Homem condutor é coisa que dá dor
Aí há uns tempos foi dia de “conduzir com cortesia”. Quando ouvi a notícia na rádio pensei de imediato: “querem ver que vão proibir os homens de pegar no carro?”. Por momentos sonhei com a ideia de poder saír à rua sem correr o risco de ser abalroada ou de não ter ninguém a buzinar-me desenfreadamente só porque demorei um quarto de segundo a arrancar quando o verde caiu. Mas não, afinal foi um dia igual a todos os outos. Impaciência, muita, cortesia... nem vê-la.
Se “mulher ao volante, perigo constante”, “homem condutor é coisa que dá dor”. De cabeça, claro, e daquelas que não passam nem com três caixas de Trifene 200 pela goela abaixo. Há algo nos homens que faz com que basta ligarem o carro para o cérebro se desligar de imediato. É um daqueles processos de causa-efeito que não tem explicação possível e muito menos solução.
Ao sentar-se ao volante o homem assume um estatuto que ninguém lhe conferiu mas que ele acha que pode ter, ou seja, o do “chico-esperto”.
Mas afinal, o que é isso do “chico-espertismo”?. Ora então vamos lá ver: acelerar até não poder mais quando a velocidade máxima permitida é de 50 km/hora, fuçar nas filas ou “confundir” o verde com o vermelho, tudo isso se inclui na categoria do “chico-espertismo”. Mas há mais, muito mais, como ser incapaz de deixar alguém passar à frente (mesmo que seja uma grávida quase a entrar em trabalho de parto!), fazer corta-mato pelas estações de serviço para ganhar mais uns metros em hora de ponta ou insistir ou ultrapassar tudo e todos (seja pela esquerda ou pela direita, que nisso os “chicos-espertos” não fazem distinção) para virar logo ali no primeiro cruzamento.
A esta hora é certo e sabido que os dois ou três homens que lêem esta blog se estão já a insurgir contra estas linhas e a perguntar com aquela vozinha de Kalimero que lhes é tão característica quando se sentem injustiçados: “então e as mulheres?”. As mulheres são os verdadeiros exemplos da boa condução e lá por não passarmos os limites de velocidade não quer dizer que sejamos nabas. Somos prudentes, isso sim! Quando um homem acha que pode buzinar-me ou fazer sinais de luzes só porque não vou a 400 km/h, nessas alturas faço questão de abrandar ainda mais, fazer pequenas pausas para cumprimentar quem passa ou retocar a maquilhagem e, se me chatear mesmo muito, travo com tanta força e tão repentinamente que obrigo o espertinho a enfaixar-se e a pagar-me aquela mossa que já ali está há tanto tempo (feita por outro homem, claro!).
E já que falamos de homens condutores, que paranóia é aquela de se recusarem a pedir informações? Podem estar completamente perdidos na mais remota localidade do Burkina Faso, mas sujeitarem-se à vergonha de admitir que não fazem ideia de onde estão, isso é que nem pensar! Antes ficar ali parado, ser devorado por lobos da Alsácia e ser encontrado morto passado um ano. Dizia-me no outro dia alguém (um homem) que as orientações do sistema de GPS que tem instalado no carro são dadas por uma voz feminina, e que basta não seguir uma vez as indicações dadas para a voz se calar e não mais se fazer ouvir. Claro, o que é que estavam à espera? Se há coisa para a qual as mulheres não têm pachorra absolutamente nenhuma é para homens broncos e incapazes de ouvir bons conselhos. Mesmo que seja uma mulher enfiada num GPS!
2 comentários:
Brilhante!! :)
Adorei a veracidade do post!
E conduzir com um homem ao lado? Eles têm sempre a certeza das ruas, mas na realidade arrisco-me a dizer que (quase) nunca é na rua que apontaram que se tem de virar... Homens!
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Teorias absolutamente espectaculares