não se passam exactamente assim: existe, e não é de agora, um forte associativismo entre os habitantes dos arredores. Basta ver os cafés, cervejarias e grémios desportivos. Resido na Amadora e posso confirmar que há um sentido de solidariedade e comunhão bem vincado, embora à primeira vista possa não parecer. Não se deve generalizar, caro Anónimo.

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