Redacção: o meu professor de hidroginástica

Eu gostava de dedicar aqui cinco minutos ao tema "o meu professor de hidroginástica". Ora o meu professor de hidroginástica é, neste momento, a razão que me faz levantar o rabo da cadeira e atravessar a imeeeeeeeeeensa estrada que é a avenida da Liberdade para ir levantar pesos dentro de água. Em fato de banho e touca que são, muito provavelmente, as peças que menos favorecem um corpo feminino (muito menos o meu. Sinto-me tão sensual como uma refugiada birmanesa). Mas dizia eu que o meu professor de hidroginástica me faz bater os pezinhos com mais força, me faz pular qual pequena sereia, faz despertar a nadadora sincronizada que há em mim. O meu professor de hidroginástica é giro, não aquele giro de cair para o lado, mas aquele giro-ainda-mais-giro que é ser giro na medida certa. O meu professor de hidroginástica decorou o meu nome logo na primeira aula, passa a vida a rir-se, é simpático e atento, e eu gosto disso tudo. O meu professor de hidroginástica tem daqueles músculos que se contam a olhos vistos, pelos quais apetece passear as mãozinhas, mas não é um bisonte, está tudo bem doseado. Nada nele treme, nada nele está fora do sítio. O meu professor de hidroginástica escolhe músicas pirosas, fofinhas e altamente lamechas na hora dos alongamentos, e sussura as indicações nessa altura ,o que quase me faz acreditar que está ali a nascer o amor. O meu professor de hidroginástica usa os calções no limite dos impossíveis, com os ossos das ancas à vista. E por isso não pode estar à espera que eu o oiça quando me diz, pela 20ª vez, "abdominal contraído", porque o meu olhar está perdido nos abdominais dele (e por aí a fora... ou melhor, por aí abaixo) e eu estou embrenhada em pensamentos pecaminosos. E vou-me queixar à administração, porque ter um professor destes é meio caminho andado para a minha falta de aproveitamento.