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segunda-feira, maio 04, 2009
Pequenada do meu coração, a partir de agora também me podem ler, semanalmente, no 24 Horas. Tenho uma crónica aos sábados, muito jeitosa, por sinal. A primeira é de graça, como prova do meu amor. Daqui para a frente, terão que se chegar à frente com um eurito, mas olhem, antes para isso do que para Tamiflu.

Corações em crise

Ser mulher, solteira e caminhar a passos largos para os 30 não é coisa boa em parte nenhuma do mundo, menos ainda em Lisboa, onde o pavimento é tão pouco amigo dos saltos. Não falo por mim, que já estou servida e, à partida, desenrascada para a vida, mas ainda me lembro bem de como a busca foi difícil. A verdade é que o mercado relacional está como a bolsa, em queda acentuada, e só quem tem namoros daqueles que duram desde 1987 é que pode achar que isto está tudo uma maravilha. Lamento ser eu a portadora de más notícias, mas não está.

Tenho para mim que, nos dias que correm, é mais fácil acertar quatro vezes consecutivas no Euromilhões do que arranjar um namorado. E aqui convém definir o conceito namorado, que é para o estimado leitor não vir já de dedinho em riste a gritar “é fácil, sim senhor, que ainda a semana passada a minha prima que é cabeleireira no Samouco pôs umas fotos na net e agora namora com um rapaz muito jeitoso, que por acaso até esteve detido por tráfico de droga e por bater em mulheres, mas é uma jóia de moço”.

Ora bem, por namorado uma mulher entende um homem que não seja complicadinho dos nervos. Só isto. Se calhar é o mesmo que exigir que o Nuno Gomes marque quatro golos numa época, uma impossibilidade (ou um milagre), mas é só mesmo isto que se espera. Chega de homens que não sabem o que querem (“estou tão confuso, compro o Pro Evolution Soccer 26 ou o Championship Manager 35?”). Chega de homens que ouvem a palavra casamento e se atiram para o chão aos guinchos, a pele subitamente a explodir numa urticária aguda. Chega de homens fiteiros que aos 37,6 de febre já estão a redigir as primeiras palavras do testamento. Chega de homens que não sabem a diferença óbvia entre o bege e o caqui.

Não se pede um namorado muito giro, ao melhor estilo George Clooney em tronco nu, que a partir de certa altura é preciso redefinir as prioridades (e baixar o grau de exigência). Mas quer-se um namorado lavadinho, dedicado, que pague o primeiro jantar, que não repita diariamente que a sopa da mãe é que é boa, que não troque uma ida à Zara por uma tarde de bola, que ao fim de uma semana de namoro (duas, vá) esteja pronto a juntar as escovas de dentes. E que nunca, mas nunca na vida ouse dizer “mais sapatos???? Mas já tens tantos!”.

Ainda há uns quantos exemplares que encaixam no perfil desejado, mas contam-se pelos dedos. E, se uma pessoa se distrai, são rapinados por qualquer outra predadora desesperada enquanto o diabo esfrega um olho. É que os homens interessantes são como um belo lugar de estacionamento no Bairro Alto: de vez em quando vaga um, mas rapidamente é ocupado. E ou se deixa de conduzir de vez ou se começa a estacionar em tudo quanto é lugar proibido. É que se não formos nós há-de ser outra.

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