A Marta Rebelo pediu-me que escrevesse um texto para o Blogue de Esquerda, da revista Sábado, a propósito da geração à rasca. E eu disse que sim. Podem lê-lo aqui.
Isto de que os licenciados até ganham o dobro do que aqueles que não são é uma treta, porque eu sou licenciada ganho perto do ordenado mínimo onde tenho colegas com o 9 ano que fazem o mesmo que eu e ganham o dobro, por questões de antiguidade. Mas a parva fui eu que fui estudar em vez de ir logo trabalhar, porque assim não tinha perdido tanto dinheiro em cursos e trabalhado 6 meses em estágios não remunerados...
Pipoca, não gostei. Achei muito "resumido" e assim feito um tanto apressado. Li há dias um texto de alguém da minha idade ou lá perto ( trintas) que se auto denominava pela geração do desenrasca. E eu concordo. Somos mesmo. Resumir-me a esta palavra horrível e andar a procurar a quem apontar o dedo não é solução. Acredita em mim ( que trabalho na área) que há mais gente a recusar emprego que a sujeitar-se a determinadas tarefas. Consegues acreditar o quão me tem sido dificil recrutar estes Bolonhos que me aparecem às entrevistas de ténis e t-shirts, sem postura, com curriculos cheios de erros ortográficos e pasma-te enviados pelos paisinhos!!! Sim porque os meninos querem é festivais de Verão e córtir! Ah e já agora se aparecer alguma coisa na área deles também lhes interessa, mas só se o ordenado for...interessante. Pois é. De fonte segura que não são todos assim, Graças a Deus. E que há gente batalhadora que de facto não tem tido sorte. Mas à rasquinha ando eu para os achar!
Portanto e resumindo aquilo que eu digo aos jovens mais jovens que eu, é que se aprende muito em empregos que por vezes olhamos de lado. Eu nunca teria chegado onde cheguei se tivesse recusado um ordenado de 500,00€ para uma recepção , durante 5 meses, em trabalho temporário, a fazer uma substituição por licença de maternidade. Ah e para um trajecto em transportes públicos durante quase 2h, a entrar às 8h30. Pois ainda não tinha carro na altura. ( culpa dos meus pais claro ;) aqui concordo contigo lol)... Enfim...
Sim os que nos governam têm muita culpa, mas por favor vamos a produzir, vamos a esforçar-nos, porque enquanto nos andamos a queixar sentados no banco de jardim ou na esplanada a apanhar sol e a beber minies é que isto não avança.
Adorei o texto! Também acho uma estupidez a velha teoria do "mais vale isto do que nada!". A malta dá-se sempre satisfeita por ter o que tem e depois nunca nada anda para a frente neste país! ;)
Pipoca, não sei se pertences realmente á essa dita "Geração à Rasca", mas que este texto foi o mais rasca que li de ti até hoje, lá nisso não fiquei com qualquer dúvida.
Sossega que não me senti nada atingido pela parte que me tocou do 9º ano, uma vez que já aqui disse sentir-me um génio a maior parte das vezes, mediante os comentários que aqui são publicados, e talvez o facto de ter 2 licenciados sob as minhas ordens não me faça encarar a questão das habilitações literárias como uma questão relevante. Não,foi sobretudo uma postura que até aqui desconhecia em ti e que decidistes por fim revelar. Não sei se sempre fostes assim ou se isto foi um accidente de percurso, mas achei-te extremamente convencida e arrogante.
Devo advertir-te que a pior doença que existe na humanidade é o preconceito e o Elítismo vem logo a seguir...
Francisco, se foi isso que entendeu do que eu escrevi, das duas uma: ou fui eu que me expressei mal, ou então não percebeu a mensagem. Não tenho qualquer preconceito contra quem tem menos habilitações (até porque, aparentemente, as mesmas servem de pouco nos dias que correm). Estava apenas a responder ao argumento usado pela directora do jornal Destak, Isabel Stilwell, que diz que os licenciados até têm muita sorte por receberem mais do que os não licenciados. Como se isso fosse um grande incentivo. Como se não fosse normal que assim seja. Sinceramente, e sabendo o que sei hoje, se calhar não tinha estudado tanto. E se calhar tinha tantas ou mais hipóteses de ser bem sucedida.
Esse argumento do "sabendo o que sei hoje, se calhar não tinha estudado tanto", não cola, já que pelos vistos, andas a tirar ou vais tirar mais uma pós graduação e tiraste uma nem há 2 anos... Aí que eu saiba já fazias o que fazes hoje e já sabias bastante. Certo?
O teu texto é curto mas toca em todos os pontos essenciais e, de certa forma, defende a geração. Eu gostei! A Sra. Isabel Stilwell deixou muita gente irritada. Inclusivé a mim.
Bonito era que as pessoas percebessem a ironia. A sério, aqueles comentários matam-me. Como é que alguém consegue pensar que a Pipoca culpa mesmo os seus pais? -.-'
Há um problema na argumentação deste tipo de textos: revelam o preconceito que pretendem combater. Os autores dizem que não há preconceito contra quem tem "menos habilitações", mas depois argumentam que, soubessem na altura o que sabem hoje, tinham-se ficado pelo 9º ano. Porque não serve de muito ter mais habilitações. Ou seja, as habilitações só têm "utilidade" se nos garantirem um bom ordenado e cargos de chefia ou de prestígio. E esse argumento tem prejudicado, e muito, a luta da autodenominada geração à rasca, que tem problemas muito sérios para resolver. Há uma fatia da população que não tem qualquer perspectiva de futuro e não é por ter uma licenciatura e um mestrado que tem mais direito a esse futuro. É porque é uma força activa, jovem, criativa, empreendedora, trabalhadora, forte e resistente, que basicamente faz andar o mundo para a frente. Não porque teve o enorme privilégio de estudar. As lutas ganham-se e perdem-se nos debates e é preciso começar a afinar os argumentos. E este argumento simplesmente não é bom.
15 comentários:
Pois é sacaninhas dos nossos pais! mais um bom texto! e dia 12 estou lá sem falta.
Ah,ah!!
Excelente,como sempre!
Gostei mesmo muito!
Isto de que os licenciados até ganham o dobro do que aqueles que não são é uma treta, porque eu sou licenciada ganho perto do ordenado mínimo onde tenho colegas com o 9 ano que fazem o mesmo que eu e ganham o dobro, por questões de antiguidade.
Mas a parva fui eu que fui estudar em vez de ir logo trabalhar, porque assim não tinha perdido tanto dinheiro em cursos e trabalhado 6 meses em estágios não remunerados...
Gostei do texto.
**
gostei imenso do texto... irónico mas spot-on.
identifico-me bastante
Muito bom!
Pipoca, não gostei. Achei muito "resumido" e assim feito um tanto apressado. Li há dias um texto de alguém da minha idade ou lá perto ( trintas) que se auto denominava pela geração do desenrasca. E eu concordo. Somos mesmo. Resumir-me a esta palavra horrível e andar a procurar a quem apontar o dedo não é solução. Acredita em mim ( que trabalho na área) que há mais gente a recusar emprego que a sujeitar-se a determinadas tarefas. Consegues acreditar o quão me tem sido dificil recrutar estes Bolonhos que me aparecem às entrevistas de ténis e t-shirts, sem postura, com curriculos cheios de erros ortográficos e pasma-te enviados pelos paisinhos!!! Sim porque os meninos querem é festivais de Verão e córtir! Ah e já agora se aparecer alguma coisa na área deles também lhes interessa, mas só se o ordenado for...interessante. Pois é. De fonte segura que não são todos assim, Graças a Deus. E que há gente batalhadora que de facto não tem tido sorte. Mas à rasquinha ando eu para os achar!
Portanto e resumindo aquilo que eu digo aos jovens mais jovens que eu, é que se aprende muito em empregos que por vezes olhamos de lado. Eu nunca teria chegado onde cheguei se tivesse recusado um ordenado de 500,00€ para uma recepção , durante 5 meses, em trabalho temporário, a fazer uma substituição por licença de maternidade. Ah e para um trajecto em transportes públicos durante quase 2h, a entrar às 8h30. Pois ainda não tinha carro na altura. ( culpa dos meus pais claro ;) aqui concordo contigo lol)... Enfim...
Sim os que nos governam têm muita culpa, mas por favor vamos a produzir, vamos a esforçar-nos, porque enquanto nos andamos a queixar sentados no banco de jardim ou na esplanada a apanhar sol e a beber minies é que isto não avança.
Adorei o texto! Também acho uma estupidez a velha teoria do "mais vale isto do que nada!". A malta dá-se sempre satisfeita por ter o que tem e depois nunca nada anda para a frente neste país!
;)
Pipoca, não sei se pertences realmente á essa dita "Geração à Rasca", mas que este texto foi o mais rasca que li de ti até hoje, lá nisso não fiquei com qualquer dúvida.
Sossega que não me senti nada atingido pela parte que me tocou do 9º ano, uma vez que já aqui disse sentir-me um génio a maior parte das vezes, mediante os comentários que aqui são publicados, e talvez o facto de ter 2 licenciados sob as minhas ordens não me faça encarar a questão das habilitações literárias como uma questão relevante. Não,foi sobretudo uma postura que até aqui desconhecia em ti e que decidistes por fim revelar. Não sei se sempre fostes assim ou se isto foi um accidente de percurso, mas achei-te extremamente convencida e arrogante.
Devo advertir-te que a pior doença que existe na humanidade é o preconceito e o Elítismo vem logo a seguir...
Francisco, se foi isso que entendeu do que eu escrevi, das duas uma: ou fui eu que me expressei mal, ou então não percebeu a mensagem. Não tenho qualquer preconceito contra quem tem menos habilitações (até porque, aparentemente, as mesmas servem de pouco nos dias que correm). Estava apenas a responder ao argumento usado pela directora do jornal Destak, Isabel Stilwell, que diz que os licenciados até têm muita sorte por receberem mais do que os não licenciados. Como se isso fosse um grande incentivo. Como se não fosse normal que assim seja. Sinceramente, e sabendo o que sei hoje, se calhar não tinha estudado tanto. E se calhar tinha tantas ou mais hipóteses de ser bem sucedida.
Ó Ana Garcia,
Esse argumento do "sabendo o que sei hoje, se calhar não tinha estudado tanto", não cola, já que pelos vistos, andas a tirar ou vais tirar mais uma pós graduação e tiraste uma nem há 2 anos...
Aí que eu saiba já fazias o que fazes hoje e já sabias bastante. Certo?
Pipoca, muito bem. A sua explicação satisfez-me e reconheço ter interpretado mal a sua mensagem.
Por esse facto, peço-lhe as minhas desculpas. :)
O teu texto é curto mas toca em todos os pontos essenciais e, de certa forma, defende a geração. Eu gostei! A Sra. Isabel Stilwell deixou muita gente irritada. Inclusivé a mim.
crónica banal, sem sumo.
Bonito era que as pessoas percebessem a ironia.
A sério, aqueles comentários matam-me.
Como é que alguém consegue pensar que a Pipoca culpa mesmo os seus pais? -.-'
Há um problema na argumentação deste tipo de textos: revelam o preconceito que pretendem combater. Os autores dizem que não há preconceito contra quem tem "menos habilitações", mas depois argumentam que, soubessem na altura o que sabem hoje, tinham-se ficado pelo 9º ano. Porque não serve de muito ter mais habilitações. Ou seja, as habilitações só têm "utilidade" se nos garantirem um bom ordenado e cargos de chefia ou de prestígio. E esse argumento tem prejudicado, e muito, a luta da autodenominada geração à rasca, que tem problemas muito sérios para resolver. Há uma fatia da população que não tem qualquer perspectiva de futuro e não é por ter uma licenciatura e um mestrado que tem mais direito a esse futuro. É porque é uma força activa, jovem, criativa, empreendedora, trabalhadora, forte e resistente, que basicamente faz andar o mundo para a frente. Não porque teve o enorme privilégio de estudar. As lutas ganham-se e perdem-se nos debates e é preciso começar a afinar os argumentos. E este argumento simplesmente não é bom.
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Teorias absolutamente espectaculares