Na parte de dedicatórias do meu livro, só há duas menções: uma ao meu irmão (que, como muitos sabem, outros não, já morreu) outra aos leitores do Pipoca. As dedicatórias são coisa séria, para a vida. No final, na última página, vêm então os agradecimentos, a amigos e familiares. A dedicatória, a parte mesmo importante, foi para os meus leitores. Porque eu sei o papel que tiveram e têm na minha vida. E aqui convém fazer uma distinção importante entre leitores. Vou lançar uma percentagem que, não tendo grande sustentação matemática, científica ou social, não deve andar longe da verdade:
70% de leitores que gostam muito, que lêem todos os dias, que me defendem com unhas e dentes, no matter what.
20% de leitores que gostam, lêem com frequência, mas não se abstêm de discordar daquilo que eu penso e escrevo (e fazem bem). Leitores mais racionais que passionais, que podem ou não simpatizar comigo mediante o que eu escrevo nesse dia.
10% de perfeitos idiotas. Gente que só vem cá para chatear, para ser ofensiva, desagradável, lançar boatos, ser indelicada, dizer que odeia, atribuir-me todos os adjectivos possíveis e imaginários. Tal como disse, perfeitos idiotas, há que chamar a coisa pelos nomes (para além de pessoas extremamente mal intencionadas).
Ora alguns leitores (sobretudo muitos dos que se encaixam nestes últimos 1o%), tendem a ficar muito amofinados quando eu respondo torto a alguém. Que sou uma arrogante. Que não tenho poder de encaixe. Que não sei aceitar críticas. Que assim não vou longe. Pois. Eu sei que devem achar que é muito bonito comer e calar, e que era mesmo isso que eu deveria fazer. Mas quando se faz isso todos os dias, 40 vezes por dia, torna-se impossível. Para o tipo de comentários que eu recebo, elevem as mãozinhas aos céus por eu só me passar de quinze em quinze dias. Caso contrário, em vez de vestidos de noiva, levavam com posts diários a desancar nos perfeitos anormais que por aqui vão passando. Nunca deixei de publicar nenhuma crítica ou discordância. E, 97% das vezes, nem respondo. O que deixei de publicar foram mentiras, insultos, coisas tão descabidas que me deixam a pensar que há muita gente doente a ler este blog. Mas doente mesmo, acreditem.
Não me venham agora dizer que eu trato mal os meus leitores. Simplesmente, não nasci com vocação para santa, caso contrário estaria num qualquer convento a fazer compotas ou sabonetes artesanais. E, por isso, não podem estar à espera que eu vá acumulando ofensas e comentários infelizes e fique sempre calada, qual mártir. Infelizmente, aquela coisa de levar uma chapada e dar a outra face para receber outra... não é para mim. Por isso não engulo sapos ad eternum. Engulo alguns, muitos, demasiados, não todos. E quando tenho gente consecutivamente a dizer que não gosta, que isto já não presta, que tem espinhas, que tem gordura, que antes é que era giro (sobretudo, quando eu era mais infeliz, claro, que ninguém acha graça nenhuma à felicidade alheia), que agora é sempre o mesmo, e sempre nesta ladainha, e mimimimimi... a sério, aí têm de levar com a tal "arrogância", como lhe chamam. É que a menos que:
a) tenham feito uma promessa a um santo qualquer
b) sejam masoquistas
c) sejam estúpidos ao ponto de gostarem de gastar o vosso tempo num blog que odeiam
d) haja alguém a apontar-vos uma pistola à cabeça para que leiam o blog
... não estou a ver porque voltam. E mais, não estou a ver porque se sentem no direito de exigir. Meus bons amigos, isto é um blog, eu não sou a vossa médica de família, não vos presto qualquer tipo de serviço. Se quiserem, eu instalo o acesso pago no blog, e aí já podem dizer de vossa justiça. Até lá, ou bem que comem e calam, ou bem que se tornam mais espertos e vão ler outras coisas que gostem mais (olha, diz que o novo Saramago é bom, já vou a meio e estou a gostar. Leiam isso. E, se não gostarem, escrevam ao senhor Saramago e digam que no próximo livro querem que ele escreva sobre o preço escandaloso do abacaxi, em vez de religião, que já não podem com religião).
Os meus leitores, aqueles a quem eu dedico o livro, sabem que os meus textos mais "agressivos" não são para eles. São para aquele tipo de gente que não me interessa nada. Aquele tipo de gente que acha que tem algum poder sobre este blog. Aquele tipo de gente que diz, como li por aí, que lhes infernizo a vida com o que escrevo (eu não digo que só pode ser gente doente? Mas por acaso são obrigados a vir até aqui??? Não, são só maluquinhos), aquele tipo de gente que diz que me tornei famosa à conta do blog e que tenho de lhes agradecer de joelhos (famosa onde? Só se for na minha casa. Mas desde quando é que uma pessoa se torna famosa por ir meia dúzia de vezes à televisão ou aparecer na Caras?), que ganhei muito dinheiro à conta do blog (agradeço que me apresentem as cópias dos meus extractos bancários, já agora, porque não dei conta que lá tivessem entrado quantias jeitosas). Por favor, tenham juizinho nessas cabeças, vão estagiar com monges tibetanos, dediquem-se à renda de bilros, pratiquem um pilates pela manhã. Ou deixem, simplesmente, de ser idiotas. Se querem insistir na idiotice, ao menos depois aceitem que eu também vos ofenda e não se armem em copinhos de leite, "ai, que a Pipoca foi mal educada com os meninos, ai que nos tratou mal, ai que foi arrogante". Sendo que, no texto abaixo, nem sequer percebo onde é que houve a tal "má educação". Cambada de bambis, pá. Quando eu começar a ofender algumas pessoas com o tipo de ofensas que me fazem a mim, aí é que vão ver o é bom para a tosse. E agora vou procurar receitas de bacalhau.
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Teorias absolutamente espectaculares