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quarta-feira, abril 23, 2008
Eu sabia que ia acontecer um dia

E aconteceu. Ao fim de mais de vinte anos a frequentar salas de cinema, chegou o dia em que eu fugi da sala e deixei um filme a meio. Isto sem contar que estive a dormitar a primeira meia hora. Não foi pela companhia (bom, um bocadinho, talvez), foi mesmo pelo filme (Blade Runner, uma maravilha para os críticos, claro, a seca da vida para a Pipoca, que nisto de pontuações a filmes é raro estarmos de acordo). Está bem que é um clássico, um ícone, blá blá blá, mas não me dou com coisas futuristas, já devia saber, por isso foi só o tempo de engolir um pacote de pipocas, dormir uma sesta retemperadora, e ala que se faz tarde, depois daquele momento de impasse "ai que vamos, ai que não vamos, é agora? Agora? Go go go!". Porque raio é que é constrangedor sair duma sala de cinema ainda o filme vai longe do fim? Se uma pessoa não gosta, se uma pessoa está aborrecida, se uma pessoa até já está a pensar no que é que vai almoçar amanhã, porque raio há-de ficar ali, a cabeça a tombar para cima do vizinho do lado? Ok, a parte de ter que fazer levantar 18 pessoas, dar com a mala na cabeça de outras tantas, tropeçar em mais meia dúzia e impedir que a fila de trás veja o filme por 2 ou 3 segundos, eu percebo. É aborrecido. Mas enquanto descia as escadas da sala, a vergonha a cobrir-me e eu a tentar pôr o cabelo todo na frente da cara, não fosse alguém, mesmo às escuras, reconhecer-me naquele acto transgressor, sentia todos os olhares reprovadores cravados nas minhas costas. Como se dissessem "estúpida ignorante! Nunca se abandona um filme, por pior que esteja a ser! Nunca! Para te estares a ir embora deve ser porque não pagaste bilhete". Esta parte é verdade, não paguei, e também foi isso que me fez ir embora sem remorsos. Tivesse eu desembolsado 5,5€ e ainda lá estaria agora, a ler os créditos e tudo, mas assim não. E, de facto, só custa mesmo a primeira vez. Daqui para a frente, estou pronta para sair da sala ao mais leve bocejo.

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