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quarta-feira, março 28, 2007
Eu sei que passo a vida a defender que se os homens fossem honestos nos poupavam muito trabalhinho e ilusões

Eu sei que sim. E se defendo isto, deveria ser a primeira a erguer a bandeira da frontalidade e honestidade e uma data de outras coisas acabadas em "ade". Mas... às vezes... não dá. Não quando um homem por quem não sentimos a menor atracção nos vem perguntar o que fazemos este fim de semana. Porque até aí eu consigo ser honesta, e dizer "não vou estar cá". É a verdade. Mas se a pergunta seguinte é "então e nos próximos fins de semana?", não consigo inventar um rol de desculpas que abranja os próximos dezoito fins-de-semana. E nessa altura, mais por falta de tempo para inventar uma desculpa razoável do que por querer ser honesta, lá se responde " sim, nos outros vou estar". E o resto do diálogo é previsível. "Podíamos fazer qualquer coisa, não sei", diz o rapaz, assim a medo. E, vá-se lá saber porque raio, da minha boca sai um "claro, queres ficar com o meu número?". E mentalmente chicoteio-me, porque sei que não lhe vou ligar, que não vou combinar nada, que o rapaz é simpático mas parece não bater bem, mas também não lhe podia dizer isso assim na cara, mais não seja porque vou ter que o voltar a ver obrigatoriamente num futuro próximo, e oh meu Deus, se fosse ao contrário eu gostava que me dissessem que não, que nem sequer valia a pena, e... "Então aponta aí o meu número e manda-me uma mensagem quando puderes"... e eu "claro, claro, depois eu digo qualquer coisa"... e lá volta o chicote mental em força, porque eu sei que não vou dizer coisíssima nenhuma, para quê estar ali a criar falsas expectativas, quando era tão mais fácil dizer "este é um amor impossível..não me procures mais... não dificultes mais as coisas.... eu vou para um convento... porque tu.... tu és meu irmão". E saía a correr, lavada em lágrimas. Ele ficava a achar que eu era louca e estava o assunto resolvido.
Não foi um comportamento bonito, que não foi. Mas não consigo ser uma cabra fria e insensível e já percebi que não é nada fácil dizer a uma pessoa, olhos nos olhos "vamo-nos deixar de merdas. Não te vou dar o meu número porque não me identifico contigo, não tenho assunto para ti, não me parece que possamos ficar amigos, e nem sequer te acho giro o suficiente para podermos dar umas voltas". Isto era num mundo ideal. No mundinho em que vivemos, limitamo-nos a fornecer o número do segundo telemóvel, aquele que raramente está ligado.

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