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11/9

domingo, setembro 11, 2011
Quase toda a gente se lembra de onde estava há dez anos. Eu estava em casa dos meus pais, acabada de acordar, num daqueles horários de universitária absolutamente espectaculares, quando os dias tinham muito mais do que 24 horas. Fiquei especada a olhar para aquilo e, como quase toda a gente, assisti em directo ao embate do segundo avião. E vi as torres desmoronarem-se, assim, em segundos. Parecia um filme de terror, cheio de fumo, fogo e efeitos especiais. Vi pessoas a atirarem-se de cabeça, uma imagem impossível de esquecer. Ao longo destes dez anos, li e vi muita coisa sobre o atentado. Não sei porquê, mas isto sempre exerceu um estranho fascínio sobre mim. Não tem a ver com morbidez, tem mais a ver com incredulidade. Lembro-me de ir à net ver todos os documentários e mais alguns, e ser sempre aquele murro no estômago. Ter sempre as mesmas perguntas na mente. Como é que isto foi possível? Como é que alguém foi capaz? Como é que o mundo se tornou nisto? Em Washington, no Museu da Imprensa, fiquei completamente esmagada com um documentário sobre um fotógrafo (Bill Biggart) que andou a captar imagens até aos últimos instantes. Acabou por morrer na queda da segunda torre, mas quando a câmara e os rolos foram encontrados, a mulher permitiu que divulgassem as últimas fotos que ele tirou. Acompanhar os atentados pela lente daquele fotógrafo, até ao último disparo, é de uma realidade atroz. Toda a gente saía daquela sala lavada em lágrimas, era absolutamente impressionante.
A primeira vez que fui a Nova Iorque, fui ao Ground Zero ao final da tarde. Estava a ficar escuro, não havia quase ninguém, só se via aquele buraco imenso, enorme. Fiquei a olhar para aquilo através de um vidro e só me apetecia desatar a chorar. O peso de tudo aquilo era gigantesco. A segunda vez que lá estive, há três meses, as obras já estavam muito avançadas. Era hora de almoço, havia muitos trabalhadores a comer por ali e uma energia completamente diferente. Não é um exagero dizer que este dia mudou o mundo. Tornou-nos a todos mais desconfiados, mais cínicos, mais inseguros. O medo instalou-se e duvido que alguma vez venha a desaparecer. É uma merda termos de viver num mundo assim. E uma tristeza sem tamanho.
Dez anos depois, ninguém consegue ficar indiferente ao que se passou. E espero que isso seja uma coisa boa, uma coisa positiva, uma coisa esperançosa. Uma coisa que nos torne a todos um bocadinho melhores.

Uma das últimas fotos de Bill Biggart

18 comentários:

joshua disse...

Dolorosa e terrível memória.

Marlene disse...

Enquanto leio o teu artigo, acompanho o 9/11 The Twin Towers, na RTP1. Vale a pena dar uma vista de olhos.

Anónimo disse...

Um dos melhores post que li sobre o 9/11.
Também acompanho todos os documentários e partilho das mesmas emoções e perguntas. Aquando da visita a NYC, dois anos após os atentados lembro-me do medo que tive ainda no ar e de me terem parecido horas os minutos até aterrarmos. Tive essa mesma sensação que descreves no local. Acho que nunca me vai sair da mente aquele buraco, a incapacidade de pronunciar uma palavra e as lágrimas a caírem-me pela face.
Em Dezembro vou voltar. Espero encontrar um local completamente diferente mas que nunca nos deixe esquecer. Sei que as lágrimas vão voltar a cair quando visitar o memorial inaugurado hoje. E terei mais uma vez a sensação que nunca mais poderemos voltar a ser o que éramos.

AR disse...

"em casa dos pais, acabada de acordar" - identifico-me!

it's a fucked up world, indeed...

Ana Pinto disse...

Já é tão triste, aqui tão longe. Deve ser devastador ir lá, olhar para o sítio onde se erguiam as torres, e saber que foi ali que tudo aconteceu.

Sissamar disse...

Confesso que antes do 11/9, não nutria grande simpatia pelos americanos nem pela América como país, mas a verdade é que nos deram uma grande lição de civismo (na forma como se comportaram nos momentos logo após o embate, sem histerismos) de camaradagem (pessoas que apesar de saberem que dali não poderia vir coisa boa, voltaram para trás para ajudar outras pessoas) e de patriotismo (apesar de todos saberem que violência gera violência).
Agora guardo na esperança, um dia poder voar até lá e conhecer NY e as cidades em redor.
Obrigada pela informação sobre o fotografo, não conhecia esta parte da "história", vou "gloogar" e ver o que encontro.
Beijinho e boa semana.

Pink World Fabuloutin disse...

De facto não há ninguém que não se lembre onde estava neste dia... acabada de vestir o bikini recebo uma chamada da PP... liga a tv agora... já na altura não era muito dada à tv... e vejo o segundo avião a entrar pela 2ª torre... vieram todas lá para casa e ficamos coladas à tv a tarde toda!!!

Lembro-me da PP ligar para a M e dizer... pelo barulho está em casa a ver as noticias... e de lhe responder com o ar mais incrédulo do mundo... mas há alguém que não esteja?!?

Foi o dia em que o mundo parou em frente à Tv... foi o dia em que o mundo mudou!!!

Ana Burmester Baptista disse...

Na latura eu trabalhava no Aeroporto de Lisboa e estava a almoçar na sala da companhia a ver televisão. Vi o segundo avião a bater em directo, quando percebemos que o primeiro não tinha sido acidente. Aliás, sabendo das restricções de NYC tem em termos de espaço aéreoa, percebeu-se logo que aquilo não encaixava. Mas parece que o peso nos ombros e na cabeça era maior, por estarmos num aeroporto. Nesse dia entrei às 6 da manhã e saí eram 2 horas. Tentei dormir a sesta da praxe e não consegui. No dia seguinte, o aeroporto não era o mesmo. E a aviação também não.

Unknown disse...

Revejo-me um bocado no que tu escreves. ou na maneira como escreves. fiz o meu post sobre o 11 de setembro, vim ao teu blog e ainda nao tinhas nada. venho agora e páro por momentos para ler , para sentir a tua opinião. e nao poderia estar mais de acordo ... é uma tristeza imensa.

eu estava num café com o meu pai, todo feliz acabado de realizar um negócio. recebeu uma chamada do meu tio a dizer que o meu primo nascera... passados segundos, homens a gritarem pelo cafe "isto é o fim do mundo" e pum... o panico instalou-se, deveras.



beijinhos cor de rosa

sandrab disse...

Será que todas aquelas mortes não poderiam ter sido evitadas? E se, afinal, os "terroristas" estavam dentro de casa? Às vezes, por mais que a realidade nos toque o coração é necessário olhar para além do que se vê!

Anónimo disse...

acabo de ler o teu comentário, e acredita que desde o início até fim, arrepiei-me...entendo de certa "forma" teu fascinio, por toda esta mudança...que levou-nos a parar e a pensar no que tinha acontecido, uns filhos da p*** de turbante na cabeça tinham decidido por fim, aquilo que era uma das muitas imagens de NYC e o mais importante a 3000 pessoas...eu tb o sinto, não é morbidez, mas sim a admiração, o medo...

Cláudia Tavares disse...

Eu também tinha acabado de acordar (mas estava desempregada) e mal liguei a tv vi em directo o embate do 2º avião. É uma imagem que nunca esquecerei, infelizmente.
Xoxo
Clau / Style Blossom

rakelita_amorim disse...

Eu estava lá mesmo ao lado :(
Acabadinha de acordar quando o segundo avião bateu na torre.
Ir à janela e ver um "vazio" é coisa que nunca vou esquecer.
Os dias seguintes foram igualmente terriveis e só se viam pessoas à procura de familiares imensos cartazes espalhados com fotos e apelos desesperados de quem não sabia dos seus :(

Cristiana Fontes disse...

Foi horrível. Ao ver os documentários do canal História é inevitável não chorar e não protestar para que todos aqueles inocentes regressem às suas vidas normais de trabalho, nas torres gémas. Devemos relembrar sempre este dias, que foi um dos mais tristes da história, pela tristeza de muitos e coragem de outros tantos! A esses terroristas não corre sangue nas veias, de certeza.

Anónimo disse...

Pipoca, gostavas de ver o documentário que fiz com uns colegas sobre este tema?

Se quiseres deixo-te aqui o link:
http://www.youtube.com/watch?v=pVHQygeltMQ

pensativa disse...

Penso que não à ninguem que não se lembre o que fazia nessa hora. Dia de folga estava a casa a tv acesa por companhia e a sic entra em directo com a CNN, Fumo a sair da 1ª torre, e passados alguns minutos o embate na 2ª !!! Paralisei!! Entendo e partilho do teu "fascinio" por tão triste acontecimento. Também eu já li e vi dezenas de documentarios sobre o assunto. Eu que tive o privilégio de no dia 23 Março 1996 subir até ao 110 andar do WTC!! (guardo os bilhetes) recordo o rapaz do elevador que perguntou a nacionalidade a todos os presentes,(cada casal da sua) e disse: Bom dia em cada uma das línguas .... Nunca mais lá voltei, mas acalento a esperança de voltar para ver e sentir o impacto de tão drastica mudança! (Estava em NY em lua de mel)

Gisela disse...

nesse dia há 10 anos atrás estava c uma amiga a sair de casa pronta para apanhar o metro p ir para baixa...antes, passamos no café e vimos as imagens ao que n valorizamos...tivemos um aviso da mãe dessa mesma amiga para n irmos p centro da capital porque poderia ser perigoso...voltámos a n valorizar "n era nada que estava a dar na TV, era SÓ um acidente" pensamos nós...volvidos 10 anos e que acidente foi...pensavamos que nada destruia a segurança que residia nos EUA e no mundo ocidental...tudo mudou naquele dia!

Framboesa (uma diva de galochas) disse...

A 11 de setembro de 2001 estava no shopping á hora do almoço a comprar coisas para a minha casa nova (ía casar daí a poucos meses) e vi nas montras das lojas de electrodomésticos muita gente atenta á tv...e depois....depois tudo aconteceu perante os nossos olhos.
estive em Ny há cerca de 15 anos, tive a oportunidade d ever as twin towers e o antigo skylight e regressei lá o ano passado...a área onde tudo aonteceu e a capela que serve como mini memorial fizeram-me arrepiar dte toda a manhã que deambulei por ali. :(
Pasados uns anos o meu marido estava em Londres precisamente no dia dos atentados...não imaginas o sufoco sabendo eu que o hotel ficava junto a uma das linhas de metro atingidas...

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