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terça-feira, janeiro 09, 2007
Chefe Pipoca

Acabo de chegar a casa, directamente vinda da minha primeira aula de culinária. Sim, a Pipoca, ainda que emancipada e uma mulher do século XXI, achou que era altura de perder a fobia à cozinha, essa parte da casa que, ao que parece, diz que serve para preparar alimentos e ingeri-los de seguida. Ele há coisas muito estranhas, de facto. Enfim. Pois que decidi inscrever-me num curso organizado pela Vaqueiro, de seu nome A B Cozinha. Ou seja, para pessoas básicas e totalmente inaptas. Como eu. Pessoas que não sabem a diferença entre um refogado e um banho maria. Como eu. Pessoas que achavam que "marinar" era quando a comida era feita por uma Marina. Se fosse uma Rita, seria "Ritar". Se fosse Inês era "inezar". E por aí adiante. Cheguei lá convencidíssima que ia esclarecer as minhas dúvidas mais elementares. Que o chefe (um querido, por sinal) me ia explicar, calmamente, "isto é uma panela.. isto é uma frigideira... repita comigo....pa-ne-la... fri-gi-deira... está a tirar notas?". Fui feiamente endrominada. Ao fim de uma apresentaçãozita de nada, vá de dividir a turma em grupos. Cada grupo teria a seu cargo uma de quatro hipóteses: entrada, prato de carne, prato de peixe e sobremesa. Como éramos poucos, calhou-me a mim ficar sozinha, o que até preferi, porque não queria pôr a integridade física de ninguém em risco. Estava eu à espera que me calhasse uma receitazinha simpática e acessível, tipo um creme de marisco de pacote, quando sou brindada com um belíssimo soufflé de peixe e brócolos. Ah, ah, teve muita piada, sim senhor, esta malta da cozinha é toda muito ramboieira. Agora a sério, o que é que vou cozinhar? "Soufflé de peixe e brócolos". Olhei novamente para o dossier que me tinham dado à entrada. Sim, curso de iniciação, confirmava-se, estava lá escrito com todas as letrinhas. Tentei explicar que mal sabia picar uma cebola (e escusam de estar para aí a rejubilar com a minha azelhice, porque há técnicas elaboradíssimas para cortar a cebola, não é só fazê-la em fanicos e já está!), quanto mais fazer uma coisa de nome afrancesado. E, vai-se a ver, e até é uma coisa que não têm ciência nenhuma. Só não se pode é deixar aquilo ir abaixo (mas nisso eu até tenho alguma experiência). Foi um sucesso, meus amigos, um sucesso! Só faltou ser aplaudido de pé. Está bem que jantar às dez da noite também ajuda, a fome é tanta que tudo parece feito pelas mãos do Oliver. Da ementa constava ainda uma tortilla, uma massada de peixe e um arroz doce. Não queria estar para aqui a puxar a brasa ao meu soufflé à la Pipoca mas foi, sem dúvida, a especialidade da noite. Sobretudo para mim, que nem sequer vou muito à bola com estas comidas moderninhas. Pareceu-me ver gente a atirar bocados de soufflé para trás de um armário quando me levantei, mas deve ter sido só impressão. Nas próximas sessões terei a meu cargo "uns hamburgers especiais" (diz o chefe), uns brownies com canela e frutos secos e uma canja e empadas de galinha. Teme-se o pior.
E pronto, posto isto estou prontinha a casar. Os meus pais jamais me poderão voltar a atirar à cara que o meu marido me virá devolver ao fim de três dias de casamento, por eu ser uma verdadeira inutilidade doméstica. Pretendentes? Anyone? Eu cozinho muita bem. A sério.

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Teorias absolutamente espectaculares

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