Inspiraaaaar, expiraaaaaaar
Se uma gaja já foi encornada, abandonada ou trocada por uma mais gira ou mais nova ou mais boazona, ai dela que ouse queixar-se disso a um homem. Ai dela!! E muito menos ao namorado actual. Ui, erro dos graves! À maior parte dos homens activa-se-lhe um qualquer instinto de Rambo à simples menção do nome do ex-namorado da sua mais que tudo. E, como é óbvio, segue-se um chorrilho de insultos, sem nunca terem posto a vista em cima do desgraçado, e por mais exemplar que ele tenha sido enquanto namorado. Mas a gaja também não se pode queixar. A gaja não pode dizer que foi maltratada, que saiu magoada de uma relação, que patati-patata. Os homens não têm pachorra para estes assuntos, acham sempre que estamos a exagerar, a ser 'drama-queens', que de certeza que se alguém correu connosco foi porque alguma aprontámos, que o rapaz não devia ser assim tão mau, que a culpa só pode ter sido nossa, e blá blá blá.
Mas se a história foi ao contrário, aí pára tudo! Um homem pode ter levado com os pés quando ainda andava na quarta-classe que nunca mais na vida se vai esquecer disso. E, em qualquer discussão que haja, mesma que seja sobre o que fazer para o jantar, lá vem o argumento do "não grites comigo que eu sou um homem traumatizado, fui abandonado por uma mulher andava eu na quarta-classe! Foi horríveeeeeeeeeel".
Não há cuzinho que aguente homens com traumas. E quando se juntam DOIS homens com traumas e ficam ali quase ao despique, a ver quem é que sofreu mais, quem é que tem mais razões de queixa? "Ai tu apanhaste-a na cama com o teu pai?? Pois olha, a minha foi pior! Foi com o meu pai e com a minha mãe!". Quando querem dar aquele ar de quem já ultrapassou a coisa, fazem piadas sobre o caso, mas o recalcamento está lá para quem quiser ver. Para mim a coisa é simples: se ao fim de um ano... vá, dois, ainda falam do caso, é porque a coisa ainda não está ultrapassada, é porque ainda há ali muita terapia para fazer e muito Prozac para tomar.
E se eles guardassem estas coisas para eles, eu ainda podia achar a coisa mais ou menos normalzinha. Mas depois uma gaja tem que levar com cenas como "levaste quatro minutos e trinta e cinco segundos a lavar os dentes... foi exactamente esse o tempo que a Ildefonsa levou no dia em que acabou comigo". Ou "é Agosto e está calor. Também estava calor em Agosto de 87, quando a Ildefonsa acabou comigo". Ou "oh, o dia tem 24 horas. O dia em que a Ildefonsa acabou comigo também tinha 24 horas!". For God sake!
Homens, meus queridos, isto é coisa que toca a todos! É óbvio que nos toca mais a nós, mulheres, porque vocês são mais cabrões, mas deixem-se de merdas e parem de andar uma vida inteira a lamentar-se por terem levado com os pés. É a chamada vidinha real. E também não me fodam com a história do "nunca mais vou conseguir ser o mesmo, nunca mais vou conseguir gostar de alguém da mesma maneira", porque se cada mulher que já sofreu um desgosto deixasse de se interessar pelos homens, era o fim da espécie humana! Cambada de bambis! Se calhar o problema, ao longo dos tempos, tem sido exactamente esse: levam pouco com os pés. Se estivessem mais habituadinhos, custava menos.
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