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segunda-feira, outubro 15, 2007
A culpa é do estado (com letra pequena, que não merecem mais)

Aí de dois em dois meses lá vou eu fazer a minha ronda habitual pelos sites de casas. Umas vezes acho que quero alugar, outras - quando o devaneio é maior- acho que é mais produtivo comprar. E, invariavelmente, chego à mesma conclusão: não tenho dinheiro para nenhuma das opções. Faço parte da geração mileurista (arredondando 'ligeiramente' por alto), por isso, quer compre, quer alugue, deixo de ter dinheiro para tudo o resto. A perspectiva de nunca mais poder, por exemplo, ir viajar, é assustadora quando se tem 26 anos e o mundo todo para conhecer. Um empréstimo de trinta mil contos (que não dá propriamente para um palácio) leva-me uns 700 e tal euros por mês. O aluguer de um mísero T1 não fica, nunca, abaixo dos 500. E depois há os móveis, as contas, os imprevistos. E a comida. Gostava de poder continuar a comer. Já nem digo todos os dias, mas dia sim, dia não, vá!
E é nestas alturas, quando constato que a minha independência é castrada por não ter pais ricos nem um emprego "normal" (sim, porque o normal, ao contrário do que se acha por cá, não é um licenciado ganhar 500, 600, 750, 900 euros... isto é o que os remediados, como eu e como tantos, recebem e já acham uma alegria), que uma profunda ira sobe por mim acima. Juro que me apetece atirar para o chão a chorar, tamanha a injustiça que sinto. Fala-se dos jovens, que são o futuro, que é preciso ajudá-los, blá blá blá! Tretas, tudo tretas! Ninguém faz nada por nós, ninguém nos facilita a vida, ninguém nos baixa a puta da taxa de juro, ninguém está, de facto, preocupado em trazer os jovens para o centro de Lisboa quando se praticam preços pornográficos para aquilo que recebemos. E por isso sou obrigada a fazer contas e a constatar, a cada dois meses, que não, que ainda não posso sair de casa, porque o estado não deixa. Sim, o estado não deixa! E depois admiram-se que, de quando em vez, haja malta a barricar-se e a ameaçar mandar tudo pelos ares.... depois admiram-se.

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