Que bem sabe o fado em Madrid

Acabo de chegar de um concerto da Kátia Guerreiro e nao resisti a vir até à net, enquanto as sensaçoes estao fresquinhas. Numa das minhas voltinhas pela cidade dei literalmente de caras com um cartaz que anunciava a "semana portuguesa em Madrid". Dei uma vista de olhos e entre uma data de coisas desinteressantes chamou-me a atençao o concerto da Katia Guerreiro, anunciado para esta noite, no Círculo de Belas Artes. Nao que goste dela particularmente, de fado muito menos, na melhor das hipóteses engulo um Camanézinho ou uma Mariza, mas como as noites aqui custam mais a passar, achei que podia ser um bom programa. Afinal, só custava cinco euros (os mais bem empregues dos últimos tempos, diga-se de passagem).
A sala das Colunas, assim se chamava o sítio, é linda e pequenina, com um lustre enorme, enorme. E, espanto dos espantos, estava cheia que nem um ovo. Sentei-me num dos poucos lugares livres, bem cá para trás, e ali fiquei. A voz da Kátia Guerreiro é surpreendente. Nunca tinha atentado bem no potencial desta menina, mas ficou mais que provado porque é que foi convidada para mandatária da juventude do (meu) Cavaquinho. Ah ah ah!
Para quem vive longe de casa e se sente sozinho numa cidade estranha, o soar de uma guitarra portuguesa é qualquer coisa que nao tem explicaçao. De repente, o fado deixa de ser aquela coisa do português desgraçadinho e infeliz para ser algo que nos enche de orgulho... e saudade. Apeteceu-me levantar e gritar "sim, ela é portuguesa". Fiquei-me por um mui típico "ah fadista".
Nao consigo descrever por palavras o bem que me soube esta noite. Dei por mim a vibrar com aquilo quase como se de um concerto de U2 se tratasse, a bater palmas, a trautear as músicas que sabia (ouvir o Barco Negro da Amália arrepia até o maior dos insensíveis), a aplaudir de pé e a pedir mais no fim.
Nao sei quando voltarei a Lisboa, mas de certezinha que vou fazer uma incursao aos discos de fados do meu rico paizinho.