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quarta-feira, novembro 19, 2008
É a ironia, estúpidos!

Muito mal vai um país quando a líder do maior partido da oposição sugere que se devia viver seis meses sem democracia para pôr tudo na ordem, e rapidamente se torna em vítima de linchamento em praça pública. Oh, senhores, era piada. Brincadeirinha. Ironia da grossa. Ou da fina, neste caso, já que poucos a perceberam e muitos a souberam subverter. E de repente entra-se num efeito bola de neve de dimensões grotescas. "Iiiiiihhhhh, ouviste o que a Manela disse? Que devíamos voltar aos tempos do fascismo! Xiiiiiii! Ela queria era o regresso do Salazar e das perseguições pidescas". A encabeçar o chorrilho de disparates e de pouca sensibilidade para a ironia, esteve o presidente do grupo parlamentar do PS, Alberto Martins, ao afirmar que as declarações de Manuela Ferreira Leite "são antidemocráticas, reveladoras de uma cultura autoritária e de ausência de cultura cívica", e que "só quem não sabe o que foi a ditadura pode admitir intervalos lúcidos para a democracia". A sério, o senhor não disse isto, pois não? E se disse, não era a sério, pois não?
E agora, está bom de ver, virão de lá os velhos do Restelo costumeiros, dizer que ainda que fosse ironia, há coisas com as quais não se brinca. Podem vir os Gatos Fedorentos deste mundo brincar com os ciganos, com a igreja, com os deficientes, com o cabelo do Paulo Bento, com os gays e com a fome em África, mas com a democracia, isso é que não senhor. Shame on you, Manela, que foste irónica.

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