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Diabetes: doce ou susto?

quarta-feira, novembro 15, 2017


Apesar de todos os alertas, de todas as reportagens, dos quilos e quilos de informação que nos fazem chegar, somos um povo muito dado ao açúcar. Não temos sequer noção das quantidades que enfiamos no sangue diariamente. São os dois pacotinhos no galão que tomamos todos os dias, é mais aquele bolinho ao lanche, um chocolate para acalmar os nervos, um refrigerante ao almoço, uma sobremesa ao jantar, uma frutinha a meio da tarde. Parece pouco mas, tudo somado, é um verdadeiro atentado à nossa saúde. O açúcar natural dos alimentos é mais do que suficiente para suprir as nossas necessidades diárias, mas nós gostamos sempre de acrescentar mais qualquer coisinha, não é verdade? Eu percebo, sabe bem, dá assim aquele confortzinho no estômago e na alma, mas o excesso de açúcar, associado a uma alimentação desequilibrada, a uma vida sedentária (vulgo "não mexer o rabo para nada") e a peso a mais estão na base de uma das doenças que mais afectam os portugueses: a diabetes, que assinalou ontem o seu dia mundial. 

Longe de mim estar aqui a querer assustar-vos com esta conversa mas, às vezes, é preciso que nos relembrem alguns dados para começarmos a ter mais cuidado connosco. Por exemplo, sabiam que um milhão (UM MILHÃO) de portugueses sofrem de diabetes? Sabiam que 50% destes ainda estão por diagnosticar (medoooo)? Sabiam que dois milhões (DOIS MILHÕES)  de portugueses sofrem de pré-diabetes, um diagnóstico clínico que permite prever se alguém irá desenvolver diabetes nos próximos anos? Sabiam que isto não é só "coisa de velhos", que há cada vez mais jovens a sofrer de diabetes? Pois, tudo isto é verdade e bastante assustador.

Ter diabetes não é uma coisa levezinha, não é só "ah, tenho um bocadinho de açúcar a mais no sangue". As complicações que podem resultar daqui são graves, são sérias. Se a diabetes não for tratada pode levar à cegueira, à amputação dos membros inferiores ou mesmo à morte. Não é uma brincadeira, portanto. Os grupos de maior risco são:
- Pessoas com excesso de peso;
- Mulheres que sofreram de diabetes na gravidez;
- Mulheres que tiveram bebés com peso superior a quatro quilos;
- Pessoas com histórico familiar de diabetes 2;
Pessoas com triglicéridos elevados, HDL colesterol baixo e LDL colesterol alto, hipertensão (síndrome metabólico);
- Pessoas mais idosas;
- Pessoas que tomam determinados medicamentos, como corticosteroides;

Posto isto, é importante que todos estejamos atentos. Como? Indo ao médico com regularidade, fazendo análises e vigiando a tensão arterial. Contrariamente à diabetes tipo 1 (que não pode ser controlada ou prevenida), a diabetes tipo 2 pode ser evitada e controlada através de rastreios e da adopção de um estilo de vida saudável. Podem aceder à página Não à Diabetes, saber mais sobre este tema e, muito importante, fazer o rastreio online. O projecto Não à Diabetes é uma iniciativa da Fundação Gulbenkian que procura evitar 50 mil novos casos de diabetes nos próximos cinco anos, através de um plano de acção que incluiu prevenção, alteração do estilo de vida e prática de exercício físico, envolvendo 160 municípios a nível nacional. 

Saibam aqui como avaliar o vosso risco de virem a ter diabetes tipo 2 e recomendem à vossa família e amigos que também façam o teste. Se for preciso dêem uma ajudinha aos pais e avós que não se sentem tão confortáveis com as novas tecnologias. =)

13 comentários:

  1. Parabéns pelo post! De grande utilidade.


    Visita - anaritaferreira83.blogspot.pt

    Por falar em alimentação... 😉

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  2. Pipoca, para além de sermos um povo muito dado ao açúcar...também somos um povo pouco dado à prevenção e tudo aquilo que possa contrariar o sedentarismo. O seu post é de grande utilidade mas temo que não vá criar grande impacto social. Basta uma depressão na vida de alguém que ele atira-se logo a consumir chocolate em quantidades industriais...

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  3. 34 anos, diabética desde os 18.
    Nunca fui obesa, nunca gostei muito de doces (chocolate nunca gostei, por exemplo), tinha uma alimentação equilibrada e não tinha casos na família com diabetes. Mesmo assim, aconteceu-me. Porquê? Ninguém sabe, nem mesmo os médicos.
    O importante é todos termos a noção que ingerimos imenso açúcar todos os dias, desde que somos bebés. Não é só nos doces, cereais, bolachas… é nos vegetais congelados (supostamente deveriam ser só vegetais, certo?), é nos douradinhos, é nos hambúrgueres congelados… a maioria das pessoas não faz ideia que o açúcar está presente em muitos alimentos que pensam ser saudáveis… eu própria não fazia até ter de começar a ler os rótulos todos.
    Enfim, ainda há muito a descobrir sobre esta doença e sobre o que leva o pâncreas a deixar de funcionar de um dia para o outro.


    Ana

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    1. O post da Pipoca refere-se à prevenção dos diabetes tipo 2. Diabetes tipo 1, como parece ser o seu caso, não há como evitar.

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    2. Eu sei que não, infelizmente!:) Só quis deixar o testemunho que a diabetes Tipo 1 pode aparecer a qualquer pessoa, de todas as idades, com hábitos mais ou menos saudáveis No meu caso, foi numa altura de algum stress pessoal. Não sei se teve algo a ver, mas que pode ter ajudado, lá isso pode.

      Um beijinho

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  4. Além da cegueira, amputação há tantas mais doenças que deveriam ser dadas a conhecer, causadas pela diabetes.

    Doenças renais, que levam à hemodiálise.

    Doenças de foro psiquiátrico, causadas pela não aceitação da doença, causadas pelas inúmeras "baixas de açúcar"... O cérebro de uma familiar "queimou". Podem achar que estou no gozo, mas não. É mesmo para perceberem a gravidade da doença.

    Infelizmente, passei e passo por isso tudo com familiares diretos (avó, mãe, prima) e custa muito.

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  5. Olá Pipoca! Parabéns pelo post. Eu sou diabética, tipo 1, diagnostida em 2015, aos 25 anos, e de facto é uma doença tudo menos simples. Apesar do tipo 2 ser o mais falado, por ser o tipo mais comum, o tipo 1, é bastante complexo. Quando fui diagnosticada estava com 40 kg, e a minha glicemia estava nos 597 mg/dl, tão alta que nem conseguia ser lida por aparelhos comuns. No meu caso, eu injecto insulina 5 vezes ao dia, o que perfaz aproximadamente umas 1800 vezes ao ano, 4 dessas injeções diárias na barriga obrigatoriamente, o que por vezes leva a lipohipertrofias (pequenos papos). A "ressaca" do açúcar, também não foi fácil. Aquela agressividade inicial, por abstinência dum qualquer chocolatinho Milka. Tive que reaprender a comer. Os pés têm que ser muito bem cuidados. Temos que pesar o que comemos, se bem que com o passar do tempo, é quase como se tivessemos um curso de "pesar a olho". As hipoglicemias também são uma chatice, cujos sintomas parecem que estamos sob o efeito de uma droga qualquer! Mas apesar disto tudo, eu que aceitei muito bem a doença desde o início, eu considero-me saudável, talvez ainda mais saudável do que antes, quando me entupia de tudo o que tinha açúcar. A diabetes é crónica, pode ter consequências graves, como o pé diabético, insuficiência renal e a retinopatia diabética. Mas como qualquer outra doença, deve ser "levada" com responsabilidade, e sobretudo sem aquele espírito de "fardo"! Nunca perderei a esperança de um dia aparecer a cura, mas enquanto isso não acontece, aqui ando eu a "passear" um pâncreas que é um bandido preguiçoso!

    Filipa

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    Respostas
    1. Tem toda a minha admiração na forma como encara a doença.

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  6. Pipoca, uma pequena correção. A diabetes tipo 1 não pode ser prevenida (é uma doença auto-imune), mas pode e deve ser controlada!! É o controlo da diabetes tipo 1 que permite a prevenção das complicações que podem surgir e que permite levar uma vida perfeitamente normal!
    Um óptimo post!

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  7. Ana, gosto tanto de te ler e ver que ao ler este post rebento de orgulho!
    Eu tenho diabetes tipo 1 e agradeço o teu alerta, há que ter cuidado, os dois milhões de pré diabéticos do tipo 2 estão por aí mais cedo se não se mudarem mentalidades. Ouçamos as tuas tuas dicas.

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  8. É sempre bom as plataformas de comunicação alertarem a população para cuidar da sua saúde. Tudo muito pertinente, à excepção do primeiro parágrafo que corrobora o mito açúcar=diabetes. O açúcar é o "papão" dos diabéticos mas não é o consumo excessivo de açúcar que conduz à diabetes...

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  9. Ana, gosto tanto de te ler e ver que ao ler este post rebento de orgulho!
    Eu tenho diabetes tipo 1 e agradeço o teu alerta, há que ter cuidado, os dois milhões de pré diabéticos do tipo 2 estão por aí mais cedo se não se mudarem mentalidades. Ouçamos as tuas tuas dicas.

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Teorias absolutamente espectaculares

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