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sexta-feira, janeiro 27, 2006
Joder, cojones y otros que tal

Ao fim de quatro meses em Espanha, acabei de descobrir que nesta terra não há palavrões. Ou melhor, há palavras tão fortes como o nosso "foda-se" ou "filho da puta", mas aqui são entendidas quase como termos carinhosos e ternurentos! Isto a propósito da minha última aula de mestrado. A professora avisou logo à entrada que se a barulheira não acalmasse não se ensaiava em mandar uns quantos para a "puta calle" (tradução literal: prá puta da rua). Que aquilo não era a universidade, que não tinhamos 18 ou 20 anos e que se fossemos postos na rua na próxima aula até voltávamos mais calminhos. Bom, o barulho lá amainou (apesar das minhas tentativas e das da Caty para chatear duas sonsas que odiamos e que passam a vida a mandar a malta calar- as típicas cromas) e a aula decorria dentro da normalidade possível quando se tem uma professora que gosta de comprar brigas com os alunos e ficar duas horas a discutir quem nasceu primeiro, se o ovo , se a galinha. Ora estava a senhora professora a escrever umas coisas completamente sem interesse no quadro (entre as quais uma expressão em latim que ela não sabia muito bem como é que se escrevia mas que prometia esclarecer na próxima aula! Oba! Já tenho motivo para não faltar!), quando o barulho voltou a instalar-se na sala, mas assim à grande. E eu só sei que a mulher se passou da cabeça, se voltou para nós com ar de ogre em fúria e gritou a plenos pulmões: "COJONES, QUE NO OIGO" (traduçao literal: colhões, que não ouço). Olhei à volta e, pelos vistos, as únicas pessoas que acharam aquilo estranho fui eu e a Caty. É um facto que as pessoas se calaram na hora, mas não foi pela asneira, foi mesmo pelo vozeirão da gaja. Perguntei à minha colega do lado se aquilo era normal, e ela lá disse que, realmente, numa mulher não ficava bonito dizer "cojones", mas que também não era assim um caso dramático. E eu dei por mim a pensar que se numa universidade portuguesa um professor gritasse "colhões, não estou a ouvir nada", cairia o carmo e a trindade, e não faltariam alunos a apresentar queixas na reitoria ou mesmo a pôr a boca no trombone num jornal de qualidade como é, por exemplo, o 24 Horas!
Nesta terra é assim: largam-se "foda-se" e outros que tais a torto e a direito, entre professores e a alunos, entre pais e filhos, é uma verdadeira alegria! A questão é: quando querem mesmo ofender alguém, que palavras usam? Tonto? Patife? Malandro? Safadinho? Só vos digo uma coisa: joder, que esta gente es de puta madre!

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