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terça-feira, agosto 29, 2006
Who killed the newspaper?

Na sequência de uma conversa sobre o futuro do jornalismo, ontem o meu chefe passou-me para as mãos um artigo do The Economist, intitulado "Who Killed the Newspaper?". Não sei se o objectivo era animar-me, mas logo pelo título da coisa se percebe que isto- o jornalismo- anda pelas ruas da amargura. Diz o artigo que 2043 será o ano da morte dos jornais na América, pelo menos nos padrões em que actualmente saem para as bancas. Gosto da precisão da data, podia ser 2042, 2044, mas não, é mesmo em 2043, afirma uma pessoa especialista no assunto. Diz que a culpa é da internet, das edições online, do desinteresse pela leitura, do preço dos jornais, da proliferação dos gratuitos, da diminuição das receitas publicitárias- e, consequentemente, da falta de dinheiro para investir em grandes reportagens e assuntos que interessem e que fujam à agenda-, dos blogues (essa corja!!!), e de outras coisas que tais.

Como jornalista, ainda por cima da escrita, lixa-me a vidinha pensar que um belo dia...puffff...os jornais podem mesmo acabar e tornar-se, como diz o artigo, em bonitas peças de museu, assim já carcomidos pela traça (esta parte não vem no artigo fui eu que inventei). Já passei pelo fecho de um jornal e, infelizmente, cheira-me que foi o primeiro de muitos. Não para mim, porque não conto voltar a uma redacção nos tempos mais próximos. Não que não seja aquilo que verdadeiramente gosto de fazer, não que não seja bom saber as notícias antes de toda a gente, andar sempre um dia à frente dos outros, não que não seja bom escrever contra o tempo, com gente a berrar "vai fechar em dez minutooooos!", não que não seja bom nunca saber como vai ser o dia a seguir e não viver numa rotina permanente.

O que não é nada bom é ganhar cem contos ao fim do mês, não ter horário de saída, trabalhar aos fins de semana, e no Natal e no ano novo, ficar, muitas das vezes, sem vida própria, ver que o trabalho de semanas dura 24 horas, e no dia a seguir já estará a forrar caixotes do lixo, precisar de trabalhar 15 anos para atingir um posto de chefia, e quando lá se chega é uma treta, porque deixa-se de escrever. E é isso que me interessa no jornalismo, escrever. Mas com condições financeiras, com tempo, com espaço para fazer mais do que as noticiazinhas do dia-a-dia, poder usar também a criatividade.

Neste momento interessa-me mais a vertente freelance da coisa. Melhor paga, mais interessante, se houver ideias boas sobrevive-se razoavelmente. Mas entristece-me olhar para os jornais e achá-los aborrecidos de morte, ver que não passam de uma repetição dos telejornais da noite anterior. Deixei de comprar jornais, confesso. São chatos, pesados, não acrescentam nada de novo à minha vida. Rendi-me às edições on-line (fraquitas, mas é o que há), faço a devida triagem e só leio o que, de facto, me interessa.

E qual é a importância disto tudo, perguntam vocês? Nenhuma. Mas lá está, gosto de dar aos dedos!

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