Nunca fui uma pessoa particularmente ligada à igreja ou à religião. Baptizada, filha de católicos mais ou menos praticantes, fui para a catequese por vontade própria. Mais para estar com os meus amigos do que para estar perto de Deus, confessemos. No início era giro, era novidade, depois veio a rotina, a chatice, a obrigação. Primeira comunhão, profissão de fé, idas ocasionais e cada vez mais espaçadas à missa de domingo, e pronto. Era isso. Depois foi piorando. Fui-me afastando cada vez mais. Por alguma descrença, por incompatibilidades pessoais com a minha própria fé e por não conseguir dizer ámen a tudo o que a Igreja profetizava. Até que me casei. Mesmo estando tão afastada, sabia que tinha de ser pela Igreja. Fazia-me mais sentido assim, sabia que queria e que precisava daquele reconforto de alma. Mas depois de casada, depois de voltar da lua-de-mel, dei por mim a pensar que não podia ser só aquilo. Que não era só dizer em frente a toda a gente, no altar, que me comprometia com Deus, e depois virar costas novamente. E voltar a desligar-me por mais não sei quantos mil anos. Recomecei a ir à missa, muito por causa do padre que me casou (Arsénio Isidoro) que, claramente, sabe como cativar e aproximar. Porque não acha que cai o Carmo e a Trindade se disser uma piada, se contar uma anedota (no meu casamento disse qualquer coisa como “isto de casar só custam os primeiros 50 anos, depois é fácil”), se usar uma linguagem acessível que toca a todos. Sabe fazer passar a mensagem sem ser fanático ou fundamentalista. Enfim, tem o que falta a quase todos os padres. Foi muito por causa dele e por sentir que sei muito pouco sobre estes assuntos que, há já uns meses, me inscrevi na catequese para adultos. Não ouvi um chamamento, não vi a luz, não busco a beatificação, nada assim de particularmente esotérico. Só achei que da mesma forma que me afastei, se calhar posso voltar a aproximar-me. Talvez se perceber melhor certas posições da Igreja, talvez se souber mais da história do catolicismo. Sou leiga numa data de coisas e quero saber mais, para não embarcar em sensos comuns e falar de cor. Se calhar chego ao fim da jornada, percebo que não percebi nada, que não concordo com nada e volta tudo ao mesmo. Mas não deixa de ser interessante que sejamos tantos (uns 40), quase todos jovens, à procura de respostas. Será da época, será da crise (a do dinheiro e a outra, a da alma) ou andaremos todos, simplesmente, a precisar de acreditar em algo?
67 comentários:
identifico-me imenso com este post. não diria melhor.
Bjokas*
Hoje especialmente, adorei "ler-te"!!
Poderia ter sido eu, pois sinto muito das cosias que escreveste. Falta a parte do casar e da reaproximação que já vou fazendo aos poucos. Não foi nada pensando mas que também me está acontecer está.
E fiquei deveras espantada e surpreeendida pelo tema que escolheste para o post de hoje.
Parabéns. Gostei. Muito.
Eu tenho mais ou menos o seu percurso mas a dada altura «cruzei-me» com os Jesuítas que têm uma abordagem realmente fascinante o que torna as coisas totalmente diferentes. Os padres fazem mesmo toda a diferença (o que não deve ser desculpa por si só mas...).De qq forma tb tenho as minhas fase de on/off.
Muito honestamente, parabéns pela coerência tanto em relação a não ter mantido só um casamento pela Igreja «de fachada» como pelo facto de escrever sobre isso, como o faz como todos as outras coisas da sua vida. Thumbs up!Go Pipoca!
Como estudei desde cedo num "colégio de padres" (vulgo seminário) sei bem quais os bastidores da Igreja hoje em dia...talvez por isso me sinta cada vez mais afstada da Igreja.
Mas nunca de Deus.
Sou praticante sem la ter posto os pés nos ultimos anos.
Mas sou praticante.Todos os dias.
:-)
Pipoca!
Primeiro - compreendo perfeitamente o que dizes! Até porque também o padre Arsénio que me casou!!! Não podia ser outra pessoa! Ele é verdadeiramente e genuinamente inspirador, cativante, profundo sem ser chato... Ri e chorei na cerimónia do meu casamento... Adorei tudo naquela hora. As palavras sentidas foram ouvidas por todos! E no fim todos estavam encantados com aquele padre tão diferente do habitual, tão estranhamente próximo de quem estava a casar (nós os noivos), tão sensivel, tão divertido... enfim!
Fiquei feliz por ter sido o Arsénio o "teu" padre...
Também procuro um sentido e uma resposta para a minha fé "tímida e escondida"... Confesso que ainda não encontrei a melhor forma de a reencontrar.
Obrigada
Eu estou na parte de que primeiro falas... E sim quero casar pela igreja e depois talvez... A minha maior prova de fé (descobrir que existia dentro de mim) passou se em Bristol onde morava há quase meio ano. Naquela semana sentia-me mal, trsite, incomodada e não sentia bem porquê. Depois fez-se luz, descobria que ia ser o 1º aniversário da morte da minha avó. Chorei a noite toda pela minha insensibilidade e no dia seguinte pesquisei igrejas católicas na internet. Faltei às aulas e levei um ramo de rosas brancas ao altar de Nossa Senhora. Saí de lá nova... E voltei a crer.
GOSTEI! GOSTEI MUITO! Obrigada pela partilha...
Muito bem… estou quase a canonizar-te! Tu és um exemplo a seguir… e nos tempos que correm, em que as pessoas têm vergonha em dizer que são católicas... Muito bem mesmo! “Pipoca a padroeira dos blogues”
O padre ARSÉNIO foi o padre que me casou e ainda hoje choro e rio quando me lembro da cerimónia!
A condição de me casar pela igreja era esta... Ou era ele, ou não era.
Apenas porque acredito que as pessoas é que fazem a diferença nas instituições e ele faz..
Nunca me vou esquecer de uma missa de um campo de férias que fiz com crianças mais desfavorecidas em que ele era o Capelão... Nunca me vou esqueçer do brilho que ele provocava nos olhos daqueles miúdos que pouco ou nada tinham para se agarrar, mas que cantavam e louvavam como se fossem as pessoas mais afortunadas do mundo (se calhar são!)..
Também procuro constantemente uma forma de me reaproximar da Igreja.. Sinto essa falta em mim. Ainda não encontrei o caminho certo.
Obrigada por me relembrares do Arsénio. Ele é mesmo mto especial!
Talvez a crise, a da alma, tenha sido ajudada pela outra, a financeira, quando um certo desespero nos leva à procura de conforto. Ou então não é nada disso e, no fundo a nossa mente tem necessidade de pensar sobre um qualquer lugar sagrado que nos conforte do dias. A maioria de nós, quando passa pela adolescência é invadido por um quase sentimento de vergonha por se interessar por coisas da religião, temos vergonha de dizer aos amigos que nos faz bem aquele momento de reflexão. Mas depois crescemos, descobrimos o verdadeiro sentido da palavra Amor, descobrimos que há laços que nos são tão importantes que temos medo de os perder e precisamos urgentemente de os vincular a um sentido tão mais superior. Por isso, todo o sentido do casamento na igreja pois, é o único sítio onde podemos dizer que o que queremos partilhar com aquela pessoa é muito maior que as palavras do papel. Descobrimos assim que há um sentido nesta herança cultural que nos foi dada e que até nos faz bem pensar sobre isso. Não temos de concordar com tudo, nem sequer depositar a nossa vida nos lugares comuns da religião, mas é um tempo em que nos reflectimos e que confortamos as fragilidades da nossa alma.
Quando era pequenino o meu pai sempre disse que não queria que eu fosse baptizado tão novo. E assim foi feita a vontade dele. Preferia que quando eu tivesse juízo próprio decidisse por mim. E ainda hoje lhe agradeço por isso. Porque a minha decisão já foi tomada: não quero nem nunca serei baptizado. Não acredito em nada do que a Igreja conta, acho tudo descabido, tudo tão irreal e bizarro (vou só dar um exemplo: ninguém engravida do ar). Sou um descrente autêntico. Comecei por me aperceber que era assim quando achava uma seca as missas nos casamentos, quando evitava ficar dentro da igreja e, quando obrigado a assistir à cerimónia, escolhia sempre o último banco de todos. Sempre o mais distante para o padre não reparar nem levar a mal a minha total falta de atenção para o que ele dizia. Depois as idas a Fátima em família resumiam-se a isso: estar com a família. A minha avó e a minha mãe emocionavam-se quando chegavam ao santuário. Eu, pelo contrário, sentia que estar ali era a mesma coisa de me terem levado até Melgaço. Ou pior. Porque me irritava e revoltava. Então um local de culto de uma religião é transformado em comércio? Só serve para os fiés largarem dinheiro com as velinhas e esvaziarem a carteira na caixa das ofertas? Então com tanta gente a precisar de ajuda e com uma religião que prega que se deve ajudar o próximo vão construir uma catedral de milhões em Fátima? Um vaticano milionário e os fiés a precisar de ajuda! Não, não e não. Eu não consigo pactuar com esta hipocrisia (peço desculpa a quem acredita), é que acho tudo isto um negócio e uma farsa muito bem montada. Mas respeito quem acredita e quem pratica e até percebo que o façam, porque entendo que necessitem de algo superior para ter fé.
Foi dos melhores posts que escreveste
Esqueci-me de um detalhe importante...sou bisneta de dois padres..sim...dois..o pai da minha avó paterna e o pai do meu avô paterno, eram padres :-)
O que escreveste é deveras interessante Pipoca pois nos ultimos meses tenho tido conhecimento, como que "por acaso", de mais e mais pessoas (e sobretudo jovens) à procura de respostas! Tenho pesquisado sobre o assunto, e segundo consta estamos perante uma Era em que o ser humano começa novamente a despertar para a espiritualidade e digo "novamente" porque os nossos antepassados ja estiveram bem mais perto dessa espiritualidade do que nos encontramos hoje. Ha os que buscam essa espiritualidade na religiao, ha os que a buscam nas novas teorias espirituais mas o principio, o principio é comum a tudo, seja qual religiao, doutrina ou teoria for. Fazes bem Pipoca! Afinal, porque nao procurar respostas para fazermos deste mundo um mundo bem mais feliz do que o actual?
http://conversas-de-sofa.blogspot.com
Parabéns! Gostei muito deste post e identifico-me imenso nas dúvidas e na carência de explicações e respostas. Podia ser escrito por mim....
Por incrível que pareça, este foi um dos teus posts em que mais me revi... porque me lembrei das mesmas situações e motivos na infância, porque recordei os mesmos sentimentos aquando o meu casamento e porque continuo a sentir o que te levou a regressar à catequese sem, no entanto, ter tomado qualquer atitude.
Às vezes basta um empurrão, pode ser que o meu empurrão tenha sido este post...
Andei 9 anos num externato religioso e hoje em dia não sei rezar um avé-maria. Ao ver certas coisas a acontecerem lá dentro, ao passar por certas situações na minha vida, fui-me afastando da igreja como instituição e de qualquer ser superior (deus?!) que possa existir. Sou agnóstica e acho que a igreja católica como instituição uma farsa. Acredito que haja muita gente a sacrificar-se e a mostrar o exemplo, mas da instituição em si, para mim, pode-se dizer "moral de padre".
Mas por outro lado gostava mesmo de ter outra opinião: reconheço que as pessoas mais crentes sentem um certo reconforto ao irem à igreja. Sentem reconforto por acreditarem que existe algo superior e talvez vida após a morte. E em momentos de crise é bom sentir algum apoio...
http://procurandogambuzinos.blogspot.com/
Gostei muito! Talvez por me rever. BJ
Pipoca,
Grande post - sem duvida dos melhores que colocaste ultimamente.
Também me tenho reaproximado da igreja - com a ajuda da minha melhor amiga, que me soube levar aos devidos locais. Há pessoas ligadas à igreja que o mais que sabem fazer é afastar-nos dela.
Acho que sim, que necessitamos (todos) de acreditar em algo - que nao sabemos bem o que...
Força sweet*
O padre Arsénio Isidoro é um padre muito carismático, 5 estrelas! Ele é o pároco da igreja da Ramada onde mora a minha mãe e das poucas vezes que la fui, achei que se todos fossem como ele a igreja iria estar muita mais cheia de fiéis!
Será desses factores todos pipoca. Também eu estou a frequentar a cataquese até Junho. Optei-o por fazer antes de me casar, mas também foi em consciência.
Acho que é isso que falta em muitas igrejas, e o que leva muita gente a afastar-se....o facto de não haver um padre que motive, que nos faça querer saber mais e lá voltar. Eu falo por experiência prórpia, sei que ás vezes gostava de ir à missa e saber mais. Mas saber que quem vai lá estar é um senhor já de idade que entretanto vai divagar tanto que se vai esquecer de onde estava, custa, e não motiva, antes pelo contrário.
odocedevaneio@gmail.com
gostei muito de ler
Entendo-te muito bem porque me identifico com tudo! Fui criada num ambiente católico praticante, sempre andei na catequese ate aos 15 anos. Tive um catequiste que me acompanhou desde cedo e sempre me conseguiu cativar, apesar de também ser uma oportunidade de estar com os meus amigos. Pertenci ao coro e a essas coisas todas, de um momento para o outro perdi o interesse. O padre da paróquia não sabe cativar as pessoas e a mim sinceramente so me conseguiu afastar!Ele é simpatico e quem já teve que ter contacto com ele como eu(num casamento e num batizado) ele é mesmo diferente daquilo que transmite nas missas mas não me consegue convencer pronto! Isso não é desculpa porque eu podia ir prefeitamente à missa a outro lado, mas não vou. Acho que não acredito em nada do que dizem. Acredito no meu Deus que talves seja parecido ao deles, mas a INQUISIÇÃO? E as coisas que eles condenam? E o Papa também não me convence.Pode ser que com o tempo eu volte como tu!
Mas atenção andei sempre em colégios catolicos e rezo todas as noites.Não deixei de acreditar em Deus até porque acredito muito nele apesar de algumas coisas mais negativas que aconteçam na minha vida há outras que superam tudo isso!
Tenho uma historia muito engraçada que queria contar e que penso muitas vezes nela quando estou para "perder a fé novamente"
O meu avô teve um AVC há 16 anos, está quase acamado, ele e a minha avó iam todos todos os dias à missa! Aconteceu isto? Porquê?Depois de tanto se rezar e pedir protecção acontece esta desgraça que fez com que ele quase nunca mais saisse de casa! Há 5 anos um médico receitou-lhe uns comprimidos que quase o mataram, a minha mãe encontrou-o morto em casa, a minha avó onde estava NA MISSA!
Então porque aconteceu isto perguntava eu! Valeu a pena ela estar a rezar dizia eu! A resposta das pessoas era que"MAS ELE NÃO MORREU FOI PARA ISSO QUE SERVIU O QUE A TUA AVÓ ESTAVA A FAZER NESSE MOMENTO"a minha frustração era que ele estava ali sozinho enquanto a minha avó tinha ido rezar, e se não fosse os benditos pressentimentos que a minha mãe tem em ir ver se estava tudo bem com ele talvez tivesse morrido. Mas telvez as pessoas tivessem razão, foi esse momento que o salvou e era pra isso que a minha avó rezava sem saber!
É pena não haver mais padres como esse, tal como tu também me afastei por discordar em tantas vezes com determinadas posições da igreja e principalmente pela ostentação de riqueza em que vive. Mas, também sinto falta, tenho passado todos os dia à porta de uma igreja, a porta está aberta e sinto-me tentada a entrar, há-de chegar o dia que avanço. Não sei o que é mas sinto realmente falta de alguma espiritualidade, de crer em algo.
Gostei bastante, Pipoca!
Mostra o teu espírito de descoberta e de não querer ser mais um alguém ignorante.
E parabéns pelo blogue! :)
onde está o botão like?
Pipoca:
Eu sou uma pessoa que não sou filha de Deus (i.é., não sou baptizada, pq na altura os meus pais eram revolucionários do PREC. Nem eles se casaram pela igreja...agora curiosamente estão a ficar cada vez mais conservadores, mas adiante).
Não tive, portanto, especial contacto com a igreja católica e, quando entrei no Vaticano, ia tendo uma enfose derivado de tanta ostentação a par com tanto pedir para os "pobrezinhos" (odeio esta expressão).
No entanto, acredito que há qualquer coisa lá em cima ou lá onde for.
Estive em Taizé há uns anos e senti algo. Não sei se é fenómeno de massas, muita gente junta, boas energias, o que for. Mas havia algo diferente.
Mais, foi numa igreja em S. Petersburgo que mais me emocionei.
Isto da religião e da fé está na nossa cabeça, nas nossas crenças e não tanto na nossa aculturação.
Bom post pipoca, já tinha saudades destes do tipo mais reflexivo.
Parabéns... antes de mais pela coragem de expor aqui um assunto que é controverso numa coisa que é tão intima como a fé!
Cada vez mais agradeço a Deus ter nascido no seio de uma familia que me ensinou a viver com Deus pelo seu exemplo e pela sua forma de lidar com as situações mais dificeis.
Na minha vida Deus foi uma presença constante: colégio católico, catequese, grupos associados à igreja, EJNS... tudo fez parte do meu percursso e da minha construção enquanto pessoa!
Não me considero uma fundamentalista no que toca a vivências e a rotinas associadas à fé. Vou à missa... porque sim, porque me faz bem, porque é um tempo que me aproximo dos outros e de mim através de Deus. Rezo e procuro ter Deus no meu dia a dia porque isso me dá a calma e a segurança para que enfrentar as adversidades da vida com outra segurança. E isso permitiu-me um dia ter o seguinte dialogo:
- Tu vais à missa, não vais?
- Vou
- Nota-se
- Porquê? é no mau sentido?
- Não, transmites outra maneira de estar, outra calma
Ser Cristão... para mim é isto! É estar na vida de outra forma...
Conheço e admiro o Pd Arsénio, o Pd Zé Manel e a maioria dos jesuitas que encontra em centros universitários e outros colégios... É uma questão de procurar, mas escolher a missa a que se vai é importante! Boa sorte nessa sua descoberta!
Maria Ana
Pipoca obrigada por me relembrar o pa. Arsenio! Se todos trabalhassem assim isto ia melhor! df
Porque a Igreja deve ser feita por nós. Porque é tão diversa como tantos quantos a seguem. Não sei se aconselho a Catequese nas dioceses e paróquias deste nosso país uma vez que nunca vi nenhuma delas a cativar ninguém por aí além (a menos que esteja a fazer isso com o P. Arsénio)... mais depressa a vejo num Movimento Católico. Daqueles em que há temas para casais, em que se falam de temas como a religião no dia-a-dia, no meio do mundo do trabalho, no meio do casamento. Eu ando pelo Movimento de Schoenstatt, o que mais apela à liberdade interior. Acho que se ia identificar, ou não fosse o nosso fundador um herói dos últimos tempos.
Tão lindo!
Eu cresci numa família católica, comecei a ler na Igreja desde pequenina, fiz os sacramentos, fui catequista, vim para a faculdade e encontrei amigos igualmente católicos e íamos todos à missa aos domingos quando não íamos a casa dos pais aos fins-de-semana.
Depois... afastei-me. Apesar de me ter afastado da Igreja, ficou cá dentro qualquer coisa mais forte que eu. Tem que ser mais forte porque eu, uma durona que não chora nos filmes, que trabalhou com politraumatizados sem vacilar, choro desalmadamente quando vou à missa na Páscoa, choro ao ver o paninho do Menino Jesus nas janelas, choro com os Pastorinhos de Fátima. É incontrolável a emoção que sinto e que nem entendo.
Sinceramente não acho que os dogmas da Igreja sejam a coisa mais importante. Se era virgem ou não era virgem, se Jesus teve irmãos ou não teve, se houve inquisição ou não houve, se há jejum às sextas ou não há. A mensagem de Jesus é cativante, é sempre actual, e às vezes (poucas) lá procuro quem ma transmite como ninguém e vou à missa dos jesuítas. E choro. E sinto a alma cheia outra vez.
Ai pipoca, como eu me revi nisto tudo....... pensava que estava sozinha ao querer perceber um bocadinho melhor isto da fé. Não me identifico com a Igreja enquanto instituição poderosa, mas há padres inspiradores e este mundo anda demasiado mau para andarmos sem rumo nenhum.
Acho que é capaz de vir aí uma vaga de gente mais informada acerca da religião e um bocadinho menos céptica. Isso fazia bem ao mundo.
Sou mais católica que a Pipoca, sei bastante da história do catolicismo, não sou melhor por isso, mas tenho a alma mais aconchegada.
Posso dizer-lhe que também conheci um padre como o "seu" Padre Arsénio e sei que padres assim são uma raridade.
O meu chama-se Padre José Abrunhosa é de Lamego e ensinou-me que podemos ser contra certos comportamentos da Igreja, podemos não dizer Amén a tudo, mas Deus, estará sempre lá...Para nos receber.
Boa sorte.
Lindo!
Mas mesmo mais lindo, é o facto de a maior parte das pessoas que vão papar as missas aos Domingos, não darem uma esmola a um pobre, não ajudarem quem mais necessita, nem sequer uma festa a um cão ou a um gato.
Mas ao menos são coerentes com a malta lá do Vaticano que estão carregados dele e só sabem falar e comer do bom e do melhor!
Tudo lérias!
Querem acreditar em algo?
Acreditem em vocês próprios.
Não se esqueçam de deixar umas moedinhas na caixa das esmolas para o coitadinho do Padre poder viver à grande. Ainda não pagam impostos pois não?
Bem mas de qualquer modo, antes isso do que andar a roubar!
Se gosto de entrar numa igreja e ficar quieto? Sim, gosto, mas longe de padrecas e afins!
E eu, que conheci o Pe. Arsénio quando ele ainda era só o Arsénio, percebo perfeitamente. Aproveita (te) dele que como esse há poucos. Mas são bons. Reconfortam-nos a alma. E o coração.
Voltei à catequese depois de adulta também. Fiz o Crisma e ainda fui dar catequese aos mais pequenos. Por isso, identifico-me com o que escreves. também nunca descobri o motivo do "regresso", mas sei que foi das coisas que mais me preencheram.
Boa viagem pelo mundo da fé (ou o que quer que seja)! :)
Gostei muito do que li e tive um percurso parecido. Só houve uma coisa que não consegui, que foi casar pela igreja.
O padre que nós conhecíamos e gostávamos não se podia deslocar fora de Lisboa para nos casar e eu queria casar pela igreja, mas sem ser na igreja, ao ar livre, debaixo do caramachão que o meu pai tinha arranjado para o casamento, e o padre da terra, que tem uns 90 e tal anos, achou uma heresia e como era preciso ele para pedir autorização ao bispo, não foi possível. A minha mãe ainda escreveu várias cartas ao bispo da Guarda - para ela era mto importante que casássemos pela igreja - mas nem resposta obteve. Uns padres aceitam celebrar os casamentos fora das igrejas e outros mandam-nos passear... Não há uma regra e nós tivemos azar.
E esse padre que te casou é de que paróquia? É que fazem falta padres que queiram estar próximos e falar a nossa língua.
vidasdanossavida.blogspot.com
Pipoca, gostei muito deste post. É um percurso muito parecido com o meu(só ainda não casei) e revi-me em muito do que escreveste. Boa sorte na tua procura de respostas, também em busca das minhas!
Como me revi neste comentário...
Tal como tu, fiz a primeira comunhão, profissão de fé, crisma e além disso ainda fiz parte de um grupo de jovens durante muitos anos.
Sempre pela minha fé e nunca pelas pessoas da Igreja. Conheci padres fenomenais que, pela sua diferença, me conseguiram ainda captar mais.
Houve um dia em que, uma só pessoa,conseguiu afastar-me completamente da igreja. E a falta que me faz! A paz que me dava ir à missa. O quanto eu gostava de ter agora um padre que me cativasse assim.
de há uns 8 anos para cá fui à missa apenas em situações muito pontuais, e sinto falta.
Claro que nunca deixei de ter a minha fé, mas esta fé está incompleta.
Eu sou católica praticante. Mas não vou à missa da minha terra. Vou a uma onde o padre canta até os parabéns aos paroquianos que fizeram anos nessa semana.
Acredito na fé, em Deus. Não acredito na maioria dos padres e dogmas da Igreja.
Concordo plenamente...
Obrigado Pipoca pela partilha... as tuas palavras podiam ser as minhas.... beijinho
Pipoca, apesar de você abordar uma temática que me é completamente indiferente (a religião), confesso que já sentia imensas saudades de a ver escrever um post assim.
Um bem haja.
Obrigado pela partilha, foi um momento enriquecedor.
padres com nome de salsicha e catequese para adultos parece-me muito bem. boas aulas
Não deve ser fácil partilhar com tanta gente algo que vem mesmo lá de dentro.
Gostei mesmo muito de te ler hoje
Olá Pipoca,
Nunca antes me atrevi a comentar o teu blog,apesar de te ler à imenso tempo... porque és brilhante no que escreves, e eu sou só mediana e não queria estragar isto!
Mas hoje senti, que o deveria fazer... O post está brilhante como sempre, mas o tema mexe comigo e lá me resolvi a escrever...
Eu sou animadora de um grupo semelhante ao teu, e se há coisa que percebi até aqui é que: o caminho faz-se caminhando, e aos pouquinhos, perceberás qual é a tua meta, qual é o teu objectivo! Por isso, força nisso! E boa caminhada! ;)
Sara Pocket
Bem, acho que sou o único aqui que não conhece o padre Arsénio.
Shame on me!
As respostas a essas perguntas, irás encontrá-las no final...
Mas fico bastante contente por o teres feito e, por o teres digo neste sítio!
Muito bem!
stellamaris.blogs.sapo.pt
Gostava que me tivesse sido ele a casar, mas na altura ele estava na Ilha do Princípe!
Gostei muito deste teu post.
Acho que já há muito tempo que não fazias um post tão bom...
Identifico-me muito com o que dizes
olha que realmente...não te imaginava na catequese aos 30 ;)
bjinhos
http://mefrancesca.blogspot.com
Sabe sempre tão bem chegar aqui e ler. simplesmente isso, ler e gostar de chegar até ao fim.
não diria melhor
bjs
sabes uma coisa que é maravilhosa?
é que mesmo que por vezes voltemos as costas a Deus, Ele recebe-nos sempre de braços abertos.
quando erramos e pecamos, Ele perdoa-nos sempre, mesmo sabendo que em breve voltaremos a pecar - Ele nunca nos abandona.
eu participo activamente na minha paróquia, faço parte da Equipa de Animação Paroquial, do grupo de Lectio Divina, colaboro no jornal da paróquia, entre muitas outras coisas.
É bom dedicarmos alguns momentos da nossa vida ao serviço de Deus.. fico contente por saber que estás envolvida no projecto que Deus tem para ti.
E sabes porque é que admiro pessoas como tu? Porque vão à descoberta, ao reconhecimento do fundamento que segue uma ideologia, vão-se desafiar, vão questionar e meter-se "dentro" do assunto... só a essas admito o "opinar"! Só a quem já vivenciou e se esforçou para conhecer e compreender algo permito que digam que não se identificam, que não querem, que não concordam... Aos outros deixo sempre a questão no ar... porque eu nunca tive o hábito de opinar sobre o que não sei... e não tolero que o façam! Porque cheio de críticas infundadas está este mundo cheio. Sou a primeira a ser a favor das diferenças e a respeitá-las... desde que sejam baseadas em opiniões maduras, dotadas de uma necessidade de conhecimento que simplesmente falhou porque não nos "enche as medidas".
Admirei a atitude e só me resta dizer-te para aproveitares o que de bom esse padre e essa comunidade aparentam ter. Sem dúvida que ser igreja é muito mais do que aquilo que muitos andam a proclamar.
Uma cristã em descoberta permanente :) *
ei malta... tb como muitos adorei. Ah! sou padre e percebo perfeitamente os vários caminhos para tornarmos este mundo melhor. Já convivi, caminhei, fiz aventuras imensas... com centenas, milhares de jovens. É uma beleza sermos todos tão diferentes, mas buscadores de felicidade. Eu procuro encontrá-la em Deus, pois como todos procuro Deus. Não sou profissional de religião. Sou simplesmente padre. A ti, que destes o teu testemunho e a todos os que partilharam os meus parabéns.
vale a pena procurar. E Deus, mesmo sem o perceber, lá está.
P.M ( é assim que a malta me chama)
Querida Pipoca, sendo eu leitora fiel deste seu blog, e depois de ler este seu post, fiquei com a sensação de que não querendo perder a minha fé, talvez me pudesse ajudar. Ora bem, toda a gente sabe que a Pipoca é lida por 3/4 do país e os que a não lêem é porque não têm acesso a um computador ou não lidam bem com isto das internets. Pois é o seguinte, eu Andreia Fausto, continental e nortenha de pura gema, estudo nos Açores- e como estudante que sou não tenho onde cair morta. Vai daí, meti-me numa aventura para poder ganhar uma viagem, e assim, no mínimo do mínimos, ia ver o meu querido pai e visitar o meu grande Porto antes da páscoa chegar. Assim sendo, pedia-lhe, e sabendo que tem mais que fazer que me aturar, para deixar no seu blog algum apelo, ou quem sabe em jeito de comentário algo para as pessoas votarem em mim até segunda feita. As queridas das duas leitoras, só têm de ir ao facebook, e irem a http://www.facebook.com/sata.pt, tornarem-se fã da SATA e depois clicares "gosto" no meu comentário aqui: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=176969772345991&set=a.143638329012469.23222.141238242585811. O meu comentário começa com " dos Açores para o mundo..." É simples e não custa muito.
Faz isso por mim, Pipoca?
Agradeço-lhe imenso!
uma beijoca, da leitora que faz parte dos seus " queridos póneis"
Pelo menos pensas-te e tives-te coragem... Eu tb tive essa sensação mas não foi depois do casamento, mas depois do curso para o matrimonio. A seguir ao casamento ou melhor depois da lua de mel e depois de estar mais descansada com tudo...começamos a pensar nas palavras do Padre Pedro da paroquia das Merçês em Lisboa. Que realmente a Igreja não seria de tudo um mundo tão "fechado". E que valeria apena conheçer melhor esse Mundo e talvez fazer parte dele. Mas nunca cheguei a faze-lo...
Parabéns
Cada vez gosto mais da Pips aposto que muitas bloggers portuguesas não teriam coragem de escrever aquilo que escreves-te neste post! Parabéns!
UAU! Este post está excelente!! Adorei!! Gostei mesmo muito...
Olá,dp de ler este post, não posso deixar de pedir uma ajuda pipoca...
Tenho 30 anos e gostava de me baptizar. O problema é que só agora percebi que com a minha idade a preparação necessária para ser baptizada demora algum tempo. Gostava muito de ser baptizada até Maio, pq estou grávida e o meu bebe nasce no final de Junho. Será q isso é mesmo impossível para este ano?...Se me conseguir ajudar com alguma informação era óptimo!Obrigada!
A procura de espiritualidade faz parte do desenvolvimento pessoal...
Eis o que eu acho:
http://historiassemtempo.blogspot.com/2010/04/deus-e-fe.html
keep going...
Olá Pipoca, adorei o teu comentário. Creio que esta é a busca de todo o ser humano, não uma religião vazia mas um relacionamento verdadeiro com Deus. Ele está perto. bem perto... Ouça-o.
Gostava de partilhar contigo também o meu blog. Por favor, ficaria feliz com a tua visita.
http://sofialink.wordpress.com/
beijinhos
Olá.
Queria só agradecer-te este post, Pipoca. Sabes? sou padre, jesuíta, ainda por cima... somos aqueles que temos a mania que sabemos tudo! E que somos os maiores do mundo e arredores! E sei que tens mesmo toda a razão do mundo! Faço a experiência, todos os dias, de ter um tesouro para dar às pessoas e de elas desconfiarem ("quando a esmola é grande o pobre desconfia", diz o ditado). Claro que a culpa é da Igreja! Se o "produto" é perfeito... a distribuidora é que falha. Mas também queria só dizer que não é de hoje esta falha... Nem de ontem. É da primeira hora. No grupo de amigos de Jesus, estava um Judas. E os outros? Quem é que lá ficou na hora da verdade?! Jesus, de facto, nunca teve jeito para escolher amigos. Imagino Maria, sua Mãe, preocupada com as más companhias do filho... E deu no que deu! E é nesta linha de amigos que me incluo. Incoerente, frágil, bronco,... mas a querer acertar com a vontade dEle, porque sei (lá estou eu com a mania que sei tudo), tenho a certeza de que esta Vontade é a minha vontade mais profunda e a minha Alegria porque me dá o verdadeiro sentido da Vida. Também eu me sinto mais próximo quando vejo pessoas a aproximarem-se. Sempre me confirmam que, afinal, não sou totalmente louco por andar nesta vida! Fico mesmo muito contente pelo Arsénio! Manda-lhe estas comentários, por favor! Os padres também gostam e precisam! que lhes digam que estão no bom caminho!
Olá Pipoca, tem novo post no meu blog. Gostava muito de te ver por lá. Beijinhos da Sofia Link
http://sofialink.wordpress.com/2011/03/12/a-historia-da-ovelhinha-e-seu-pastor/
Boa noite Pipoca e todos os que postaram neste tópico. Sou Brasileira, de São Paulo e fiquei encantada ao ler suas colocações. Que delícia sermos tão diferentes, cada um num estágio do caminho. Que delícia são os carinhos do Senhor que nos espera ansiosa porém pacientemente enquanto não encontramos a direção de Seu abraço... Penso que são mesmo fases que acometem todo ser humano. "Há um tempo para tudo sob o sol"...não é assim que diz a Palavra? Houve um tempo também para mim de contestar tudo, principalmente a Igreja... até descobrir que ela é só o corpo que, erroneamente, pensa ter vida própria. Um tempo em que pensei saber de tudo.Há depois um tempo de serenidade maior, de humildade maior, de confrontarmo-nos com mistérios como gerar uma vida e descobrir o amor incondicional por serezinhos tão miúdos e dependentes, que fazem tanta bobagem enquanto crescem, mas que não deixamos de querer amar e proteger cada vez mais. E como a coisa mais importante é o amor, ele ecoa em nosso coração em direção a um amor maior: Jesus. Enfim, querida Pipoquinha, sacuda-se. Panelas de pipoca, quanto mais sacudidas, maior o resultado, não é assim? Como imagem e semelhança do Criador, você é um infinito de sabedoria ainda a descobrir-se. Peço a Deus que abençoe esse seu projeto de reconhecer-se. Um beijinho brasileiro, Rosana Mendonça
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Teorias absolutamente espectaculares