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segunda-feira, abril 21, 2008
A F. morreu hoje

Vítima de doença prolongada, como se diz agora. Vítima de várias doenças prolongadas que lhe lixaram a vida. E se havia pessoa com vida para dar era ela. E como, com a sua boa disposição e alegria, transformava os nossos "problemas" em algo tão estúpido e irrelevante. Que problema é que alguém poderia ter ao lado dela, ao lado daquilo que foi a vida dela? Nas últimas duas semanas fui vê-la ao hospital duas vezes. Da primeira disse que não queria ir mais. Custou-me. Contou histórias, mandou vir, disse piadas. "Não faças nada que eu não fizesse", disse ela a um sobrinho. E foi esta a última frase com que fiquei. No sábado voltei a ir vê-la. Outro hospital, a doença cada vez mais prolongada. Fiz birra, não queria ir, que me fazia impressão, que ficava só um bocadinho e me ia logo embora. Fui e fiquei o tempo todo da visita. Desta vez não houve conversas, nem histórias, nem piadas. Nem uma palavra. Fez-me confusão a rapidez com que a vida se nos escapa, como tudo se vai acabando numa cama de hospital. E custa saber que ela lutou tanto, tanto, tanto que foi obrigada a desistir muito antes do tempo. Foi obrigada, já era demasiada coisa para suportar. Mas era isso que nos fazia ter esperança... passou por tanto, também vai passar por isto. E rir-se da desgraça. Como sempre.

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