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segunda-feira, agosto 18, 2008
Lindo serviço, hein?

Já há algum tempo que eu andava para dizer de minha justiça sobre estas Olimpíadas, mas só agora consegui parar de rir com as desculpas dadas pelos atletas portugueses pelas lindas figuras que lá foram fazer (tirando a Vanessa, claro, que mesmo tendo o pai sempre a guinchar atrás dela - "vai Vanessa, tu consegues Vanessa, anda lá, Vanessa, importante é participar, Vanessa, tu és mais forte, Vanessa, dá um beijo à mãe, Vanessa" - lá conseguiu trazer uma medalhinha para compor o ramalhete da desgraceira nacional).


Já se sabe que uma pessoa (reformulo, um português) nunca vai para lá com grandes expectativas, mas pronto, há sempre aquela restiazinha de esperança em que todos os adversários sejam acometidos de uma qualquer virose que nos permita chegar ao ouro. Ao bronze. Vá, a qualquer posição acima do 10º lugar. Mas já que não ganham nada que se veja, o mínimo que se pede aos nossos atletas (?) é que não venham para a televisão, ainda ofegantes, lançar um conjunto de desculpas que fazem a nação ter um bocadinho (de nada) de vergonha. Deve ser do esforço (?), sobe-lhes ali qualquer coisinha à cabeça e vá de dizer a primeira parvoíce que se lembram.


Começámos logo com a promissora Telma Monteiro (um dia gostava de falar sobre a relação entre o penteado com que ela se apresenta nas competições e o respeito que as adversárias lhe têm, mas fica para outra oportunidade). Antes de ir o discurso era "vou para ganhar todas as provas". Depois de ter apanhado de toda a gente, apresenta-se com ar de kalimero, a queixar-se do árbitro (malandro, pá!) e a dizer que as adversárias parece que só andaram a estudar para lhe ganhar (brilhante). De facto, ele há gente malvada neste mundo! Adversárias que estudaram para lhe ganhar, onde é que já se viu? Não se faz, a sério. Tem razão em queixar-se do árbitro, pois tem! Então as outras gajas batem-lhe, assim à descarada, e ninguém intervém, ninguém faz nada, fica tudo impávido e sereno a ver a Telminha apanhar?? É isto o espírito olímpico? Deixar que as adversárias estudem para ganhar às outras? Então não é tudo paz e amor, dar sempre a outra face? A sério, alguém que reveja as regras do judo, porque estudar para ganhar às adversárias parece-me uma coisa inconcebível. Muito feia mesmo. A Telminha, por exemplo, parece que só estudou para apanhar, nunca para dar. Está certo, ser amigo é isto mesmo.


Ainda no judo, a medalha de ouro para a parvoíce vai para Pedro Dias. Conquistou o 9º lugar - o que é uma merda - , mas isso parece não ter grande importância, já que o rapaz só foi a Pequim para resolver uma questãozinha passional. Ou seja, ir às trombas ao brasileiro João Derly que, safado, em tempos lhe fanou uma namorada. E pronto, menos mal, ao menos esse objectivo foi cumprido e Pedro Dias veio para a televisão dizer que "levou um par de chifres" (expressão do próprio), mas que "humilhou" o judoca brasileiro no tapete. Mais uma prova do bonito espírito olímpico. Ora o brasileiro não vai de modas e manda avisar que o espera no Brasil para o ajuste de contas. E, desconfio, nem vai ser preciso chegarem ao tapete, a coisa deve-se resolver logo no aeroporto. Bonito.


No que toca à natação, o problema parece ter sido com o fatinho de banho. Diz que o Phelps papou tudo quanto era medalha de ouro porque tinha uns fatinhos especiais da Speedo feitos em Paços de Ferreira. Tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe. É que cada exemplar custa para cima de 700 euros e nós, já se sabe, somos pobres. Por isso, um nadador português teve que usar um fato emprestado por um amigo, outra teve que enviar uma carta à Speedo a implorar a todos os santinhos que lhe dessem um, que ela era muito pobrezinha mas trabalhadora, e um fato faria toda a diferença. Não fez. Nem para ela nem para todos os que usaram o tão desejado Speedo Racer LZR. E, tenho para mim, mesmo com uns calções ali da Sportzone, o Phelps safava-se na mesma, assim à grande.


Mas a minha desculpa favorita (ainda estou espantada com tamanho brilhantismo) foi a da atleta Vânia Silva, que competiu no lançamento do martelo. Ora bem, esta senhora ficou em 46º (deviam ser 47... ah, esperem, não, vi agora que eram 50. Nada mau, Vânia!) e o melhor que se lembrou de dizer foi (preparados? É que esta é mesmo boa, pá!): "não sou muito dada a este tipo de competições". Hmmmmm. Certo. Então? A que tipo de competições é dada a querida Vânia? Ao campeonato de lançamento de martelo lá do bairro onde vive? Andou uma eternidade a treinar (ou não) e ninguém lhe explicou que era para ir aos Jogos Olímpicos? De repente deu por si e "olha, querem lá ver, estou em Pequim", foi? E ainda acrescentou que o problema foi serem só três lançamentos, porque em Portugal são seis. Se fossem 220 é que dava mesmo jeito, não era? O que é que se há-de fazer, há gente assim: fraquinha ao terceiro lançamento, mas uma bomba ao quarto. A culpa não é da Vanucha, coitada.


O dinheiro que se gastou para levar esta gente a Pequim dava para alimentar quatro países africanos, mas depois ainda se leva sempre com a conversa da falta de apoios, ninguém quer saber destas modalidades, tive que vender o gato para poder comprar uns ténis, blá blá blá whiskas saquetas. E está tudo muito certinho, uma pessoa até acredita que seja verdade mas, pelo amor da santa, deixem-se de merdas. Basta um "não deu para mais" e nós reviramos os olhos, suspiramos mas, ao menos, não vos ficamos a achar idiotas. Sugiro que só voltemos a participar nos jogos Olímpicos quando os mesmos se realizarem em Portugal, que isto de andar a pagar férias em Pequim é coisa que não se compadece com o dinheiro dos contribuintes (adoro esta expressão).



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Teorias absolutamente espectaculares

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