Há poucas semanas estive no Dubai a convite da Emirates. Só lá tinha passado em escalas a caminho de outros países, nem sequer deu para sair do aeroporto, e não era propriamente um destino onde me imaginasse a passar férias. Ainda assim, tinha alguma curiosidade por conhecer um país tão recente, nascido do nada no meio do deserto. Os quatro dias que lá passei foram altamente preenchidos, sempre em movimento, e acabaram por dar para ficar com uma boa ideia do que por ali se passa. E, confesso, voltei agradavelmente surpreendida.
A viagem começou em MUITO BOM, com o voo da Emirates. Já tinha viajado com eles noutras ocasiões, mas nunca em executiva. E se eu já tinha achado que a económica da Emirates era um luxo quando comparada com tantas outras companhias, tenho a dizer-vos que há todo um antes e um depois de uma viagem em executiva. E o depois é: foi tão bom, tão bom, tão bom que nunca mais na vida quero viajar de outra maneira. Em sonhos claro. Porque na vidinha real já voltei a andar de avião e lá fui eu recambiada para a económica. A verdade é que não sou muito esquisitinha com isso, eu quero é chegar ao meu destino, em segurança e o mais rápido que for possível, mas nas viagens de longo curso faz TODA a diferença. Nem é pela comida (que é óptima), nem é pelo atendimento (do mais prestável e atencioso que há), nem é pelo necessaire da Bulgari (fofinho que só ele), é mesmo pela cadeira reclinável que se transforma numa cama e que permitiu que eu fosse praticamente as oito horas do voo a dormir. Que maravilha, meus amigos, que maravilha.
Chegada ao Dubai, e assim que pus um pezinho fora do aeroporto, levei com uma chapada de ar tão quente que acho que até se me baixou a tensão. Sabia que estava calor, mas não estava preparada para
aquilo. Durante a viagem apanhámos sempre temperaturas acima dos 35 graus, o que até é "fresquinho" num país onde o termómetro chega a subir até aos 50 graus. Não consigo imaginar como é que aquela gente sobrevive, juro. E depois de poucas horas de sono no incrível Jumeirah Emirates Towers, começou a descoberta do Dubai. O primeiro ponto de paragem foi o Burj Khalifa, a torre mais alta do mundo, com 160 andares. Subimos até ao 124º num elevador super sónico, que parecia que uma pessoa estava a caminho do espaço. Lá de cima dá para ter uma vista a 360 graus do Dubai e perceber o que por ali se passa: torres e mais torres (qual delas a mais excêntrica, a mais imponente, a mais tudo), construção sem fim e ainda muiiiiiito espaço de sobra para a cidade poder continuar a crescer. O Dubai é o maior dos setes Emirados Árabes, e também o mais cosmopolita e "ocidentalizado". Sempre foi uma zona de passagem para muitos povos e estima-se que os primeiros se tenham fixado há 150 anos, na zona antiga, mas a construção moderna só começou nos anos 70. De lá para cá, tem sido uma loucura de prédios habitacionais, hotéis, centros comerciais, tudo com um ar ligeiramente megalómano e luxuoso. É verdade que toda a cidade tem um ar um bocadinho artificial, mas tem graça também por isso.
Depois da subida ao topo do Burj Khalifa parámos para almoçar e dar uma volta pelo gigantesco The Dubai Mall, o maior shopping lá da zona, que consegue incluir hotéis, uma pista de gelo, um simulador de um A380 e um aquário monstruoso, entre várias outras atracções. E o shopping é mesmo gigantesco, voltei lá mais uma vez e não consegui ver nem metade. Todas as lojas que vocês possam imaginar estão lá, das mais banais às mais luxuosas. O piso de sapatos é uma loucura, aquilo é um verdadeiro antro de consumismo. Portei-me (mais ou menos) bem, acreditem que a desgraça podia ter sido muito maior.
A queda de água Flying Men
À tarde houve uma visita à fábrica de chocolates Mirzam, que foi toda uma experiência. O processo é absolutamente transparente, toda a gente que visita a loja pode ver como o chocolate é fabricado, desde os grãos de cacau (das mais variadas partes do mundo) a serem torrados até às embalagens que são colocadas à mão em cada tablete. E são todas liiiiindas.
O dia acabou com um jantar no deserto, no resort Al Maha. Atrasámo-nos um bocadinho no caminho, por isso acabámos a pedir ao motorista que parasse no meio do deserto para tirar umas fotos mesmo antes do sol se pôr. O jantar foi qualquer coisinha assim de muito boa (acho que ainda estou a salivar por umas vieiras) e o espaço era absolutamente incrível. Acho que para quem quer estar no meio do nada e fugir à confusão do Dubai vale muito a pena ficar lá.
Alguns dos pratos que experimentámos no restaurante do Al Maha
O dia seguinte estava reservado para uma visita ao Emirates Flight Catering Facilities. E o que é isto, perguntam vocês? Eu explico. É, basicamente, o sítio onde se passa tudo o que diz respeito ao que encontramos nos voos da Emirates, nomeadamente a comida. É ali, naquele mundo gigantesco, que são cozinhadas diariamente mais de 200 mil refeições. Tudo, tudo, tudo é feito ali: o pão, os bolos, as sobremesas, os pratos , é uma loucura absoluta. Fiquei muitíssimo impressionada com a dimensão mas, sobretudo, com a organização. Ainda a malta se queixa que tem de preparar a lancheira para os putos ou a marmita para levar para o trabalho. Imaginem o que é ter de preparar 200 mil "marmitas" todos os dias, abrangendo as necessidades e as preferências gastronómicas de toda as zonas do mundo. É que tanto há sushi como petiscos portugueses, sem esquecer restrições mais específicas (celíacos, kosher, vegetarianos, etc, etc, etc...). E não é só fazer a comida e pôr no prato, tem de obedecer a uma data de regras para caber nas caixinhas onde é servida, para o empratamento ser bonito, etc e tal. Juro que nunca mais vou olhar para a comida de avião da mesma maneira. O centro fica mesmo ao lado do aeroporto, por isso sai tudo dali em camiões (a comida, os talheres, os copos, as mantas), directamente para os aviões, obedecendo a uma logística absolutamente detalhada e onde nada pode falhar.
No final da visita fizemos um workshop de cozinha com alguns dos chefs da Emirates, onde não só pudemos provar muitos dos pratos que, nesse dia, seguiram para os aviões, como pusemos a mão na massa e aprendemos algumas receitas.
Depois da visita, e como ainda tínhamos algum tempo até ao jantar, aproveitámos para ir até à praia. Estava toda a gente a morrer de calor e eu queria muito pôr o corpinho de molho nas águas do Dubai, que toda a gente me tinha dito que eram óptimas. Confirma-se, era uma sopa, ao ponto de estar mais quente dentro de água do que fora.
Infelizmente, não deu para ficar muito tempo de molho, tivemos de voltar a correr para o hotel porque tínhamos jantar no Abd El Wahab, um libanês maravilhoso no The Dubai Mall, onde pudemos assistir ao espectáculo de água e luz da Dubai Fountain. Acontece à noite, a cada meia hora, sempre com músicas diferentes, e é imperdível. Mesmo. Tivemos a sorte de ficar numa varanda mesmo em cima do lago onde o espectáculo acontece, vi-o três vezes (é sempre diferente) e fiquei sempre de boca aberta (espreitem no vídeo, é mesmo incrível).
O último dia no Dubai foi para conhecer a parte antiga e foi uma das partes do programa de que mais gostei. Foi bom ver o contraste entre este Dubai, muito mais normal e terra-à-terra, e o outro, super megalómano e luxuoso. Fizemos um tour de street food, comemos numa data de tascas, espreitámos algumas lojinhas típicas, explicaram-nos os diferentes trajes árabes, foi mesmo muito giro.
Foram cinco dias que passaram a correr e, apesar de estar a adorar a viagem, confesso que estava muito ansiosa pelo voo de regresso e pela perspectiva de poder passar mais oito horas a dormir ou a ver filmes deitadinha no avião da Emirates. E gostava de voltar com mais calma, aproveitar a praia, explorar melhor algumas coisas para as quais não houve tempo. Se ainda não conhecem, acho que vale a pena ir até lá. A Emirates tem voos diários, por isso não há desculpas. =)
18 comentários:
Parece ser giro. Mas a parte da comida sobretudo no Dubai antigo parecem sempre mistelas mal amanhadas feitas com pouca higiene, estarei enganada?
Fui ao Dubai e a Abu Dhabi em 2015 e posso dizer que foi das viagens que mais gostei de fazer até hoje! Tenho uns amigos que vivem em Abu Dhabi e lá fui, para uma semana de férias! No início ia um pouco céptica, afinal, toda a gente diz que não há assim tanto para ver nessas paragens. Mas acho que isso é um engano! Claro que é um país que não tem a história da Europa, e não andamos propriamente a visitar 10500 museus e igrejas a toda a hora, mas eu achei um país tão diferente que me fez adorar esta viagem por isso mesmo! Não é todos os dias que podemos ter a experiência de estar no topo do edifício mais alto do mundo, ou visitar uma das mesquitas mais bonitas do mundo (e das maiores também), em Abu Dhabi, ou de nos rodearmos de coisas tão diferentes, como ir a centro comercial que é enorme e cheio das lojas mais luxuosas que já vimos, e que não existem cá! A comida é maravilhosa e a ida ao deserto é uma experiência fantástica! Apenas tenho pena de não ter feito mais praia, mas na semana em que fui estava tanto, mas tanto calor, que a praia estava vazia! Aliás, não se via ninguém a andar a pé nas ruas! E até fui numa altura em que já não era suposto estar tanto calor, mas de facto 40 graus com cerca de 80% de humidade, é dose!! Por isso Pipoca, dê-se por contente com os seus 35 graus, porque se assim não fosse, nem à praia tinha conseguido ir :) Adoraria voltar, confesso!
Duvido que algum dia lá consiga ir (€€), por isso gosto imenso deste tipo de publicações, que de alguma forma me transportam até lá.
E gosto particularmente do vídeo. ;)
Maria
Concordo inteiramente com a Maria, não sei se alguma vez lá conseguirei ir, mas obrigada pelas fotos e pelo texto Pipoca. É como se lá estivéssemos tb.
Boa! - Sara N.
tu é que curtes..
O que mais odiei no Dubai foi a água da praia, tão quente que não se aguentava lá dentro.
Curiosamente, estava-se bem melhor no deserto :-D
Dubai está na lista! Também já tive oportunidade de viajar em executiva. E também percebi que a diferença é abismal! Beber champagne em pleno voo e outros mimos...
Pipoca, a sério que não é por mal, mas esclareça-me uma dúvida. O que tem vestido por baixo do vestido vermelho? Parece os tapa fraldas dos bebés. #nohatehere
Por falar em avião... como ultrapassaste o medo de andar de avião? Gostava muito de ver um post sobre isso (talvez me inspire a mim e muitos outros que têm este medo).
Sem dúvida que este destino está na minha lista de viagens :)
Olá Ana.
É verdade que é tudo muio caro no Dubai?
Já vi voos e hotéis a preços acessíveis, mas depois dizem me que é preciso muito dinheiro, porque não há nada barato. Tens essa noção?
Penso que é um macacão e não um vestido, daí ver-se o tecido do calção.
Sim, estas. A minha tia vive la ha uns anos e vou la com alguma regulariade. Um dos restaurantes que gosto de ir fica na zona dos zouks. Parece mal amanhado, mas a comida e excelente, o Humus de comer e chorar por mais ;) Tens restaurantes menos limpos como em portugal e outros tipo tasca mas que podes estar a vontade. : )
Dubai, a única cidade do mundo onde se pode ver Ferraris, Porsches e carros de luxo a ganhar pó nas ruas, por terem sido abandonados pelos respectivos proprietários quando fugiram do país depois de abrir falência...
É um país que visito com alguma regularidade em trabalho e gosto muito. Tendo €€€ é um autêntico playground!
A parte dos souks ainda não fui visitar mas na próxima vez a ver se me aventuro. Quando estive lá em setembro fui a um outro centro comercial que tem um espectáculo de projecção na fachada do hotel intercontinental, com música e água também fantástico. Vale a pena lá ir. O Mall Of the Emirates tem uma pista de sky no interior... E acho que faltou mencionar o incrível aquário que há no Dubai Mall!
Ao deserto também não fui... Como viajo sozinha acho que não seria interessante.
Estou a planear uma ida nas férias da Páscoa, portanto este post veio mesmo a calhar!!!
Sem dúvida, uma das cidades obrigatórias!
Metendo-me na conversa, estive lá em Setembro deste ano. A ideia que é tudo caríssimo no Dubai é errada. Sim, há sítios muito caros e há sítios "normais". Só para ter uma ideia, nós andámos de táxi sempre porque as viagens ficam em média a 15AED, ou seja, cerca de €3,50!
Claro que se quiser ir jantar aos sítios da moda e que não temos por cá pode contar com uns €200/refeição mas nem tudo é assim! :)
Obrigada Sandra.
Já estive para ir, mas depois tod a gente me dizia que era caríssimo.
Sendo assim, já posso pensar nisso novamente ☺
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Teorias absolutamente espectaculares