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Óscares 2020: vestidos "eh pá, já vos vi melhores"


Vi muita gente a babar para cima do vestido da Scarlett, mas calma, filhos, que também não é isso tudo. Já sabemos que ela é linda e que melhorou muito a partir do momento em que percebeu que não precisava de andar sempre em modo bomba-sensualona-la-máquina-del-amor. Acalmou o pipi e só lhe fez bem, mas também não me venham agora dizer que tudo o que veste é ouro, que não é. A parte de cima do vestido parece que foi embargada pela Câmara de Lisboa, que é coisa que sucede muito. A obra vai a andar a bom ritmo e, de repente, pára tudo que falta um papel (falta sempre o cabrão de um papel), então ficou assim  a meio caminho, que também já não dava tempo para estar agora a começar do zero. Fosse o corpete todo envolto naquelas fitinhas e tínhamos aqui uma ovação de pé, assim ficou só meio mamarracho.




Quando vislumbrei a Penelope Cruz, assim muito de repente, achei que estava linda. Percebi depois que tinha deixado levar-me pela emoção de já não a ver ali há seis anos. E foi quando pus de lado o meu amor por ela, que já me deu tantas alegrias na passadeira vermelha, que percebi que, afinal, estava só meio parola. Sendo que, mais vale parola de Chanel, do que estiluda de Bershka, fiquem-se com esta. Mas bom, comecei a olhar para aquilo com olhos de ver, e de repente era um laço, e uma rosa, e um cinto de pérolas, e tule na bainha e o sapato do flamenco, e o que era devoção transformou-se em desilusão. Eu estar aqui a falar convosco é um milagre, porque esta gente só está bem quando me vir numa cama de hospital, consumida pelo desgosto.


A Natalie, que parece que foi cantar fados de Coimbra, levou a capa para fazer campanha feminista. Estão a ver aqueles pontinhos dourados ali do lado direito da capa? Pronto, são os nomes das realizadoras mulheres que não foram nomeadas para um Óscar, porque toda a gente sabe que ser mulher, só por si, nos devia dar logo carta verde para uma data de privilégios, incluindo nomeações para os Óscares. Não interessa nada se os filmes não eram tão bons como os dos colegas homens, se há mulheres, então é para nomear e calou.

Nota: que ninguém lhe diga que o fado de Coimbra só é cantado por homens, que se não está tudo fodido e lá vem ela de kit de costura em punho para bordar as capas todas.

Não adoro o vestido, sobretudo aquelas aberturas ali ao nível do ombro-axila, como que para arejar um potencial cheiro a refogado, mas acho a Olivia Colman uma classuda.


Apesar de a Laura Dern ser uma das minhas actrizes-fétiche, achei meio exagerado o Oscar para actriz secundária, mas tuuuuuuudo bem. Para ela, tudo. Já o vestido, com aqueles penduricalhos bons para entreter gatos bebés, nhé.


Em todas as passadeiras vermelhas há sempre um vestido patrocinado pela Valdispert. Este ano foi este, da Greta Gerwig. Que tédioooooooo.

O Billy Porter quer sempre ser o dono daquilo tudo, mas desta vez misturou só uma parte de cima à Beyoncé com uma parte de baixo à manas Ronaldas e um sapato de stripper. Já o vi melhor.


A Margot é tipo Charlize. Também tem tudo, também pode tudo, mas depois prefere ir só à Feira de Carnaval do Intermarché e despachar a coisa com um fato de bruxa gótica.

A Kaitlyn Dever foi num Vuitton todo sustentável-coiso, mas eu acho que foi só uma maneira que arranjaram de lhe espetar com mais 20 anos em cima. Calma, mulher, tens tempo para te vestir como uma quinquagenária no casamento da filha mais velha.


A Florence Pugh foi uma lufadinha de ar fresco numa imensa travessia do deserto que foram estes Óscares. Parece um pequeno repolho. Parece, mas pelo menos não me dá sono, que já é só o que eu peço.


Lucy Boynton em "se houvesse um baile no orfanato"


Pus a Sigourney Weaver aqui na categoria dos médios, mas depois de descobrir que tem 70 anos (ainda estou encostada a uma parede, com tonturas), acho que pode saltar para as melhores das melhores das melhores das melhores. 

Alguém me pode trazer uma bomba de asma que eu não estou bem?




18 comentários:

Anónimo disse...

claro que ninguém tem que ser nomeado só por ser mulher, mas também não será pelo argumento "nem que os filmes sejam piores que o dos colegas homens", porque um dos nomeados para melhor filme tinha uma realizadora.

Susymary disse...

"baile no orfanato"... muito bom! lol

Rita disse...

"Não interessa nada se os filmes não eram tão bons como os dos colegas homens."

A Pipoca ficou nervosinha com o fEmiNiSMo e esqueceu-se que se estava a falar da qualidade de realização e não da qualidade dos filmes. E também não deixa de ser curioso que ano após ano após ano o trabalho das realizadoras mulheres quase nunca é tão bom como o dos homens, né? Deve ser azar...

Anónimo disse...

Isso é porque os nomeados para melhor filme sao 9 e os nomeados para melhor realizador são 5. Se fossem só 5 filmes, possivelmente o filme dela não estaria nomeado.
Mas esse bastão acontece tambem com a falta de nomeados negros, como se fosse obrigação!!! Se não são bons o suficiente não são nomeados, ponto. Ainda bem que este ano foram os oscars mais orientais de sempre, assim ja não podem acusar hollywood de falta de diversidade.

Anónimo disse...

O que a Ana escreveu é igualmente válido para o oscar de realização, que interessa a gaffe?! Vendo os nomeados, não houve nada que me faça dizer "ai que escândalo estar este e deixarem de fora aquela". É tão válido ela levar aquilo (ou tão sem sentido) como alguém levar um capa com o nome dos realizadores homens que fizeram filmes este ano, que realizaram bem (se calhar melhor que algum nomeado) e não foram nomeados, se calhar também houve vários. E então começamos a levar também os nomes de homens e mulheres e cães que tiveram qualidade para todas as categorias mas ficaram excluídos porque só dá para 5. E não tarda não se pode dar oscares sequer porque psicologicamente pode traumatizar as pessoas. Levasse ela um, dois, três nomes, mulheres ou não, que ela tivesse achado que tinham sido injustiçados a ficar de fora, e fazia sentido. Assim foi só uma lista de produtoras de filmes deste ano, boas ou não, mas só por serem mulheres.

Anónimo disse...

"porque toda a gente sabe que ser mulher, só por si, nos devia dar logo carta verde para uma data de privilégios, incluindo nomeações para os Óscares. Não interessa nada se os filmes não eram tão bons como os dos colegas homens, se há mulheres, então é para nomear e calou"

Este comentário é uma desilusão. Ponho de lado a ausência de Greta Gerwig da categoria de melhor realizador, porque há de facto 4 filmes muito bons em competição e Bong Joon-ho mereceu o óscar. Não é a discussão. Ponho também de lado o facto de existir uma mão cheia de filmes realizados por mulheres em 2019 que foram totalmente ignorados ('Ford v Ferrari' ao invés de 'The Farewell, a sério?). É a discussão, mas nem vou por aí.

Será mesmo que, em 92 anos de história, as mulheres só "foram tão boas como os colegas homens" realizadores por quatro ou cinco vezes? EM 92 ANOS. A sério que estamos a alinhar com essa visão primária? A sério que ainda é preciso explicar porque é que a Natalie Portman fez aquela (até bastante subtil) menção?

Que desilusão de comentário, só me ocorre isto :(

Anónimo disse...

Adorei o vestido da Natalie sem a capa. Vejam porque é só espetacular.

Anónimo disse...

Gostei do gesto da Natalie Portman. Mas que o vestido era lindo sem a capa, era. Ora atenta lá, Pipoca:

http://cdn01.cdn.justjaredjr.com/wp-content/uploads/2020/02/timothee-oscars/timothee-chalamet-presents-with-natalie-portman-at-oscars-2020-08.jpg

Anónimo disse...

Ai....Não é só no cinema, é em qualquer área que nos últimos 92 anos os homens se sobressaíram muito mais e isso não tem nada a ver com a qualidade ou com preconceito atual ou o raio, tem a ver com a História e o mundo como era e como mudou. Antigamente (quase) só os homens estudavam, só eles eram médicos, cientistas, realizadores, etc etc etc...não é nada de extraordinário que em 92 anos só por 4 vezes tenha havido mulheres. Será estranho é se daqui a outros 92 se mantiver esta assimetria. Querem compensar o passado sendo tendenciosos no presente? Estupidez.

Concordo a 100% nisto com a crítica da Ana. Aliás, acho que até houve foi preconceito ao contrário, porque ai meu deus se, por exemplo, o Irlandês tivesse sido realizado por uma mulher e saísse da noite de ontem sem nenhuma estatueta (que foi o que lhe aconteceu), neste momento não se falaria de outra coisa, todos escandalisados a dizer que era preconceito e o raio.

Helena disse...

Confesso que quando vi a Natalie Portman pensei que tinha vindo direitinha do baile de Hogwarts para a cerimónia dos Oscars. Pensamento esse que se estendeu quando vi a Margot Robbie ��

Anónimo disse...

vamos lá ver uma coisa. Quem decide os nomeados são em sua grande maioria homens brancos. A diversidade tem que começar por aí, já que os filmes - como qualquer outra coisa - naturalmente nos tocam mais quanto mais nos identificarmos com os pormenores, ou nos conseguirmos colocar na pele do outro. nós nunca vamos conseguir perceber determinadas coisas que determinadas pessoas viveram, nem perceber o tipo de descriminação que sofreram porque para nós está muito longe esse mundo. Portanto, para nós é fácil dizer "não havia um realizar/ator/etc de cor ou mulher que fosse melhor.
Quanto ao "os realizadores eram só 5 os filmes 9, senão o filme dela não estaria nomeado", o ano passado só foram 8 nomeados, pelo que se o filme dela não merecesse também não estaria nomeado este ano.

Anónimo disse...

Não o tinha visto ainda sem capa, mas imaginava mesmo que fosse lindo e quando a vi foi isso mesmo que suscitou curiosidade pensei "queria mesmo ver sem a capa!"

Anónimo disse...

Mas o vestido da Margot Robbie era vintage, a Claudia Schiffer vestiu-o há quase 30 anos. E isso é lindo 😍

Anónimo disse...

É só a mim que o nome Laura Derm faz lembrar Lauroderme (a pomada) ?

Vera disse...

Adoro o comentário da Natalie looool

Anónimo disse...

Sobre isso vejam o discurso do phoenix nos bafta. E em vez de racismo podem ler xenofobismo, machismo ou qualquer outra palavra de descriminação que se aplica sempre

Anónimo disse...

Também concordo com o Anónimo10 fevereiro, 2020 19:39

ILA disse...

E Pipoca quanto à Penelope Cruz: faltou o comentário à unha! Francesa de meio metro

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Teorias absolutamente espectaculares