Jantarinho de empresa
Eu sabia que este estágio ia começar a ser útil e rentável. Pois que ontem foi o jantar de Natal aqui da empresa. Talvez arrependidos pela forma má e vil como nos tratam, lá tiveram a gentileza de nos convidar. Confesso que aceitei a medo, nao fossem os senhores lembrar-se de me apresentar a conta no final, e como o jantar era num hotel fiquei, compreensivelmente. de pé atrás. Por outro lado pensei “tu queres ver que eles nos estao a convidar para depois ficarmos lá a lavar a louça?”. Mas nao. Aparentemente, o convite foi sentido e lançado do fundinho do coraçao. Às nove lá estávamos nós, eu chiquíssima nas minhas calças de ganga modelo casual chick, de salto alto prateado... bem, aqui tenho que fazer uma pausa para contar, com uma lágrima no canto do olho, que a minha toilette nao estava tao bem quanto poderia estar, porque o meu blazer verde...snif... de veludo... snif snif... comprado no outlet da Zara por 20 euros (mas que custava 60, atençao), se rasgou nas costas... buáaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! E nao foi um rasgaozinho daqueles insignificantes, que se tratam com meia dúzia de pontos. Nao, foi um buraco praticamente de cima abaixo. Graças a Deus que me dei conta da calamidade antes de ir para o jantar, senao lá se iam as minhas possibilidades de ascender dentro da empresa. Depois fiquei a pensar que talvez o devesse ter levado na mesma... dava assim um ar de coitadinha, que nem um casaquinho tem em condiçoes, e sempre podia ser que eles revissem a minha condiçao de nao assalariada. Mas pronto, eu sou mais eu e lá abdiquei do blazer de veludo. O que me deu cabo do outfit por completo, porque já nao estava em casa e já nao pude pôr algo mais elaborado. Ainda assim, dentro do género básico eu estava muito bem, muito segura de mim.
Ora bem, voltando à janta propriamente dita. Quando chegámos ao hotel constatámos que nao era o jantar apenas com o pessoal da agencia, mas sim o jantar da Maratona de Madrid. Medo, muito medo! Tenho a dizer-vos que os corredores sao pessoas muito.... digamos... sui generis. Diferentes, pronto! Havia lá gente muito sinistra e que (tal como eu) davam ar de nao comer há três dias, só para açambarcarem tudo e mais alguma coisa naquele jantarOs meus planos de alpinista social foram abortados assim que soube que nao ficaria sentada na mesa do chefe. É que já me estava a imaginar a roçar o pezinho na perna dele, por debaixo da mesa, e no dia seguinte chegava ao trabalho e já nao era estagiária, era a dona desta merda. Mas nao...sentaram-me juntamente com as outras estagiárias e com outro pessoal da empresa sem qualquer cargo de interesse. Mas eis senao quando descubro que o menino sentado ao meu lado era, nada mais nada menos, que o filho do big boss. Ah ah! E que a menina sentada ao lado dele era a namorada, e que por acaso também aqui trabalha. Azarucho dos grandes! Enfim, desisti de tentar assediar quem quer que fosse e concentrei-me na comida. Afinal, era para isso que eu ali estava, para colmatar as carências alimentares sofridas ao longo de dois meses em Madrid. Pois que eu comi as entradas, a sopa, o peixe, o belo do naco do lombo, as sobremesas e ainda bebi um chá e champanhe! Toma lá!!!!! A parte melhor estava para vir: a entrega de medalhas aos maratonianos (nao brinquem comigo, estava lá um senhor que correu 25 maratonas!) e o sorteio de prendinhas. Azarada como só eu consigo ser, calculei logo que nao me ia tocar nada, mas eis senao quando sacam o último papelinho, o último de todos, e anunciam “39”. Siiiiiiiiiiim, siiiiiiiiiiiiim!! Era eu!!! Ok, o prémio nao era excitante, um relógio Adidas modelo Raul (oba...), mas o simples prazer de contrariar a minha tese de que sou uma azarada ao jogo já valeu bem a pena. Claro que tendo sorte ao jogo, isso implica azar, muito azar noutros campos, mas pronto, isso já nao é novidade para ninguém, nao é?
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