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Marraquexe #2: como não se desgraçarem nas compras (ou então sim)

segunda-feira, janeiro 09, 2017

Não há como pensar em Marraquexe sem pensar em souks, compras e tralhas variadas. Marraquexe é um bom destino de compras, confere, mas é preciso:
a) ir no espírito
b) ter uma paciência de santo
c) saber regatear
d) gostar daquele tipo de coisas

O comércio faz parte da cidade, de todo o lado saltam lojas, lojinhas, bancas, não há recanto que não seja aproveitado para vender qualquer coisa. O que mais se encontra são tapetes, babouches, especiarias, couros, lanternas, chás, cerâmica, peças em couro ou joalharia. A proliferação de lojas é tanta e o assédio dos comerciantes é tão grande que não comprei nada nos primeiros quatro dias, tamanha a overdose de comércio. Só nos últimos dois é que me dediquei a explorar verdadeiramente os souks, mas não perdi a cabeça como achava que ia perder. A verdade é que o facto de haver tanta coisa (e tão parecida) me faz perder metade da vontade de comprar o que quer que seja. Acho sempre que duas bancas mais à frente vou conseguir encontrar o mesmo (ou melhor), a metade do preço e fazer um melhor negócio.


Uma visita aos souks é absolutamente imprescindível. Podem não comprar nada (os marroquinos são chatinhos, mas se se limitarem a sorrir e a seguir em frente está tudo bem), mas é toda uma experiência passear por aquelas ruas. Os souks são as zonas cobertas exclusivamente dedicadas ao comércio e estão
divididos por áreas mais ou menos definidas: há o souk dos tintureiros (onde dá para ver como se tinge  lã), o das babouches, o das especiarias, o da prata, o dos tapetes, o dos ferreiros, etc, mas em todos eles encontram outro tipo de produtos. As ruas são estreitas, escuras, labirínticas, todas muito parecidas, é muito fácil irem por um caminho e já não conseguirem voltar pelo mesmo. Nada de pânico, os locais são simpáticos, estão sempre prontos a ajudar. O que eu fazia era usar o GPS do telemóvel (funciona mesmo com os dados desligados), era a forma mais fácil de me orientar (apesar de ser chato andar sempre de telefone na mão).


Na entrada dos souks é onde se concentra mais gente. Quanto mais se vai entrando, mais confusos os caminhos vão ficando, menos gente há, mais diferenciados são os produtos e, achei eu, mais fácil é negociar. Por isso vão sem medos, a experiência é mais gira quanto mais se vai avançando nos souks. Há coisas realmente bonitas e que adorava ter trazido, mas poucas delas "cabíveis" dentro de uma mala. Apaixonei-me por milhares de tapetes e outras tantas lanternas gigantescas, mas não dava mesmo. Por isso concentrei-me nas coisas mais pequenas e dediquei-me, com sucesso, à arte de regatear. 

O regateio faz parte do processo de compras em Marraquexe, por isso não se sintam mal. É uma coisa quase cultural e eles acham graça àquela coisa de quase se chegar ao ponto de estar ali a discutir se se paga mais euro ou menos euro. O meu truque era sempre o mesmo: eles diziam o valor deles, eu dizia o meu e se recusavam eu encolhia os ombros, voltava costas e ia embora. Invariavelmente, acabava com eles a correrem atrás de mim com o produto na mão e a dizer "prooooonto, está bem, leva lá". Uma vez ou outra não correu bem e eles cagaram em mim, mas pronto, também não era nada que eu quisesse mesmo muito ou que não soubesse que ia encontrar dois metros à frente. Com esta coisa de regatear consegue-se facilmente que os preços baixem quatro ou cinco vezes. Mas também houve coisas pelas quais me pediram preços irrisórios (dois ou três euros), achei que era mais do que justo e não me pus ali a regatear, paguei e pronto. Acho giro regatear, não acho giro entrar num processo de quase exploração. A moeda marroquina é o dirham. Conversão feita assim por alto, 10 dirhams correspondem a 1 euro, por isso é fácil fazer contas por lá.


Isto de regatear funciona nos souks e nas várias bancas de rua, mas não nas lojas, onde os preços são fixos e, regra geral, mais caros (muiiiito mais caros). Há lojas com coisas incríveis, com muitíssimo bom ar e com preços a condizer. Foi em duas dessas lojas que me desgracei ligeiramente. Uma delas foi a Norya Ayron, a loja de uma designer argelina que faz interpretações mais contemporâneas dos kaftan, as tradicionais túnicas marroquinas. A loja fica dentro do Le Jardin (um restaurante giro, giro e sobre o qual falarei noutro dia) e não estava a pensar visitá-la, mas quando uma amiga soube que estava a almoçar no Le Jardin disse-me que tinha mesmo de ir à Norya Aron, que era a loja preferida dela em Marraquexe. Lá subi e lá dei por mim a dar uma pipa de massa por um macacão pelo qual me apaixonei. A qualidade e os padrões dos tecidos fazem com que apeteça trazer tudo para casa, mas os preços são pouco convidativos. De qualquer forma, vale sempre a pena espreitar.


Outra loja que adorei e que também fica num restaurante (o Nomad, mas com entrada pela rua) é a Chabi Chic, de cerâmica. Meti na cabeça que queria trazer uns copos de chá, mas todos os que via eram muito parecidos, não me aqueciam o coração. Até que, ao sair do Nomad, decidi entrar na Chabi Chic e apaixonei-me por um conjunto de copos e tabuleiro. Não o comprei logo porque não tinha tempo, porque era caro e porque queria tentar encontrar alguma coisa parecida por menos dinheiro. Não encontrei, por isso acabei por voltar lá no último dia e trouxe-o comigo.


De resto, trouxe umas coisinhas mais pequenas e baratinhas:

Dos meus planos iniciais não constava comprar babouches. Há milhaaaaaares, de todas as formas e feitios, de todas as cores e materiais. As mais tradicionais são as de pele com sola de couro, de uma só cor, mas não lhes acho particular piada. Acabei por achar graça a estas, feitas de tapete e com sola de couro, não muito fáceis de encontrar. Apaixonei-me por umas numa banca, não havia o meu número, e depois corri todas as outras a ver se as encontrava, sem sucesso. Até que descobri uma loja no souk que tinha imensas em tapete. Adorei uma data de padrões, por isso acabei por trazer duas. Originalmente custavam 40 euros, o preço final foi 15. Não foram tão baratas quanto isso, mas fiquei uma hora à conversa com o senhor que as estava a vender, gostei imenso dele e já estava tão farta da confusão dos souks que não me apetecia estar ali a levar a negociação até ao limite. 

Este pó reune 35 especiarias diferentes (dizem ele), vende-se em todo o lado, custa cerca de 2 euros. Depois resolvi pô-lo nestes frasquinhos (também se encontram facilmente, por dois ou três euros), acho um presente giro e em conta.

Achei imensa graça a estes potes de lã. São meio tortos, imperfeitos, mas acho-os giros por isso mesmo. Ainda não sei exactamente o que lhes vou fazer ou onde os vou pôr, mas gosto mesmo deles. Comprei-os na praça Rahba Kedima (onde também é fácil encontrar escorpiões, sapos e outras coisas igualmente "giras" para magia negra).

Além destas coisas, ainda trouxe chá de menta e uns individuais de vime, por isso acho que até me portei bastante bem. Se forem a Marraquexe, tentem não perder a cabeça (e a carteira!), porque é muito fácil. Não comprem impulsivamente, dêem mais umas voltas, porque encontram sempre mais coisas e mais giras (ou, na pior das hipóteses, encontram as mesmas). Não se ponham a comprar coisas gigantescas e que pesem duas toneladas, porque por mais pechincha que tenha sido não vai compensar se tiverem de pagar excesso de peso. Deixo-vos fotos que fui tirando nos souks, para se inspirarem:












FOTOS: AGM@
Canon 6D

17 comentários:

Filipa Domingos disse...

Para mim é dos países com melhor artesanato, juntamente com a Índia. Uma pessoa perde-se completamente! Quando estive em Marrocos pela 2 vez comprei uns frasquinhos parecidos com esses mas já com as especiarias por 3€ e uns marcadores em metal com uns berloques também giríssimos ambos no aeroporto. Não andei pelos souks nesta última viagem porque a minha colega que me acompanhou ia com a cabeça feita para raptos e mulheres sozinhas em Marrocos é uma coisa inimaginável...enfim, ficamos só por umas lojas perto do hotel. Na primeira vez que visitei o país fizemos um tour de jipe e trouxe lanternas e puffs, colares... Uma série de tralha!

Raquel Vale disse...

Que imagens cheias de cor, adoro! Só por curiosidade, quantas fotografias tirou nesta viagem?

As coisas dela disse...

Adoro tantas coisas, acho que quando for vou levar uma mala extra para trazer cheia no regresso :)

Belicious disse...

Que cores maravilhosas, realmente deve ser fantástico contactar com outras culturas...

Parabéns pelas fotografias, a qualidade não passa despercebida! E para quem ama fotografia deve ser um prazer rumar a destinos tão "fotografáveis", nota-se também no resultado final :) fico feliz por isso!

Beijinhos,
http://trendylisbon.com/

Sofia disse...

Tanta cor! Realmente uma pessoa nem sabe para onde se há de virar. Confesso que o destino não me atrai muito, mas quando os meus pais lá estiveram, há uns 30 anos, tambem trouxeram muita coisa gira!

desabafosdemerda disse...

Pipoca podes recomendar algumas lojas de candeeiros marroquinos? Ando a decorar a minha casa do zero e sou louca por esses candeeiros. Please!

Unknown disse...

para mim o mais difícil é onde dormir e que fique gráficamente (ou seja a pé) perto dos mercados.
Podem dar nomes pfv. Obg

Unknown disse...

Pipoca e os trapinhos dos globos de ouro??

Framboesa (uma diva de galochas) disse...

Os souks são uma maravilha!!!Trouxemos uma porrada de coisas e ainda argão, especiarias, o tal das 20 e tal especiarias, baton marroquino (aquele dentro das tajines que dura uma vida), sabão preto e a respetiva luva, pochetesbordadas ao preço da uva mijona, um candeeiro (sim, um candeeiro)...e só não trouxemos uma xixa porque o meu marido não se entendeu com o senhor das xixas.Mas já comprámos uma, olarilas!Fotos lindas, lindas!

Unknown disse...

adoro adoro adoro!!! Têm coisas tão lindas e cheias de cor... que vontade de ir lá!

Miriam disse...

Era a cidade que mais queria conhecer e já conheci também, conheci os sítios que menciona. que saudades. Falta o Rio de Janeiro.

Isa disse...

Bem, eu gastei uns euritos valentes, consegui trazer um candeeiro e fiquei amiga do velhote que os vendia. Especiarias, chá,sabao preto, bijuteria, babouches e uma almofada em kilim( tear). No ultimo dia ainda troquei duas camisolas por mais tecidos. O engraçado é mm regatear tudo. Vou voltar la este ano e ja tenho uma lista de compras! Adoro sobretudo os tapetes e os couros. Atençao a quem for com a intençao de comprar oleo de argan. Aconselho a comprar numa cooperativa. Eu fui enganada. Ha dois tipos, o cosmetico q nao tem aroma, e o culinario q tem o aroma caracteristico. Tenham atençao a isso. Os tapetes encontrei uma cooperativa a caminho de essaouira onde sao muito mais baratos e estamos a apoiar aquele projeto. Apetecia me trazer tudo pq adoro o artesanato marroquino...estou a contar os dias para voltar. Belas compras, pipoca

Anónimo disse...

Olá Pipoca :) também vou passar uns dias a Marraquexe agora em Fevereiro. Aconselhas algum alojamento? E já agora que tipo de roupa e calçado achas mais adequado levar ? Obrigada :(

Anónimo disse...

* :)

Anónimo disse...

N leve.. compre lá 😉

Unknown disse...

Ai que saudades... A minha lua de mel foi em Marrocos. Corremos o país, dormimos no deserto, fizemos praia... Mas Marraquexe encheu-me as medidas. O mais engraçado: o único restaurante que repetimos foi mesmo o Le Jardin. À noite tem um ambiente qualquer que é mágico. Ai que saudades, mesmo!

Isabel disse...

Marrocos nao conheco mas Instambul foi maravilhoso, estas fotos avivaram-me a memoria do Grande Bazaar.

Que um dia possa la voltar sem medos. A luz do Bosforo eh divina e faz nos recordar a luz de Lisboa.

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Teorias absolutamente espectaculares

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