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segunda-feira, junho 16, 2008
Previa-se um domingo em grande

Muito sol, conversa com os amigos à beira da piscina, frangos assados para o lanche, e depois um bonito Portugal-Suíça. Que mais podia uma pessoa desejar na vida? Nada, não é? Saltei da cama e percebi logo que "muito sol" era coisa que não ia haver. Estava tudo assim a atirar para o cinzentinho-nublado-cor-de-rato mas, eterna optimista, pensei "tudo bem, diz que é assim que queima mais, e lá por estar tudo cheio de nuvens não quer dizer que não estejam para aí uns 32 graus". Não estavam. Nem 20, quanto mais 30. Disposta a não desistir, vá de enfiar o biquini e partir rumo a uma simpática piscina da outra margem do rio. Não foi mau. Houve 3 minutos e 46 segundos de sol intenso, daquele que queima à séria, e depois nuvens. Cada vez mais e mais negras. "Bom", pensámos nós, "se calhar vamos então até à praia tomar café, que sempre se apanha aquela aragenzinha do mar". E fomos. Para constatar que parecia que estávamos na Nazaré, tamanho o frio (e a chuva que, entretanto, começou a cair). E que não havia café na esplanada, porque a luz tinha faltado há duas horas. Regresso a casa e ao conforto do sofá e dos programas edificantes das tardes de domingo. Conversa, tostas com queijo, conversa, tostas com doce, conversa, amendoins, conversa, cajus, conversa, bolo, e eis que começa o jogo do nosso Portugal, oh alegria, oh hino cantado com a mão no peito, oh, raios, que esta equipa não joga nada, oh, que já estamos a levar com dois queijos suíços. Findo o jogo, vá de voltar para Lisboa. Mas não antes da anfitriã se começar a queixar duma violenta dor no pé, vinda do nada. Ai que foi bicho que lhe mordeu, ai que foi mau jeito, ai que vamos embora para as urgências da CUF Infante Santo, com a miúda cada vez mais queixosa, com sintomas que oscilavam entre o "ora está muito quente, ora muito frio, parece que vai explodir". Demos entrada no hospital e lá ficámos na sala de espera (o nome faz sentido, espera-se e não é pouco), entre familiares de senhores com ameaça de AVC, e jovens com dores nos rins. Ao fim duma hora lá me chamam a miúda (que já ameaçava atirar-se para o chão aos gritos), que se arrastou com um nível de dramatismo digno de um Óscar (enquanto nós, as amigas a quem coube a árdua tarefa de acompanhar a paciente, nos ríamos e ríamos. A outra hipótese era chorar). O tempo passava e já se pensava no pior: amputação, tumor em fase terminal, qualquer coisa que fizesse justificar a espera. E eis senão quando as portas se abrem e ela surge de cadeira de rodas, empurrada por um enfermeiro que gritou "está entregue!". E vá de nos lançar a miúda. O diagnóstico ameaçava "ácido úrico", mas era preciso esperar pelas análises. Quinze, vinte minutos, juravam. Passou-se mais uma hora e a desgraçada já jurava por todos os santos nunca mais tocar em carne, enchidos e outros que tais. "A partir de hoje é só sopa e legumes e fruta". Pelo meio, deu-nos a fome. A larica, vá. E foi então que constatámos que, entre três pessoas, tinhamos apenas 0,95 cêntimos. Malas viradas do avesso, e nada. Com todos os trocos na mão lá me encaminhei, com ar faminto, para a máquina, a ver se nos conseguíamos safar. A coisinha mais barata, um chocolate, custava 1,20€. E foi triste perceber como é fácil morrer-se de fome num hospital. Ninguém se chegou à frente com 0,30 cêntimos para nos ajudar! Nada! E nós também tivemos vergonha de pedir. Estávamos nisto quando vieram novamente chamar a pequena para o veredicto final. Que, foi-se a ver, e não era ácido úrico. Na verdade, não era nada! Talvez uma inflamação... E vá de esperar mais de três horas e pagar quase oitenta euros para lhe diagnosticarem... nada! Juro que fico doente com estas coisas. Depois disto ainda se seguiu um pequeno jogo de seu nome "vamos então descobrir onde raio fica a farmácia de serviço" e, às duas e tal da manhã, estava finalmente a aterrar na cama, com uma gigantesca fatia de bolo nas mãos. Foi um domingo bonito. Já tinha pensado em várias coisas para fazer a um domingo, tinha-se-me escapado esta. Gostei.

Adenda de última hora: a miúda já está bem do pé. O nada passou da mesma maneira que veio.

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