Ontem fui comprar este livro para dar à minha mãe, mas já sabia que não ia resistir a lê-lo também. E assim foi. Peguei-lhe já passava da meia-noite e e só parei às quatro da manhã, quando virei a última página. E fiquei assim. Com um aperto do tamanho do mundo que me obrigou a tirar o Mateus da cama só para o estrafegar um bocadinho. O livro conta a história de vários pais que perderam filhos e é um valente murro no estômago. Eu não sei o que é perder um filho, isso não sei e peço a Deus para nunca ter de vir a saber, mas vi os meus pais perderem um e o quanto isso os vai matando aos bocadinhos. Foi há 14 anos, mas não passa. Há dias melhores, há dias piores, mas não passa. Quanto a mim, desenvolvi uma relação estranha com a morte, um misto de terror com fascínio, não sei explicar. E foi por isso que este livro me tocou tanto ao ponto de ainda agora ter o estômago contraído. Talvez por já ser mãe. A dor daqueles pais é uma coisa absolutamente indescritível e está escrita de uma forma impressionante. Acho que a maioria dos autores não sabe escrever sobre sentimentos sem cair em lamechices, pirosadas e sensos comuns. Tenta sempre envolver-se a coisa para que fique tudo mais velado, mais bonito. Aqui não. A dor é aquilo, é a forma como aqueles pais (todos eles ligados à associação A Nossa Âncora, que entretanto fechou) a descrevem, de forma crua e sem rodeios. A jornalista Andreia Sanches, em jeito de reportagem, captou muitíssimo bem a história de cada um daqueles pais e de cada um daqueles filhos. E por isso hoje, mesmo sem a conhecer de lado nenhum, enviei-lhe uma mensagem. Gastamos (sim, todos nós) tanta energia e tanto tempo a falar mal do trabalho dos outros, às vezes também podemos usar esse tempo e essa energia para falar bem, elogiar. O livro não é nada fácil de digerir. Para mães um bocadinho mais neuróticas (como eu) é até capaz de ser desaconselhável, porque depois daquilo vão querer proteger os filhos de todos os perigos do universo, o que é humanamente impossível. Há acidentes, há doenças, há imprevistos, há tanta coisa que foge ao nosso controlo. Mas também é um livro que nos tira da nossa zona de conforto e nos faz pensar em muita coisa. Boa e má. Se tiverem estofo leiam. É duro, mas vale muito a pena.
46 comentários:
Fiquei com muita curiosidade em ler esse livro... Vamos la´ver é se tenho estofo para ler até ao fim.
beijinhs
http://modaeleganciaestilo.blogspot.pt/
Adorei este texto e fiquei com curiosidade de ler o livro. Quando um dia o Mateus ler estes textos que escreves não só para ele, mas sobre ele, vai ter imenso orgulho em ter-te como mãe :)
http://day-dreamer.blogs.sapo.pt/
Pipoca não costumo comentar... Mas fiquei de lagrimas nos olhos. Também tenho um Mateus de 10 meses e estou agora gravida de 5 meses e não imagino o que seja perder um filho! Julgo que não vou conseguir ler o livro, também sou um bocadinho neurótica !! Mas gostei muito do post . Bjinhos
Confesso que tenho imensa curiosidade em ler, mas não sei se tenho estofo para o fazer.
Tenho curiosidade porque toda a vida assisti a minha avó fazer um processo de substituição/compensação de um neto por um filho que lhe tinha morrido (sendo o neto em causa filho desse filho), o que se compreende e não é censurável, mas por outro lado foi extremamente injusto para com os outros netos - incluindo eu.
Não sei se tenho estofo porque sou já mãe, e se há coisa que me apavora é a ideia de poder perder um filho, especialmente se a causa da morte puder de alguma ínfima hipótese resultar de qualquer tipo (ainda que mais remoto) de negligência minha ou do pai dos meus filhos (há casos desses e não vale a pena acharmos que nunca nada do género nos baterá à porta, porque pode bater à de qualquer um - basta 1 segundo de distracção).
Mas que deve ser impressionante - no verdadeiro sentido da palavra -deve.
Olá, Pipoca! Já saiu o resultado do passatempo da Matéria-Prima Edições?
Obrigada :)
Sou mãe de dois filhos e tenho em casa alguns livros sobre morte ocasional ou suicídio de filhos, alguns muito bem escritos e de autores conceituados que achava que devia ler mas confesso que não consegui acabar nenhum.
Lamentavelmente a Nossa Ancora que prestava a estes pais e restante família um apoio inexcedível fechou por falta de apoio! Como sempre neste pais o que é fútil, superfúlo ou corrupto mantém-se. Vá-se lá saber porquê...
Pipoca queria pedir-te um "favor", enquanto tua leitora e se calhar faço voz a muitos outros também, mas gostaria que um dia, se tu te sentisses à vontade para isso obviamente, contasses o que se passou com o teu irmão que perdeste...no fundo "desenterrar" essa dor, partilhá-la, se calhar mesmo exorcizá-la. Desculpa se é um pedido excessivo mas pronto. Felizmente nunca passei por essa experiência nem sei como seria, mas já perdi um pai, um exnamorado, um amigo etc, enfim dores que se multiplicam... olha já agora... gosto muito de ti e do teu cantinho :)
aconteceu-me fez ontem 3 meses. Ninguém devia passar por esta dor...
Acredito que o livro seja fantástico mas uma coisa que me incomoda que me deixa sem dormir, é a morte portanto desta vez não sigo a sugestão :)
beijinhos
http://chic-diary.blogspot.pt/
Não quero ler porque maluca como eu sou isso só iria me deixar angustiadíssima. Desde a morte da minha mãe que não consigo ver nem ler nada que seja muito dramático e filmes baseados em histórias reais (dramas) nem pensar. Bjs. Maria_S
Esmagador o seu testemunho...uma super Mãe.
tb já passei por isso, nunca mais se vive sobrevive-se.
estive 1 mês sem sair do quarto do meu filho, mais 7 numa casa de saúde, entretanto divorciei me, e nunca mais me apeguei a ninguém, é impossível, tenho mais um filho mas entretanto deixei a ir viver com o pai, esta comigo de 15 em 15 dias e acredita não é por falta de amor mas não consigo aproximar me dele, não penso na morte por ele mas ao mesmo tempo não consigo ter com ele uma relação como antes
Sim, é possível sobreviver e ser feliz... mas de outra forma, de outra maneira, com saudades do futuro que foi roubado, com uma pergunta para a qual ninguém tem resposta: O que faço com este amor???
Esta resposta seria para a pipoca mais dois mas lá não dá para comentar que exige 1000 coisas. " infacol" experimente vende se em Londres e por ca já ouvi dizer que também há uma farmácia na linha que vende. É milagroso adeus cólicas...
Eu não sei o que é perder um filho, mas sei o que é perder um grande amor, a nossa companhia, o nosso apoio. Depois de uma relação feliz, de 9 anos de namoro, de planearmos a casa e o casamento, uma morte súbita levou-me os sonhos, o amor e paixão! E por mais acompanhamento e psicoterapia que faça não consigo responder à pergunta o que faz quando se perde o coração? Dou baixa nalguma sessão de perdidos e achados? Contracto um detective? Compro simplesmenre um novo e substituo o antigo? O que se faz afinal, quando se perde o "órgão" ainda que no sentido figurado que nos permite amar? O que se faz ao que restou da nossa vida tão feliz? Cola-se com cola super 3? Acreditem já tentei, mas os pedaços de vazio, dor e saudade, destroem todas as hipóteses. Tenho 27 anos, e todos me dizem que tenho que continuar, eu sei que tenho que continuar, mas a resposta mantém-se o que se faz quando se perde o coração? AS
Um beijinho Adek do tamanho do universo.
Tal como tu perdi a minha irmã. Este ano fez 20 anos. Dói imenso, todos os dias. É o lugar à mesa que falta, a tia que os meus filhos não têm, enfim... Beijinho para ti e um especial para tua mãe.
Já perdi pesssoas que me estavam muito perto. E a dor nunca passa, as saudades também não. Deve ser um livro intenso, vou ver se leio.
nadinhadeimportante.blogspot.pt
Eu não sou mãe e espero nunca vir a entender a dor descrita no livro mas quero muito ler, já ouvi coisas boas a respeito...
Comecei a ler ocasionalmente o seu blog porque conheço a menina que foi aos òscares e sobre a qual a senhora fez um comentário muito infeliz. Percebe agora que já é mãe o que é amar um filho? Percebe agora o terror de se poder perder um filho? Percebe agora a dor de ter um filho doente e nada mais poder fazer além de ter que confiar na medicina?
Felizmente essa menina está bem, mas o medo continua a residir dentro dos pais. Por isso é que comentar sem conhecimento de causa é muito difícil e até perigoso. Felizmente que leu um livro que a fez acender uma luz. Creio que dificilmente tornará a fazer um comentário sequer parecido com o que fez e felizmente retirou.
Também sou mãe de 2 filhos e nem quero sequer sonhar que lhes possa acontecer algo de mau. Quando somos mães tudo muda. Desejo-lhe felicidades para o seu bébé.
Maria M.
Adek que testemunho de coragem o seu... É impossivel ler sem que a alma doa, ao ler todas as palavras sobre a L. Um grd beijinho e força... A L. será para sempre um anjo a olhar por todos nos e em especial pelos fantásticos pais que tem.
Inês Sousa
Nem acredito que A Nossa Âncora fechou! Foram no ano passado (ou no anterior?) falar à minha faculdade (FPUL) sobre o luto, e sobre esse em particular, que é anti-natura, de fazer luto dos nossos filhos. Saí antes da conferência chegar ao fim, lavada em lágrimas e com um peso dentro de mim que nem sabia descrever. Ouvir pais a falar sobre como perderam os seus filhos deve ser das piores coisas que pode haver. É duro, muito duro. Não desejo isso a ninguém.
A Pipoca já explicou há uns anos atrás
http://apipocamaisdoce.sapo.pt/2011/06/uma-amiga-dizia-me-esta-manha-fui-ao.html
um abraço bem apertado e desejo sincero de muita força
Como mãe de um príncipe de 11 meses e neurótica nestas coisas não sei se aguento ler. Mas fiquei super curiosa.
http://mammyontheblog.blogspot.pt/
Olá pipoca, tenho uma amiga que perdeu uma filha de 10 anos (colega da minha filha) à dois meses.... como é de calcular, aqueles pais estão completamente despedaçados... achas que este livro é indicado para lhes oferecer? Obrigada!
Acho este comentário ligeiramente infeliz... Além de não ter uma linha de racionínio muito lógica, já chega bater no ceginho não?
O comentário foi sobre vestuário e claramente que a Pipoca não conhecia a situação!! Enfim...............
Olá pipoca. Gostei muito da forma como relataste o livro. Entretanto fiquei com mais curiosidade e fui pesquisar na internet alguns textos sobre o tema. Nunca senti de perto o que é perder alguém, não sou mãe mas não foi por isso que deixei de me lavar em lágrimas.
É muito duro perdermos alguém, a pessoa que mais gostamos. Tenho um enorme medo de perder a minha mãe.
Pipoca, apesar da eterna dor, a tua mãe tem muita sorte em ter uma filha como tu. Desejo-vos as maiores felicidades.
Ontem assisti à apresentação do livro na Fnac do Colombo e pareceu-me ser realmente um livro bem construído e que trata de forma muito competente de um tema delicado e avassalador. Vou ler com muita atenção, mas sempre sem conseguir sequer imaginar o que seja viver as experiências relatadas no texto.
http://moinhodeventolivrosusados.blogspot.pt/
perdi o meu filho a 11anos,tinha 4anos e ainda hoje,quando vejo um jovem da idade que o meu teria imagino que o meu filho seria mais ou menos assim.a dor só atenua um pouco.
Um grande beijinho e muita força!
Fez este mês 5 anos que perdi a minha filha de dois meses. Se a nossa vida acaba? Não, mas passa a ser vivida de outra forma. Certo dia, voltamos a sorrir, mas o riso espontâneo esse nunca mais volta.
Oh, obrigada pelo carinho. Acabei por comprar hoje o livro, e já está lido. Adorei e agradeço muito a sugestão, fez-me muito bem. É interessante como pessoas tão diferentes, ao sofrer este tipo de perda, culminam no mesmo tipo de sensações, aprendizagens e experiências. E ajuda tanto ler/conhecer/partilhar histórias parecidas com a nossa, partilhar a história dos nossos pequenos, pois para além de nos ajudar a processar tudo com menos vitimização (não somos os únicos a quem aconteceu) ajuda a tentar dar algum significado a uma tão grande e traumática tragédia. Não sei ainda como vou reagir a longo prazo, mas tal como marcou uma das mães do livro, também esta frase me disse muito: "Sou uma mãe que também perdeu um filho. Queria dizer-lhe que ainda vai ser feliz. É uma felicidade diferente, mas vai ser". Obrigada!
Muita força para si. E desejo que vá sobrevivendo ao dia-a-dia para, um dia, conseguir viver novamente.
Bolas, eu que sou conhecida por ser uma pessoa fria estou farta de chorar só de ler os comentarios quanto mais conseguir ler o livro. Não conheço ninguém proximo que tenha passado por essa dor e nem sequer a imagino, basta-me começar a imaginar que fico sem o meu filho que começo logo a chorar. Muita força para todos os pais que perderam os seus filhos.
Infelizmente este ano acompanhei um casal com uma história destas e sei dar valor ao vazio que as pessoas sentem. Li uma vez num livro que perder um filho é algo contra-natura, de tal forma que não existe uma palavra que descreva essa situação... Perder um(a) pai/mãe é ficar Orfão, e perder um filho???? Não existe nada que consiga transmitir esse sofrimento e o medo de que volte a acontecer. Não sou ainda mãe e não sei se um dia terei essa felicidade, mas ter sido e perder essa benção, será com certeza mais devastador!!!
Ola pipoca, eu gostaria imenso de o poder ler mas, de momento nao me é possivel compra-lo. Gostaria que fizesses um passatempo, por exemplo, para ganhar o livro. Gostaria imenso. beijinho
Olá, eu tambem sou mãe de anjo. sim é uma dor que ninguem devia sentir. Mas a vida continua, e tbm tenho outro anjo cá na terra, tenho que ser forte por ele. Talvez um dia leia o livro.
Boa tarde, sou uma das mães cuja história é relatada neste livro... perdi a minha bebé há cinco anos e é uma dor para toda a vida!! Obrigada pelo comentário que deixou acerca do Livro, bjs a todos os pais e um xi muito apertadinho a todos os pais em luto. Suzete Coelho
Estou a ler esse livro agora. Perdi a minha filha vai fazer 1 ano dia 20 de Fevereiro... estava grávida de quase 39 semanas. È uma dor para toda a vida... beijo e obrigada por trazer aqui este tema. beijo
Estou a começar a ler o livro? Desde a morte do meu filho de 23 anos, em 211, leio todos os livros que possam ajudar-me a acreditar que a vida ainda pode ter sentido. Vive-se numa montanha russa, sem se saber como vai ser o dia seguinte, o momento seguinte. Tenho que aprender a viver com uma parte de mim amputada. O Tiago está a ajudar. Abraço de esperança a todos os pais em luto
Perdi o meu único filho com 27 anos, num acidente brutal de automóvel em 2011, jovem, sempre sorridente e contente com a vida pois tinha uma situação estável e profissionalmente muito bem, deixou-me um neto na altura com 14 meses, é a quem me agarrajo para sobreviver. Sei que sou uma mulher de coragem identifiquei o meu filho na morge e acompanhei-o até à última morada. Hoje ainda vou todos os dias à sepultura e falo para ele a dar-lhe as novidades do dia a dia como se ele me ouvisse, mas só assim é que me sinto bem e tenho necessidade de o fazer todos os dias..............será assim porque me sinto bem , mas por quanto tempo não sei..........
Peço um pouco da sua atenção! Estou a conduzir uma investigação com o objetivo de ajudar a compreender quais os mecanismos de coping utilizados pelos pais que perderam um filho, mais particularmente se as crenças que estes possuem ou não, ajudam a ultrapassar com menos pesar esta perda imensa. Neste sentido, venho pedir-lhe por favor para me responder ao novo questionário, demora alguns minutos e de certa forma vai ajudar-me a compreender melhor a situação dolorosa que é perder um filho e consequentemente ajudar outros na mesma situação. Também peço caso tenha um parceiro/a que partilhou a mesma experiência, que peça para este/a também responder. É realmente importante.
Agradeço imenso o apoio que me têm dado e as histórias que partilharam comigo, caso tenham alguma dúvida sobre o estudo não hesite em contactar-me. Pretendo, assim que o estudo tiver concluído publica-lo para que quem me ajudou veja para o que contribuiu e para que outros pais se vejam também espelhados no meu estudo. Deixo-o/a com o pedido mais formal e com o url do questionário.
No âmbito da Tese de Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde do Instituto Universitário da Maia, encontro-me a realizar um estudo sobre o processo de luto face à perda de filhos. Este trabalho procura analisar a importância da existência ou não de uma crença durante o processo de luto dos pais. Solicito deste modo a sua participação neste estudo através do preenchimento de um breve questionário. Todas as suas respostas são anónimas e confidenciais e destinam-se exclusivamente a serem analisadas no âmbito deste estudo.
https://qtrial2015az1.az1.qualtrics.com/SE/?SID=SV_8qpNjkvbw9qGVw1
Agradeço a sua colaboração. As suas respostas vão permitir uma melhor compreensão e uma melhor ajuda a pessoas em situações de perda.
A investigadora,
Nicole Ribeiro
Perdê-los é muito pior...
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Teorias absolutamente espectaculares