Petição anti-pombo
“Nos céus de Lisboa voam aves adoráveis, penudas (se se diz peludas, de certeza que também se pode dizer penudas!), dóceis, que precisam de muito milho, amor e afecto...”. Assim poderia começar uma crónica de uma pessoa que simpatize com pombos, sim, porque é dessas criaturas do demo que eu estou a falar. Mas como um dos meus objectivos de vida é eliminá-los um por um, reformulo o início do texto. Então cá vai:
Nos céus de Lisboa abundam aves verdadeiramente nojentas, cor de rato, pulguentas, que precisam de muito pesticida no milho e de muito estalo naquele bico. Uma vez mais, arrisco-me a ter a Liga de Defesa dos Animais à porta de casa para um ajustamento de contas, mas eu não posso mais estar calada perante a proliferação de pombos em Lisboa.
Um amigo meu costumava dizer que os pombos organizam um concurso entre si chamado “Vamos Ver Quem Acerta Mais no Carro Do/a...”. Quando digo acertar, sabem bem ao que me refiro, àquelas manchas brancas e esverdeadas que só saem à custa de quatro horas de esfreganço com palha de aço e muito diluente. Mas cheira-me que agora a coisa se tornou pessoal e TODOS os pombos de Lisboa se uniram para acertar em cheio na minha viatura. E o prémio deve ser dos bons, porque não há dia em que o meu belo carro não seja alvo de uma... cagadela (chamemos as coisas pelos nomes!). Recorrendo a um antigo slogan que por aí se via, também a mim me apetece dizer “faça alguma coisa, Dr. Santana Lopes!”.
A situação está a ficar tão problemática que já quase dei por mim a olhar para o céu e a gritar “vou lavar o carro amanhã, por isso despachem-se e façam tudo o que têm para fazer, sim?”. Não adianta, ainda mal saí da lavagem automática e já os gajos estão a afinar as miras. O que é que uma pessoa pode fazer perante uma situação destas? Nada, a não ser lançar uma petição subordinada ao tema “’bora lá dar cabo deles!” e esperar que todos os lisboetas tenham o bom senso de aderir.
E para que não digam que sou uma pessoa intolerante e que não dou opções de escolha, quem assinar a petição vai poder optar entre quatro ou cinco formas de exterminar os estafermos. Assim, afogamento no Tejo, tiro ao pombo, depenamento do pombo ou insuflação do pombo até que rebente são algumas das possibilidades oferecidas a quem quiser aderir.
Se alguém me apresentasse o lado positivo de haver pombos na cidade eu até poderia reconsiderar a minha posição radical mas, assim de repente, não estou a ver uma única coisa que abone a favor dos bichos. São cinzentos, uma cor completamente ultrapassada e que não dá com nada, não apresentam o mais pequenos sinal de inteligência, arrulham (que raio de animal é que se manifesta através do verbo “arrulhar”????), cagam em cima de tudo e mais alguma coisa (os estrangeiros devem achar que o esverdeado é a cor natural de todas as nossas estátuas, edifícios e monumentos) e de certezinha que cheiram mal. Longe de mim aproximar este tão refinado nariz de uma criatura dessas, mas basta olhar para eles para saber que são imundos e espalham um verdadeiro catálogo de doenças.
Posto isto, resta-me esperar que estas linhas produzam algum efeito. Eu já nem digo que os aniquilem, mas ao menos que os integrem num programa de reinserção social e os recambiem para outro país qualquer, tipo Espanha. Assim como assim é já aqui ao lado, os pombos não se cansam por aí além e a malta vinga-se, finalmente, de nos terem açambarcado Olivença.
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Teorias absolutamente espectaculares