Ah e tal, tenho um namorado
Ora bem, como pessoa ciente que eu sou da durabilidade das minhas relações, nunca comuniquei (nem apresentei, Deus me livre e guarde) nenhum namorado aos meus pais. É claro que lá acabam por descobrir, que são pais mas não são totós, mas é como se fosse assunto tabu. Ninguém me faz perguntas e eu também não forneço informações gratuitas. Mas eis que agora, por questões logísticas, dei por mim a perceber que desta não tenho como escapar. E vai ter que haver "A" conversa. Tudo muito bonito... mas isso faz-se exactamente como? "Pai, mãe, tenho uma coisa a comunicar-vos... não estou grávida, não me drogo, mas tenho um namorado". E como é que é, basta comunicar e fugir logo para não haver tempo para perguntas, ou é suposto alapar o rabo no sofá e submeter-me a um interrogatório exaustivo, tipo "e faz o quê? Quantos anos tem? Vive onde e com quem? Com essa idade e ainda vive com a mãe? Esquisito... E fuma? Já sabes que isso é que não pode ser, que beijar um homem que fuma é como lamber um cinzeiro! E é do Benfica, não é? Diz-me que é do Benfica ou esta conversa acaba já aqui".
Ando a adiar esta conversa ao máximo. Posso comunicar coisas como "adeus, que vou fazer Erasmus para Itália" ou "até loguinho, que vou viver um ano para Madrid", mas falar da vida afectiva é coisa que me faz espécie. É coisa que nunca se fez cá por casa, e agora também não sei muito bem como abordar o tema. Ando sempre a ver se me dão uma deixa, mas nada. Estou a ver que vai ter que ser ao almoço, "ó mãe, passa-me aí os peixinhos da horta, ah, e já agora, tenho um namorado há já uns tempos". Também pode ser quando me perguntarem sobre o trabalho... "vai bem, mas ando cansada.... e isto de ter namorado também não ajuda. Ah, não vos tinha dito que tenho um namorado? Pois, diz que sim".
O que me apoquenta verdadeiramente é achar que eles vão começar a criar logo muitas expectativas em torno da coisa, a minha mãe logo a dar palpites sobre o vestido de noiva que me assenta melhor, ou o meu pai a dizer que devíamos comprar o andar por cima do nosso, para ficarmos todos juntinhos. E depois a coisa dá para o torto e já estou a ver os olhares reprovadores, "minha banana, não foste capaz de agarrar o rapaz". Se calhar o melhor é estar caladita mais uns tempos... talvez lá para os 35.
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