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segunda-feira, maio 19, 2008
Problemas de consciência

Se há coisa que eu aprendi no último ano foi a importância de se viver com a consciência tranquila. Com a sensação que se agiu bem, que se fez o que se podia. E o que se devia. Em relação a tudo (ou quase). E nos últimos tempos, sobretudo nos últimos meses, sinto que a minha consciência não me tem deixado mal, e ao deitar-me todas as noites passo a vida em retrospectiva e sei que estou no bom caminho. Isto está longe de querer dizer que se é feliz e que se leva uma existência maravilhosa. Até porque também percebi que viver de consciência tranquila e tomar as decisões correctas não é assim tão fácil. É difícil, é complicado, às vezes apetece mandar tudo à fava e dizer "que se lixe o que é correcto porque, vai-se a ver, e ninguém dá valor nenhum a isso". Porque às vezes magoam-se pessoas, tomam-se atitudes parvas e precipitadas porque nos sentimos de mal com a vida, procuramos soluções idiotas e rápidas para problemas insolúveis. E, já se sabe, não há curas milagrosas, não há saídas fáceis, não há almoços grátis. O mal que nos sentimos hoje dificilmente passará amanhã. Faça o que se fizer. Na verdade, a coisa agrava-se quando se fazem asneiras. E isto explica o texto abaixo. O de não ser assanhada. Não é que não seja (sou ligeiramente e sei bem o que fazer para conseguir o que quero). Apenas não me apetece nem quero sê-lo. Porque não vejo o interesse. Porque não sinto que valha a pena. Porque não quero acordar e sentir que fiz algo que não acrescentou nada à minha vida, só porque sim, por um devaneio momentâneo, porque o corpo até pedia mas o coração guinchava "iiiiiiiiiiiiihhhhhhhhh, põe-te a milhas, não é isto que eu quero, iiiiiihhhhhhh!!!". E por isso fujo de confusões, de atitudes inconsequentes, de caminhos sem saída.
E a consciência leva-me ao problema da honestidade. E da frontalidade. Coisas em que eu, confesso, sou fraquinha, porque prefiro dizer uma mentira mais ou menos inofensiva, ou adiar a verdade, do que despejar tudo, assim. Ou preferia. Ontem dei por mim nesse limbo: digo só mais ou menos o que penso, enrolo, adio, finjo, simulo, ou digo o que me vai verdadeiramente cá dentro, algures entre o pâncreas e a caixa torácica, mesmo sabendo que isso pode deixar outra pessoa triste? Optei pela segunda hipótese. Perguntas frontais, respostas frontais. Porque é isso que eu espero dos outros, e se sempre tivessem sido honestos comigo muitas horas de infelicidade se teriam poupado. E acho que mais vale dizer qualquer coisa que, ainda que honesta, pode magoar na hora, do que ir acumulando desculpas e alimentando o chamado efeito bola de neve. Já vivi mil situações dessas e dão sempre mau resultado. Por isso, depois de uma semana de assumida cobardia, de ir sempre dizendo "depois penso nisto", optei pela verdade sem floreados. Com o devido pedido de desculpas e aperto no coração, que é sempre triste magoar alguém que nos importa.
Há exactamente um ano percebi que sabia muito bem o que queria e que nada me ia desviar desse caminho. O caminho já deu algumas voltas, grandes demais até mas, ainda que em moldes muito diferentes, cada vez sei melhor o que quero que a minha vida seja. E, enquanto assim for, não há volta a dar. Só mesmo a satisfação de assentar a cabeça na almofada e, ainda que triste, ter a certezinha que passou mais um dia e não me defraudei. E que isso vai ter que valer para alguma coisa.

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