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terça-feira, novembro 22, 2005
Obrigada, centro de emprego

Venho por este meio agradecer a essa grande instituição que dá pelo nome de centro de emprego (quem mais?) por me estar a proporcionar mais uma simpática visita a Lisboa. Eu gosto, a sério que sim! É tão agradável fazer uma viagem de dez horas, chegar a Portugal e estar a chover a potes... a sério, mandem-me vir mais vezes que eu estou sempre a postos! A ideia de hoje era que definisse o meu plano pessoal de emprego. Mas qual plano??? Quer dizer, não é suposto serem eles a fazer isso? Não é para isso que eu estou lá inscrita, para me arranjarem trabalho? Olha agora, era só o que me faltava. Mas querem um plano de emprego? Eu traço-vos um já aqui, em três tempos: ora então quero ser a relações públicas da Louis Vuitton em Portugal e ter um salário que ronde os 3000 a 4000 euros, nunca menos do que isso. Quem diz Vuitton diz Versace, Dolce & Gabbana, Armani ou Gucci, que eu não sou esquisita. Por isso aqui têm o planozinho traçado. Qualquer dúvida é só entrar em contacto.

Queria também agradecer à pessoa que me disse "não venhas de combóio, vem de autocarro que é muito mais confortável, mais barato e é menos tempo de viagem". Mentira das grandes, estava-se mesmo a ver. Comprei o bilhetinho pela net, escolhi um lugarito que supostamente não era daqueles duplos, mas sim um individual, e à hora marcada lá estava eu, toda contentinha... quando comecei a ver a massa humana que se estava a juntar na plataforma comecei a desconfiar que o autocarro não vinha para Lisboa mas sim para Angola. Enfim, preconceitos à parte, a coisa começou a correr mal assim que o autocarro chegou e eu não vi os tão apregoados lugares individuais. Era um autocarro igual aos outros todos, com dois bancos de um lado e dois do outro. Depois de já ter largado a bagagem, veio a parte de entrar no dito autocarro. A controlar as entradas puseram uma senhora que em tempos idos trabalhou, com toda a certeza para a PIDE. Supostamente só se podia levar uma mala de mão. Ora eu levava a minha malinha com produtos essenciais à vida humana (maquilhagem, telemóveis, etc e tal) e o computador portátil. Instalou-se logo o caos, que não podia ser, que eu não podia entrar no autocarro com duas coisas. Expliquei por A+B à parva da mulher que tinha que entrar com as duas coisas, porque não ia deixar nem o computador nem a mala junto com a restante bagagem. Meio desconfiada, lá acedeu, para logo perguntar, enquanto apontava para a mala do portátil: "e leva comida aí?". Apeteceu-me responder que sim, que levava três frangos assados e quatro sandes de torresmos, mas a pergunta pareceu-me tão estúpida que só disse que não. O que ela não sabia é que na outra mala levava duas sandochas, e dois chocolates. Toma lá, que é pra não ter a mania que é esperta.
Enfim, entro no autocarro e logo constatei que aquilo era a rebaldaria total, e que o facto de eu ter reservado um lugar era um procedimento sem qualquer utilidade prática, já que cada um se sentava onde bem lhe apetecesse. Um brasileiro ainda me tentou arrancar do meu lugar, alegando que eu estava no lugar dele, mas eu disse-lhe logo que alguém também estava no meu e para se fazer à vidinha, que isto não há cá lugares marcados. Lá fora continuava a senhora "pidesca", aos berros: "COMIDA NÃO ENTRA!!".
Como companheiro de viagem calhou-me um senhor aí de 40 e tal anos, o típico português que adora contar a vida toda sem ninguém lhe ter perguntado o que quer que fosse. E que tinha vindo trazer a ex-mulher e a filha a Espanha, e que a gaja era inglesa, e que a família o avisou logo para não casar com ela porque ela não era como as portuguesas, mas que pró ano as coisas iam mudar porque ganhou a custódia da filha, e que trabalha nas obras ali pró Martim Moniz, mas que já quase não faz nada, só manda fazer, e que o sonho dele é ir viver prá vivenda que fez em Alcobaça e que "tem tudo". Lá ia acenando que sim, e dizendo os típicos "pois, é a vida, está mau para todos", até que me lembrei de recorrer ao iPod para não mais ouvir o senhor. E depois foi só o autocarro pôr-se em marcha e eu ver a "pidesca" a ficar para trás para sacar da minha sandes e a comer ali, à descarada, arriscando ser expulsa do autocarro! Que grande acto de rebeldia! Enfim, a viagem fez-se mais ou menos, acordei com o senhor do lado a ajeitar a trench coat finíssiiiiima que eu trazia a tapar-me e a dizer "tape-se, tape-se, que está frio". Mal posso esperar pela viagem de regresso!

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