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quinta-feira, março 01, 2007
O problema não são vocês, sou eu

Não gosto de receber mensagens publicitárias no meu telemóvel. É chato, é maçador, e os segundos de vida que perco à conta da ansiedade de “quem será, quem não será?” (para depois constatar que, afinal, é só a puta da Vodafone, ou da TMN, ou do raio que o parta) são motivo mais do que suficiente para começar aí a processar todos os espertinhos que entendem que é boa ideia enviar-me mensagens. Ontem foi a vez de uma simpática cadeia de ginásios (cujo nome começa em “H” e acaba em “olmes Place”) me infernizar o dia. Está bem que eu já lá andei (corrijo: já lá estive inscrita), mas também já lhes disse umas quantas vezes que não vou voltar. É uma relação que não tem volta possível e eles têm que se conformar com isso, em vez de agirem como ex-namorados psicopatas. A-C-A-B-O-U! E o problema não são eles, sou eu! A meio da tarde recebi uma mensagem que dizia: “Sentimos a sua falta. O seu objectivo é treinar e o nosso compromisso é oferecer-lhe duas sessões de PT e um par de ténis Asics”. Bom. Vamos por partes. Fico feliz por saber que sentem a minha falta. É fofinho e aquece-me o coração. Mas eu não sinto a vossa, e é nisso que têm que se concentrar. Aliás, se olhassem para as coisas com a devida perspectiva, veriam que nos últimos tempos a nossa relação já não tinha aquele fulgor inicial. Ao princípio ia umas três ou quatro vezes por semana. Havia felicidade, respeito, compreensão. Mas nos últimos tempos lembro-me que vocês até me ligaram a perguntar “sabe quantas vezes veio ao ginásio nos últimos seis meses? Duas!”. Já estávamos em pleno processo de declínio… o que é que vos faz agora pensar que eu quero voltar? Não, bebés… lamento. Ponto dois: o meu objectivo não é treinar. O meu objectivo é bater o número de sapatos da Imelda Marques (três mil, segundo consta). O meu objectivo é ser sempre a primeira a chegar aos saldos da Zara. O meu objectivo é dar calduços em criancinhas sem que os pais vejam. Mas o meu objectivo não é, DE TODO, treinar. Uma vez mais, acredito que vos estou a desiludir, mas eu não sou quem vocês pensam. Há diferenças inconciliáveis entre nós, sempre houve, e têm que aprender a viver com isso. Ponto 3: se querem meeeeeeeeemso, mesmo que eu volte, arranjem lá qualquer coisinha mais aliciante que duas sessões com um treinador (que, a ver pela amostra, deve ser um qualquer feioso) ou uns ténizinhos Asics. Se me disserem “o nosso compromisso é oferecer-lhe duas sessões com o Hugh Jackman –e não necessariamente de ginástica – e uns sapatinhos Manolo em prateado”, eu até poderia pensar em arrastar-me até aí, mas assim nada feito. Está bom de ver que não respondi à mensagem, para não lhes alimentar as esperanças. Deixei-me estar quieta, a ver se se deixavam de ideias, mas não. Nem uma hora passada, e já o telemóvel estava a fazer bip-bip, e eu a perder mais três segundos de vida pela excitação. Eram eles novamente. “Não recebeu a nossa mensagem? Sabe que até ao final do dia de hoje temos um par de ténis Asics para si? Ligue-nos e saiba como”. Não gostei da persistência. É gente que me dá pena. Não querem perceber que estão apenas a rebaixar-se. Deviam ter mais orgulho e deixar de andar atrás de mim. Até porque isso costuma resultar com as gajas. Se nos ignorarem é mais fácil captarem a nossa atenção. Mas não há cu para gente gosmenta e insistente ao ponto de gerar em nós irritação. Senhores da tal cadeia de ginásios começada por “H” e acabada em “olmes Place”. Se me estão a ler… eu sei que não é bonito saber das coisas assim… a nossa vida escarrapachada num blog. Mas vão ter que saber disto de alguma maneira, não é? Então mais vale que seja aqui, de forma rápida e indolor: eu não vou voltar. Nunca mais. E mais, até ando em negociações com outro ginásio da concorrência. Eu sei que custa, mas tenho a certeza que vão encontrar alguém que goste de vocês a sério e vos dê tudo o que merecem. Fomos felizes, reconheço, mas já não faz sentido.

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